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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS Mariana Ves Figliolino A PROTEÇÃO DOS OCEANOS E SUA BIODIVERSIDADE ANTE O DIREITO DO MAR SÃO PAULO 2020 Mariana Ves Figliolino A PROTEÇÃO DOS OCEANOS E SUA BIODIVERSIDADE ANTE O DIREITO DO MAR Monografia de Conclusão de curso apresentada a Instituição de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Cruzeiro do Sul, com parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientadora: Profa. Me. Marize Oliveira dos Reis SÃO PAULO 2020 Mariana Ves Figliolino A PROTEÇÃO DOS OCEANOS E SUA BIODIVERSIDADE ANTE O DIREITO DO MAR Monografia de Conclusão de curso apresentada a Instituição de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Cruzeiro do Sul, com parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientadora: Profa. Me. Marize Oliveira dos Reis BANCA EXAMINADORA: _________________________________________ Orientadora: Profa Me. Marize Oliveira dos Reis _________________________________________ Membro Titular: _________________________________________ Membro Titular SÃO PAULO 2020 DEDICATÓRIA À minha família que sempre esteve ao meu lado e me incentivou da melhor forma possível; aos meus avós por acreditarem em mim, e aos meus colegas de classe que estiveram juntos a mim nessa caminhada. AGRADECIMENTO À Deus, por me dar forças para continuar e não desistir. À minha família pela compreensão em momentos de ausências, quando se fez necessário. À Professora orientadora Marize Oliveira dos Reis, pela paciência e sabedoria. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 7 2 POLUIÇÃO OCEÂNICA E SEUS IMPACTOS ................................................. 8 3 A LEGISLAÇÃO E AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO ................................... 10 3.1 SUNC- Sistema Nacional de Unidade de Conservação ................................. 11 3.2 UCs- Unidade De Conservação ...................................................................... 12 3.2.1 Unidade de Conservação Marinha ................................................................. 13 4 PNCRMAR. .................................................................................................... 14 4.1 Projeto de Lei nº 6969/13 ............................................................................... 15 5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 17 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 18 7 1 INTRODUÇÃO Um dos grandes problemas atuais é a carência de cuidado com o meio ambiente de forma geral, porém, quando falamos de proteção dos mares e oceanos e de sua biologia o cuidado quase não existe, as pessoas veem como um recurso infinito, que jamais se esgotará, por esse motivo, foram criadas áreas de proteção costeiras e santuários, com intuito de tutelar os recursos existentes nos oceanos e suas espécies biológicas, dessa forma, delimitando o ingresso à tais áreas. Por suas características tropicais e subtropicais, sua biodiversidade é diversa, sendo assim, utilizada pelo Brasil uma grande cota do ambiente marinho. Quando falamos de ecossistema costeiro e marinho nos deparamos com lacunas na legislação brasileira e tal preenchimento é fundamental. A elaboração de leis para o Mar é de grande valia e conquista para os ambientalistas, visto que elas deverão incorporar com as responsabilidades e os comprometimentos acordados pelo governo brasileiro. Para tanto, é preciso levar em conta as várias esferas governamentais e integralizar as iniciativas já existentes, tendo como fruto a modernização do instrumento normativo, onde incentive e integre as políticas públicas de proteção, uso e preservação dos mares, em equilíbrio com o desenvolvimento sustentável das regiões marinhas do Brasil. Tem como intuito constatar a relevância da constituição de UCs, para a preservação dos territórios oceânicos, tal qual às leis relativas à sua gestão e criação. Uma vez que há ausências existentes no ordenamento jurídico, é notória a dificuldade que o nosso país vivencia no que tange à conservação da biologia marinha, com isso, a fim de incitar maior interesse e conhecimento no assunto, em cada capítulo entenderemos os impactos que os oceanos sofrem frente às atividades desequilibradas do homem; qual têm sido o papel da Constituição ante os problemas e cuidados com o meio ambiente ecologicamente equilibrado; quais os nossos deveres como cidadãos; como as Unidades de Conservação podem ajudar no equilíbrio ecológico e o motivo pelo qual a Lei do Mar é relevante para nós e para os oceanos. 8 2 POLUIÇÃO OCEÂNICA E SEUS IMPACTOS Os oceanos refletem uma herança valorosa, natural e cultural, deixada para a humanidade; são extremamente relevantes para o equilíbrio climático da terra e proporcionam parte do oxigênio que respiramos, além disso também são fontes mestre de biodiversidade e serviços de suporte do ecossistema do nosso planeta. A saúde do oceano é essencial para a obtenção do bem-estar do ser vivo, e é, também, importante para a economia mundial, gerando emprego para os trabalhadores, e alimentando grande parte da população. Contudo, ainda que com todos esses benefícios, eles sofrem uma constante pressão diante das atividades humanas que os degradam e poluem, apresentando, assim, impactos alusivos ao clima e toda à biodiversidade. Os oceanos detêm capacidade de regeneração, ou seja, conseguem diluir a poluição; no entanto, por conta da quantidade excessiva de lixos lançados no mar nos últimos anos, a regeneração não tem sido capaz de diluir tais poluentes (esgotos, produtos químicos, petróleo, entre outros).Atualmente, 2/3 dos oceanos já foram negativamente alterados pela atividade humana; no oceano pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, o que fez ser apelidada por “sopão do pacífico”, e já é considerada a maior concentração de lixo do mundo com cerca de 1000 km de extensão e atinge uma profundidade de aproximadamente 10 metros, foi avaliado que haja nesse meio por volta de 100 milhões de toneladas dos mais diferentes tipos de plásticos. Estudos realizados pela PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, apontam que mais de 1 (um) milhão de aves marinhas morrem por ano por conta deste plástico, sem contar a outra parte da fauna que vive nesta área, como tubarões, centenas de espécies de peixes e tartarugas marinhas. Recentemente encontraram lixos de 20 países distintos em dois Parques Nacionais Marinhos brasileiros, contendo canudos, sacolas plásticas, redes, garrafas e seringas. Em um deles foram recolhidos em torno de 75 kg de lixo, além do plástico, também foram encontrados vidros e fibras de vidro, que igualmente, não são originários do Brasil, mas acreditam terem sido despejadas no mar e as correntes marítimas às trouxeram até aqui. Não se é capaz de compreender como os lixos e esses resquícios plásticos afetam os animais viventes nesses Parques Nacionais, devido à ausência de estudos direcionados. A Organização das Nações Unidas (ONU) 9 acredita que haverá uma quantidade muito maior de plásticos do que de peixes nos mares e oceanos, por conta do descarte incorreto desses resíduos. A pesquisa internacional mais recente aponta que em torno de 90%das aves marinhas possuem microplásticos ou plásticos em seu organismo, e estima- se que esse percentual chegue à 99% até 2050. Além de todos os fatores já apresentados, com o presente cenário, em relação à pandemia, os ambientalistas se preocupam com o descarte incorreto das máscaras e luvas, EPIs (Equipamento de proteção individual), hoje, obrigatórios no nosso dia a dia. Agora, com a pandemia global, no ritmo em que estamos, os descartes (mundial) têm chegado a aproximadamente 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas plásticas todos os meses, no meio ambiente. Ademais, um dos grandes danos causados aos oceanos, são os fertilizantes nitrogenados das plantações, que escoam pelos rios até o mar e as mudanças climáticas, podem causar grandes “zonas mortas” com a redução drásticas que os micro-organismos impõem na concentração de oxigênio dissolvido na água do mar, onde peixes e outros organismos não podem adentrar sob pena de sufocamento. O Brasil possuí seis zonas mortas: a lagoa dos Patos (RS), a baía de Guanabara e lagoa Rodrigo de Freitas (RJ), bacia do Pina (PE), lagoa da Conceição (SC) e a Lagoa de Imboassica (RJ). Precisamos entender que o simples ato de indiferença pode ter um efeito tremendamente deletério na outra ponta. A natureza sofre com a degradação, pois o desrespeito e o desenvolvimento descontrolado geram impacto ambiental a ponto de sentirmos suas consequências. A complexidade que os problemas ambientais assumiram fazem que seus contornos e limites escapem a objetivações mais apressadas. É preciso sentir os efeitos nocivos; só assim é que tomamos o partido para solucionar um problema.1 Com a quantidade excessiva de dejetos despejados nas águas marinhas, o litoral passa a concentrar um grande volume de elementos orgânicos, aumentando, assim, a quantidade de microrganismos e venenos prejudiciais aos animais marinhos, e a nós, humanos. Como exemplo da situação mencionada, temos os microplásticos, 1 BEHRENDS, Laura Romeu. O movimento ambientalista como fonte material do Direito Ambiental. EDIPUCRS, p. 40, 2011. 10 que são pedaços menores que 5mm que quando expostos a radiação UV são desfeitos em pedaços cada vez menores, o que facilita que diversas espécies marinhas os consumam, e isso faz com que eles viagem pela cadeia alimentar. Os peixes ingerem microplásticos, e nós ingerimos os peixes. Porém, os microplásticos não têm sido encontrados apenas em animais marinhos, também são encontrados em mel, sal, cerveja, água da torneira e até em poeira doméstica; 8 (oito) em cada 10 (dez) bebês, e quase todos os adultos têm quantidades mensuráveis de ftalatos – um adjetivo plástico comum- em seu corpo, e 93% das pessoas possuem BPA em sua urina. Diante do exposto, fica comprovada a teoria de que tudo o que fizermos para a natureza, retornará para nós. 3 A LEGISLAÇÃO E AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO Até que atingíssemos a plena compreensão de que a proteção ambiental é importante e necessária, percorremos um longo percurso. As Constituições anteriores à de 1988, não se preocuparam com tal proteção e preservação, havia, apenas, referência a alguns de seus elementos, como minérios, pescas, floresta, dentre outros. Passamos, constantemente, por uma progressão legislativa, até termos uma clara percepção de que a proteção e preservação, trata-se de um resguardo de toda pessoa humana. O artigo 225 da Constituição Federal, abrange ao direito que temos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo a responsabilidade de defende-lo e preserva-lo ao poder público e toda à sociedade. Mais à frente, no § 1º, III, existe uma tutela constitucional que não está limitada a nomes ou regimes jurídicos de cada espaço territorial, pois qualquer território entra nesse rol, desde que se reconheça que ele deva ser especialmente protegido. Essas áreas poderão ser criadas por lei, decreto, portaria ou resolução. O texto da lei preceitua que o poder público deve “definir em todas as unidades da Federação, os espaços territoriais, e seus componentes a serem especialmente protegidos”, temos por “definir”, localizar os espaços territoriais. Aqui se inicia a proteção constitucional, não exigindo que implantem quaisquer acessórios, como cercas ou casas de guardas. O art. 225 da CF/88, no §1º, III assim dispõe: 11 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;2 Podemos perceber que nos termos da Constituição, o meio ambiente deve ser compreendido como o elemento fundamental a qual a vida humana se desenvolve, e no decorrer desse desenvolvimento, deve-se observar a conservação desse ambiente. A ampla extensão territorial e costeira brasileira, e o clima tropical permitem que o país apresente uma grande biodiversidade, a maior do mundo. Considerando o seu reconhecimento e responsabilidade, é necessário que o Brasil possua um método que garanta uma biodiversidade plenamente protegida, dessa forma, é preciso que aquelas áreas já existentes sejam melhor implementadas, e que haja criação de novas áreas de proteção; as áreas reservadas para o ecoturismo devem ser mais bem ajustada para que os cidadãos possam fruir desse ambiente de forma moderada e sustentável, e assim, auxiliar na sua conservação. 3.1 SUNC- Sistema Nacional de Unidade de Conservação A partir da Lei n° 9.985/2000 foi criado o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A SNUC nada mais é do que conjunto de procedimentos e diretrizes que permitem que as esferas governamentais e a iniciativa privada, criem, implementem e gerenciem as Unidades de Conservação (UC). É formado por 12 categorias de UCs, que possuem fins típicos e se distinguem pela sua maneira de proteção e sua permissão de uso, ou seja: espaços que necessitam de mais cautela, por sua vulnerabilidade e unicidade, são protegidas com integralidade; e aqueles que podem ser manipulados de modo sustentável, que consentem com o uso de seus recursos mediante o relevância social, mas que ainda assim preservam a sua biodiversidade. O art. 4º da Lei 9.985/2000, dispõe que os objetivos da SNUC são: I. contribuir para a conservação da variedade de espécies biológicas e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; 2 Artigo 225, § 1º, III, Constituição Federal 12 II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, morfológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX. proteger ou restaurar ecossistemas degradados; X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII. favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; e XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo- as social e economicamente. 3.2 UCs- Unidade De Conservação O Brasil vem enfrentando grandes desafios significativos na conservação Marinha. Com base emestudos recentes, nosso país possui 7.634 km de litoral e possui jurisdição sobre mais de 3,5 milhões de km² de águas costeiras que abrigam uma gigantesca fauna e flora litorânea. Passa de 3.000 km de recifes de coral que atravessam ambientes tropicais, subtropicais e temperados; além dos extensos estuários, lagoas costeiras e manguezais. Por conta desses desafios, já são apresentadas cerca de 1.173 espécies brasileiras com chances de serem extintas, dessa maneira, a melhor forma e mecanismo para a preservação da biodiversidade é por meio de um ótimo Sistema de Unidade de Conservação (UCs). 13 As UCs podem ser consideradas como um subconjunto dessas áreas que são protegidas, tem como objetivo proteger as paisagens, a biodiversidade e os ecossistemas, e são reconhecidas por lei. Para compreender mais sobre as UCs de Proteção Integral e as UCs de Uso Sustentável, devemos entender que essa permite a utilização e exploração direta dos recursos naturais, desde que garantam a permanência desses recursos renováveis, mantendo e preservando a biodiversidade e os demais atributos ecológicos; enquanto àquela prevê que os ecossistemas não sofram alterações causadas por interferência do homem, permitindo apenas a utilização indireta dos recursos naturais. O uso indireto não envolve a retirada, o dano ou a destruição dos recursos naturais, já no uso direto os recursos podem ser coletados para uso comercial ou não. Com base no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), atualmente, temos 777 UCPI (Unidade de Conservação de Proteção Integral) e 1.669 UCUS (Unidade de Conservação de Uso Sustentável), tendo um conjunto de aproximadamente 2.552.197 km² de área protegida 3.2.1 Unidade de Conservação Marinha O ritmo de pesca vem causando uma diminuição drástica da população de muitas espécies, e com isso devemos lembrar que o ritmo de reprodução é determinado pela natureza, e não pelas nossas necessidades. Como forma de garantir a manutenção da biodiversidade, foram criadas grandes áreas de proteção costeiras e marinhas, que podem servir como reservatórios, tendo o intuito de recolonizar áreas vizinhas sob exploração, para que além de protegerem espécies ameaçadas, possam proliferar e recuperar o equilíbrio ecológico e aumentar os estoques de pesqueiros. Atualmente no Brasil, existem 187 Unidades de Conservação Marinha, o que corresponde à 963.699 km² de área de proteção. Algumas das ameaças à proteção da biodiversidade são as Atividades turísticas, degradação de habitats, degradação de manguezais, poluição, eutrofização, tráfego marítimo, aquicultura, sobre-explotação de peixes ornamentais 14 para consumo e/ou comércio, pesca predatória, sobrepesca, captura seletiva, pesca e, espinhéis, entre outros, A proteção do ecossistema e da biologia marinha não depende somente do governo, também é de comprometimento de toda a sociedade, por isso a proteção e criação das UCs é de responsabilidade de todos 4 PNCMAR - POLÍTICA NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO E O USO SUSTENTÁVEL DO BIOMA MARINHO BRASILEIRO No ano em que a Constituição completou 25 anos, puderam avaliar como a nossa legislação estava amparando o meio ambiente no tocante à preservação e cuidado com os mares e a costa marinha. Em abril de 2013, a Frente Parlamentar Ambientalista e a SOS Mata Atlântica realizaram um seminário intitulado como “25 anos da Constituição Federal e a proteção dos ecossistemas costeiros e marinhos”, o que foi considerado um momento marcante ao que se refere à proteção costeira e marinha. Após o seminário chegaram à conclusão que existiam lacunas legislativas e que seu preenchimento era fundamental, além disso, expuseram que a elaboração de uma lei específica para o mar era imprescindível. A contar daqui a Fundação SOS Mata Atlântica, por meio de reuniões, pesquisas e coletas de dados, favoreceu a constituição de uma proposta legislativa denominada como a Lei do Mar. Tendo por base os estudos e discussões realizadas previamente à apresentação da proposta da PNCMar, notou-se que há lacunas de instrumentos legais para garantir uma eficiente governança costeira e marinha no Brasil. Diante das alterações que ocorrem no ambiente marinho por conta de ações humanas, a preocupação dos ambientalistas, juristas e da humanidade só tem aumentado. Com isso podemos entender que a elaboração e inovação das Leis Ambientais são de importância máxima para a tutela e preservação do mar e de sua biodiversidade. O PL nº 6.969/13 foi apresentado à Câmara dos Deputados no final de 2013 e sua tramitação continua até os dias atuais Ainda que com grandes óbices, o nosso país tem se dedicado da melhor forma para auxiliar com a proteção de todo o ambiente, seja ele marinho ou terrestre; dado a grande área que retém, acaba sendo referência no aspecto ambiental para outros países. 15 4.1 Projeto de Lei nº 6969/13 O PL 6.969/13 cria a PNCMar, mais conhecida como Lei do mar, tem por objetivo estimular o uso moderado dos recursos marinhos, e garantir a conservação dos espaços marinhos e da biodiversidade, visando especialmente, os territórios protegidos para o desenvolvimento sustentável e a melhoria na qualidade e integridade do ambiente marinho brasileiro. Na cartilha elaborada pela própria Fundação SOS Mata Atlântica, com o intuito de explicar o que seria a Lei para o Mar e a sua importância, é apresentado que a Lei abrange todo o Bioma Marinho Brasileiro, que pode ser definido como o conjunto de ecossistemas marinhos presentes nas zonas costeiras, nas ilhas, no talude, na plataforma continental e no mar profundo. Desse modo, a PNCMar irá proteger os ambientes como o mar territorial e a zona econômica exclusiva; áreas que ficam submersas durante as marés altas; estuários; lagoas costeiras; a plataforma continental; rios e canais onde ocorra a influência das maiores marés altas; manguezais; marismas; costões rochosos; dunas; restingas e praias marítimas. (UMA LEI PARA O MAR, 2014, p.10) A PNCMar apresenta as seguintes propostas: • Incentivar o uso de tecnologias com menor impacto ambiental, inclusive equipamentos de pesca que minimizem o desperdício na captura de espécies; • Manter e recompor as populações de peixes e frutos do mar para uma pesca ambiental e economicamente sustentável; • Ter pelo menos 10% de áreas marinhas e costeiras em áreas protegidas; • Criar e melhorar indicadores de qualidade ambiental do mar e do ecossistema; • Monitorar processos de erosão e possíveis poluentes nas imediações marinhas, bem como a emissão de substâncias potencialmente poluidoras e espécies invasoras (como as transportadas pelos navios); • Proteger espécies marinhas ameaçadas e suas áreas de reprodução, e; • Preservar ecossistemas raros, frágeis e outras áreas ecologicamente vulneráveis. (Art. 6º, PL nº 6969/13) 16 De forma compilada, a PNCMar compreende a criação e melhoria de indicadores de qualidade ambiental do mar e do ecossistema. Serão monitorados processos erosivos e possíveis poluentes decorrentes do uso da terra nas imediações marinhas; e a população de espécie invasora, como aquelas transportadas pela água de lastro e navios. Referente às espécies, é determinado a restauração das populações de peixes e frutos do mar em níveis que sejam capazes de manter a exploração ambiental e economicamente sustentável do mar, a tutela e espécies marinhas em extinção ou ameaçadas, e suas áreas de reprodução, migração e criadouros; habitats e áreas ecologicamente vulneráveis. Para que sejam alcançados todos os objetivos previstos, o projeto determina a criação de indicadores nacionais de qualidade e saúde marinha; listas de espécies ameaçadas; estatísticas sobre o setor pesqueiro; planos nacionais e regionais; planos setoriais; criação de metas de conservação, recuperação e uso sustentável; investimento com fundos públicose privados; a elaboração de relatórios nacionais de produção pesqueira e de monitoramento da qualidade ambiental marinha. Com a sanção da Lei do Mar podemos nos sentir aliviados e entender que ainda que com toda a dificuldade e lutas diárias em prol de um planeta habitável à todo tipo de ser vivo, não apenas aos humanos, têm sido válido, pois existem pessoas no poder que zelam e seguem o que a Constituição diz sobre o direito de todos à um ambiente ecologicamente equilibrado e à uma sadia qualidade de vida. Pode ser notado oportunidade e espaço para o progresso legislativo que merecem atenção e um estudo mais avançado diante da construção da PNCMar. Apesar da grande escassez de instituições qualificadas e programas de políticas públicas consistentes e em escala capazes de cumprir com a finalidade de legalidade ambiental e sustentabilidade, podemos considerar alcançável o aperfeiçoamento da proteção e preservação dos ecossistemas marinhos. 17 5 CONCLUSÃO Diante dos estudos e conteúdos expostos, pudemos visualizar a importância dos mares e oceanos, e entendermos por que precisamos de uma lei para o mar. A vida na terra é totalmente dependente dos oceanos, 71% do planeta é coberto por água; os oceanos fornecem diversas matérias primas indispensáveis para a nossa sobrevivência, como o sal, a energia e a água, além do auxílio no equilíbrio climático, eles são primordiais para todos os seres vivos. Precisamos do mar e ele precisa do nosso cuidado. Quando poluímos os oceanos, os animais marinhos acabam consumindo os dejetos poluentes, e além de sofrerem fisicamente com isso, os resíduos acabam voltando para a nossa mesa, nossa alimentação. Devemos pensar em todos. Procurei evidenciar qual têm sido o papel da Constituição neste âmbito, quais são as áreas protegidas por ela, e como devem ser protegidas; as unidades de conservação e suas gestões. As leis brasileiras e suas lacunas legislativas em relação à tal preservação ainda existem e temos trabalhado para que sejam preenchidas. Um grande avanço que tivemos, em relação à este assunto, foi o PL 6969/2013 que ainda está em tramitação, mas que com a sua sanção poderá nos ajudar com a restauração das populações de peixes, e demais animais marinhos que estão ameaçados ou já estão extintos, e também com o equilíbrio nas pescas e aumento de áreas costeiras protegidas, ecossistemas raros, frágeis e outras áreas ecologicamente vulneráveis. É importante entendermos que a terra é nosso lar, e que devemos cuidar e proteger tudo o que ela nos dá. Os recursos não são infinitos, os animais não são imortais, se não cuidarmos do que temos hoje, não teremos o amanhã. A responsabilidade é de todos. 18 REFERÊNCIAS ANTUNES, Paulo de Bessa, Áreas protegidas (Espaços territoriais especialmente protegidos). Disponível em: <https://direitoambiental.com/areas-protegidas-espacos- territoriais-especialmente-protegidos/> Acesso em 12/09/2020 ANTUNES, Paulo de Bessa. Dano Ambiental: uma abordagem conceitual. 2º edição. São Paulo: Atlas, 2015. BARONI, Larissa Leiros. Lixo no paraíso. UOU. 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