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AULA 5 RODALDO ICTERÍCIA DANIELA FRANCO CASO CLÍNICO Inicialmente parece ser dengue (coça mais no final), pedimos hemograma pra ver plaquetas, na dengue cai do 4° dia em diante, então não daria positivo com dois dias de sintomas. Quando paciente está hemoconcentrado (significa que a dengue está grave) é por que perdeu plasma, vemos isso pelo hematócrito (>50). Para identificar doença no começo não tem anticorpo ainda, mais ou menos 1 semana para produzir IgM. Então através de anticorpos ainda não conseguimos saber se está com dengue. Se o indivíduo já teve dengue antes produz IgG, mas não da pra saber se é atual. Para saber se está com dengue nesse momento tem que fazer teste antigênico, que reconheça proteínas do vírus (ELISA), é o NS1, mas ele tem uma janela ideal para detecção é de 4-5 dias. Evoluiu com olhos amarelados. Icterícia secundaria ao acúmulo de bilirrubina, é produto da degradação da hemoglobina, que pode ser indireta (lipossolúvel, não conjugada a uma proteína, quem faz isso é o fígado e vira direta) e direta (solúvel, conjugada). Vai pra bile e sistema gástrico intestinal, parte vai pra urina (dá cor amarela) e parte é desconjurada e volta pra sistema enteroportal. BILIRRUBINA INDIRETA Se for por acumulo de bilirrubina indireta tem duas opções hemólise e o fígado não dá conta de conjugar, que é causado pela anemia hemolítica autoimune. Ou o fígado não está conseguindo captar ou não consegue conjugar. E isso é causado por hepatite, que pode ser causado por vírus: • Hepatite A: tem vacina, mas não faz parte do calendário, pois normalmente é benigna. Transmissão fecal-oral, má condição de saneamento básico. Tem icterícia, não conjuga bilirrubina, tem colúria (urina cor de Coca-Cola) e acolia fecal (fezes claras) • Hepatite B: transmissão parenteral, relações sexuais e compartilhamento de sangue. Tem vacina (DNA) e faz parte do calendário. Tem pouca colúria e acolia, pode fulminar. Pode cronificar. • Hepatite C: transmissão parenteral, sexo e sangue. Não tem vacina (vírus de RNA). Também pode cronificar (cirrose e posterior hepatocarcinoma). Tem menos sintomas que hepatite A. • Hepatite D: parecido com a hepatite A. Comum na Ásia e Índia. Pode cronificar. Pode ter hepatite alcoólica, associada a etilismo crônico, pode evoluir pra cirrose e hepatocarcinoma. Pode ter hepatite autoimune. Pode ter também gordurosa (não alcoólica). Tem hepatite medicamentosa, por paracetamol, tem antídoto. BILIRRUBINA DIRETA Eventos que dificultam a condução, ele até conjuga, mas não chega nas vias biliares ou está obstruído a saída. Causa mais comum é a colelitíase, pode ter uma colecistite (nesse caso precisa de antibiótico). Pode ter tumor de cabeça de pâncreas que comprime as vias (não tem idade). Na colelitíase normalmente tem muita náusea e dor, então vamos descartando que é algo pré hepático. Hipotiroidismo é autoimune. Nefrolitíase tem relação com colelitíase? Não tem relação. Os linfonodos tem aspectos benignos. O paciente tem características de cirrótico? Não tem ascite, fígado estaria diminuído, o baço estaria aumentado, eritema palmar, circulação colateral (recanalização da veia umbilical pro ligamento redondo), telegeantelectasia. Tem fígado aumentado, sinal de hepatite aguda, se dói é por que distendeu a capsula e isso costuma ser agudo. FALTA ALGUNS DADOS? Saber a dose de medicação que ele tomou. Poderia ser causado por um parasita, esquistossomo, larva do caramujo (Alagoas), o verme adulto se localiza no sistema porta, a fêmea bota ovos e vai espalhar, por isso da barriga d´água. Pode ser causado por ameba, causa micro abcessos hepáticos. ANTECEDENTES EPIDEMIOLÓGICOS Perguntar se tomou vacina, se faz uso de drogas injetáveis, se fez hemotransfusão. Relatou que a 3 meses foi em um cruzeiro, onde teve festa, bebeu, não usou camisinha. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: • Fígado produz trombopoetina, se tem pouca, tem poucas plaquetas. Plaquetopenia discreta (>100.000) • Tem anemia, hemoglobina baixa, normocítica e normocrômica. VCM, HCM, CHCM e RDW todos normais • Leucopenia, tem neutropenia, mas não é crítica (<1000), a porcentagem de neutrófilos está menor. Basófilos normais. • Linfócitos tem a porcentagem aumentada, tem linfocitose relativa. • Se tivesse pensando em alergias teria eosinófilos, na hepatite medicamentosa. BIOQUÍMICA • Albumina serve para ver a disfunção hepática. Nem toda hepatite tem disfunção hepática. Está com proteína total baixa. • Fígado produz proteínas de coagulação, podemos investigar por um coagulograma. Primeiras proteínas a faltar são as proteínas de coagulação vitamina K dependente, que é a 2, 7 ,9 e 10. A diminuição deles compromete o tempo de ativação de protrombina, alarga RNI. Está alterado no paciente. • GGT é uma proteína que sinaliza lesão de vias biliares, como colestase, colangite as células que revestem internamente estão inflamadas. Teria aumento com uso de medicamentos e se beber demais aumenta também. É a putinha das enzimas, não pode ver álcool que fica animada. • Fosfatase alcalina é menos específica e sensível, mas ajuda a pensar • PCR E VHS (velocidade de hemosegmentação): são proteínas de inflamação. Quem produz PCR é fígado por isso ele não está aumentado. Por isso só VHS está aumentado. • Para ter certeza que não tem hemólise, pede DHL (desidrogenase lática) que tem muito na hemoglobina. Se estiver alta significa muito hemólise. Se for autoimune existe um teste que diz se tem anticorpos grupado na hemácia, que é o teste de Coombs. SOROLOGIA • Já teve hepatite A (tem IgG). • Para hepatite C não tem IgG e IgG, não exclui, pois, ainda pode não ter produzido, a pede um específico RT-PCR-HCV, não reagente. • Na hepatite B, HBs Ag (antígeno de superfície) reagente, não tem anticorpo (ANTI-HBs) pra isso, o antígeno da hepatite B (Hbe Ag) reagente, Teve IgM reagente (anti HBc). Logo tem hepatite B aguda. HEPATITE B É um vírus de DNA, tem capsula externa com antígenos de superfície. Tem a proteína de capsula interna. S: superfície C: capsula interna E: replicação viral A história natural da hepatite B: Você se infecta, tem período de latência (1 a 2 meses), tem sintomas inespecíficos, e depois começa a ter mais sintomas, e a icterícia costuma aparecer no 3 mês. A ALT aumenta quando tem sintoma (5/6 meses volta pro padrão normal. Tem uma dança de antígeno e anticorpo (se aumenta um diminui o outro), no começo vai ter antígenos de superfície, e o primeiro anticorpo que aparece é e o anti-HBC. Depois tem anticorpo anti- HBe. A maior parte das pessoas se livram do vírus naturalmente. • Se a pessoa não teve contato nenhum com o vírus nem com vacina vem tudo negativo. • A vacina da hepatite B é pedaço da superfície do vírus, é o HBs AG, sem vírus ativo, induz a produção de anti-HBs (depois de uns 5 meses, quando tem esse o seu antígeno some que é o HBs Ag) • Peguei Hepatite B estou na incubação, pede HBs Ag quer saber se tem antígeno de superfície no organismo do indivíduo • Fase aguda, tem sintomas, vem HBs Ag vem positivo, HBe Ag vem positivo pois o vírus está reproduzindo. Começa a produzir Anti HBc (IgM). • Se curar vai ter imunidade pós hepatite B. Anti HBs, HBe e HBc tudo positivo. Se tiver muito tempo que teve doença, o anti HBe some pois tem tempo que mão reproduz, e o anti-HBc da positivo (é o primeiro e o último a ser produzido, pode ficar como cicatriz sorológica). • O portador crônico, pode virar cirrose. Tem o com replicação viral (HBe Ag + e não tem anti HBe) e o que o vírus está latente (não tem HBe Ag e vai ter o anti HBe). E nunca faz anti HBs, pois ele não responde, se respondesse ia cair como indivíduo curado e teria produzido o anti HBs.ICTERÍCIA Pigmentação amarelada da pele e mucosas por deposição de bilirrubina. Esclerótica e mucosa jugal são os locais onde a icterícia é detectada mais facilmente. Deve ser distinguida de outras causas de pigmentação amarela, como carotinemia (coloração amarelada da pele, mas não da esclerótica), uso de quinacrina e exposição excessiva a fenóis Se muito pronunciada ou de longa duração, a pele toma coloração esverdeada por oxidação da bilirrubina em biliverdina Metabolismo da bilirrubina: produção, captação, conjugação e excreção. Tem degradação de hemácias, o grupo heme vira biliverdina, que vira bilirrubina indireta que é insolúvel que precisa de uma outra proteína, que é a albumina. E nos sinusoides hepáticos é transportada para o interior (captação). Tem várias reações no RE que via produzir a bilirrubina direta, que é excretada nos canalículos biliares, e vai para vesícula biliar. No cólon tem processo de recirculação entérica, parte dela é eliminada na forma de fezes, e parte é convertida em urobilirubinogenio e é excretado pelos rins. Bilirrubina direta é solúvel e atravessa a barreira hematoencefálica e pode dar encefalopatia. Efeitos tóxicos da bilirrubina: • Inibe enzimas mitocondriais, síntese e fosforilação de proteínas, transporte de H2O e eletrólitos nas células renais a função do NMDA. • Induz quebra de DNA • Tem afinidade para fosfolipídios das membranas e inibe a captação de tirosina • Pode dificultar a condução nervosa • Pode causar encefalopatia (Kernicterus) HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO CONJUGADA: 1-Aumento da produção: em anemias hemolíticas (autoimune ou hereditária), reabsorção sanguínea de hemorragias internas ou enteropoiese ineficaz (anemia perniciosa, talassemia). 2-Alteração da captação hepática: 2.1 Interferência com o transporte membranar (ex: rifampicina, probenecide, contrastes radiológicos) 2.2 Sind. de Gilbert: 7 % população: AD; Sexo masculino; Aparecimento na 2ª decada de vida; Déficit parcial da UDP- glicuronosiltransferase e/ou uptake hepático. 3-Alteração de conjugação: 3.1 Icterícia fisiológica do RN 3.2 Alteração/inibição do sistema glicuronosil-transferase: Gilbert, Criegler-Najjar (tipo I: ausência da enzima, neonatal. tipo II: deficiência parcial da enzima, 1ª década) e Inibição por fármacos (análogos da vit. K, novobiocina, cloranfenicol, pregnanediol) HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA 1. Alteração da excreção 1.1 Deficiência nos transportadores da membrana canalicular (hereditárias) - S. de Dubbin-Johnson (AR, defeito no transportador na membrana canalicular ATP-dependente - S. de Roto (AR, fígado normal) 1.2 Disfunção da membrana canalicular induzida por drogas (ciclosporina) ALTERAÇÕES PARENQUIMATOSAS HEPATOCELULAR • Hepatite viral (tipos A, B, C, D e E; EBV; CMV; HSV) • Cirrose alcoólica crónica • Toxicidade medicamentosa • Doença de Wilson • Hepatite auto-imune • Deficiência de α-1-antitripsina COLESTÁTICO (colestase intra hepático, conjuga mas não consegue excretar) • Colestase medicamentosa (esteróides anabolizantes) • Cirrose biliar primária (destruição dos ductos biliares) • Colangite esclerosante (estreitamento inflamatório não infeccioso dos dutos biliares, 60% dos casos em doentes com C. U) • S. dos ductos biliares (rejeição de pós-transplante, sarcoidose e fármacos) • S. Colestático intra-hepático familiar tipos I a III (AR, mutação de ATPase) • Colestase da gravidez (2° e 3° trimestre, resolução pós parto, etiologia desconhecida) progesterona deixa a bile mais espessa. ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA LITÍASE BILIAR Pode ter uma pedra que obstrui a via, vai ter uma icterícia por bilirrubina direta (pois o fígado conjugou, só que a via não deixou passar). É a causa mais comum de icterícia (95%), 20-50 anos, tem cólica biliar (QSD, epigastro, regiões subcostal e subesternal), quando come doi mais por a vesícula é estimulada a eliminar conteúdo e a presença d apedra não deixa. • 75 % cálculos de colesterol; Fatores de Risco: (5Fs - female, forty (40 anos), fertil, fatty, familiar) • 25% pigmentares (cálcio + bilirrubina + ácidos biliares); Fatores de Risco: cirrose, estase biliar, hemólise crónica http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://xafarica.weblog.com.pt/arquivo/medicamentos_g.jpg&imgrefurl=http://xafarica.weblog.com.pt/arquivo/044805.html&h=140&w=186&sz=10&tbnid=J6uh8GGbKNHMEM:&tbnh=73&tbnw=97&hl=pt-PT&start=1&prev=/images?q=medicamentos&svnum=10&hl=pt-PT&lr= Cálculos > 2 cm e vesícula biliar calcificada associam-se a pior prognóstico (colecistectomia profiláctica se assintomáticos) Complicações: colecistite, Colangite (inflamação), pancreatite ESTENOSE BENIGNAS DAS VIAS Traumatismo cirúrgico; Trombose da art. Hepática; Úlcera duodenal perfurada; Pancreatite PANCREATITE A via obstruída leva a refluxo do suco pancreático que causa ativação das enzimas pancreáticas levando a autodigestão e inflamação. COLANGITE BACTERIANA Tríade de charcot: cólica biliar, icterícia, febre e calafrios (70 % dos casos). Pressupõe obstrução biliar. Micro-organismos predominantes na bile: E. coli, Klebsiella, Pseudomonas, Enterococcus e Proteus. Trata com cefalosporina 3° ceftraxona (gram negativo) ou quinolona (ciproflaxino). Complicações: sepse Colangite esclerosante: Não tem pedra. Rara, crônica, etiologia desconhecida. Icterícia branda e gradual, com bilirrubina entre 4 e 10 mg/dl. Complicações: cirrose biliar secundária, colangiocarcinoma. OUTROS • Divertículos duodenais • Ascaridíase • Cistos do colédoco (icterícia, colangite, massa no QSD) • Doença de Caroli (congênita ,dilatação intra-hepáticA sacular dos ductos) • Hemobilia (cólica biliar, icterícia, hemorragia intestinal) NEOPLASIAS • Colangiocarcinoma • Papilomas do ducto biliar • Carcinomas periampulares (cabeça de pâncreas, ampola de vater, duodeno, distal da via biliar principal). Tem ictérica em ¾ dos pacientes, perda de peso e dor abdominal. • Adenocarcinoma da vesícula biliar • Compressão das vias biliares por adenopatias metastáticas ou linfomas ABORDAGEM DO PACIENTE COM ICTERÍCIA ✓ História da doença atual Coloração da pele, escleróticas e membranas mucosas (início, evolução da intensidade da cor). Dor abdominal, cólica biliar. Artalgias, mialgias. Colúria. Acolia. Prurido. Esteatorreia. Anemia. Perda de peso e anorexia. Febre ✓ Antecedentes pessoais Idade. Sexo. Medicação (CO, antobióticos). Episódios prévios de icterícia. Viagens recentes. Doenças infecciosas. Consumo de álcool. Exposição a drogas endovenosas. História de transfusões sanguíneas. Exposição a substâncias tóxicas (aflatoxinas, anabolizantes, arsénico, clorofórmio, DDT). História prévia de cirurgia biliar ✓ Antecedentes familiares História familiar de doença genética (S. Gilbert, Dça Wilson, def. α-1-antitripsina, G6PD). Hepatite crônica ativa (anticorpos anti-proteínas nucleares). Cirrose biliar primária (anticorpos anti-mitocondriais). Hemoglobinopatias (talassemia; anemia falciforme) ✓ Exame físico Estado nutricional do doente; Coloração da pele (palma das mãos e planta dos pés), escleróticas e membranas mucosas Sinais sugestivos de hepatopatia crônica: Distensão abdominal (confirmar ascite na palpação/percussão). Aranhas vasculares / telangectasias; Circulação colateral, cabeça de Medusa; Eritema palmar; ginecomastia; Atrofia testicular; Hipocratismo digital; Contractura de Dupuytre Perda de pelos ✓ Exames laboratoriais • USG abdominal (ve bem os cálculos); • Radiografia abdominal simples (cálculo não aparece bem); • TC abdominal (com contraste pra ver tumor); • RMN abdominal (vê tumor); • CPRE (contraste na palipa e ve as vias biliares, pode causar complicação ter Colangite por lesão); Na suspeita de icterícia obstructiva, por coledocolitíase,colangiocarcinoma, tumores pancreáticos. Método diagnóstico e terapêutico (biópsia directa, remoção dos cálculos, dilatacão de estenose, colocação de stent). Aplicável a doentes com coagulopatias. Risco de pancreatite, colangite e hemorragia • Cintigrafia com HIDA; • Colangio-ressonância Ecoendoscopia; • Bilirrubina sérica total e frações (direta e indireta) • Aminotransferases (ALT e AST) • Fosfatase alcalina • GGT • Albumina • Tempo de protrombina • Hemograma, reticulócitos, HDL, Teste de Coombs Se está pensando em icterícia pré hepática, tem hemólise o exame é o Coombs direto. Vai usar as hemácias dos pacientes e vê se tem ligado a hemácia anticorpos, usa um kit com anti anticorpo, se houver anticorpo nas hemácias vaia glutinar com o anti-anticorpo e o exame é positivo.
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