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Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria Insuficiência Adrenal A insuficiência adrenal pode ser primária (DA) ou secundária e se manifestar de forma aguda ou crônica. DA= resulta tanto de doenças que determinam a destruição de 90% ou mais do córtex adrenal, como de condições que reduzem a síntese dos esteroides adrenais→ produção subnormal de cortisol, aldosterona e androgênios. IA secundária= decorre de comprometimento hipofisário, com deficiência da secreção da corticotrofina (hormônio adrenocorticotrófico, ACTH) ou hipotalâmico, com deficiência da secreção do hormônio liberador da corticotrofina (CRH). -A deficiência crônica de ACTH decorre de sua supressão pelo uso continuado de corticosteroides, resultando em atrofia dos córtices adrenais, sobretudo das camadas fasciculada e reticulada. A camada glomerulosa, produtora de aldosterona, mantém-se preservada, é controlada pelo sistema renina- angiotensina-aldosterona. Doença de Addison EPIDEMIO -Rara= prevalência entre 100 e 140 casos por milhão de habitantes (2/10mil); incidência de 4 por milhão/ano. -Sexo= M>H→2,6:1 -Idade= entre a 3a e a 5a década -uma condição potencialmente fatal, cujos sintomas são geralmente inespecíficos e frequentemente encontrados em outras condições comuns, como infecções virais, fadiga crônica e depressão. ETIOLOGIA -processos autoimunes, doenças infecciosas, granulomatosas e infiltrativas, hemorragia e trombose, uso de alguns fármacos, adrenalectomia bilateral e várias doenças genéticas raras. -EUROPA= a forma autoimune da DA é a mais comum, respondendo por 45 a 94% de todos os casos. TB e outras causas foram encontradas em 0 a 33% e 1 a 22,2% dos pacientes. -No Brasil, a adrenalite autoimune representa atualmente o principal fator etiológico. ao passo que 17 a 20% dos casos são secundários à TB. -Antes da introdução da quimioterapia p TB, ela era a principal causa de DA no Brasil e EUA. - Na África e na Índia, adrenalite por TB ou outras doenças infiltrativas ainda representam a etiologia mais prevalente de DA. DA autoimune 60 a 70% dos pacientes com DA autoimune têm associados um ou mais distúrbios autoimunes, endócrinos e não endócrinos, caracterizando as síndromes poliglandulares autoimunes (SPA). Mas pode ocorrer de forma isolada. -Há 4 tipos de SPA, e somente a tipo 3 não está associada a DA. -Entre 337 casos de DA, 83% tinham etiologia autoimune→ forma isolada em 41%, (SPA-1) em 13%, SPA-2 em 41% e SPA-4 em 5%. →Na SPA-1, a DA é vista em 60-100% dos casos. Geralmente, ocorre após a candidíase crônica e o HPT. -idade de surgimento variável= entre 6 meses e 41 anos –, com pico em torno dos 13 anos. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria -são observados Anticorpos anti-córtex adrenal (ACA) e contra a 21-hidroxilase (Ac21OH), a 17α-hidroxilase e a enzima de clivagem da cadeia lateral do colesterol (P450scc). • SPA-2 →QC= Os três principais componentes da SPA-2 são: DA (em 100% dos casos), doença autoimune tireoidiana (DAT, em 75 a 83%) e DM1 (em 28 a 50%)→ que tendem a se manifestar em uma sequência específica: o DM1 geralmente precede a DA, enquanto a DAT – tireoidite de Hashimoto (TH) ou, menos comumente, doença de Graves (DG) – desenvolve-se antes, concomitantemente ou após a DA. -MENOS COMUNS= hipogonadismo hipergonadotrófico, vitiligo, alopecia, hepatite crônica, gastrite atrófica com ou sem anemia perniciosa e hipofisite. Hipoparatireoidismo é muito raro, ocorre tardiamente e pode ser transitório. →DIAGNÓSTICO= os Ac21OH são encontrados em até 100% dos pacientes e são preditivos do desenvolvimento de destruição adrenal. Após a detecção dos Ac21OH, há aumento progressivo dos seus níveis, de maneira paralela à deterioração da função adrenal que se caracteriza por aumento dos níveis de atividade plasmática da renina, seguida por resposta subnormal do cortisol após estímulo rápido com ACTH e, finalmente, aumento dos níveis de ACTH e redução dos níveis de cortisol. →ETIOLOGIA= Os genes responsáveis pela SPA-2 estão intimamente ligados a certos alelos de risco nas classes I e II do sistema HLA, particularmente B8/DR3/DQ2 e DR4(DRB1*0404)/DQ8. O alelo HLA-B15 é protetor para o desenvolvimento da DA clínica, mesmo em indivíduos com HLA DR3-B8/DRB1*0404 portadores de Ac21OH. -polimorfismos do gene CTLA-4 e o alelo MICA5.1 também conferem maior risco para o desenvolvimento da síndrome, de modo independente do genótipo HLA. -fatores ambientais= infecções, medicamentos, alimentos e estresse, podem atuar como cofatores. • SPA-3 associação de DAT (tireoidite de Hashimoto, mixedema idiopático, tireoidite silenciosa e doença de Graves) a uma ou mais doenças autoimunes, descartando-se a DA e o hipoparatireoidismo. • SPA-4 Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria -é rara e se caracteriza pela combinação de doenças autoimunes que não se enquadram nas condições anteriores→ DA associada a hipogonadismo, gastrite atrófica, anemia perniciosa, doença celíaca, miastenia gravis, vitiligo, alopecia, hipofisite etc., mas não às manifestações principais das outras SPA (hipoparatireoidismo, candidíase mucocutânea crônica, DAT ou DM1). -Alguns autores consideram as SPA-3 e SPA-4 como parte da SPA-2. DA de causa infecciosa -TB é a segunda causa mais comum de DA, mas pode ser o fator principal em países em desenvolvimento. - estudo realizado em Ribeirão Preto (SP), no qual foram analisados 82 pacientes com DA, a TB foi responsável por 11% dos casos, a terceira causa mais comum após autoimunidade e paracoccidioidomicose (PCM). →FISIOPATOLOGIA= O acometimento da glândula ocorre por disseminação hematogênica da infecção, e uma doença extra-adrenal geralmente é evidente. O trofismo pela adrenal decorre da supressão da imunidade celular intraadrenal devido a elevada concentração intraglandular de glicocorticoides, 20 a 40 vezes maior do que na circulação periférica. O hipocortisolismo resulta de destruição dos córtices adrenais e sua substituição por extensos granulomas epitelioides e caseificação, o que ocasiona aumento do volume glandular→ surge fibrose, e as adrenais se mostram de tamanho normal ou reduzido, com calcificação evidente em 50% dos casos. Na doença infecciosa, há também comprometimento da medula adrenal. • MICOSES SISTÊMICAS PCM em regiões brasileiras endêmicas. A hipofunção do córtex adrenal é comum na PCM disseminada (14 a 44% dos casos), enquanto DA sintomática ocorre em 5 a 14% dos pacientes. -nos EUA a principal micose associada a DA é a histoplasmose; blastomicose norte-americana, a coccidioidomicose e a criptococose. AIDS= adrenal é a glândula endócrina mais afetada. Tal envolvimento pode ser secundário a infecções oportunistas (TB, CMV, micobactérias atípicas, micoses), fármacos (rifampicina, cetoconazol) e lesões metastáticas (sarcoma de Kaposi, linfomas). -insuficiência adrenal franca é rara, mas uma resposta diminuída do cortisol ao teste de estimulação rápida com ACTH é vista em 10 a 15% dos pacientes. Habitualmente, a falência adrenal ocorre como manifestação tardia em pacientes com contagens muito baixas do CD4. Por outro lado, os níveis basais de cortisol algumas vezes se mostram elevados, em razão da resistência dos receptores ao cortisol. Fármacos São causas aqueles que inibem a esteroidogênese adrenal (cetoconazol, fluconazol, itraconazol, etomidato, mitotano, metirapona, trilostano, aminoglutetimida) ou aumentem a depuração metabólica dos esteroides adrenais (rifampicina, fenitoína, fenobarbital, troglitazona, erva-de-são- joão)→ se administrados em altas doses ou se houver uma doença adrenal de base que limite a reserva secretória da glândula. -Dentre os antifúngicos, o fluconazol é considerado o agente com menores efeitosadrenostáticos. Anticoagulantes, como a heparina e o dicumarol, e inibidores da tirosinoquinase, como o sunitinibe, podem levar a IA aguda por hemorragia adrenal. Hemorragia adrenal -pode ocorrer no curso da síndrome de Waterhouse- Friderichsen, que resulta de choque séptico causado por infecção por meningococo. -Sepse causada por outros mic (Haemophilus influenzae, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, pneumococo). -a síndrome antifosfolipídica, que é caracterizada por múltiplas tromboses arteriais e venosas, tem emergido como uma das causas mais comuns de hemorragia adrenal. Eventualmente, a DA pode ser a manifestação inicial dessa síndrome. - Traumatismo ao nascimento é outra causa de hemorragia adrenal. Doença adrenal metastática 70 % Metástases derivas de câncer de pulmão e mama. Além de, linfomas, melanomas e metástases de carcinoma de rim, estômago e cólon. Mas IA clinicamente manifesta é pouco frequente, a menos que haja lesões bilaterais. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria Doenças genéticas • ADRENOLEUCODISTROFIA -doença recessiva ligada ao X, causada por mutação nos genes ABCD1 e ABCD2 (cromossomo Xq28). -incidência de 1:17.000 a 25.000 habitantes, constitui a terceira causa mais comum de IA em indivíduos do sexo masculino, após a adrenalite autoimune e a TB/PCM. -Resulta da produção de uma proteína transportadora anormal dentro dos peroxissomos que impede a oxidação dos ácidos graxos de cadeia muito longa, provocando seu acúmulo no cérebro, no córtex adrenal, nos testículos, no fígado e no plasma. Como consequência, surgem desmielinização do sistema nervoso central e IA primária. -Dois fenótipos clínicos principais foram descritos: ALD cerebral e adrenomieloneuropatia. A primeira, em geral, surge na infância, entre 5 e 12 anos, e em 30% dos casos a IA precede os sintomas neurológicos. Estes se caracterizam por disfunção cognitiva, problemas de comportamento, labilidade emocional, distúrbios visuais e da marcha, com progressão para cegueira e tetraplegia espástica. A adrenomieloneuropatia representa um fenótipo mais moderado, iniciando-se, entre a segunda e a quarta década de vida. • HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA - deficiência de enzimas envolvidas na biossíntese do cortisol. causa mais usual de IA no período neonatal. -A forma mais comum é a deficiência da 21- hidroxilase ou P450c21 (CYP21A2)→ mais de 90% dos casos de HAC. - A HAC lipoide é a forma mais grave de HAC, envolvendo deficiências de glicocorticoide, minera- locorticoide e esteroides sexuais. É causada por mutação no gene StAR (cromossomo 8p11) e resulta em fenótipo feminino, independentemente do cariótipo. • HIPOPLASIA ADRENAL CONGÊNITA -distúrbio familiar raro (1:12.500 nascimentos) em que há hipodesenvolvimento do córtex adrenal. Pode ser esporádica, autossômica recessiva ou ligada ao cromossomo X. -Ligada ao X= mutações no gene DAX-1 (NROB1) e, manifesta-se por insuficiência adrenal nos primeiros anos de vida e hipogonadismo hipogonadotrófico, detectado na época esperada para a puberdade + associa-se à deficiência de glicerol quinase, perda auditiva para altas frequências e distrofia muscular de Duchenne, constituindo a síndrome de deleção dos genes contíguos. • Síndrome de Kearns-Sayre -rara condição resulta de deleções no DNA mitocondrial. -QC= miopatia e surdez, + disfunções endócrinas, sobretudo baixa estatura, hipogonadismo, diabetes, hipoparatireoidismo, hipotireoidismo e IA + arritmias cardíacas e bloqueio atrioventricular completo. • Síndrome de Smith-Lemli-Opitz -resulta de mutação no gene da D7-redutase (cromossomo 11q12-q13), enzima que catalisa a etapa final na biossíntese do colesterol. IA, retardo mental, microcefalia, anormalidades cardíacas congênitas, sindactilia do segundo e terceiro dedos dos pés, desenvolvimento incompleto da genitália em meninos e fotossensibilidade fazem parte do seu QC. • SÍNDROMES DE RESISTÊNCIA AO ACTH -DFG= herança autossômica recessiva, manifesta-se como deficiência isolada de glicocorticoides, com função mineralocorticoide preservada. Resulta da falta de resposta do córtex adrenal ao ACTH e se caracteriza por níveis reduzidos de cortisol e acentuada elevação do ACTH. Mutações no gene do MC2R, localizado no cromossomo 18p11.2, respondem por aproximadamente 25% dos casos (DFG tipo 1), enquanto mutações no gene da proteína acessória do MC2R (MRAP) são encontradas em outros 20% (DFG tipo 2). -QC= hipoglicemia recorrente, desenvolvimento deficiente, hiperpigmentação antes da idade de 5 anos e ausência de adrenarca. Estatura elevada também pode ser observada na DFG tipo 1. -SÍNDROME DE ALLGROVE/ TRIPLO A= doença autossômica recessiva, decorrente de mutação no gene AAAS ou ALADIN. tríade de resistência ao ACTH, acalasia e alacrimia. Manifesta-se, em geral, na primeira década de vida, porém existem casos apenas diagnosticados na vida adulta. OUTRAS -secundária à trombose adrenal pode ainda ser observada após traumas externos, durante procedimentos invasivos (p. ex., venografia bilateral) ou em doenças como lúpus eritematoso sistêmico e pan-arterite nodosa. -amiloidose, hemocromatose, sarcoidose e no neonato com síndrome de Cushing materna. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria -Pacientes com baixa reserva adrenal podem manifestar os sintomas da IA quando fazem uso de hormônios tireoidianos. -após infecções graves (p. ex., apendicite aguda) e cirurgias. Além disso, pacientes com síndrome de Cushing (patente ou subclínica) podem desenvolver crise adrenal após adrenalectomia ou cirurgia hipofisária, caso não façam reposição de glicocorticoides até a recuperação funcional plena do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. -DA idiopática. QC -Sintomas decorrentes da deficiência de glicocorticoides e de mineralocorticoides. -Para que a DA manifeste-se clinicamente, é preciso que pelo menos 90% do tecido adrenocortical seja destruído. -Nas formas autoimunes e infiltrativas, essa destruição habitualmente é gradual e progressiva. Na adrenalite autoimune, a zona glomerulosa é inicialmente afetada, levando ao aumento das concentrações de renina. Posteriormente, tanto nas formas autoimunes quanto nas infiltrativas, há um estágio de deficiência parcial de glicocor-ticoides que se expressa por aumento inadequado do cortisol em resposta ao estresse e, raramente, por hipoglicemia pós-prandial. Nos processos hemorrágicos e septicêmicos, a destruição do cór-tex adrenal geralmente é mais rápida e a sintomatologia se apresenta de modo agudo, caracterizando a crise adrenal. -anorexia e a perda de peso podem, às vezes, simular o quadro da anorexia nervosa; -avidez por sal e amenorreia, a qual pode resultar da perda de peso e da doença crônica, bem como de falência ovariana primária (ooforite autoimune) associada; - Redução da libido e da pilificação axilar e pubiana ocorrem apenas em mulheres, nas quais a principal fonte de androgênios são as adrenais. -A hipoglicemia grave é mais comum em crianças e está relacionada com a disfunção da medula adrenal (menor síntese de epinefrina secundária ao hipocortisolismo), a qual leva à diminuição da gliconeogênese hepática. Em adultos, pode ser provocada por jejum prolongado, febre, infecção ou náuseas e vômitos. - miocardiopatia reversível com a administração de glicocorticoides foi recentemente descrita em pacientes com DA. Também foi relatado tamponamento cardíaco precedendo a insuficiência adrenal. -Hiperpigmentação, consequente ao conteúdo aumentado de melanina na pele, é o achado mais característico da DA. Decorre do excesso de ACTH, β- lipotrofina e, possivelmente, β-MSH (componentes da macromolécula pró-opiomelanocortina – POMC) e estímulo do receptor cutâneo de melanocortina (MC1R). tende aser generalizada, porém é mais facilmente percebida em áreas expostas ao sol, como face, pescoço e dorso das mãos, bem como em locais mais propensos a traumatismo, fricção ou pressão leve e crônica (dedos dos pés, cotovelos, joelhos, cintura, ombros etc.). A pigmentação também é proeminente nas linhas ou dobras das palmas da mão, aréola e mamilo, axila, períneo e cicatriz umbilical. Pode ser encontrada, também, na cavidade oral, de modo não uniforme, e na superfície interna dos lábios, mucosa bucal (ao longo da linha de oclusão dentária), língua, bordo gengival e palato. Pode-se também observar hiperpigmentação generalizada da mucosa, perivaginal e perianal, bem como escurecimento de unhas e cabelos, e surgimento de sardas (as previamente existentes Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria podem ficar mais escuras). Cicatrizes formadas após a instalação da doença tornam-se igualmente hiperpigmentadas. -Doença celíaca é encontrada em 15 a 22% dos pacientes com DA e deve ser sempre pesquisada quando houver sintomas gastrintestinais. IA AGUDA/ CRISE ADRENAL/ CRISE ADDISONIANA - 25% dos pacientes com DA apresentam-se, na ocasião do diagnóstico, com uma crise adrenal estabelecida ou iminente. -Pode ser observada em portadores de insuficiência adrenal crônica, expostos ao estresse de infecções, cirurgia ou desidratação (por privação de sal, diarreia ou vômitos), seja por falta do diagnóstico prévio da doença, seja porque não se fez o ajuste adequado da dose do glicocorticoide, necessário para essas situações. -Pode ser precipitada pela reposição isolada de hormônios tireoidianos em indivíduos com hipotireoidismo e hipocortisolismo, bem como pelo uso de inibidores da esteroidogênese adrenal (cetoconazol, mitotano, metirapona, aminoglutetimida etc.), quando usados em doses elevadas ou administrados a pacientes com reserva funcional das adrenais reduzida. -A crise adrenal de pior prognóstico é aquela resultante de hemorragia adrenal bilateral, sendo muitas vezes fatal. -FISIOPATO= A perda da atividade supressiva do cortisol→ leva a um aumento exagerado da liberação do TNF- a, com consequente resistência relativa aos glicocorticoides. A falta da ação permissiva do cortisol nos receptores adrenérgicos vasculares, somada à depleção de volume causada pela falta de reabsorção de sódio e água (na vigência de hipoaldosteronismo), leva à hipotensão, a qual é agravada por vômitos e diarreia. -CLÍNICA= Frequentemente, os pacientes se apresentam com choque ou hipotensão, associado a outros sintomas inespecíficos, tais como anorexia, náuseas, vômitos, dor abdominal (podendo simular um abdome agudo), distensão abdominal, fraqueza, apatia, confusão mental (podendo progredir para coma), febre (secundária à infecção ou ao hipocortisolismo per se), cianose ou palidez. Caso haja hiperpigmentação, ela pode ser útil para o diagnóstico. A detecção de petéquias e equimoses aponta para a síndrome de Waterhouse-Friderichsen. DIAGNÓSTICO -excluir o diagnóstico de DA em todo paciente agudamente enfermo que apresente sinais ou sintomas sugestivos, tais como depleção de volume, hipotensão, hiponatremia, hipercalemia, febre, dor abdominal, hiperpigmentação e, especialmente em crianças, hipoglicemia. -devem ser investigados para DA pacientes com certas doenças autoimunes (DM-1, gastrite autoimune/anemia perniciosa, vitiligo) e infecciosas (TB, AIDS, citomegalovirose, PCM e histoplasmose). LABORATÓRIO -IA CRÔNICA= dosagem do cortisol (sérico ou plasmático) e ACTH plasmático basais, bem como por meio de testes de estímulo para avaliação de reserva funcional adrenocortical →O cortisol sérico (CS), coletado entre 8 e 9h, deve ser o primeiro exame a ser solicitado; seu valor normal , na maioria dos ensaios, é de 5 a 25 mg/dℓ. Nos indivíduos normais, geralmente situa-se entre 10 e 15 mg/dℓ. Enquanto níveis < 5 mg/dℓ são indicativos de insuficiência adrenal. As medições aleatórias do nível sérico de cortisol têm valor diagnóstico limitado, já que os níveis basais podem estar coincidentemente baixos devido ao ritmo diurno fisiológico da secreção de cortisol. →Na presença de níveis reduzidos de cortisol sérico (< 5 μg/dℓ), valor de ACTH plasmático acima de duas vezes o limite superior da normalidade é altamente indicativo de DA→ os níveis do ACTH plasmático quase sempre excedem 100 pg/mℓ (VN: < 46 pg/mℓ) e podem alcançar 4.000 pg/mℓ ou mais. Valores de ACTH superiores a 300 pg/mℓ representam um estímulo máximo para a secreção do cortisol. →Teste de estimulação rápida com ACTH= Após coleta de amostra para o CS, administram-se por via IV 250 μg (0,25 mg) de um peptídeo sintético correspondente aos primeiros 24 aminoácidos do Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria ACTH endógeno – tetracosactida ou cosintropina (Cortrosina®, Synachten® etc.), e dosa-se novamente o CS após 30 e 60 minutos→Uma resposta normal à Cortrosina® (pico de cortisol > 18 mg/dℓ) exclui IA primária e franca e IA secundária com atrofia adrenal. O ponto de corte para a insuficiência é habitualmente definido com níveis de cortisol < 500 a 550 nmol/L (18 a 20 µg/dL). Durante o teste com a Cortrosina®, pode-se, também, dosar a aldosterona, sendo normal um pico ≥ 16 ng/dℓ. →Teste da hipoglicemia induzida pela insulina ou teste da tolerância à insulina= indicado para pacientes com suspeita de IA secundária. →Teste do CRH= possibilita a distinção entre causas primárias e secundárias. Pacientes com IA primária têm níveis elevados de ACTH que aumentam ainda mais após o CRH -Uma vez confirmada a insuficiência suprarrenal, a próxima etapa consiste na determinação do ACTH plasmático, cujos níveis aumentados ou inapropriadamente baixos definem a origem primária e secundária da doença, respectivamente : Na insuficiência suprarrenal primária, o aumento dos níveis plasmáticos de renina irá confirmar a presença de deficiência de mineralocorticoides. Na apresentação inicial, os pacientes com insuficiência suprarrenal primária devem ser submetidos a rastreamento para autoanticorpos esteroides como marcadores de adrenalite autoimune. Se esses testes forem negativos, indica-se uma TC das glândulas suprarrenais para investigar a possível presença de hemorragia, infiltração ou massas. Em pacientes do sexo masculino com autoanticorpos plasmáticos negativos, os ácidos graxos de cadeia muito longa devem ser determinados para excluir a possibilidade de X-ALD. Os pacientes com nível de ACTH inapropriadamente baixo, na presença de deficiência de cortisol confirmada, devem realizar um exame de imagem do hipotálamo e da hipófise por RM. As manifestações sugestivas de apoplexia hipofisária prévia, como cefaleia intensa de início súbito, ou história pregressa de traumatismo cranioencefálico devem ser cuidadosamente investigadas, sobretudo em pacientes sem lesão óbvia na RM. ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS as mais comuns são hiponatremia e hipercalemia (por deficiência mineralocorticoide), além de uremia (secundária à depleção volumétrica e à desidratação). Ademais, podem ser encontradas hipoglicemia de jejum, hipoglicemia pós-prandial (raramente), hipercalcemia leve a moderada (em cerca de 6%), elevação de transaminases e, raramente, hipomagnesemia. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO A etiologia da DA deve ser determinada por motivos terapêuticos em todos os pacientes com doença confirmada do ponto de vista hormonal. Como as causas mais comuns de IA primária são a destruição autoimune do córtex adrenal em adultos e a hiperplasia adrenal congênita em crianças, recomenda-se a dosagem de Ac21OH e de 17-hidroxiprogesterona (17OHP) basal. Homens com Ac21OH negativos deverão ser testados para adrenoleucodistrofia (ADL) com a mensuração dos ácidos graxos de cadeia muito longa.Se esses diagnósticos forem excluídos, (TC) das adrenais poderá revelar a presença de processos adrenais infiltrativos, metastáticos, hemorrágicos ou infecciosos. Para adrenalite autoimune= dosagem de anticorpos anticórtex adrenal (ACA) são observados em 60 a 80% dos casos de DA autoimune, não sendo geralmente encontrados em outras formas de IA primária. Ac21OH são os mais específicos e sensíveis para o diagnóstico da adrenalite autoimune (presentes em 64 a 89% dos pacientes). EXAMES DE IMAGEM Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A DA deve ser diferenciada de todas as condições que produzem hiperpigmentação cutânea, distúrbios gastrintestinais e fadiga crônica. -Hemocromatose= a hiperpigmentação não envolve as membranas mucosas e se caracteriza por hemossiderina nas glândulas sudoríparas. -Metais pesados, tais como zinco e mercúrio, podem pigmentar a margem gengival, mas não causam pigmentação bucal. - A anorexia e a perda de peso podem simular quadros de anorexia nervosa TTO IA AGUDA= exige reidratação imediata, em geral com infusão de soro fisiológico em uma velocidade inicial de 1 L/hora, com monitoração cardíaca contínua. A reposição de glicocorticoides deve ser iniciada com injeção direta de 100 mg de hidrocortisona, seguida da administração de 100 a 200 mg de hidrocortisona durante 24 horas, na forma de infusão contínua ou injeções IV ou IM. A reposição de mineralocorticoides pode ser iniciada após redução da dose diária de hidrocortisona para < 50 mg, visto que a hidrocortisona, em doses mais altas, fornece uma estimulação suficiente dos receptores de mineralocorticoides. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria IA CRÔNICA reposição de glicocorticoides, mineralocorticoides e deidroepiandrosterona (DHEA). GLICOCORTICOIDES= -a prednisona (Meticorten® etc.) e a prednisolona (Predsim® etc.) são os produtos mais utilizados, na dose usual de 5 mg logo cedo pela manhã e 2,5 mg no início da tarde (alguns pacientes requerem apenas a dose matinal) -a metilpredinisolona é preferível em outros países, mas aqui so tem por manipulação= A dose que costuma ser recomendada é de 20 a 30 mg/dia, em duas a três tomadas diárias, sendo a maior dose ao acordar e a última e menor dose 4 a 6 horas antes de dormir, a fim de mimetizar o ritmo circadiano e evitar altos níveis noturnos de glicocorticoides. -Evitar glicoc de ação prolongada como a dexa. MECANISMO DE AÇÃO -Hidrocortisona e prednisolona são glicocorticoides ativos, enquanto o acetato de cortisona e a prednisona requerem ativação hepática mediada pela 11β- hidroxiesteroide desidrogenase do tipo 1 antes de exercer sua atividade biológica. MINERALOCORTICOIDES= Fludrocortisona (Florinefe®) está primariamente indicada para pacientes com DA mas cerca de 10 a 20% deles podem ser tratados somente com o glicocorticoide e ingestão adequada de sódio na alimentação. A dose necessária varia de paciente para paciente – em geral 0,05 a 0,2 mg por via oral pela manhã (inicia- se com 0,1 mg/dia e reajusta-se em 0,05 mg/dia). RN, nos primeiros 6 meses de vida, necessitam de doses maiores de reposição, além de suplementação de 1 a 2 g de cloreto de sódio por dia, devido à menor sensibilidade renal aos mineralocorticoides. -Incrementos temporários na dose de 50 a 100% ou aumento da ingestão de sal→ recomendados no clima quente ou em situações que promovam sudorese excessiva. Os pacientes devem ser orientados a não restringir a ingesta de sal. Pacientes em uso de prednisolona necessitam de doses maiores de fludrocortisona que aqueles em uso de hidrocortisona, uma vez que a prednisolona tem menor atividade mineralocorticoide. Monitoramento= Hipotensão, hipotensão ortostática, hiponatremia, hipercalemia persistente e aumento da atividade plasmática da renina indicam necessidade de aumento da dose, enquanto hipertensão, hipocalemia, edema e supressão da APR implicam a redução da mesma. DHEA= estudos mostraram que a reposição de 25 a 50 mg/dia) melhora a sensação de bem-estar e, em mulheres, a sexualidade (aumento da libido). possibilita a normalização dos níveis circulantes de androstenediona, sulfato de DHEA, testosterona e da relação testosterona/SHBG. Melhora da sensibilidade insulínica e do perfil lipídico foi também relatada. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria SPA TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA= Para o correto funcionamento do sistema imune, é fundamental que haja uma tolerância aos próprios antígenos→ se, falha nessa tolerância surgem as doenças autoimunes que no sistema endócrino se associam a insuficiência hormonal. CONCEITO São definidas pela coexistência de pelo menos 2 doenças endócrinas autoimunes. O aparecimento em conjunto dessas doenças depende tanto de fatores genéticos, quanto ambientais. Podem ser divididas em SPA-1 (juvenil) e ocorre por meio de uma herança monogenética; e SPA do adulto, devido a interação de vários genes, e pode ser classificada nos tipos II a IV, a depender da combinação das doenças autoimunes. *** OS PACIENTES COM AUTOIMUNIDADE POLIGLANDULAR TEM MAIOR RISCO DE DESENVOLVER OUTROS TIPOS DE DOENÇAS AUTOIMUNES NÃO GLANDULARES. CLASSIFICAÇÃO Atualmente, as SPA são subdivididas em quatro subtipos (I, II, III e IV). • SPA-1 é conhecida como poliendocrinopatia autoimune- candidíase-distrofia ectodérmica (APECED) ou síndrome da deficiência endócrina múltipla e candidíase. - doença rara, caracterizada pela manifestação de endocrinopatias autoimunes que ocorrem em uma sequência específica durante a infância→ Candidíase mucocutânea crônica por c. albicans aparece nas crianças ate os 5 anos de idade e acomete mais de 5% da superfície corpórea→ os anos seguintes, o hipoparatireoidismo manifesta-se como o primeiro componente endócrino, clinicamente presente por meio da tetania hipocalcêmica em cerca de 75% do casos→ antes de 15 anos surge a IA primária tornando o QC completo. - existem formas incompletas, com apresentação clínica parcial, tornando o diagnóstico difícil e prejudicando o tto precoce→ imagina-se que há elevado numero de casos de SPA-1→ >15% dos pacientes com adrenalite autoimune sejam portadores da SPA I. - COMPLICAÇÕES ADICIONAIS= outras doenças autoimunes não endócrinas, como síndromes de má absorção, hepatite necrosante ou candidíase mucocutânea associada à carcinomatose podem também estar presentes. • SPA-ADULTO São heterogêneas, diferindo em relação a prevalência, a base genética e QC. →SPA-2= O componente endócrino maior é a DA→ 40 a 50% de todos os casos diagnosticados com doença de Addison possuam uma doença autoimune adicional capaz de definir clinicamente a SPA II. Porém, 1 ano após o início da insuficiência adrenal, menos de 50% desses casos são detectados, devido à ampla variedade de sintomas inespecíficos e ao longo intervalo de tempo entre a ocorrência dos diferentes distúrbios do sistema endócrino. →SPA-3= tem prevalência de 40%; é o subtipo mais frequente das SPA e é definida pela coexistência de diabetes melito tipo 1 (DM1) e doença autoimune tireoidiana (DAT)→ DM1 pode estar associada a hipotireoidismo autoimune (causado pela tireoidite linfocítica crônica de Hashimoto) ou hipertireoidismo (causado pela doença de Graves por meio da estimulação autoimune da tireoide)→ diferindo em aspectos genéticos, sorológicos e na apresentação clínica. Doenças autoimunes não glandulares adicionais são comuns na SPA III, exceto a doença de Addison. →SPA-4= muito heterogênea, contendo uma grande variedade de doenças glandulares autoimunes que não são contempladas nas outras SPA. é com frequência descrita, incorretamente, como uma combinação de doenças autoimunes monoglandulares associada a, pelo menos, uma doença autoimune não glandular.inclui várias combinações de hipopituitarismo autoimune, hipogonadismo hipergonadotrófico, hipoparatireoidismo associado a DM1 ou DAT, sendo raramente descrita na literatura. →SPA RARAS= síndrome IPEX (imunodesregulação, poliendocrinopatia, enteropatia, ligada ao X) e a síndrome POEMS (polineuropatia, organomegalia, endocrinopatia, proteína M e alterações cutâneas). EPIDEMIO -SPA-1= 1:100.000, variando de 1:43.000 (Eslovênia), 1:80.000 (Noruega) até 1:130.000 (Polônia/Irlanda). Nas populações com menor diversidade genética, observa-se maior prevalência, como, por exemplo, nos judeus iranianos (1:9.000), sardos (1:14.000) e finlandeses (1:25.000). menor em populações Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria japonesas (1:10.000.000). A relação entre os gêneros feminino/masculino na SPA I é de cerca de 0,8 a 2,4, mostrando uma ligeira predominância no feminino. O pico de manifestação encontra-se na infância→ 10 e 15 anos. -SPA-ADUTA= prevalência de 1:20.000→ocorre com maior frequência, mostrando uma incidência anual de 1 a 2:100.000. a prevalência de formas com manifestação clínica incompleta é estimada em cerca de 150:100.000. predominância clara do sexo feminino, com 75% dos casos. normalmente diagnosticada após os 20 anos, com pico das manifestações entre a 4a e a 5a década, dependendo da combinação das endocrinopatias autoimunes. ETIOLOGIA SPA Juvenil É uma das raras doenças autoimunes de origem monogenética. O defeito ocorre no gene regulador autoimune (AIRE), encontrado no cromossomo 21q22.3. + de 60 mutações diferentes já foram relatadas, com frequência variável, dependendo da região analisada, etnia e do fundo genético envolvido, sendo que as mais comuns são R257X (no éxon 6) e 67-979del13bp (no éxon 8). A proteína codificada é um fator de transcrição encontrado principalmente nas células epiteliais tímicas medulares, onde a autotolerância central é fornecida por seleção negativa ou positiva→ Por meio da regulação positiva do número de antígenos próprios expressos por indivíduos saudáveis, o fator de transcrição protege contra doenças autoimunes via eliminação de células T autorreativas. Dessa forma, as mutações no gene AIRE induzindo proteínas disfuncionais são fortemente sensíveis para a autoimunidade. os pacientes com as mesmas mutações podem diferir na sua apresentação clínica, enfatizando a influência de outros fatores de risco, tais como o ambiente e a suscetibilidade genética, como ocorre no sistema HLA I/II, modificando o curso clínico da SPA I (HLA- DQB1*0301 correlaciona-se com a gravidade da SPA I). SPA Adulto uma gênese multifatorial, com genes que influenciam a suscetibilidade geral, mas não a eventual manifestação da doença, com uma concordância em gêmeos monozigóticos inferior a 100%. - os genes do cromossomo 6 desempenham um papel predominante→ codificar o complexo principal de histocompatibilidade para a apresentação de antígenos, e possuir um grande impacto sobre a ocorrência da autoimunidade. - a manifestação da autoimunidade poliglandular não foi totalmente compreendida, mas tem sido postulada a influência de fatores ambientais como o consumo de nicotina, infecções e, influências hormonais. FISIOPATO ENDOCRINOPATIAS: Na maioria das endocrinopatias da SPA, o processo autoimune provoca perda progressiva e irreversível da função glandular→DM1, tireoidite de Hashimoto ou na doença de Addison (DA). Em outras, as agressões autoimunes crônicas podem também alterar processos fisiológicos no tecido afetado→ levar a uma alteração específica no órgão acometido, como observado em pacientes com doença de Graves. DA NÃO ENDÓCRINAS: podem apresentar efeito sistêmico, contribuindo para algum dano tecidual não específico. A SPA tem autoimunidade celular (analisada p fins acadêmicos) e sorológica (ferramenta p rastreio e acompanhamento). - autoanticorpos específicos também podem ser detectados em indivíduos saudáveis. A diferença entre os autoanticorpos fisiológicos e patológicos é realizada por meio da análise da quantidade e da qualidade dos segmentos: Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria - os anticorpos naturais mostram baixos títulos séricos com a predominância de μ-isótipos e baixa especificidade do antígeno; além disso, a região V do anticorpo é caracterizada por segmentos de genes sem mutações. - os autoanticorpos patogênicos são predominantemente δ-isótipos com elevada especificidade de antígeno e alterações na região V, devido a uma estimulação de células T dependentes de células B. Seus títulos séricos são geralmente mais elevados, mas podem declinar com o tempo. O mecanismo exato que levam a autoimunidade não foi compreendido, hipóteses que tentam explicar a quebra da autotolerância nos níveis das células T e B: Sinapses imunológicas Os fatores de risco genéticos da SPA do adulto e sua importância para a manifestação da doença e para o curso de cada componente autoimune ainda são questão de pesquisa atual. Muitos polimorfismos já foram associados a suscetibilidade genética e muitos outros ainda parecem estar envolvidos. assim como muitos alelos HLA de classe I, os polimorfismos -2221Msp(C/T) e -23Hphl(A/T) no gene da insulina são frequentemente encontrados na DM1 na doença monoglandular, mas não no âmbito da SPA. Já os alelos HLA II muitas vezes mostram influência concordante tanto da doença mono quanto da poliglandular, mas apresentam-se de forma divergente entre os subtipos das SPA II e III. PAPEL DO HLA NO CROMOSSOMO 6= os distúrbios que definem a SPA II estão associados a aumento da frequência dos haplótipos HLA A1, B8, DR3, DQA1*0501, DQB1*0201. - A doença de Addison, mostra forte associação com DR3 e DR4. Tanto na doença monoglandular quanto como componente da SPA II, a doença de Addison também está correlacionada a DQ2/DQ8 com DRB1*0404. em pacientes com SPA III, os HLA DRB1*03, *04, DQA1*03 e DQB1*02 estão aumentados em comparação com os pacientes com DAT. Muitos estudos populacionais indicam que os haplótipos HLA DR3-DQB1*0201 e DR4-DQB1*0302 contribuem para a SPA III, com o DR3 conferindo suscetibilidade para o DM1. → polimorfismos no linfócito T citotóxico associado ao antígeno 4 (CTLA-4), na proteína tirosina fosfatase não receptor tipo 22 (PTPN22) e no forkhead P3 (FOXP3) foram identificados como fatores de risco para a autoimunidade poliglandular e enfatizam a importância da sinapse imunológica. - uma alteração no comprimento dos genes CTLA-4 DO HLA-IIconduz a um prejuízo na inibição das células T. - O FOXP3, por outro lado, dirige a diferenciação de células T reguladoras e, por isso, pode promover o desenvolvimento de endocrinopatias autoimunes e, em particular, da SPA III. QC SPA-1 - caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos dois de três componentes principais: doença de Addison (DA), hipoparatireoidismo e candidíase mucocutânea crônica (CMC). E, a maioria tb apresenta alguma doença autoimune não glandular→ 70% de todos os pacientes com APECED apresentam entre 3 e 5 doenças associadas à SPA I. - doenças ectodérmicas= alopecia, ceratopatias, hiperplasia gengival, defeitos do esmalte dentário e distrofias ungueais, podem ser encontradas; - TGI= disfunção intestinal, gastrite atrófica ou anemia perniciosa (esteatorreia ou prisão de ventre), com gênese desconhecida. insuficiência tanto do pâncreas endócrino quanto do pâncreas exócrino. A hepatite autoimune é muitas vezes referida como um componente raro da SPA I, O curso clínico pode variar de assintomática à hepatite fulminante, e foi a causa de morte em cerca de 25% dos pacientes da Finlândia com SPA I. - Doenças glandulares adicionais= DM1 ou DAT-10 a 20%, enquanto o hipogonadismo-15 a 30% dos pacientes do sexo masculino e 60 a 65% do sexofeminino. Hipopituitarismo é um componente bastante raro e costuma ser encontrado em menos de 5% dos casos. SPA-ADULTO Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria não está associada a CMC, ceratopatias ou outras distrofias. DAT representa a endocrinopatia autoimune mais frequente- 70 a 75% dos pacientes. A segunda doença autoimune mais comum é o DM1- 50 a 60%-- >A combinação de ambas as doenças define a SPA III; - enquanto a doença de Addison, essencial para a SPA II, ocorre em até 40 a 50% de todos os casos de autoimunidade poliglandular. - o hipogonadismo-4 a 11%, e tanto o hipoparatireoidismo quanto o hipopituitarismo são normalmente encontrados em apenas 1 a 5% dos pacientes com SPA do adulto. - também manifesta-se sequencialmente, com um grande intervalo de tempo entre a ocorrência da primeira e da segunda doença autoimune glandular. Doenças autoimunes não glandulares adicionais manifestam-se no decorrer do tempo e podem ser encontradas em até 40 a 50% dos casos. Doenças não glandulares adicionais -doenças autoimunes com manifestação cutânea associam-se, a mutações no gene AIRE, como, por exemplo, vitiligo (8 a 25%) e alopecia (16 a 40%)→ diagnosticadas mais frequentemente na SPA I (5 a 10%) do que nas SPA II a IV (3 a 10%). -gastrite atrófica crônica (possivelmente associada a anemia perniciosa) é encontrada em 4 a 10% dos casos de SPA II a IV, contra 10 a 20% na SPA juvenil. - hepatite autoimune, diagnosticada em 5 a 20% dos pacientes jovens com SPA I e em menos de 10% dos pacientes adultos com SPA II a IV. - síndrome de Sjögren, ocorrer com a mesma frequência, tanto no tipo juvenil quanto no tipo adulto da SPA (1 a 3%). DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce da SPA I é difícil por conta da sua raridade, da variabilidade clínica e das diferenças na apresentação sequencial das doenças autoimunes. -Presença de 2 dos 3 componentes principais ou a presença de um componente maior em um irmão de um paciente com SPA I. - também deve ser considerada em pacientes com candidíase mucocutânea crônica (CMC), insuficiência adrenal ou hipoparatireoidismo em pacientes jovens que apresentem ao menos um componente menor, como diarreia crônica/constipação grave, ceratite/hipoplasia do esmalte, febre com rash cutâneo periódico, hepatite autoimune, vitiligo ou alopecia. SPA ADULTO é crucial considerar a presença de autoimunidade poliglandular em pacientes com a síndrome ainda incompleta. Deve-se realizar triagem e exames regulares para detectar as insuficiências endócrinas antes da sua ocorrência aguda potencialmente grave (crise addisoniana) ou das complicações crônicas (consequências a longo prazo do DM1). Rastreio e seguimento dos pacientes - testes sorológicos são indispensáveis para a triagem de pacientes com autoimunidade poliglandular. →SPA-1= anticorpos para interferon-ω e α apresentam a mais elevada prevalência (95 a 100%) com aparecimento precoce→ propostos para a confirmação do diagnóstico. - A maior parte dos autoanticorpos podem ser encontrados tanto na SPA I quanto na doença em sua Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria apresentação isolada→ NACHT rica em leucina de repetição da proteína 5 (NALP5) correlaciona-se a hipoparatireoidismo e insuficiência ovariana. Os anticorpos para a hidroxilase do triptofano (TPH) correlacionam-se a má absorção intestinal e hepatite autoimune. Já anticorpos aromáticos para a descarboxilase de L-aminoácidos (AADC) associam- se a hepatite autoimune e vitiligo e podem ser encontrados em pacientes com SPA juvenil. Cada um está presente em cerca de 50% dos pacientes, com NALP5 exibindo alta especificidade, mas baixa sensibilidade. Já os TPH/AADC mostram alta sensibilidade e baixa a média especificidade. - os pacientes com alto risco para a SPA I podem, ser rastreados por teste genético para o gene AIRE. Recentemente, anticorpos ainda mais específicos (contra IL-22, IL-17F e IL-17A) foram identificados e, em vários casos, permitem distinguir as doenças autoimunes isoladas daquelas que ocorrem em associação com SPA I - Os pacientes com doenças autoimunes monoglandulares, principalmente os que possuem parentes de primeiro grau com doenças autoimunes, devem ser clinicamente e sorologicamente pesquisados quanto à presença de outras doenças autoimunes não glandulares. - Por conta da autoimunidade familiar, parentes de primeiro grau e membros de famílias multiplex (pelo menos dois membros da família apresentando doença autoimune monoglandular) devem ser avaliados. Uma vez que as doenças autoimunes não glandulares são definidas por insuficiência ou perda completa da função do órgão acometido, é fundamental a realização de testes funcionais para a confirmação diagnóstica. TTO -Reposição de hormônios, correção de disfunções endócrinas, terapia sintomática e prevenção de potenciais complicações. - Imunomoduladores têm se tornado de interesse no tratamento da SPA I. -Medicamentos dermatológicos de uso tópico ou sistêmico, associados a tratamento sintomático, são combinados com imunossupressão, visando à remissão da doença autoimune. SPA-1 As complicações mais importantes com risco de morte ocorrem durante a infância e, por isso, requerem imunossupressão agressiva imediata. - ciclosporina A (5 mg/kg)= tto da disfunção gastrintestinal, da alopecia e da ceratoconjuntivite. - glicocorticoides (GC; p. ex., prednisona, 2 a 5 mg/kg) e da azatioprina (1,5 a 2 mg/kg) = tto da hepatite autoimune. - tacrolimo (0,15 a 0,3 mg/kg) e micofenolato de mofetila (600 a 900 mg/dia) ou metotrexato oral (5 a 10 mg/semana)= disfunção gastrintestinal e a insuficiência pancreática exócrina (na ordem de melhora parcial a remissão completa). - anti-CD52 (alentuzumabe) e os anticorpos monoclonais anti-CD20 (rituximabe)= para resistência. - reposição dos hormônios na insuficiência endócrina depende da função glandular residual e é realizada de forma específica para a doença autoimune monoglandular em questão. *** Durante a terapia imunossupressora em pacientes com SPA I, pode ser observada piora da candidíase mucocutânea crônica e aumento na necessidade do uso de substâncias antimicrobianas ou antivirais (cotrimoxazol, itraconazol e aciclovir). Vale destacar que a aplicação sistêmica de antifúngicos pode induzir danos hepáticos graves e, portanto, deve ser evitada em pacientes com hepatite autoimune. SPA ADULTO - a terapia imunomoduladora não exerce um efeito central, e sua indicação é restrita a casos especiais, como oftalmopatia de Graves ou doenças autoimunes não glandulares adicionais. Interação dos hormônios - A tiroxina pode aumentar o metabolismo hepático do cortisol e induzir uma crise addisoniana em pacientes com SPA II. - insuficiência adrenal suprarrenal provoca redução da necessidade de insulina e elevação do TSH, devido à ausência da inibição transmitida pelos GC à sua secreção. - os pacientes precisam ser bem instruídos e informados sobre as possíveis interações, a fim de evitar complicações comuns em relação ao seu uso (ingestão simultânea de tiroxina e vitamina D/cálcio), bem como sobre os efeitos colaterais (úlceras gástricas durante a terapia com GC). AÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDE Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria A principal função da tireoide é produzir quantidades adequadas de hormônios tireoidianos (HT) para atender as demandas periféricas. • Os dois principais HT são a tri-iodotironina ou T3 e a tetraiodotironina (tiroxina ou T4). A síntese desses hormônios envolve as seguintes etapas: • Transporte ativo de iodeto (I-) para o interior da célula tireoidiana; Oxidação do I- e ligação a resíduos tirosil da tireoglobulina (Tg), formando a monoiodotirosina (MIT) e a di-iodotirosina (DIT); • Os HT são formados pela iodaçãode resíduos de tirosina uma glicoproteína chama tireoglobulina. Esta macromolécula é sintetizada na própria célula tireoide, sendo em seguida secretada e armazenada no lúmen folicular. • Acoplamento de duas moléculas de DIT para formar o T4, e MIT + DIT para gerar o T3; • Proteólise da Tg, com liberação dos hormônios livres na circulação. A oxidação do iodo e a reação de acoplamento são catalisadas pela peroxidase tireoidiana (TPO). - A tireoide normal produz todo o T4 circulante e cerca de 20% do T3 circulante. Os 80% restantes do T3 circulante provêm da deiodinação periférica do T4, a partir da ação das deiodinases tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2). -A maior parte da atividade biológica dos HT provém dos efeitos celulares do T3, que tem maior afinidade pelo receptor do hormônio tireoidiano e é cerca de 4 a 10 vezes mais potente do que o T4. Existe ainda a deiodinase tipo 3 (D3), que é responsável pela metabolização periférica do T4 em tri-iodo-L-tironina (T3 reverso ou rT3), metabolicamente inativo. - Uma vez liberados na circulação, T4 e T3 se ligam, de maneira reversível, a três proteínas plasmáticas: globulina ligadora de tiroxina (TGB), transtirretina (TTR) e albumina. A TGB tem a maior afinidade pelo T4 e T3 e a menor capacidade de ligação, o inverso acontecendo com a albumina. Aproximadamente 70% do T4 e 80% do T3 são ligados a TBG, e o restante, por sua vez, liga-se a TTR e a albumina. Devido a sua alta concentração sérica, a albumina carreia aproximadamente 15% do T4 e do T3 circulantes. Apenas 0,004% do T4 e 0,4% do T3 circulam na sua forma livre, que é a metabolicamente ativa. - A ação dos HT é mediada por receptores nucleares (TR-receptor tiroidiano), com diferentes expressões nos diversos tecidos: TRalfa1 (predominante no cérebro), TRbeta1 (predominante no fígado e coração) e TRbeta2 (predominante na hipófise). CONTROLE DA TIREOIDE - A tireoide é controlada pela atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano. → Os neurônios hipotalâmicos sintetizam e liberam TRH (hormônio liberador de tireotrofina). Esta substancia é liberada na circulação porta hipofisária, que irriga as células da adeno-hipófise, entre elas os tireotrofos- células que produzem e secretam hormônios TSH (tireotrofina). Ao se ligar em seu receptor na membrana do tireotrofo, o TRH estimula a liberação e síntese do TSH - O TSH, produzido pelas células tireotróficas da hipófise anterior, liga-se a receptores específicos nas células tireoidianas e estimula todas as etapas de síntese do T4 e do T3, bem como sua liberação pela glândula. • - Principais efeitos do TSH na célula folicular tireóidea: - Efeito trófico: promove a hipertrofia das células foliculares, bem como um aumento da vascularização da glândula. - Estímulo a síntese de hormônio tireoidiano; - Estímulo a liberação de hormônio tireoidianos. A síntese e a secreção do TSH, por sua vez, são inibidas pelo HT (feedback negativo) e estimuladas pelo hormônio liberador da tireotrofina (TRH), produzido no hipotálamo. -T4 é convertido em T3 nos tireotrofos hipofisários, sob ação da 5’-deiodinase tipo 2. Em seguida, o T3 se liga a seu receptor nuclear, inibindo a transcrição de TSH. Desse modo, se a função hipotalâmico-hipofisária estiver intacta, pequenas alterações nos níveis dos HT livres provocam grandes alterações nos valores séricos do TSH. Por isso, o TSH constitui-se no melhor indicador de alterações discretas da produção hormonal da tireoide. A secreção de TSH é pulsátil e apresenta um ritmo circadiano. Valores médios do TSH ficam em torno de 1,3 a 1,4 mUI/l. PRODUÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS - As células que compõem os folículos tireoidianos (células foliculares) são especializadas em sintetizar, armazenar e secretar hormônios tireoidianos. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria Os hormônios são derivados do aminoácido tirosina e contem 60-65% do oligoelemento iodo em sua composição. -As células do epitélio folicular possuem dois polos: membrana apical (voltada para o lúmen folicular) e a membrana basal (voltada para o interstício e capilares). As reações bioquímicas de síntese hormonal ocorrem em torno da membrana apical, onde se encontra a enzima determinada de todo este processo: a peroxidase tireóidea (TPO). - A enzima peroxidase tiroidea atua catalisando 3 importantes reações: . Oxidação do iodo; . Iodação dos resíduos de tirosina da tireoglobulina, formando as iodotirosinas: MIT: monoiodotirosina; DIT: diiodotirosina. . Acoplamento das iodotirosinas, formando hormônios tireoidianos: T3 (triiodorironina) = MIT + DIT; T4 (tetraiodotironina ou tiroxina) = DIT + DIT. - A tireoide produz e libera muito mais T4 do que T3, numa proporção de 20:1. Na verdade, o T4 penetra nas células dos órgãos-alvo e logo é convertido em T3 por intermédio da desiodase tipo I (maioria dos tecidos) ou tipo 2 (cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom), ao retirar um átomo de iodo do anel externo do T4. Podemos considerar o T4 como um pró- hormônio e o T3 como o hormônio ativo. SUPRARRENAIS - São estruturas bilaterais situadas crânio- medialmente aos rins. Apresentam uma cápsula e estão divididas em duas zonas distintas: o córtex e a medula. ➔ O córtex adrenal é subdividido em 3 zonas cada uma com características anatômicas específicas. -A zona glomerulosa, mais externa, secreta um hormônio mineralocorticóide conhecido como aldosterona. A zona fasciculada vem logo a seguir e produz o glicocorticóide cortisol e, por fim, a zona reticular que produz os hormônios sexuais ou esteróides androgênicos. ➔ A medula adrenal é a região central da glândula e secreta as catecolaminas. - Os hormônios adrenais atuam em vários órgãos e participam de todo o metabolismo, muitas vezes em associação com outros hormônios. O mecanismo de secreção obedece algumas vezes a uma retro- alimentação negativa, monitorada pelo cérebro. CÓRTEX - Os hormônios do córtex adrenal são sintetizados a partir do mesmo precursor, o colesterol. São compostos esteróides que têm ação sobre o metabolismo de proteínas, glicídios, lipídios e minerais →ZONA GLOMERULOSA= é a mais externa, estreita e imediatamente abaixo da cápsula, composta por células cubóides e colunares, com núcleo denso e citoplasma escasso com poucos lipídios, dispostas em agrupamentos aciformes de ninhos compactos. Esta seção sintetiza os mineralocorticóides: a aldosterona e desoxicorticosterona. -ALDOSTERONA= é o principal, agindo na regulação da homeostase dos eletrólitos no líquido extracelular, principalmente sódio (Na) e potássio (K). Exerce o seu efeito nos túbulos contorcidos distais e ducto coletor do néfron. A produção da aldosterona encontra-se sob o controle dos níveis séricos de renina, angiotensina e K. As células da mácula densa dos túbulos distais do rim contêm quimio-receptores que detectam concentrações de Na + no fluido do túbulo, sendo que o aumento da concentração de Na + estimula a liberação de renina. A renina é uma enzima proteolítica produzida nas células justaglomerulares das arteríolas aferentes dos glomérulos do rim. Por ação de estímulos como baixa pressão sanguínea, diminuição do volume sangüíneo detectado por baro- receptores das próprias células justaglomerulares, hiponatremia, hiperpotassemia, estímulos de neurotransmissores β1-adrenérgicos, vasopressina e prostaglandinas →ocorre a produção de renina. - No caso do ACTH, somente níveis elevados do mesmo induzem liberação de aldosterona. O angiotensinogênio, uma globulina α1 do plasma, é sintetizado no fígado e é hidrolisado pela renina, produzindo a angiotensina I→ por ação da enzima conversora, uma glicoproteína que encontra-se no plasma, nos pulmões e nas células endoteliais, formando a angiotensinaII, é um potente estimulador da síntese de aldosterona, além do seu efeito vasoconstritor e de elevação de pressão arterial. Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria - A angiotensina II tem um efeito de retro-alimentação negativa na síntese de renina, participando em dois diferentes pontos da biossíntese de aldosterona: na conversão de colesterol em pregnenolona e na oxidação de corticosterona para a produção de aldosterona. Com a secreção da aldosterona→ ocorre um aumento de reabsorção de Na+ e de excreção de K, levando a um aumento na reabsorção de água e conseqüente aumento de volume sangüíneo e do débito cardíaco, ocasionando um aumento de pressão arterial. ZONA FASCICULADA - é uma camada espessa composta por cordões radiais de espongiócitos, que são células poliédricas de citoplasma claro com delicados vacúolos contendo lipídios (colesterol e ésteres de colesterol). É responsável pela produção dos glicocorticóides. - A síntese dos glicocorticóides é estimulada pelo ACTH (hormônio adrenocorticotrópico) hipofisário, que se encontra regulado pelo CRH hipotalâmico, estando relacionados por retro alimentação negativa com glicocorticóides. - A duração de horas-luz, ciclo de alimentação, horas de sono e o estresse determinam o ritmo circadiano que envolve a liberação do CRH. Em geral a produção de glicocorticóides é maior pela manhã e menor à tarde e à noite, elevando-se novamente durante o sono. - Ocorre a ativação dos centros hipotalâmicos por estresse inespecífico, como temperatura ambiente extrema, febre, hipoglicemia, inflamação, jejum, dor, trauma, medo, levando a um aumento e liberação de ACTH atividade adreno-cortical, principalmente da zona fasciculada. - Os glicocorticóides atuam no núcleo das células alvo, estimula a transcrição de genes que codificam para enzimas específicas, incluindo enzimas da gliconeogênese. Podem interatuar com receptores de membrana nos tecidos linfóides → efeitos imunossupressores. Os seus efeitos podem ser impedidos por inibidores da transcrição (actinomicina D) ou da tradução (polimicina). - têm efeito metabólico sobre os glicídios, lipídios e proteínas. O efeito primário sobre os glicídios é o aumento da gliconeogênese e da síntese de glicogênio→ inibe a utilização da glicose pelas células e estimula o armazenamento de glicogênio, por estimular a enzima glicogênio sintetase→ Causa uma hiperglicemia que pode levar a glicosúria, por ultrapassar o limiar renal. O aumento da glicemia obedece ao estímulo da gliconeogênese, pela ativação de enzimas desta via, a piruvato carboxilase e a fosfoenolpiruvato carboxiquinase. - causa um aumento do catabolismo protéico, levando a um aumento no nitrogênio urinário→ aumento de aminoácidos séricos com maior degradação dos mesmos, elevando a concentração de uréia plasmática. - No metabolismo dos lipídeos o cortisol estimula a lipólise, facilitando a ação dos hormônios ativadores da lipase, como o glucagon, a adrenalina e o GH. - O cortisol tem efeito antiinflamatório e antialérgico, causando a redução da hiperemia, da resposta celular, da migração de neutrófilos e macrófagos ao lugar da inflamação, da exudação, da formação de fibroblastos e da liberação de histamina. Os glicocorticóides estabilizam a membrana dos lisossomos, impedindo a saída das enzimas hidrolíticas, que ocorre na inflamação. - induzem uma neutrofilia madura; - tem efeito sobre o trato gastrointestinal levando ao aumento de secreção de ácido clorídrico, pepsina e tripsina pancreática; diminui a secreção de muco, favorecendo o desenvolvimento de úlceras gastroduodenais. - Apresentam efeito sobre os ossos, se administrados de forma crônica, reduzindo a matriz óssea e a diminuição de absorção de Ca à nível intestinal e o aumento da excreção renal de CA e P podem predispor o aparecimento de osteoporose e fraturas. ZONA RETICULAR a camada estreita no limite com a medular, composta por agregados irregulares de células não- vacuolizadas. Produz os esteróides sexuais→ a dehidro-epiandrosterona (DHEA) e a androstenediona, os estrógenos e a progesterona. - A síntese de androgênios começa com a hidroxilação da progesterona no C17. A cadeia lateral é clivada para fornecer androstenediona. A testosterona é formada pela redução do grupamento Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria C-17- ceto da androstenediona. Os estrogênios são formados a partir dos androgênios pela perda da metila C-19 e a formação de um anel aromático. Os androgênios têm efeito sobre o anabolismo protéico, pela ação de retenção de nitrogênio. Também promovem retenção de P, K, Na e Cl. MEDULA ADRENAL - tem origem da crista neural e é composta por células especializadas neuroendócrinas produtoras das catecolaminas→ Dopamina, adrenalina e nora. - A adrenalina compõe 80% das catecolaminas secretadas na medula adrenal. É a única catecolamina que não é sintetizada em outro tecido fora da medula adrenal. As demais catecolaminas são sintetizadas também pelos neurônios adrenérgico e dopaminérgicos. Os precursores das catecolaminas são os aminoácidos tirosina (Tyr) ou fenilalanina (Phe). - A Phe é convertida em Tyr por ação da enzima Phe- hidroxilase. A Tyr ingressa nas células cromafínicas, onde é hidroxilada por uma enzima Tyrhidroxilase, que tem como coenzima a tetrahidropteridina, para formar DOPA (dihidroxifenilalanina)→ A DOPA é decarboxilada pela DOPA-descarboxilase, que tem como coenzima o piridoxal-fosfato, para formar a dopamina→ esta necessita entrar nos grânulos cromafínicos de secreção, onde ocorre a conversão de dopamina em noradrenalina, pela ação catalítica da β-hidroxilase. Por fim a feniletanolamina-N-metil transferase, uma enzima presente no citosol, catalisa a N-metilação da noradrenalina, formando a adrenalina. - As catecolaminas são liberadas por exocitose estimulada por agentes colinérgicos e β-adrenérgicos e inibido por agentes α-adrenérgicos. Têm uma meia- vida de cerca de dois minutos. - As catecolaminas adrenérgicas promovem a vasoconstrição por ativação dos receptores α 1 e α 2. Podem causar vasodilatação em baixas doses, no músculo esquelético e no fígado, por ativação de receptores β. Estes, quando ativados também são responsáveis pelo aumento de freqüência cardíaca por broncodilatação. - estimulam a glicogenólise hepática e muscular, aumentando o nível de glicose plasmática. Estimulam também a lipólise no tecido adiposo, levando a um aumento dos níveis plasmáticos de ácidos-graxos→ ação cetogênica. A adrenalina prepara os músculos, pulmão e coração para atividade mais intensa, em situações de estresse. Promove o aumento da força de contração dos músculos e aumento da FC. Leva também a um aumento de pressão sangüínea e a uma broncodilatação, para maior disponibilidade de O2. A disponibilidade de glicose ocorre através do estímulo da glicogenólise e gliconeogênese. No estresse ocorre um aumento de produção de ATP no músculo e aumento de hidrólise dos triglicerídios pela ação da lipase. MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS Mineralocorticoides ACETATO DE FLUDROCORTISONA= um esteroide adrenocortical sintético, que possui potentes propriedades mineralocorticoides e alta atividade glicocorticoide. - A ação fisiológica do acetato de fludrocortisona é semelhante a da hidrocortisona, mas o efeito glicocorticoide é 15 vezes maior e o efeito mineralocorticoide é 125 vezes maior. A reabsorção de sódio nos túbulos distais dos rins e em outros tecidos parece contribuir para a ação fisiológica característica dos mineralocorticoides. - Em pequenas doses, produz marcante retenção de sódio e aumenta a excreção urinária de potássio e hidrogênio. Proporciona elevação da pressão sanguínea, aparentemente decorrente de sua ação sobre os níveis de eletrólitos. -Em altas doses,inibe a secreção endógena do córtex adrenal, a atividade tímica e a excreção da corticotrofina hipofisária; proporciona depósito de glicogênio no fígado e, se não houver ingestão adequada de proteína, poderá provocar balanço negativo de nitrogênio. - A meia-vida é de aproximadamente 18 a 36 horas. -Efeitos adversos= hipertensão, edema, hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, perda de potássio e alcalose hipocalêmica. Glicocorticoides São anti-inflamatórios esteroidais; - Hidrocortisona – IV, pomadas e cremes . Prednisona – via oral; Prednisolona – via oral; Metilprednisolona – IV em pulsoterapia; Triancinolona – pomadas e cremes; Dexametasona – IM, IV, pomadas e cremes; Betametasona – IM, IV, pomadas e cremes - O cortisol ou hidrocortisona é o principal GC natural circulante no ser humano. Sua síntese é regulada pelo hormônio adrenocorticotrófi co (ACTH), secretado pela hipófi se anterior em resposta à liberação, pelo hipotálamo, do neuropeptídeo denominado fator liberador de corticotrofi na (CRH). O hormônio antidiurético (ADH), a ocitocina e as catecolaminas Laryssa Barros – P6 – Med - Tutoria podem infl uenciar o ritmo circadiano da secreção de ACTH, assim como estados de febre, hipoglicemia, estresse e alteração do ciclo de sono-vigília. - O próprio cortisol atua sobre os receptores de GC presentes no hipotálamo e na hipófi se por meio de mecanismo de feedback, inibindo a liberação de CRH e ACTH. MECANISMO DE AÇÃO os GC atuam praticamente sobre todos os órgãos e tecidos. O mecanismo fundamental que promove a transativação ou a transrepressão gênica inicia-se com o hormônio, que é lipofílico, cruzando a membrana citoplasmática da célula-alvo por difusão passiva. No citoplasma os GC ligam-se a receptores protéicos específicos – os receptores de GC (RGC) – que são proteínas citoplasmáticas com estrutura contendo domínios comuns a outros membros da superfamília de receptores nucleares. Atuam como fatores de transcrição, alterando a expressão dos genes alvo em resposta a um sinal hormonal específico. O complexo glicocorticóide-receptor sofre transformação estrutural e se torna capaz de penetrar no núcleo celular no qual se liga a regiões promotoras de certos genes, denominadas elementos responsivos aos GC, induzindo a síntese, não somente de proteínas antiinfl amatórias, como a lipocortina-1 e IkB, mas também de proteínas que atuam no metabolismo sistêmico (por exemplo, proteínas que promovem gliconeogênese). Este processo é chamado de transativação. Os GC também atuam por meio da transrepressão em que monômeros de moléculas de GC e receptores de GC interagem com fatores de transcrição, como a proteína ativadora 1 (AP-1) e o fator nuclear kB (NF-kB), por interação proteína- proteína e promovem efeito inibitório de suas funções. Por essa via, por exemplo, a síntese de citocinas pró-infl amatórios como interleucina 6 (IL-6) e IL-2, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e prostaglandinas é reduzida. EFEITOS ADVERSOS - ▪ Supressão da resposta a infecções ou lesões→ Infecções oportunistas. ▪ Cicatrização de lesões comprometida. ▪ Ulceração péptica. - Síndrome de Cushing→Administração prolongada de GCs. ▪ Tumor secretor de ACTH. - Osteoporose e risco de fraturas→ Redução da função dos osteoblastos e aumento da atividade dos osteoclastos. ▪ Bloqueia indução do gene da osteocalcina mediada por vitamina D3 nos osteoblastos. - Intolerância à glicose e diabetes mellitus. - Suspensão abrupta após tratamento prolongado: ▪ Insuficiência adrenal aguda. ▪ supressão da capacidade do paciente em sintetizar GCs.
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