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FICHAMENTO PPD 1 UNIDADE

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
BACHARELADO EM DIREITO
PROJETO DE PESQUISA EM DIREITO - PROFA. GISELLE AMORIM
NOME DA ALUNA: LAURA AMÉLIA FRAGA NETO
FICHAMENTO 1: GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Páginas 68-73.
“Fazer uma pesquisa significa aprender a pôr ordem nas próprias ideias. Não importa tanto o tema escolhido, mas a experiência de trabalho de pesquisa [...] O trabalho de pesquisa deve ser instigante, mesmo que o objeto não pareça ser tão interessante.” (pág. 68)
Com isso fica claro que não existe tema desinteressante, mas sim tema pouco explorado, mostrando que mais importante que escolher um tema muito ou pouco conhecido é fazê-lo de forma profunda.
“Qualquer tema ou assunto da atualidade pode ser objeto de uma pesquisa cientifica. É preciso ter estudado muito, ter uma sólida bagagem teórica, ter muita experiência de pesquisa para enxergar o que outros não conseguem ver.” (págs. 68-69)
A pesquisa é mais importante do que a escolha do tema, afinal existem temas bastante relevantes para a sociedade e que estão sempre sendo abordados, mas é no olhar diferenciado que o pesquisador irá abordá-lo de forma diferenciada.
“Nesse jogo [...] de fazer pesquisa, o jogador precisa ter alguns atributos para poder entrar no campo científico. Alguns podem ser vistos como internos, atributos pessoais que devem fazer parte do indivíduo que quer ser um pesquisador. Cito, entre eles: ética, curiosidade, interesse real, [...] iniciativa, disciplina, clareza, objetividade [...] Outras qualidades chamarei de externas, porque dependem da formação científica do pesquisar. São elas: bom domínio da teoria, escrever bem, relacionar dados empíricos com a teoria, domínio das técnicas de pesquisa, experiência com pesquisa. (págs. 69-70)
O ato de pesquisar é algo corriqueiro que as pessoas fazem quase que todo dia e toda hora, porém a pesquisa cientifica não é tão simples quanto a pesquisa do dia a dia que basta digitar a pergunta no google e ele dará a resposta. A pesquisa científica é mais robusta e exige mais de quem está realizando.
“As principais etapas da pesquisa científica do pesquisador envolvem a concepção de um tema de estudo, a coleta de dados, a apresentação de um relatório com os resultados e, em alguns casos, a aplicação dos resultados. Dois passos são necessários para o início da tarefa: a formulação do problema e a elaboração do projeto de pesquisa.” (pág.70)
Assim, considero esta citação uma complementação do comentário realizado acima, uma vez que ratifica a complexidade existe na pesquisa cientifica e como ela exige não apenas pesquisa, mas como planejamento.
“Como formular um problema específico que possa ser pesquisado por processos científicos? O primeiro passo é tornar o problema concreto e explícito através [...] da imersão sistemática do assunto; do estudo da literatura existente; da discussão com pessoas que acumularam experiência prática no campo de estudo. (pág. 70)
Mais uma vez, fica claro que a pesquisa cientifica exige planejamento e todo ele deverá iniciar-se pela escolha do objeto de estudo, que deverá ter um estudo prévio antes de ser concretizada.
“A boa resposta depende da boa pergunta! (pág. 71)
Toda a base da pesquisa se dará através de uma pergunta, assim se a pergunta não for feita de forma clara, precisa, direta e bem formulada o pesquisador além de perder mais tempo para respondê-la, poderá correr o risco de não dar uma boa resposta, por isso a formulação da pergunta não deve ser negligenciada.
“O pesquisador ao escolher seu objeto de estudo deve pensar: 1. como identificar um tema preciso (recorte do objeto); 2. como escolher e organizar o tempo de trabalho; 3. Como realizar a pesquisa bibliográfica (revisão da literatura); 4. Como organizar e analisar o material selecionado; 5. Como fazer com que o leitor compreenda o seu estudo e possa recorrer à mesma documentação caso retome a pesquisa.” (pág. 72)
“[...] Quanto mais se recorta o tema, com mais segurança e criatividade se trabalha.” (pág. 72)
Um tema muito amplo conterá mais nuances a serem pesquisadas, o que poderá deixar a pesquisa mais superficial. Assim com o recorte do tema, todo o tempo do pesquisador será direcionado e visto por vários ângulos, chegando uma pesquisa mais bem feita. 
“O estudo científico deve ser claro, interessante e objetivo, tanto para as pessoas familiarizadas com o assunto quanto para as que não são.” (pág. 72)
O tema escolhido para a pesquisa científica tem como objetivo ser relevante para toda a sociedade, com isso terão acesso a ela, não apenas os familiarizados com o assunto, mas também os que não tem nenhum conhecimento sobre, desse modo o pesquisador deverá dispor a sua pesquisa de modo que possa ser compreendida por qualquer membro da sociedade e daí vem a importância de a pesquisa ser clara e objetiva.
“A pesquisa apresenta diferentes fases. A fase inicial, que pode ser chamada de exploratória [...] É o momento em que se tenta descobrir algo sobre o objeto de desejo [...] qual a melhor abordagem dentre as possíveis para conquistar este objeto. Em seguida, vem a fase [...] de maior compromisso que exige um conhecimento mais profundo [...]. É a fase de elaboração do projeto de pesquisa [...]. A terceira fase [...] a pesquisa exige fidelidade, dedicação, atenção ao seu cotidiano [...] O pesquisador deve resolver todos os problemas que vão aparecendo, desde os mais simples [...] até os mais cruciais [...]. Por último, a fase [...] que o pesquisador precisa se distanciar do seu objeto para escrever o relatório final da pesquisa. É o momento em que é necessário olhar o mais criticamente possível o objeto estudado [...].” (págs. 72-73)
Em resumo, a pesquisa científica exige planejamento e para se chegar a um bom resultado, é fundamental que o pesquisador passe por todas as fases dela.
 
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
BACHARELADO EM DIREITO
PROJETO DE PESQUISA EM DIREITO - PROFA. GISELLE AMORIM
NOME DA ALUNA: LAURA AMÉLIA FRAGA NETO
FICHAMENTO 2: GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Páginas 68-73.
0 pesquisador [...]após ter se conscientizado de um problema, tenta [...] "torná-lo significativo e delimitá-lo", "formulá-lo em forma de pergunta", para finalmente "elaborar uma hipótese". Desse modo, desenha-se para o pesquisador um procedimento operacional objetivando a continuidade de sua pesquisa.” (pág. 103)
“O presente capítulo trata, portanto, dessas operações que conduzem da problemática sentida à problemática racional e que passam geralmente pelo que se costuma nomear a revisão da literatura.” (pág. 103)
“Retomemos nosso exemplo do pesquisador que se inquieta com a elevada taxa de evasão escolar no Brasil. Disso faz seu problema de pesquisa. E é um verdadeiro problema, ninguém duvida! Mas também e um problema vasto. Um pesquisador não pode, muitas vezes, abordar um problema sob todos os ângulos, sobretudo se e um iniciante.” (pág. 103)
O pesquisador tem que delimitar o problema, fazer um recorte, e tornar mais restrito o objeto da pesquisa
“Escolher seu angulo de abordagem. Poder-se-ia, por exemplo, tratar o problema da evasão escolar sob [...] O angulo econômico [...] O angulo social [...] O angulo psicológico [...] O angulo pedagógico [...] O angulo histórico.” (pág. 104)
Assim cada ângulo que o pesquisador escolher irá mudar totalmente a forma de abordagem do tema em sua pesquisa.
“Assim que um pesquisador deseja circunscrever mais estreitamente um problema e levado a questionar seus elementos, o que, para ele, e um meio cômodo de precisar o problema, reformulando-o em forma de perguntas.” (pág. 105)
“As perguntas do pesquisador são, bem como seu problema, orientadas por seu modo de ver as coisas, pelas teorias de que dispõe, pelas ideologias as quais se filia. [...]” (pág. 105)
Ou seja, guiado pelo seu modo de ver as coisas o pesquisador irá definir um ângulo que servirá de recorte para o seu tema, e a partir dele, será direcionado a questionamentos mais recortados e que se traduzem em forma de pergunta. 
“E conformeo jogo de fatores desse tipo que o pesquisador especifica seu problema, traduzindo-o em forma de uma ou de várias perguntas” (pág. 106)
“Como se vê, as [...] perguntas, se se tenta respondê-las, são meios de se procurar compreender o problema. E desse modo que especificar um problema, traduzindo-o em forma de perguntas, traça o itinerário de pesquisa ulterior.”
“Durante esta fase da pesquisa, que consiste em precisar seu problema, traduzindo-o em forma de pergunta, e em objetivar sua problemática, racionalizando-a, o pesquisador tem também cuidado para que a pergunta mantida (as vezes várias) permaneça significativa e clara para ele e para os outros, e que a pesquisa a fazer seja exequível.” (pág. 106)
É nessa fase que o pesquisador já deve verificar se a sua pesquisa será viável, e ao objetivar a sua problemática terá que ficar atento também se a pergunta racionalizada permanece com sentindo não apenas para si, mas como para todos que irão ler.
“A função de uma boa pergunta e ajudar o pesquisador a progredir em sua pesquisa; [...] Deve, portanto, em primeiro lugar, deixar que se perceba que o problema por ele traduzido e um problema significativos, o que se pode esperar como solução, quer se trate da aquisição de conhecimentos lacunares ou de possibilidades de intervenção.” (pág. 106-107)
“Um verdadeiro problema não resulta necessariamente em uma boa pergunta de pesquisa.” (pág. 107)
A principal função de uma pesquisa cientifica é ser relevante pata todo um nicho da sociedade, desse modo o pesquisador precisa de pronto perceber se a problemática pensada, é relevante ou não. 
Apesar disso, uma pergunta como "Considerando os custos sociais e individuais da evasão escolar, dever-se-ia estigmatizar os evadidos?" não é uma boa pergunta de pesquisa. E, e pode apenas permanecer, uma questão de opinião cujos critérios de resposta são morais, variáveis conforme os valores adotados. Não conduz a procura de informações que permitiriam melhor conhecer e compreender o problema ou intervir para modificar a situação.” (pág. 107)
“Uma outra característica de uma boa pergunta de pesquisa seria: se e bom que uma pergunta seja significativa em si mesma, e ainda melhor que seja reconhecida como tal no meio social em que e levantada. Que se inscreva em preocupações já compartilhadas, participe de teorias conhecidas, que possa relacionar-se com outros assuntos de pesquisa e dividir eventualmente seus resultados com outros em uma perspectiva de ampliação do saber” (pág. 108)
Assim, se a pergunta não levar o pesquisador a desenvolver uma resposta que seja relevante para compreender o problema ou intervir para mudar a situação de determinado nicho da sociedade, essa não será uma boa pergunta, e não poderá ser à problemática, objeto da pesquisa cientifica. 
“Uma pergunta de pesquisa deve ser clara. Primeiro, para o próprio pesquisador que dela se serve para precisar seu problema e traçar seu itinerário posterior, e, em seguida, para os quais será eventualmente comunicada.” (pág. 108)
“Imaginemos um pesquisador que tivesse chegado a seguinte pergunta: "Como conter o impacto da evasão escolar sobre a sociedade brasileira?" [...] Como se vê, a pergunta e bem ampla: não diz precisamente em qual direção se deve procurar a informação que permitirá respondê-la. É demasiadamente vaga: permite prever, em certa medida, a informa5ao a procurar, embora não com muita precisão.” (pág. 109)
“O pesquisador pode perceber isso e reformular sua pergunta para torná-la mais precisa, em função de um único aspecto em questão [...] Desse modo, progressivamente, objetivando cada elemento de sua pergunta, irá torná-la mais operacional, ou seja, mais apta a, em seguida, guiá-lo na direção das informações uteis.” (pág. 110)
Para tornar a pesquisa o mais objetiva e clara possível é necessário fazer um recorte, este que poderá ser temporal, geográfico, social, de gênero
“Uma pergunta de pesquisa clara contribui para a exequibilidade de uma pesquisa, mas não a garante automaticamente. O pesquisador [...] deve se assegurar de que dispõe dos meios para fazer a pesquisa avançar; deve poder obter a informação que pede a pergunta e, para isso, dispor de tempo, dos instrumentos e, às vezes, do dinheiro necessário para recolher essas informações e tratá-las.” (pág. 111)
“A exequibilidade de uma pesquisa pode também depender da disponibilidade dos dados.” (pág. 111)
“Assegurar-se da exequibilidade da pesquisa e, portanto, considerar as diversas dificuldades práticas que pesam na coleta das informações.” (pág. 111)
Ora, se a pergunta não for clara o pesquisador não irá saber sobre o que exatamente irá pesquisar e com isso também não saberá onde encontrar os dados para realizar a sua pesquisa. Após uma pergunta bem feita, é primordial ver se a pesquisa a cerca de tal problemática será possível de ser realizada, às vezes toda a pesquisa é baseada na obtenção de determinado dado, que encontra-se em sigilo, por exemplo, ou seja toda a pesquisa não poderá ser feita.
“Para o pesquisador, vir a precisar seu problema em forma de pergunta e, posteriormente, formular uma hipótese implica uma sucessão de operações visando a circunscrever a pesquisa desejada, a objetivar as coordenadas e as intenções, definir suas modalidades teóricas e práticas. Trata-se sempre, com efeito, da racionalização da problemática.” (pág. 111)
“Fazer a revisão da literatura em torno de uma questão é, para o pesquisador, revisar todos os trabalhos disponíveis, objetivando selecionar tudo o que possa servir em sua pesquisa. (pág. 112)
“Nessa etapa da pesquisa, o pesquisador deve estar atento para não perder de vista [...] sua pergunta.”
“Depois, segundo elemento que não se deve esquecer: a revisão da literatura não é uma caminhada pelo campo [...] É um percurso crítico, relacionando-se intimamente com a pergunta a qual se quer responder, sem esquecer de que todos os trabalhos não despertam igual interesse, nem são igualmente bons, nem tampouco contribuem da mesma forma.” (pág. 112-113)
É de suma importância fazer uma revisão da literatura antes, porém o pesquisador não pode perder o foco com essa revisão, tem que estar ciente que ela é apenas um meio de enriquecer a sua própria pesquisa.
“A documenta9ao do pesquisador consiste principalmente em livros e artigos; mas também pode ser de relatórios de pesquisa não publicados, teses, enciclopédias e dicionários especializados, resenhas de obras, inventários de diversas naturezas” (pág. 113)
Por isso é necessária a revisão bibliográfica. Para o pesquisador ter ciência de tudo que existe acerca do seu tema.
“[...] Quando completa. Quando faz sua revisão da literatura, o pesquisador experiente rapidamente seleciona os trabalhos pertinentes, sobretudo se trabalha com um problema que já pertence ao seu campo geral de pesquisa. Conhece, de fato, um certo número de fontes próprias a seu domínio e sabe onde encontrar outras. O que possui pouca experiencia deve circunscrever as fontes relativas ao seu problema de pesquisa, partindo do mais longe e ultrapassando amplamente o domínio precise de sua pergunta.” (pág. 114)
“Uma vez realizada a revisão da literatura, o pesquisador chega ao fim do primeiro dos dois movimentos principais de um itinerário de pesquisa, o que conduz das interrogações iniciais a uma hipótese. Com efeito, já 1) conscientizou-se de um problema e o traduziu em forma de pergunta; 2) fez uma revisão da literatura para melhor considerá-la: resta-lhe, agora, tirar as consequências de seu procedimento inicial: clarificar, precisar e reformular, ainda se necessário, seu problema e sua questão, depois o que antecipa como eventual compreensão e explicação do problema no final da pesquisa, ou seja, sua hipótese.” (pág. 123)
“No início [...] o conjunto dos fatores esparsos — os conhecimentos brutos e construídos, os conceitos, as teorias, diversos valores os animando — que, em função de circunstâncias que se apresentam em seu meio, fazem com que o pesquisador perceba um problema sobre o qual valeria a pena se debruçar.” (pág. 123)
“Esses elementosesparsos, [...] formam seu quadro de referenda para a apreensão do problema, sugerindo-lhe um modo de vê-lo” (pág. 123)
“A problemática, finalmente [...] evoluiu, talvez tenha se transformado, com certeza, objetivou-se. O problema está agora bem delimitado, seus limites e suas implicações claramente estabelecidos; o pesquisador vê como retornar ao real para verificar se a resposta antecipada (a explicação, a compreensão), sua hipótese, tem fundamento.” (pág. 124)
“A hipótese, como dissemos, e o ponto de chegada de todo o primeiro movimento de um itinerário de pesquisa. Torna-se, em seguida, o ponto de partida do segundo movimento, indicando a dire9ao a seguir para que se possa resolver o problema de partida, verificar sua solução antecipada.” (pág. 124)
“A etapa seguinte da pesquisa consiste essencialmente em procurar informações novas, além das que serviram, até o momento, para a definição do problema, para que a hipótese seja verificada. Serão diferentes conforme a hipótese formulada e o objetivo visado através dela.” (pág. 125)
“Mas formulações um pouco secas [...] nem sempre propiciam uma compreensão plena e nuançada do que se trata. [...] A hipótese pode então tomar a forma de um texto com vários parágrafos.” (pág. 125)
“Qualquer que seja o modo de formulação, a hipótese sempre será necessária para direcionar a continuidade da pesquisa” (pág. 126)
Assim, não importa se o pesquisador abordará a sua hipótese de maneira mais simples, resumida a duas linhas, ou se a fará em vários parágrafos, porém ele tem que ficar atento ao que a sua temática exige, se precisar abordá-la com mais profundidade, é melhor que a faça em vários parágrafos para não acabar suprimindo alguma informação relevante.
“Eis agora o momento de finalizar a primeira etapa do trabalho de pesquisa. [...] Você já escolheu, [...] um problema de pesquisa. Assegurou-se de que se trata de um problema que merece ser estudado [...] propor uma solução possível, a hipótese, cuja validade será verificada em seguida. Trata-se, portanto, de, [...] retomar seu problema e, objetivando-o melhor, preparar o enunciado da possível solução. Provavelmente, sem demora, você achara cômodo reformular o problema em forma de pergunta.” (pág. 126)
“[...] é chegado o momento de realizar a revisão da literatura relativa à sua pergunta, encontrar e consultar trabalhos capazes de iluminá-la no que concerne ao saber disponível, conceitos e teorias, métodos de pesquisa” (pág. 126)
“Não esqueça, por outro lado, de que você não lê pelo simples prazer de ler; não consulta pelo simples prazer de consultar, mas para esclarecer seu problema, sua pergunta, para melhor defini-la a fim de dar seguimento a sua pesquisa: não perca de vista sua pergunta!” (pág. 126)
“Uma vez acabada a revisão da literatura, o mais importante foi realizado. Resta apenas escrever o que disso resulta, anunciando a hipótese que a continuidade da pesquisa irá verificar.” (pág. 127)
Por fim, observa-se que o pesquisador terá todo um roteiro a seguir antes efetivamente de entrar na sua pesquisa, que tem inicio com a escolha do problema que irá pesquisar, mas que tem como norte a pergunta de pesquisa, sendo ela o elemento mais importante para se obter sucesso na pesquisa a ser realizada.
 
FICHAMENTO 3: ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. Capítulos I e II.
Uma tese é um trabalho, datilografado, de grandeza média, variável entre as cem e as quatrocentas páginas, em que o estudante trata um problema respeitante à área de estudos em que se quer formar.” (pág. 27)
Ou seja, a tese seria o TCC (trabalho de conclusão de curso) que o aluno tem que fazer e apresentar ao final.
“A licenciatura nas suas várias formas, destina-se ao exercício da profissão; pelo contrário, o PhD destina-se à actividade acadêmica, o que quer dizer que quem obtém um PhD segue quase sempre a carreira universitária” (pág. 28)
“[...] a tese [...] de PhD, tese de doutoramento [...] constitui um trabalho original de investigação, com o qual o candidato deve demonstrar ser um estudioso capaz de fazer progredir a disciplina a que se dedica. E efetivamente não se faz, como a nossa tese de licenciatura, aos vinte e dois anos, mas numa idade mais avançada [...] Porque se trata precisamente de investigação original, em que é necessário saber com segurança aquilo que disseram sobre o mesmo assunto outros estudiosos, mas que é preciso sobretudo descobrir qualquer coisa que os outros ainda não tenham dito.” (pág. 28)
Ou seja, apesar da tese ser um trabalho de conclusão de curso, ela é utilizada não apenas para a conclusão dos cursos de graduação, mas como também nos de doutorado e de PhD, por exemplo. Porém uma tese feita na graduação não é a mesma de uma tese produzida em um PhD, essa exige mais elementos, a exemplo da originalidade, que não é tão exigida na de graduação.
“[...] pode haver uma boa tese que não seja tese de investigação, mas tese de compilação.” (pág. 29)
“Numa tese de compilação, o estudante demonstra ter examinado criticamente a maior parte da literatura existente [...] e ter sido capaz de expô-la de modo claro, procurando relacionar os vários pontos de vista...” (pág. 29)
“Uma tese de investigação é sempre mais longa, fatigante e absorvente” (pág. 29)
Se entende como principal critério entre as duas teses o tempo de duração, ou seja, para se fazer uma tese de investigação é obrigatoriamente necessário a existência de tempo, já a de compilação, apesar de poder levar tempo, não tem essa obrigatoriedade.
“Assim, a escolha entre tese de compilação e tese de investigação está ligada à maturidade e à capacidade de trabalho do candidato. Muitas vezes -infelizmente- está também ligada a factores econômicos, uma vez que um estudante-trabalhador terá com certeza menos tempo, menos energia e frequentemente menos dinheiro para se dedicar a longas investigações” (pág. 29-30).
“[...] O ideal é [...] uma sociedade [...] em que estudar seja um trabalho pago pelo Estado, em que seja pago quem quer que tenha uma verdadeira vocação para o estudo” (pág. 30)
A pesquisa é algo estritamente importante e que deve ter dedicação e vontade, para que seja feita com excelência, mas muitos tem a vocação, mas não tem incentivo financeiro suficientes para se dedicar estritamente a pesquisa.
“[...] Efectivamente, fazer uma tese significa: (1) escolher um tema preciso; (2) recolher documentos sobre esse tema; (3) pôr em ordem esses documentos; (4) reexaminar o tema em primeira mão, à luz dos documentos recolhidos; (5) dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes; (6) proceder de modo que quem lê perceba o que se quer dizer e fique em condições, se dor necessário, de voltar aos mesmos documentos para retomar o tema por sua conta. (pág. 31-32)
“Fazer uma tese significa, pois, aprender a pôr ordem nas próprias ideias e a ordenar dados [...] construir um objecto que, em princípio, sirva também para outro.” (pág. 32)
Ou seja, a escolhe do tema precisa ter relevância não apenas para quem o escolheu, mas também para ou outros.
“[...] e, assim, embora seja melhor fazer uma tese sobre um tema que nos agrade, o tema é secundário relativamente a método de trabalho e a experiência que dele se tira.” (pág. 38)
“[...] as regras para a escolha do tema são: [...] que o tema corresponda aos interesses do candidato [...] Que as fontes a que recorre sejam acessíveis, o que quer dizer que estejam ao alcance do candidato; Que as fontes a que recorre sejam mensuráveis, o que quer dizer que estejam ao alcance cultural do candidato; Que o quadro metodológico da investigação esteja ao alcance da experiência do candidato.” (pág. 33)
Ou seja, o tema escolhido tem que ser claro, de interesse relevante, e acima de tudo que seja possível, afinal de nada adianta querer fazer uma tese sobre algo que não terá como ser pesquisado, seja por falta de fontes, ou de dados ou até mesmo por falta de acesso aos dados existentes.
“A primeira tentação do estudante é falar sobre uma tese que fale de muitas coisas [...] essas tesessão perigosíssimas [...] Com uma tese panorâmica o estudante expõe-se a todas as contestações possíveis. [...] Se, pelo contrário, o estudante trabalhou seriamente num tema muito preciso, consegue dominar um material desconhecido [...] Sucede simplesmente que o candidato se apresenta como perito diante de uma plateia menos perita do que ele” (pág. 35-36)
Desse modo se mostra claro a necessidade de um recorte no tema escolhido, ficando impossível falar sobre tudo de determinado tema, ao escolher fazer dessa forma, o estudante acaba por se perder e dar margem para que contestem o seu trabalho. Porém quando faz o devido recorte, diminui a sua área de busca, possibilitando aumentar a qualidade da pesquisa.
“Entre os dois extremos da tese panorâmica sobre quarenta anos de literatura e da tese rigidamente monográfica sobre as variantes de um texto curto, há muitos estádios intermediários.” (pág. 36)
“Há algum tempo veio ter comido um estudante que queria fazer a tese sobre O símbolo no pensamento contemporâneo. Era uma tese impossível. Pelo menos, eu não sabia o que queria dizer símbolo efetivamente, trata-se de um termo que muda de significado segundo os autores e, por vezes, em dois autores diferentes quer dizer duas coisas absolutamente opostas” (pág. 37)
Por isso que o tema precisa ser objetivo e claro, para que o leitor ao ler saiba exatamente sobre o que será abordado e sob qual ângulo.
“[...] teria podido fazer-se uma tese sobre [...] o tema O conceito de símbolo em Peirce, Frye e Jung. A tese teria examinado as diferenças entre três conceitos homónimos em três autores diferentes [...] Só no final, a título de conclusão hipotética, o candidato teria procurado extrair um resultado para mostrar se existiam analogias...” (pág. 38)
“Eis como uma tese panorâmica, sem se tornar rigorosamente monográfica, se reduzia a um meio termo, aceitável para todos.” (pág. 38)
Ou seja, a melhor forma para determinar qual tese seguir será sempre o recorte do tema, de modo que encontrar o meio termo entre uma tese monográfica e uma tese panorâmica, e justamente fazendo uma delimitação do tema, que pode ser temporal, geográfica, de autores. 
“[...] Quanto mais se restringe o campo, melhor se trabalha e com mais segurança.” (pág. 39)
“Tese histórica ou tese teórica? [...] para certas matérias [...] uma tese só pode ser histórica.” e em outras “[...] matérias, geralmente só se fazem teses teóricas ou experimentais. Mas há outras matérias [...] em que se podem fazer teses de dois tipos.” (pág. 39)
“Uma tese teórica é uma tese que se propõe encarar um problema abstracto que pode já ter sido ou não objecto de outras reflexões.” (pág. 39)
Está no campo da análise do que foi lido, tudo que o pesquisador precisa, ele irá encontrar por meio de dados ou já analisados ou a serem analisados 
“[...] se tem direito a encarar de forma experimental uma questão, o candidato se se siga um método de investigação e se possa trabalhar em condições razoáveis, no que respeita a laboratórios e com a devida assistência. Mas um bom investigador experimental não começa a controlar as reações de dos seus pacientes sem antes ter feito pelo menos um trabalho panorâmico [...] no que resuma tese de caráter experimental não pode ser feita em casa, nem o método pode ser inventado.” (pág. 41)
Assim, até mesmo para se fazer uma tese experimental é necessário antes ter feito uma tese teórica, nem que essa parte teórica tenha sido feita de modo panorâmico (mais abrangente).
“Temas antigos ou temas contemporâneos? [...] o autor contemporâneo é sempre mais difícil. É certo que geralmente a bibliografia é mais reduzida, os textos são de mais fácil acesso [...] Mas, ou queremos fazer uma tese remendada, repetindo simplesmente o que disseram outros críticos [...] ou queremos dizer algo de novo, e então apercebemo-nos de que sobre o autor antigo existem pelo menos chaves interpretativas seguras às quais nos podemos referir, enquanto para o autor moderno as opiniões são ainda vagas e discordantes” (pág. 42)
“[...] É claro que não existem regras precisas; um bom investigador pode conduzir uma análise histórica ou estilística sobre um autor contemporâneo com a mesma profundidade e precisão filológica com que trabalha um antigo.” (pág. 43)
Ou seja, os pontos positivos e negativos para cada tipo de tese, tudo vai depender da forma que o pesquisador irá abordar o tema, e quais os seus recursos para isso.
“Quanto tempo é preciso para fazer uma tese? [...] Não mais de três anos, porque se em três anos de trabalho não conseguiu circunscrever o tema e encontrar a documentação necessária, isso só pode significar:” que “1) escolheu uma tese errada [...] 2) é-se um eterno descontente que quer dizer tudo [...] enquanto um estudioso hábil deve ser capaz de ficar a si mesmo limites; 3) teve início a neurose da tese [...] utilizamos a tese como álibi de muitas cobardias, nunca viremos a licenciar-nos.” (pág. 43)
“Não menos de seis meses, porque mesmo que se queira fazer o equivalente a um bom artigo de revista, que não tenha mais de sessenta páginas, entre o estudo da organização do trabalho, a procura de bibliografia, a elaboração de fichas e a redação do texto passam facilmente seis meses” (pág. 43)
“Quando se fala de seis meses ou três anos, pensa-se evidentemente, não no tempo da redação definitiva, que pode levar um mês ou quinze dias [...] pensa-se no lapso de tempo que medeia entre a formação da primeira ideia da tese e a entrega final do trabalho”
“[...] se deduz que a tese de seis meses, embora se admita [...] não represente o ideal” (pág. 45)
“Todavia, pode haver casos de necessidade em que seja preciso resolver tudo em seis meses. Trata-se então de encontrar um tema que possa ser abordado de modo digno e sério naquele período de tempo.” (pág. 45)
“[...] Mas a verdade é que pode haver também uma boa tese de seis meses. Os requisitos da tese de seis meses são os seguintes: 1) o tema deve ser circunscrito; 2) o tema deve ser tanto quanto possível, contemporâneo, para não ter de se procurar uma bibliografia que remonte aos gregos; ou então deve ser um tema marginal, sobre o qual se tenha escrito muito pouco. 3) os documentos de todos os tipos devem encontrar-se disponíveis numa área restrita e poderem ser facilmente consultados.”
Ou seja, nada impede que o pesquisador tenha apenas seis meses para produzir uma tese, mas ele tem que estar atento a determinados requisitos, uma vez que não terá tempo para maiores pesquisas, em especial a escolha do tema e de que forma ele pretende encontrar os dados sobre ele.
É necessário saber línguas estrangeiras? [...] O problema principal é o seguinte: preciso de escolher uma tese que não implique o conhecimento de línguas que não sei ou que não estou disposto a aprender. E por vezes escolhemos uma tese sem saber os riscos que iremos correr. Entretanto, analisemos alguns casos imprescindíveis: 1) não se pode fazer uma tese sobre um autor estrangeiro se esse autor não for lido no original [...] 2) Não se pode fazer uma tese sobre um tema se as obrais mais importantes sobre ele estão escritas numa língua que não conhecemos. [...] 3) Não se pode fazer uma tese sobre um autor ou sobre um tema lendo apenas as obras escritas nas línguas que conhecemos.” (pág. 47-48)
“Assim, antes de estabelecer o tema de uma tese, é necessário ter a prudência de dar uma vista de olhos pela bibliografia existente para ter a certeza de que não há dificuldades linguísticas significativas.” (pág. 49)
Ou seja, de antemão o estudante não precisa saber outra língua, ou querer aprendê-la, mas caso escolha um tema que contenha a necessidade de leitura de obras que existem em outros idiomas, é imprescindível que o faça. Mas uma vez uma pesquisa prévia, e um bom planejamento se mostra fundamental na hora de escolher a tese. 
“Para alguns a ciência identifica-se com [...] a investigação em bases quantitativas; uma investigação não é científica se não procede através de fórmulas e diagramas. [...] Evidentemente, não é este o sentido que se dáao termo científico na universidade. Procuremos, pois, definir [...] que uma pesquisa é científica quando responde aos seguintes requisitos:1) a pesquisa debruça-se sobre um objecto reconhecível e definido de tal modo que seja igualmente reconhecível pelos outros. [...] 2) a pesquisa deve dizer sobre este objeto coisas que não tenham já sido ditas ou rever com uma óptica diferente coisas que já foram ditas [...] 3) a pesquisa deve ser útil aos outros [...] 4) a pesquisa deve fornecer os elementos para a confirmação e para a rejeição das hipóteses que apresenta e, portando, deve fornecer os elementos para uma possível continuação publica(pág. 50-55)
“Desse modo, não só forneci as provas da minha hipótese, mas procedi de modo a que outros possam continuar a procurar, seja para a confirmar seja para a pôr em causa.” (pág. 55)
“[...] Pode fazer-se uma tese política observando todas as regras de cientificidade necessárias. Pode haver também uma tese que relate uma experiência de informação alternativa mediante sistemas audiovisuais numa comunidade operária: ela será científica na medida em que documentar, de modo público e controlável, a minha experiência e permitir a alguém refazê-la quer para obter os mesmos resultados, quer para descobrir que os meus haviam sido casuais e não eram efetivamente devidos à minha intervenção, mas a outros fatores que não considerei” (pág.56)
“Nesse sentido, vê-se que não há oposição entre tese científica e tese política. Por um lado, pode dizer-se que todo o trabalho científico, na medida em que contribui para o desenvolvimento do conhecimento alheio, tem sempre um valor político positivo [...] mas, por outro, deve dizer-se com toda segurança que qualquer empreendimento político com possibilidade de sucesso deve ter uma base de seriedade científica.” (pág. 56)
“Temas histórico-teóricos ou experiências quentes? [...] Será mais útil fazer uma tese de erudição ou uma tese ligada a experiências práticas, a empenhamentos sociais diretos? Em outras palavras, será mais útil fazer uma tese que se fale de autores célebres ou de textos antigos, ou uma tese que me imponha uma intervenção direta na contemporaneidade, seja esta intervenção de ordem teórica [...] ou de ordem prática?” (pág. 56)
“Cada um faz aquilo que lhe agrada [...] Mas suponhamos que a pergunta é feita por um estudante em crise, que pergunta a si mesmo...” (pág. 57)
“Ora, se ele já se encontra mergulhado numa experiência político-social que lhe deixa entrever a possibilidade de daí extrair um discurso conclusivo, será bom que encare o problema de como tratar cientificamente sua experiência. [...] Mas se essa experiência não foi feita, então parece-me que a pergunta exprime apenas uma inquietude nobre, mas ingênua.” (pág. 57)
“Ora, o risco de superficialidade apresenta-se em especial às teses de caráter político, e por duas razões: a) porque numa tese histórica ou filológica existem métodos tradicionais de investigação a que o investigador não se pode subtrair, enquanto para trabalhos sobre fenômenos sociais em evolução muitas vezes o método precisa tem de ser inventado [...] b) porque muita metodologia da investigação social [...] observou os métodos estatístico-quantitativos, produzindo estudos enormes que não contribuem para a compreensão dos fenômenos reais e, em consequência, muitos jovens politizados assumem uma atitude de desconfiança relativamente esta sociologia que, quando muito, é uma sociometria” (pág. 59)
“Como transformar um assunto da atualidade em tema científico? [...] Terei pois, antes de mais, de definir com exatidão o âmbito geográfico e temporal do meu estudo. [...] terei de estabelecer os critérios de escolha da amostra [...]” (pág. 60)
“Poderei ainda decidir [...] renunciar ao estudo [...] tal como são e, pelo contrário, propor um projeto [...] Mas neste caso, por um lado, o projeto tem de ser orgânico e realista [...] e por outro, não posso elaborar um projeto ideal sem ter em conta as linhas tendenciais do fenômeno real.” (pág. 60)
“Em seguida, deverei tornar públicos os parâmetros de definição [...], isto é, tornar publicamente identificável o objeto de pesquisa.” (pág. 60)
“[...] Seja como for, terei de expor os meus critérios e explicar por que excluo certos fenômenos do campo de investigação. Obviamente, os critérios deverão ser razoáveis, ou os termos que utilizo terão de ser definidos de uma forma não-equívoca” (pág. 61)
“Por tanto, para concluir: tese cientifica ou tese política? Falsa questão. É tão científico fazer uma tese sobre a doutrina das Ideias em Platão como sobre a política da Lotta Continua na Itália entre 1974 e 1976.” (pág. 66)
“Pode, assim, fazer-se de uma forma cientifica uma tese que outros definiriam, quanto ao tema, como puramente jornalística. E pode fazer-se de um modo puramente jornalístico uma tese que a avaliar pelo título, teria todos os atributos para parecer científica.” (pág. 66)

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