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Já estamos chegando ao fim da disciplina e, depois de uma série de reflexões sobre diferentes questões que nos permitem problematizar e analisar caminhos possíveis para a Didática de um modo geral e, especificamente, para a Didática concebida e vivida no âmbito da universidade, nossa intenção é estudar um pouco mais a sala de aula, reconhecendo-a como espaço de diferentes práticas, múltiplas linguagens e narrativas. Nesta aula, refletiremos sobre o desenvolvimento e as dinâmicas vividas na sala de aula universitária. Faremos algumas considerações sobre as mediações possíveis: procedimentos, recursos e linguagens para avançarmos na perspectiva de pensar a relação entre a sala de aula universitária e o uso das novas tecnologias. 1. Reconhecer a necessidade de quebrar paradigmas no que se refere à sala de aula universitária, identificando-a como um espaço ampliado e de diferentes práticas, linguagens e narrativas. Nesta aula, vamos analisar as dinâmicas e interações que são planejadas, organizadas e vividas durante os processos de ensino-aprendizagem e que estão diretamente relacionadas ao cotidiano da sala de aula universitária. Você conhece alguma dessas dinâmicas e interações? Trataremos sobre elas a seguir. Didática do Ensino Superior Aula 8: Práticas pedagógicas em sala de aula Introdução Objetivos Sala de aula universitária Aprender e ensinar Segundo Sousa (2003), “aprender e ensinar constituem duas atividades muito próximas da experiência de qualquer ser humano: aprendemos quando introduzimos alterações na nossa forma de pensar e agir, e ensinamos quando partilhamos com o outro, ou em grupo, a nossa experiência e os saberes que vamos acumulando.” Ainda segundo Sousa (2003), “apesar de, ao longo de nossa vida, termos praticado frequentemente este ofício de aprender e ensinar, não deixa de se revestir de alguma complexidade, pelo que tem merecido, ao longo da história, a atenção reflexiva de pensadores de todas as áreas do saber”. Quando aprender e ensinar são atividades que acontecem em um espaço específico como o da universidade e, nesse sentido, são atividades intencionais, uma série de variáveis contribui para tornar essas atividades ainda mais complexas. Autor: JohnnyGreig/istock.com Alguns educadores têm avaliado de um modo mais específico o trabalho na sala de aula universitária e apostam no deslocamento de ênfase – do ensino para a aprendizagem –, que implica o desenvolvimento de capacidades intelectuais, de habilidades humanas e profissionais, bem como de atitudes e valores nas diferentes esferas da vida pessoal e profissional. De acordo com Masetto (2000): A ênfase na aprendizagem como paradigma para o Ensino Superior alterará o papel dos participantes do processo: ao aprendiz cabe papel central de sujeito que exerce as ações necessárias para que aconteça sua aprendizagem – buscar as informações, trabalhá-las, produzir um conhecimento, adquirir habilidades, mudar atitudes e adquirir valores. Sem dúvida, essas ações são realizadas com os outros participantes do processo: os professores, os colegas, pois a aprendizagem não se faz isoladamente, mas em parceria, em contato com os outros e com o mundo. O professor terá substituído seu papel exclusivo de transmissor de informações para mediador pedagógico ou orientador do processo de aprendizagem de seu aluno. Deslocamento de ênfase http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula8/img/01aprenderEnsinar.jpg Vejamos, agora, um trecho do filme Legalmente Loira, a fim de expor um exemplo prático do que estamos estudando. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique no PDF para ver a sinopse. [../downloads/Sinopse_legalmente_loira.pdf] Você percebeu que, assim como foi colocado por Masetto (2000) anteriormente, o aprendiz – nesse caso, a personagem do filme que acabamos de ver – assumiu o papel central de sujeito que exerce as ações necessárias para que aconteça sua aprendizagem? A partir dos pressupostos que vimos anteriormente, é importante lembrar alguns princípios relevantes para pensar o processo de ensino-aprendizagem no contexto de uma prática didática orientada pela perspectiva crítica e intercultural, no âmbito universitário, como por exemplo: A adoção de uma organização curricular mais integrada, fruto de construções coletivas e interdisciplinares. A articulação entre teoria e prática e entre ensino, aprendizagem e pesquisa. A valorização de metodologias ativas, que promovam práticas e/ou atividades diversificadas. A intensa participação, colaboração e produção dos alunos na aquisição crítica e/ou na construção de conhecimentos, habilidades e atitudes. Pensaremos a sala de aula universitária para além de seu espaço físico tradicional, incluindo seus laboratórios, para avançarmos para um conceito mais ampliado de sala de aula universitária, que ocupa diferentes espaços e ambientes, inclusive do mundo do trabalho e profissional, ou seja, fora do espaço específico da universidade. Segundo Masetto (2000), é importante compreender a sala de aula como um “espaço-tempo durante o qual os sujeitos do processo de aprendizagem (professor e alunos) se encontram para, juntos, realizarem uma série de ações (na verdade interações). Dessa forma, pensaremos a sala de aula universitária como um lugar que estimula o aprender a aprender, o que implica incentivar o aluno a: Refletir sobre suas próprias experiências; Perceber as suas limitações e identificar as suas possibilidades para superá-las; Identificar os caminhos e/ou os melhores procedimentos que o ajudem a realizar aprendizagens significativas. Atenção! Aprender a aprender http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Sinopse_legalmente_loira.pdf Autor: Prostock-Studio/istock.com Algumas das ações ou interações citadas por Masetto (2000) a serem realizadas no espaço- tempo da sala de aula por professor e alunos são: “estudar, ler, discutir e debater, ouvir o professor, consultar, trabalhar na biblioteca, redigir trabalhos, participar de conferências de especialistas, entrevistá-los, fazer perguntas, solucionar dúvidas, orientar trabalhos de investigação e pesquisas, desenvolver diferentes formas de comunicação e expressão, realizar oficinas e trabalhos de campo”. Em nosso trabalho de promover o processo de ensino-aprendizagem universitário é fundamental criar a base para que os procedimentos, atividades e dinâmicas planejadas e realizadas em sala de aula sejam plurais e diversificados, para conciliarmos a diversidade cultural dos alunos com os objetivos e a especificidade dos conteúdos que serão objeto de estudo. Conceber, planejar e decidir sobre que procedimentos metodológicos utilizar é uma tarefa que faz parte das atribuições do professor universitário, mas é muito importante que isso aconteça como fruto de um trabalho crítico-reflexivo, coletivo e contextualizado. Você se lembra dos aspectos que envolvem o processo de planejamento no Ensino Superior? São eles: Atenção! Metodologia participativa http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula8/img/02aprenderAprender.jpg Autor: elaborado pelo autor. A concepção, o planejamento e a decisão sobre que procedimentos metodológicos devem ser mobilizados – até mesmo para garantir aprendizagens significativas –, faz parte da criação de um plano mais geral de trabalho construído de forma participativa e sempre partilhado com os alunos. Ao longo de nossa disciplina, refletimos, entre outros aspectos, sobre a relevância da pedagogia do diálogo, o que significa destacar que os procedimentos metodológicos privilegiados devem valorizar a troca, a análise crítica, a circulação de diferentes saberes e conhecimentos e o uso de diferentes e múltiplas linguagens e narrativas. Isso quer dizer que, utilizar variados procedimentos metodológicos, assim orientados, implica: Incorporar desde textos impressos até a mídia eletrônica, desde a linguagem oral, escrita, corporal, do desenho, da fotografia atéa linguagem audiovisual, reconhecer a sala de aula universitária como um espaço polifônico, mas, principalmente, como um espaço prazeroso, lúdico, dinâmico, vivo, que promova aprendizagens significativas, contribuindo para a formação de profissionais competentes e para a formação de cidadãos, de sujeitos de direitos. Ressignificar as aulas expositivas, as diversas modalidades de trabalhos em grupo, os seminários, a produção de trabalhos coletivos e individuais. Como já vimos anteriormente, o processo de avaliação é um sistema que precisa caminhar alinhado aos princípios e características do processo de ensino-aprendizagem implementado que, nesse sentido, precisa estar orientado pelos pressupostos de uma Didática Crítica e Intercultural. Nesse sentido, analise a charge a seguir: Atenção! Variados procedimentos metodológicos Processo de avaliação http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula8/img/03processoPlanejamento.jpg https://www.redepedagogica.com.br/post/como-lidar-com-as-diferen%C3%A7as-em-sala- de-aula Você percebeu a ironia da charge ao afirmar que o processo de avaliação seria justo? O processo de avaliação deve dar ênfase à autoavaliação, à avaliação diagnóstica e formativa com caráter de feedback, de retroalimentação, com a finalidade principal de ser mais um recurso para motivar e promover aprendizagens significativas. Em outras palavras, esse processo precisa ser mais inclusivo, a serviço das aprendizagens. Ele não deve ser excludente, com o objetivo único de classificar ou selecionar. Para finalizar, gostaríamos de destacar dois aspectos: O primeiro aspecto refere-se ao fato de que não acreditamos em receitas e/ou modelos preestabelecidos para fazer acontecer uma sala de aula universitária comprometida com os fundamentos, as ideias e as propostas anunciadas ao longo de nossas aulas. Na verdade, reconhecemos que é preciso mobilizar a nossa imaginação e também a dos alunos para que, juntos, seja possível traçar os caminhos. Entretanto, para que essa imaginação flua no sentido que desejamos, é preciso ter bem claro os princípios norteadores do nosso trabalho e isso implica perguntar, a todo o momento: Que sociedade queremos construir/reconstruir? Que sujeitos desejamos formar? Que educação queremos promover? Somente depois de termos as respostas para essas questões é que vamos poder responder à pergunta: como conceber e como fazer acontecer a nossa aula? O segundo aspecto diz respeito à necessidade de pensar a sala de aula universitária como espaço de relações, onde o aluno e professor são protagonistas, mesmo que exercendo diferentes ofícios. Por exemplo, o aluno é protagonista quando sujeito de sua própria aprendizagem e responsável por manter uma relação interativa com o conhecimento e o professor também pode ser protagonista, na medida em que tem como função criar mecanismos de mediação entre o aluno e o conhecimento. Como Masetto (2007), também reconhecemos que “professor e aluno constituem-se como célula básica do desenvolvimento da aprendizagem, por meio de uma ação conjunta, ou de ações conjuntas em direção à aprendizagem; de relações de empatia para se colocar no lugar do outro seja nos momentos de incertezas, dúvidas, erros, seja nos momentos de avanço e sucesso; sempre de confiança no aprendiz.” Conclusão http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula8/img/04processoAvaliacao.jpg Chegamos ao fim da disciplina com um desafio: sugerimos que você converse com professores que atuam no ensino superior e discuta com eles acerca dos limites e possibilidades da vivência das propostas e/ou ideias apresentadas. A partir das respostas conseguidas, troque experiências com seus colegas de turma no fórum de discussão. Agora que terminamos nossa aula, vamos realizar uma atividade, a fim de testar o conhecimento aprendido? Leia e analise de forma crítica o artigo Brasil tem só quatro universidades em ranking de emergentes. Em seguida, procure indicar procedimentos relacionados ao exercício e à vivência de uma prática didático-pedagógica crítica e intercultural que poderiam contribuir para a mudança desse quadro de resultados acerca do desempenho das universidades brasileiras. Clique no PDF para ver a resposta. [../downloads/Chave_resposta_atividade_aula8.pdf] Desafio Atividade proposta Exercícios de fixação Questão 1 - Tendo presente as considerações apresentadas nesta aula, podemos afirmar que romper com o paradigma que tradicionalmente configura a sala de aula universitária significa enfatizar: O processo de ensino. O ensino das habilidades. O processo de aprendizagem. A aprendizagem de atitudes. Questão 2 - Pensar a sala de aula universitária como espaço-tempo que valoriza o "aprender a aprender" significa valorizar: As ações do professor. As iniciativas dos alunos. http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Chave_resposta_atividade_aula8.pdf Nesta aula: Refletimos sobre o desenvolvimento e/ou as dinâmicas que podem ser vividas na sala de aula universitária; Estimulamos a discussão sobre procedimentos, recursos, linguagens, narrativas, importantes para dinamizar um processo de ensino-aprendizagem critico, intercultural e mais significativo para todos os alunos. As aulas expositivas. Os trabalhos escritos. Questão 3 - Utilizar procedimentos metodológicos diversificados contribui principalmente no sentido de: Acolher a diversidade cultural dos alunos. Facilitar o trabalho do professor. Cumprir com o conteúdo curricular. Otimizar o tempo das aulas. Questão 4 - Durante esta aula, sugerimos pensar a sala de aula universitária para além de seu espaço físico tradicional. E, nessa perspectiva, durante as reflexões aqui apresentadas, enfatizamos como espaços de aprendizagens: Os ambientes e/ou locais que existem dentro da universidade. Os laboratórios existentes na universidade, além das salas de aula tradicionais. Os ambientes e espaços que existem dentro e fora da universidade. Os locais de trabalho, onde os alunos universitários podem fazer estágios. Questão 5 - Uma dinâmica muito utilizada durante as aulas na universidade é a aula expositiva. De acordo com a perspectiva da Didática Crítica e Intercultural, trata-se de uma dinâmica que deve ser utilizada: Com ênfase e sempre sob a liderança e/ou centrada na exposição do professor. Na maioria das vezes, em contexto de diálogo com participação de professores e alunos. Sempre que uma noção nova for introduzida pelo professor. Com frequência e na maioria das vezes para introduzir os trabalhos dos alunos. Síntese Referências MASETTO, M. T. Atividades Pedagógicas no Cotidiano da Sala de Aula Universitária: reflexões e sugestões práticas. In: CASTANHO, S.; CASTANHO, M. E. (Orgs). Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. São Paulo: Papirus, 2004, p. 83 a 102. _____________. Docência Universitária: repensando a aula. In: TEODORO, A.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs) Ensinar e Aprender no Ensino Superior. Por uma Epistemologia da Curiosidade na Formação Universitária. São Paulo: Editora Mackenzie e Editora Cortez, 2003, p. 79 a 108. Disponível em: http://www.escoladavida.eng.br/anotacaopu/Formacao%20de%20professores/repensando_a_aula.htm [http://www.escoladavida.eng.br/anotacaopu/Formacao%20de%20professores/repensando _a_aula.htm] . ____________. Mediação Pedagógica e o uso da Tecnologia. In: MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000, p. 133 a 173. SOUSA, Ó. C. Aprender e ensinar: Significados e Mediações. In: TEODORO, A.; VASCONCELLOS, M. L. (orgs) Ensinar e Aprender no Ensino Superior. Por uma Epistemologia da Curiosidade na Formação Universitária. São Paulo: Editora Mackenzie e Cortez Editora, 2003, p. 35 a 60. VEIGA, I. P. A. ; CASTANHO, M. E. L. M. (orgs.). Pedagogia Universitária. A Aula em Foco. São Paulo: Papirus, 2002, cap. 3, 7 e 8. WECHSLER, S. M. A Educação Criativa. In: CASTANHO, S.; CASTANHO, M. E. (Orgs). Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. SãoPaulo: Papirus, 2008, 5ª edição, p. 165 a 170. http://www.escoladavida.eng.br/anotacaopu/Formacao%20de%20professores/repensando_a_aula.htm
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