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O pneumotórax só pode ser feito quando somente um dos pulmões está comprometido, caso contrário, o procedimento não pode ser feito. EPIDEMIOLOGIA Quando compara-se as porcentagens de infectados e de casos novos dos países ricos (21% e 5%) com as dos países pobres (79% e 95%), observa-se que a tuberculose afeta todas as classes. No entanto, é mais devastadora na classe pobre. A taxa de associação entre a tuberculose e HIV depende da taxa de infecção por HIV e por TB em cada país. Podendo ser baixa (EUA), alta (África) ou média (Brasil). Quanto à resistência da TB aos antibióticos, ela acontece por quatro fatores: 1. Má qualidade do Programa de Controle; 2. Aumento da taxa de abandono do tratamento; 3. A coinfecção de TB-HIV/AIDS; 4. Migração de populações. No Amazonas, a situação é bem crítica. Dados de 2017 mostram que o coeficiente de tuberculose no estado é maior que o dobro da média nacional. Em Manaus, ainda, há cerca de 104,7 pessoas com TB a cada 100.000 habitantes. A subnutrição e aglomeração são características que facilitam o desenvolvimento da TB. SOBRE O BACILO Ele possui características bem variadas e muito próprias, como: É um bacilo móvel; Crescimento intracelular facultativo; Aeróbico obrigatório; Crescimento lento; Pode multiplicar-se dentro dos macrófagos e outras células do organismo; Pode permanecer vivo por anos no granuloma formado pela relação tecidual; Pode multiplicar-se quando há uma falha na defesa do hospedeiro; Seu genoma apresenta cerca de 376 proteínas específicas para a espécie. CONTÁGIO A forma mais comum da TB é a Pulmonar. Não se contrai TB num contato eventual, pois o organismo consegue controlar. No entanto, se o contato for próximo continuadamente num ambiente propício – como trabalho em espaço fechado e casa com as pessoas aglomeradas – o contágio irá ocorrer. Como ocorre? Quando alguém expectora o bacilo através de partículas levitantes, elas podem: cair no chão e o bacilo morrer devido à exposição ao Sol; ou ficar suspensas no ar, podendo assim serem aspiradas por outro e haver a possibilidade dele desenvolver a infecção; “Possibilidade” porque o organismo humano possui mecanismos físicos (principalmente o sistema muco-ciliar) para expelir; Mas, quando os bacilos conseguem superar tais barreiras, irão até os alvéolos e farão a nidação alveolar. Ativando, assim, a imunidade adquirida; A imunidade adquirida é mediada por células (macrófagos, linfócitos TCD4, TCD8, GAMA- DELTA e NK) e por interleucinas, citocinas ou linfocinas (IL2, IL4, IL6, IL8, IL10, IL12, TNFα e FNIγ); No alvéolo, acontecerá o crescimento ou desenvolvimento livre do bacilo, fenômeno em que se prolifera rapidamente; Dentro do alvéolo, no processo inflamatório ou tentativa de defesa do organismo, agirá o macrófago alveolar junto com os neutrófilos (polimorfos nucleares) que migraram para lá; Há um grande processo exudativo, podendo acontecer a disseminação hematogênica intracelular; A fagocitose realizada pelo macrófago não é capaz de controlar o crescimento do bacilo, que ainda cresce, mas com menor velocidade; Após crescer, esse bacilo desenvolve mecanismos autoprotetores que bloqueiam a fusão do lisossomo com o fagossomo, impedindo que o ocorra a lise desse bacilo fagocitado; Nessa situação, o macrófago sinaliza para a ativação dos linfócitos através da comunicação TCR-MHC1 ou MCH2; Por essa comunicação, há a ativação do linfócito-CD3 e de um linfócito CD8 ou CD4; Os linfócitos são mais potentes na defesa, então, se a atuação deles resolver, não haverá o desenvolvimento da TB. Caso contrário, haverá uma infecção tuberculosa. INFECÇÃO TUBERCULOSA Uma vez instalada, a infecção tuberculosa acomete através dos nódulos de Simmons e dos linfonodos infartados. O bacilo entra pelo pulmão, onde ele vai instalar-se e desenvolver uma inoculação. Como os linfócitos estão comprometidos, possibilita uma linfangite e a criação de um polo pulmonar, formando o Complexo de Ghon que evolui para o Complexo de Ranke. Pode, ainda, haver uma disseminação hematogênica intracelular, uma disseminação linfática e um derrame pleural. TUBERCULOSE PRIMÁRIA Fatores clínicos: Contaminação primária; Infiltrados primários; TB pleural primária; Compressão brônquica pelo linfonodo causando uma pneumonia Epituberculosa (Síndrome do Lobo Médio); Tuberculose Miliar Primária: os nódulos são bem pequenos; é o primeiro contato; os nódulos são oprimidos e vai para o pulmão. TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA Pode-se ter novamente uma reinfecção exógena e uma reinfecção de foco latente, uma vez que esse bacilo é capaz de deixar granulomas adormecendo. Logo, quando a imunidade estiver baixa, o foco latente desenvolverá uma reação granulomatosa, reativando a doença. A TB secundária por reativação endógena foi o que aconteceu com muitos pacientes com HIV, pois eles já possuíam um foco latente com uma infecção granulomatosa controlada. Logo, quando baixou a imunidade, o foco que estava adormecido reativou devido à escassez linfocitária. Outros fatores que facilitam a reativação, mas em menor grau que a infecção pelo HIV: Diabetes; Câncer cefálico e cervical; Gastrectomia; Cirurgia de derivação jejunoileal; Nefropatia crônica dependente de diálise; Perda ponderal significativa; Imunossupressores. Fatores clínicos: Cavitações; Lesões nodulares exudativas; Processos retículo-nodulares; Pneumonia caseosa com caseficação de um gânglio (que perfura o brônquio); Tuberculose Miliar Pós-primária: os micro nódulos são mais grosseiros e coalescentes; apresentam de forma frequente o derrame pleural. DIAGNÓSTICO Exames a serem feitos quando há suspeita de TB: 1. Teste tuberculínico; 2. Basiloscopia; 3. Raio-X de tórax. Como diagnosticar? Avaliar: Todas as possibilidades de ocorrência, como antecedente epidemiológico, contato íntimo, grupos de risco e sintomáticos respiratórios; Identificar: O Mycobacterium tuberculosis através da baciloscopia, cultura, tipagem e biologia molecular; Considerar: A busca de rastros do bacilo, pois é necessário saber se a bactéria realmente passou pelo local da investigação através de uma boa história clínica, radiologia, teste tuberculínico, histopatologia e exames imunológicos. Critérios clínicos para o diagnóstico: 1. Contágio; (antecedentes epidemiológicos) 2. Sintomas gerais: febre vespertina sudorese noturna, perda de apetite e de peso; 3. Sintomas respiratórios: tosse inicial seca evoluindo para produtiva, dispneia, dor torácica, hemoptise e rouquidão. BACTERIOLOGIA Baciloscopia feita com Ziehl-Neelsen, cultura que permite identificar, ver o tipo do bacilo e fazer teste de sensibilidade. Resultados: Negativo (-); Positivo (+): < 1 bac/campo/100 campos; Positivo (++): 1 a 10 bac/campo/100 campos; Positivo (+++): > 10 bacilos/campo/vendo 100 campos. O PCR é considerado mais preciso que o Ziehl- Neelsen, pois identifica o Mycobacterium por amplificação do material genético. No entanto, a baciloscopia é efetiva e de baixo custo, por isso é utilizada no controle do tratamento. Cuidados na coleto do escarro: 1. Assegurar-se que o material colhido seja das vias aéreas inferiores; 2. Coleta preferencialmente em jejum, ou em horário longe das refeições; 3. Examinar pelo menos duas amostras de escarro em dias sucessivos, com coleta adequada; 4. Onde for possível, proceder-se a centrifugação do escarro antes de realizar a baciloscopia; 5. Encaminhar ao laboratório no menor prazo de tempo. No caso de demora, conservar frasco em geladeira e protegido da luz solar. TESTE TUBERCULÍNICO O PPD (Prova de Mantoux) apenas identifica a memória imunológica,ou seja, se já entramos ou não em contato com o mycobacterium. Resultados: 0-1mm = Não reator: não infectado ou anérgicos (paciente com a imunidade tão baixa que não tem força para responder ao estímulo do PPD); 5-9mm = Reator fraco: infectado ou os vacinados com BCG; > 10mm = Reator forte: infectados (podendo estar doentes ou não) e aqueles vacinado com BCG recentemente. Como interpretar o teste? Falsos Positivos: paciente infectado por micobactérias não tuberculosa com reção fraca; ou BCG assemelhando-se a infecção natural; Falsos Negativos: material inadequado ou mal conservado; fase pré-tuberculínica; erros de leitura; fases grave da doença; situações de imunodeficiência; Fenômeno “Booster”: é uma reação anamnéstica com memória imunológica retardada (ocorre em 18-23% das pessoas); a reatividade às bactérias latentes foi restaurada pelo estímulo antigênico gerado pela prova inicial; Viragem Tuberculínica: aumento de 6mm em relação ao último PPD realizado; ou seja, a pessoa que não tinha reação antes, passou a responder ao teste. RADIOLOGIA Observa-se uma certa predominância de lesão no ápice do pulmão, com essa área aparecendo mais clara (branca). Isso é uma característica da TB secundária, porém pode ocorrer em qualquer local, muito frequente em pacientes imunocompetentes. Já, nos pacientes imunodeprimidos, vemos que a doença se espalha de forma mais irregular. TRATAMENTO Importante garantir que o paciente faça adesão ao tratamento no tempo correto e na forma correta, pois, quando o tratamento é feito de forma adequada, o isolamento não tem tanta importância. A alimentação também é importante. Obs.: a gravidade da doença e doenças associadas (HIV, diabetes e neoplasias) impactam no tratamento. Populações bacilíferas e atividades das drogas antituberculose: 1. População cavitária – crescimento geométrico; Medicação: rifampicina, estreptomicina, isoniazida, etambutol. 2. População intracelular – crescimento lento; Medicação: rifampicina, pyrazinamide, isoniazida, etambutol. 3. População intracáseo – crescimento intermitente; Medicação: rifampicina, isoniazida, pyrazinamide. 4. População latente – não se sabe ao certo se é o Mycobacterium tuberculosis e se seu crescimento é anaeróbico. Resistência do M. Tuberculosis: Resistência Natural: resultado da mutação genética natural; Resistência Adquirida: problemas no tratamento; Resistência Primária: transmissão de paciente sem tratamento anterior que já tinha determinado tipo de resistência para outra pessoa; Multirresistência: existe resistência ao medicamento com rifampicina + hidrotiazida (MDR) ou super resistência a rifampicina + hidrotiazida + outros medicamentos (TBMR). Obs.: a associação de drogas protege contra a resistência. CRESCIMENTO BACILAR E FASES DO TRATAMENTO 1. Fase de ataque: duração de 2 meses. Objetivo de diminuir: a transmissibilidade; o mal-estar e morbidade das pessoas; a resistência adquirida; Nesse momento, os bacilos estão multiplicando-se rapidamente dentro da luz do alvéolo, então vai ser usado mais concentração e mais força de ataque. 2. Fase de manutenção: o tratamento não para na primeira fase, pois há bacilos desenvolvendo-se lentamente. Objetivo de eliminar os bacilos persistentes, proporcionando a cura. ESQUEMAS DE TRATAMENTO ATUAIS Existem dois esquemas terapêuticos: 1. Esquema Básico: (Realizado no Programa de Saúde da Família e nas UBS) 1ª fase (ataque) – 2 meses Rifampicina (R); Isoniazida (H); Pirazinamida (Z); Etambutol (E). 2ª fase (manutenção) – 4 meses RH. 2. Esquema de falência/multirresistência: (Realizado em policlínica, centro de referências e hospitais) 1ª fase (ataque) – 6 meses Estreptomicina; Pirazinamida; Etambutol; Levofloxacina; Terizidona. 2ª fase (manutenção) – 12 meses Etambutol; Levofloxacina. Observação Paciente TB com comprovação laboratorial Tratamento na UBS. Paciente com diagnóstico sugestivo (teste terapêutico) complicação no tratamento ou esquema especial Tratamento na referência/UBS acompanhando em conjunto.