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Síndrome ictérica Icterícia quando BT > 2,5-3 mg/dL. O primeiro lugar a aparecer é na esclera. Quando > 5 mg/dL, é possível ver icterícia na pele. METABOLISMO DA BILIRRUBINA Captura e destruição de hemácias pelo baço. Hemoglobina = heme + globina. Heme = ferro + protoporfirina IX. A protoporfirina é convertida em biliverdina e essa em bilirrubina indi- reta, que é insolúvel no sangue (precisa ser carreada pela albumina). Globina se liga à haptoglobina. A BI é carreada pela albumina porque é insolúvel. NO FÍGADO (captação, conjugação e excreção): a BI é conjugada ao ácido glucurônico por meio da enzima glucoronil-transferase → bilirrubina direta, que é so- lúvel. A BD dá a coloração amarronzada às fezes. NO LÚMEN INTESTINAL: bilirrubina direta é metaboli- zada por bactérias, formando o urobilinogênio → uma parte é absorvida e retorna à circulação e outra vira estercobilina, a responsável pela coloração fecal. A parte reabsorvida será eliminada pela urina (urobi- lina). Se a BD não chega ao cólon, há acolia fecal. Se a BD acumula no plasma, ela passa a ser eliminada pelo rim, porque é solúvel, o que dá à urina colúria. Hiperbilirrubinemia (tanto D quanto I) faz prurido. Aumento de BI → hemólise ou distúrbio do metabo- lismo da conjugação. Aumento de BD → colestase. Lesão hepatocelular → aumento de BD e BI. A primeira etapa a ser perdida é a excreção, porque é a que mais demanda energia. O acúmulo inicial é de BD. AUMENTO DE BILIRRUBINA INDIRETA HEMÓLISE: palidez, anemia, aumento de LDH, reti- culocitose, queda de haptoglobina. DISTÚRBIO DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA: ic- terícia e mais nada (conjugação). DIMINUIÇÃO DA CAPTAÇÃO: rifampicina, jejum prolongado, infecções, ICC, shunt portossistêmico. AUMENTO DE BILIRRUBINA DIRETA Acolia fecal, colúria e prurido. HEPATITE: aumento de TGO e TGP (> 10x o LSN), pequeno aumento de FA e GGT. Se TGP > TGP e > 1000 mg/dL, provável origem viral. Se TGO 2x > TGP, provável origem alcoólica (o paciente é des- nutrido, não tem B6, que é precursor da TGP). COLESTASE: aumento de FA e GGT (> 4x o LSN), pequeno aumento de transaminases. CAUSAS DE AUMENTO DE BILIRRUBINA INDIRETA Hemólise. Captação prejudicada: ICC, shunt portossistêmico, rifampicina, probenecida. Conjugação prejudicada: síndrome de Gilbert, sín- drome de Crigler-Najjar, icterícia fisiológica, icterí- cia do leite materno, hipertireoidismo, doença he- pática avançada, gentamicina, cetoconazol. CAUSAS DE AUMENTO DE BILIRRUBINA DIRETA Síndrome de Dubin-Johnson e síndrome de Rotor. Síndrome hepatocelular: hepatite viral, álcool, dro- gas, hepatite autoimune, doença de Wilson, febre amarela. Síndrome colestática: hepatite, colangite biliar pri- mária, hereditária, gravidez, NPT, coledocolitíase, Mirizzi, CEP, pancreatite crônica, tumores Fosfatase alcalina também pode ser óssea. Para saber se é hepática, solicita-se também gamaGT ou 5-nucle- otidase ambas produzidas e liberadas pelas células epiteliais dos dúctulos biliares. DISTÚRBIO DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA Aumento de bilirrubina indireta SÍNDROME DE GILBERT: o alvo é a UDP-glicuroniltrans- ferase, que conjugada em velocidade mais lenta. A icterícia surge quando há maior demanda do fígado, como em jejum, no uso de álcool, exercício. Não requer tratamento, mas pode ser feita dieta hipercalórica e uso de fenobarbital, que acelera a atividade da GT. Quem tem síndrome de Gilbert tem menor risco de ne- oplasia e aterosclerose (o aumento de BI funciona como antioxidante). SÍNDROME DE CRIGLER-NAJJAR: GT deficiente. Tipo I: deficiência total (BD 18-45) → kernicterus. Ne- cessita de transplante hepático. Tipo II: deficiência parcial (BD 6-25) → tratamento com fenobarbital. Aumento de bilirrubina direta As síndromes decorrem de problema na excreção e são benignas. SÍNDROME DE DUBIN-JOHNSON. SÍNDROME DE ROTOR. HEPATITES VIRAIS Aguda: < 6 meses. Crônica: > 6 meses. Fulminante: surgimento de encefalopatia hepática com < 8 semanas do início dos sintomas. Nas hepatites virais, há infiltração do parênquima he- pático por células inflamatórias mononucleares (linfó- citos e monócitos). Em geral, a destruição tem início nos hepatócitos próximos aos espaços-porta → pa- drão periportal. Na hepatite alcoólica, a inflamação é centrolobular, onde mais se encontra a álcool desidro- genase e a CYP2E1 e a infiltração é por polimorfonucle- ares (neutrófilos). Hepatites alcoólica, isquêmica, congestiva, medica- mentosa → necrose centrolobular. Hepatite viral aguda 1. CONTATO. 2. PERÍODO DE INCUBAÇÃO → HAV 4 semanas, HEV 5- 6 semanas, HCV 7 semanas, HBV/HDV 8-12 semanas. 3. FASE PRODRÔMICA (é uma reação de imunocom- plexo) → quadro sistêmico. Dura dias a semanas. Com- preende síndrome gripal leve, sintomas gastrointesti- nais inespecíficos, desconforto no QSD e manifesta- ções imunomediada (+ na HBV → glomerulonefrite, rash, esplenomegalia). 4. FASE ICTÉRICA – no máximo em 30% dos pacientes. Dura dias a semanas. 5. FASE DE CONVALESCÊNCIA. Fase prodrômica: é curta, em geral 2-7 dias, rara- mente com febre alta. Na hepatite B, podem ocorrer também febre, poliartrite simétrica distal e rash erite- matopapular. Fase ictérica: na maioria dos indivíduos não ocorre ic- terícia. Os sintomas gripais e a febre desaparecem, mas os sintomas gastrointestinais persistem e podem até piorar. Surge dor no HCD e hepatomegalia dolo- rosa. Fase de convalescença: 2 a 12 semanas. Hepatomega- lia e alterações laboratoriais podem ocorrer. COMPLICAÇÕES Vírus A → colestase. Vírus B e E (gestantes) → fulminante. Vírus B e C → cronificação e mais relação com fenô- menos autoimunes e extra-hepáticos. CARACTERÍSTICAS GERAIS Transaminases > 10x o LSN, com predomínio de ALT. Não há correlação entre o grau de elevação de transa- minases e o grau de lesão hepática. Icterícia às custas de BD. A persistência de níveis ele- vados de bilirrubina ao longo da doença é um sinal de mau prognóstico. Bilirrubinúria. Leucopenia com linfocitose (na hepatite alcoólica, há leucocitose neutrofílica e Bx com infiltrado PMN). Necrose periportal. TRATAMENTO: suportivo. Terapia específica: hepatite C aguda (previne evolução para crônica) e formas graves de hepatite B aguda. Hepatite B Único vírus das hepatites virais que é DNA-HBV. Soroconversão: 1 a 10 semanas (surgimento do HBsAg. O anti-HBc IgM aparece logo após. TRANSMISSÃO → sexual (+ importante), vertical e percutânea: • Via de parto é de indicação obstétrica. • Aleitamento materno é permitido. • Criança deve receber vacina (0, 1 e 6 meses) + HBIG (até 12h). • Tenofovir diminui risco de transmissão para a cri- ança → pode ser feito quando HBeAg positivo. SOROLOGIAS HBsAg → de superfície. Seu anticorpo é o anti-HBs, que é secretado após a cura ou após vacinação. Primeiro antígeno a aparecer. HBeAg → marcador indireto de replicação. É secre- tado. Seu anticorpo é o anti-HBe. HBcAg → seu anticorpo é o anti-HBc, que não é produ- zido pela vacina (marcador de contato). Maria Eduarda BD- bom dia, entre 8 e meio dia. Maria Eduarda Hepatite C não gera quase nada de resposta imune, portanto praticamente não faz hepatite fulminante. Outra forma de avaliar replicação, além da dosagem do HBeAg, é por meio da dosagem do DNA-HBV. TEMPO DE INCUBAÇÃO: 8 a 12 semanas. Com 6 sema- nas já é possível identificar HBsAg. Primeiro anticorpo a aparecer → anti-HBc IgM. Cura em 95% das vezes → surgimento do anti-HBs. O encontro de anti-HBc IgM fecha o diagnóstico de HB aguda, quaisquer que sejam os outros marcadores. No entanto, a elevação do FR podem fazer falso-positivo de IgM anti-HBc. HBsAg negativo com anti-HBc IgG positivo = paciente portador de hepatite B crônicacom HBsAg falsamente positivo ou infecção antiga. Para saber, ver o anti-HBs. Vírus mutante do pré-core: tem falha na síntese do HBeAg → em replicação é HBeAg negativo, mas com aumento de transaminases (está em atividade de do- ença). Dosa-se o DNA-HBV, que vem em altos títulos. • Tem maior risco de evoluir com hepatite fulmi- nante, cirrose e carcinoma hepatocelular. EVOLUÇÃO RUIM Hepatite fulminante (1%). Hepatite crônica: dos que cronificam, 20-50% evo- luem para cirrose e 10% para carcinoma hepatocelular. A evolução para CHC pode não passar pela cirrose. • Adultos: 1-5%. • Crianças: 20-30%. • RN: 90%. ASSOCIAÇÕES Poliarterite nodosa. Glomerulonefrite membranosa. Doença de Gianotti-Crosti: lesão papular, eritematosa e não pruriginosa. Hepatite aguda não se trata, exceto nos casos de he- patite fulminante. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO vacina 3 doses (0, 1 e 6m). Imunodeprimido, DRC dialítico, Tx: 4 doses duplas (0, 1, 2 e 6 meses). Não precisa dosar anti-HBs após a vacinação, exceto profissionais de saúde → se anti-HBs negativo após 3 doses: com menos de 2 meses da vacina, revacinar; com 2 meses ou mais, + 1 dose. PÓS-EXPOSIÇÃO imunoglobulina até 14 dias na expo- sição sexual e até 7 dias no acidente percutâneo). Infecção perinatal. Vítimas de abuso sexual e acidentes biológicos → se indivíduo não vacinado (dosar anti-HBs antes) ou imu- nodeprimido mesmo vacinado. Hepatite D Só causa infecção na presença de outro vírus. Mediterrâneo e Amazônia. Vacinação para hepatite B protege contra a D. Associação com anti-LKM3. CO-INFECÇÃO: B e D agudas. Não aumenta o risco de cronicidade. SUPER-INFECÇÃO: B crônica. Aumenta risco de hepatite fulminante e evolução para cirrose hepática. Só há hepatite delta se o HBsAg for positivo (precisa de anti-HDV IgM + e HBsAg +). Hepatite A Transmissão fecal oral. Endêmica no Brasil. Período de incubação → fase de maior viremia (maior eliminação no sangue e nas fezes). Anti-HAV IgG mostra que a pessoa teve hepatite A e está imune ou então que foi vacinada. Na ausência de anti-HAV IgG, vacinar com 2 doses (0 e 6 meses). ISOLAMENTO por até 7 dias após o surgimento da icterícia (Nelson) e por 14 dias pelo MS. PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO vacina 12 e 18 meses (SBP). MS: pri- meira dose aos 15 meses. Crianças < 6 meses: Ig. PÓS-EXPOSIÇÃO em até 2 semanas da exposição. Se 1 ano ou menos de vida = imunoglobulina. Se > 1 ano: vacina (MS = primeira dose aos 15 meses). Entre 6 meses e 1 ano, pode ser feita vacina como pro- filaxia pré-exposição, que não conta na vacina do ca- lendário vacinal. Hepatite E Transmissão fecal-oral. Grávidas → hepatite fulminante em 20%. Hepatite C Transmissão parenteral. Cronifica em 80-90% das vezes. 80% assintomáticos. Associação com anti-LKM1. Tratamento na fase aguda com antivirais. ASSOCIAÇÕES Crioglobulinemia. GN membranoproliferativa/mesangiocapilar. Líquen plano, porfiria. HEPATITE ALCOÓLICA LESÃO PELO ÁLCOOL: esteatose (90-100%), hepatite alcoólica (10-20%) e cirrose (1-6%). FATORES DE RISCO: quantidade, sexo feminino, HCV, fatores genéticos, obesidade. Limites de risco: 40-80 g/dia para homens, 20-40 g/dia para mulheres. CLÍNICA: anorexia, febre baixa, hepatomegalia dolo- rosa, ascite, icterícia. • Leucocitose neutrofílica. • AST e ALT elevadas, em geral < 400. • AST/ALT > 2. BX: corpúsculos de Mallory (não são específicos), infil- trado PMN (neutrofílico), lesão centrolobular. TRATAMENTO: • Abstinência. • Reposição de líquidos e terapia nutricional. • Profilaxia contra úlcera gástrica de estresse. • Reposição de vitaminas (encefalopatia de Werni- cke = tiamina). • Reposição de vitamina K caso coagulopatia. • Prednisona ou prednisolona 40 mg/dia por 4 sema- nas caso IFD de Maddrey ≥ 32, MELD elevado e/ou encefalopatia. Contraindicações: sangramento TGI, insuficiência renal e pancreatite. • Pentoxifilina 400 mg 3x/dia é outra opção, indicada quando a prednisolona não é indicada ou não tem efeito. Prognóstico: pior quando IFD ≥ 32. HEPATITE MEDICAMENTOSA PRINCIPAIS TIPOS DE LESÃO: Hepatocelular: acetaminofeno, halotano, isoniazida, fenitoína. Colestática: eritromicina, amox/clav, ACO. Indutora de esteatose. Paracetamol: dose máxima recomendada é de 4g/dia e geralmente são necessários mais de 10-15 g/dia para gerar sintomas. Etilistas podem se intoxicar até com 2g. O tratamento é com lavagem gástrica (primeiros 30 minutos) e N-acetilcisteína. HEPATITE AUTOIMUNE Agressão autoimune aos hepatócitos. CLÍNICA: síndrome hepatocelular clássica + artralgias + estigmas de autoimunidade; fulminante; hepatite crônica (oligossintomática ou flutuante). • Artralgia, hipergama policlonal (aumento de IgG e níveis baixos de IgA), amenorreia, alopécia. Condições associadas: doença celíaca, anemia perni- ciosa, síndrome de Sjögren, DM1, tireoidites, vitiligo, RCU, artrite reumatoide. Biópsia: infiltrado mononuclear às custas de plasmóci- tos, formação de rosetas e pseudolóbulos. TIPO 1 mais comum. Mulher jovem. FAN positivo. Anticorpo antimúsculo liso. TIPO 2 Meninas, homens. Anticorpo anti-LKM3, anticitosol hepático 1. TRATAMENTO corticoide +/- AZA. O tratamento não é indicado para as formas leves de hepatite crônica e assintomáticas. HEPATITE ISQUÊMICA Em caso de instabilidade hemodinâmica. Paciente grave + aumento transitório de aminotrans- ferases/LDH. Necrose centrolobular. Diferente da hepatite viral: aumento rápido de LDH. HEPATITE CONGESTIVA Doenças associadas: estenose mitral, pericardite cons- tritiva, cardiomiopatias, insuficiência tricúspede, ICC grave, cor pulmonale. Fígado em noz-moscada na Bx. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA DEFINIÇÃO: instalação de sinais e sintomas de insufi- ciência hepática grave, representados principalmente por INR > 1,5 e algum grau de encefalopatia, num paci- ente sem doença hepática prévia significativa, no pe- ríodo de até 8 semanas do início dos sintomas de he- patite. Se hepatopatia prévia, dentro de 2 semanas do surgimento da icterícia. ETIOLOGIA: principal causa nos EUA e Reino Unido → paracetamol. No resto do mundo: vírus B. O risco é muito maior quando superinfecção B e D. APRESENTAÇÃO: hepatite aguda clássica que evolui subitamente para encefalopatia (confusão mental, re- baixamento do nível de consciência), edema cerebral com hipertensão intracraniana, coagulopatia com hemorragia (+ HDA), insuficiência renal oligúrica irre- versível (síndrome hepatorrenal) e disfunção orgânica múltipla. LABORATÓRIO TAP alargado para além de 5s do tempo controle. INR > 1.5 Bilirrubina > 18 mg/dL. Azotemia. Elevação da amônia sérica. Queda abrupta das transaminases. Hipocalemia, hiponatremia, hipofosfatemia, acidose metabólica (láctica). TRATAMENTO: transplante hepático (sem, mortali- dade de 80%), suporte intensivo, reposição glicêmica, hemodiálise contínua. Síndrome colestática Sempre que identificar um paciente com coles- tase, o primeiro exame a ser pedido é a ultrassono- grafia → localiza grosseiramente a obstrução. Ligamento hepatoduodenal: ducto hepático comum (anterior) + artéria hepática + veia porta (posterior). Triângulo de Calot (hepatocístico): ducto hepático comum + borda inferior do fígado + ducto cístico. Nele passa a artéria cística. Secreção de bile → estimulada por secretina, gastrina e colecistocinina. Percorre os ductos hepáticos direito e esquerdo, o ducto hepático comum, o ducto biliar co- mum (colédoco) e entra na vesícula. O aumento da pressão nos ductos e dúctulos biliares dos espaços-porta leva ao extravasamento dos sais bi- liares, que possuem efeito tóxico sobre os hepatócitos. Padrão ouro para Dx de coledocolitíase → CPRE.Suspeita de neoplasia → TC de abdome contrastada. CÁLCULOS BILIARES AMARELO (80%): de colesterol, radiotransparente. Fatores de risco: sexo feminino, obesidade, doença ileal (Crohn, ressecção). PRETO (15-20%): de bilirrubinato de cálcio. Fatores de risco: hemólise, cirrose, doença ileal. MARROM (< 5%): próprio das vias biliares. Fatores de risco: colonização bacteriana por obstrução (cisto, tu- mor, doença de Caroli – múltiplos cistos biliares intra- hepáticos), ou parasita (Clonorchis sinensis). DOENÇAS CALCULOSAS BILIARES Colelitíase Dor em HCD após alimentação, com duração < 6h. Quando a dor biliar dura mais de 6h, especialmente 18h, deve levantar a suspeita de colecistite aguda. USG mostra imagem hiperecogênica com sombra acústica posterior e móvel. Pólipo não tem sombra acústica posterior e não se mo- biliza. COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA SE: Sintomático. Vesícula em porcelana. Associação com pólipo. Cálculo > 2,5-3 cm. Anemia hemolítica. Pacientes com risco cirúrgico proibitivo → ácido ursa- desoxicólico para cálculos de colesterol < 5-10 mm e com vesícula funcinante. Cálculos pequenos podem ser dissolvidos com o ursacol. Lama biliar: achado no USG. Ainda é controverso, mas muitos acreditam que seja um precursor da formação de cálculos de colesterol e que, por si só, pode estar associada à pancreatite aguda biliar. Frequentemente se desfaz espontaneamente. Os fatores de risco para lama biliar são gravidez, uso de ceftriaxone/octreo- tide, perda rápida de peso, jejum prolongado e NPT. Colecistectomia profilática: pacientes submetidos à Cx bariátrica (perda de peso rápido favorece forma- ção de cálculos biliares), imunossuprimidos (risco de infecção). COMPLICAÇÕES DA COLELITÍASE Migração dos cálculos pela via biliar: • Impactação no ducto cístico → colecistite aguda, hidropsia de vesícula, síndrome de Mirizzi. • Passagem para o colédoco → coledocolitíase, co- langite e pancreatite biliar. Colecistite aguda calculosa Inflamação por obstrução duradoura da vesícula por um cálculo impactado no ducto cístico. CLÍNICA Dor que dura > 6h. Sinal de Murphy positivo. Não faz icterícia = a via biliar está livre (bile desce do fígado direto para o colédoco). Febre + leucocitose + PCR elevado + BT normal + au- mento discreto de transaminases e amilase. DIAGNÓSTICO: USG de abdome. Outros: cintilografia biliar com 99mTc-HIDA (exame mais sensível), colan- gioRM e TC. Se USG negativo mas forte suspeita, soli- citar cintilografia. Critérios de Tóquio: 1 sinal local + 1 sinal sistêmico + imagem. TRATAMENTO Antibioticoterapia (E. coli, Klebsiella, Enterobacter, En- terococo – gram negativos): pode ser interrompida após a Cx ou mantida se casos graves (3 a 7 dias). Ge- ralmente faz-se cefalosporina de terceira gera- ção/quinolona/aminoglicosídeo (+) + metronidazol (-). Colecistectomia precoce (em até 72h). Casos graves (sem condição cirúrgica) → colecistos- tomia percutânea (reduz a pressão dentro da vesí- cula. Colecistectomia eletiva em 6-8 semanas. Halo hipoecoico = líquido ao redor da vesícula. COMPLICAÇÕES DA COLECISTITE AGUDA Empiema. Gangrena → perfuração (livre – peritonite biliar, fístula colecistoduodenal, bloqueada – abscesso sub- hepático). A fístula pode fazer íleo biliar quando o cál- culo impacta na porção final do íleo. Colecistite enfisematosa (homem diabético e idoso) → ar no interior e na parede da vesícula (Clostridium perfringens). Ar dentro da parede da vesícula Colecistite aguda na gestação: se possível, protelar a cirurgia até após o termo. Se urgência, operar. As com- plicações fetais (prematuridade) são menos prováveis quando o procedimento é realizado no segundo tri- mestre. Mesmo os casos com irritação peritoneal podem ser abordados com videolaparoscopia. Síndrome de Mirizzi DEFINIÇÃO: obstrução extrínseca do ducto hepático comum por um grande cálculo impactado no ducto cís- tico ou no infundíbulo da vesícula. A obstrução pode ser mecânica ou secundária à inflamação. QUADRO CLÍNICO: síndrome colestática de curso pro- gressivo, complicado com episódios recorrentes de colangite bacteriana aguda. DIAGNÓSTICO: USG é sugestivo, mas a confirmação deve ser feita pela CPRE ou pela colangiografia trans- hepática percutânea (CTP). Tipo I: sem fístula. Tipo II, III e IV: com fístula biliobiliar (cístico com he- pático ou cístico com colédoco). • Tipo II: envolve até 1/3 da circunferência do ducto. • Tipo III: até 2/3 da circunferência do ducto. • Tipo IV: toda a circunferência do ducto. TRATAMENTO: colecistectomia. • Tipo I: coledocotomia com exploração da via biliar e colocação do tubo em T (dreno de Kehr). • Tipo II: sutura da fístula ou coledocoplastia. • Tipo III: coledocoplastia. • Tipo IV: colecistectomia + derivação bilioentérica. Assim como a colelitíase, a síndrome de Mirizzi tam- bém tem associação com câncer de vesícula. Coledocolitíase Primária (10%): cálculo formado pelo colédoco. Secundária (90%): cálculo proveniente da vesícula. Cálculo residual: nos 1os 2 anos da colecistectomia. QUADRO CLÍNICO Icterícia flutuante (de acordo com a mobilização do cálculo no colédoco), com ou sem dor. A vesícula não é palpável pela flutuação. DIAGNÓSTICO USG de abdome de início. Melhores: colangioRM, USG endoscópico e CPRE. CPRE TRATAMENTO Idealmente: CPRE. Faz-se a papilotomia endoscópica. Exploração cirúrgica do colédoco: quando a coledoco- litíase é descoberta no perioperatório. Sempre após a coledocotomia coloca-se um dreno de Kehr. Colecistectomia. Coledocolitíase Tumor Icterícia Intermitente Progressiva Dor Pode ocorrer Indolor ↓ Peso - Sim Courvoisier Vesícula impalpá- vel (escleroatró- fica) Vesícula palpável, volumosa e paredes finas Bilirrubina < 10 mg/dL > 15 mg/dL Colangite aguda DEFINIÇÃO: obstrução (cálculo, tumor, cisto) + infecção. Agentes: E. coli, Klebsiella e Enterobacter. Não grave → tríade e Charcot: febre, icterícia e dor no HCD. Grave/supurativa/tóxica → pêntade de Reynolds: trí- ade + hipotensão e redução do sensório. DIAGNÓSTICO: clínico. A USG é o primeiro exame a ser pedido. TRATAMENTO: Não supurativa: ATB + descompressão eletiva (CPRE ou colecistectomia + colangiografia intraoperatória) ou drenagem transhepática percutânea se obstrução alta). Supurativa: ATB + descompressão de urgência (via preferencial é a endoscópica). ATB → ceftriaxone + metronidazol. Icterícia flutuante → coledocolitíase. Icterícia progressiva/indolor → neoplasia. TUMOR PERIAMPULAR Câncer da cabeça de pâncreas: mais comum. Câncer de ampola de Vater. Maria Eduarda Colédoco dilatada: > 6 mm Colangiocarcinoma (distal). Câncer de duodeno. Icterícia progressiva colestática + vesícula de Courvoi- sier + emagrecimento. O sinal de Courvoisier não ocorre por cálculo porque isso pressupõe que a vesícula já tem cálculos há mais tempo, o que faz com que sua parede fique menos elástica, evitando com que se distenda. PÓLIPOS DA VESÍCULA BILIAR Pólipo hiperplásico/benigno: maioria dos casos. Po- dem ser de colesterol (pequenos < 1 cm, frequente- mente múltiplos, com vesícula em morango) ou adeno- miomatoso (grande e único). Pólipo neoplásico: mais na população idosa e associ- ado à colelitíase. Pode ser adenomatoso (benigno, não invade transmural) ou carcinomatoso. QUANDO OPERAR? Sintomáticos e assintomáticos com maior risco de malignidade (associado à colelití- ase, idade > 50-60 anos, diâmetro > 1 cm e crescimento na USG seriada. Carcinoma de vesícula biliar • Câncer mais comum da via biliar. TIPO HISTOLÓGICO: adenocarcinoma em 90%. Ou- tros: células escamosas, oat cell, carcinoide. FATORES DE RISCO: colelitíase, vesículaem porce- lana, pólipo adenomatoso, CEP, obesidade, cisto de co- lédoco, infecção por Salmonella typhi. Vesícula em porcelana QUADRO CLÍNICO: o tumor geralmente se origina no fundo ou corpo da vesícula, evoluindo assintomático até o estágio avançado. O sintoma mais comum é a dor biliar episódica. Pode ocorrer obstrução biliar em 30%. DIAGNÓSTICO: USG de abdome mostrando massa he- terogênea e com paredes irregulares. TC com invasão vascular. RNM é um excelente exame. Colangiocarcinoma O tipo mais comum é o Tumor de Klatskin: peri-hilar, na confluência dos ductos hepáticos. FATORES DE RISCO: idade avançada, CEP, cistos bili- ares congênitos (câncer mais precoce), hepatolitíase, derivação biliodigestiva prévia, hepatites B e C. Faz icterícia colestática progressiva. Como é perihilar, a vesícula não distende, não há vesícula de Courvoi- sier. Quanto mais próximo do fígado, pior o prognós- tico. DIAGNÓSTICO: USG e TC de abdome. Pode haver au- mento de CA 19-9. USG: vesícula murcha + dilatação de via biliar intra- hepática. Confirmação: colangioRM e/ou TC. TRATAMENTO: cirurgia de Whipple (duodenopancre- atectomia) – cirurgia curativa é rara. Opção paliativa para a icterícia: endopróteses ou de- rivação bileo-digestiva. Carcinoma de cabeça de pâncreas Tumor periampular mais comum. Adenocarcinoma ductal em 80-90% dos casos. FATORES DE RISCO: idade avançada, sexo masculino, negros, tabagismo, história familiar, DM, obesidade, PAF, Peutz-Jeghers, pancreatite crônica. Tríade icterícia + dor epigástrica + emagrecimento. Pode haver vesícula de Courvoisier e síndrome de Tro- usseau (tromboflebite migratória). Marcador tumoral: CA 19-9. COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA • Agressão autoimune aos ductos biliares intra e ex- tra-hepáticos. • Associação com retocolite ulcerativa – pANCA. • Mais comum em homens de 35-50 anos. QUADRO CLÍNICO: icterícia obstrutiva, prurido, fadiga e febre baixa. COMPLICAÇÕES: cirrose biliar secundária, colangio- carcinoma, síndrome disabsortiva pela colestase, cole- litíase, colangite, hepatocarcinoma. TRATAMENTO: suportivo. Ursacol sem benefício. Se estenose de ducto único – stent via CPRE. Pode ser feito na doença avançada Tx hepático. Estenoses alteradas com áreas de dilatação em con- tas de rosário. COLANGITE/CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA • Desordem autoimune idiopática que ataca os pe- quenos e médios ductos biliares dos espaços-porta hepáticos. • Anticorpo antimitocôndria. Associação com oturas doenças autoimunes (Sjögren, CREST, Raynaud, ti- reoidite de Hashimoto). • Mulher de meia idade, fadiga, icterícia, xantomas, xantelasmas, esteatorreia. • Agressão microscópica = não tem alteração no USG. • Aumento de FA e GGT, hipercolesterolemia, hipo- calcemia. • Bx hepática confirma. • Tendência ao sangramento independente da fun- ção hepática = não absorve vitaminas lipossolúveis (K). TRATAMENTO UDCA e transplante. CISTOS BILIARES (DOENÇA DE CAROLI) • Cisto de colédoco congênito. • Mais comum em mulheres e asiáticos. • Principal fator de risco: junção pancreatobiliar anormal (colédoco e ducto de Wirsung se juntam mais proximalmente). • Tríade: icterícia + dor QSD + massa palpável. Síndrome ictérica Aumento de bilirrubina indireta Aumento de bilirrubina direta Hepatite viral aguda Hepatite B Hepatite D Hepatite A Hepatite E Hepatite C Síndrome colestática Colelitíase Colecistite aguda calculosa Síndrome de Mirizzi Coledocolitíase Colangite aguda Carcinoma de vesícula biliar Colangiocarcinoma Carcinoma de cabeça de pâncreas
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