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Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário APRESENTAÇÃO O setor imobiliário tem diversas especificidades. A principal delas é que, em grande parte, a atividade de corretagem, compra, venda, permuta e locação é realizada por pessoas físicas. Com isso, há a incidência de uma alta carga tributária, exigindo, por parte de todos os profissionais que atuam nesse ramo, um grande conhecimento acerca desses tributos. A necessidade de se buscar maiores margens de lucros e menores custos e de encontrar uma carga tributária mais vantajosa tem feito com que investidores do setor constituam empresas com finalidade imobiliária. A tributação na atividade imobiliária se divide em duas, em razão da finalidade de cada classe de tributos e como ajuda na compreensão de toda a carga tributária que envolve a atividade imobiliária no Brasil. Compreender a tributação da atividade imobiliária é de suma importância para todos os profissionais das ciências sociais aplicadas, pois, além do setor imobiliário ter destacada importância, ele também emprega um enorme contingente de mão de obra. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer como incidem os principais impostos relacionados à atividade imobiliária, bem como compreender também os principais aspectos relacionados aos impostos que incidem sobre a propriedade territorial urbana e rural. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os principais impostos relacionados ao setor imobiliário.• Relacionar os principais aspectos do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.• Identificar as características principais do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana. • DESAFIO Os impostos sobre propriedade são regulados por legislações próprias. O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, mais conhecido como IPTU, é regulado primeiramente pelo Código Tributário Nacional, este, por sua vez, delega à esfera municipal a regulamentação de como esse imposto deve ser tratado. Considere que você é o proprietário de dois imóveis localizados na cidade de São Paulo, cada um deles com suas especificidades. INFOGRÁFICO Os tributos incidentes exclusivamente sobre a propriedade de bens imóveis estão descritos no Código Tributário Nacional como impostos sobre patrimônio. Assim, ele somente é cobrado de quem é proprietário de um determinado bem. Conhecer de forma objetiva como esses tributos devem ser cobrados, de quem é sua competência e de quem são suas especificidades são tarefas indispensáveis para todos os profissionais de contabilidade. No Infográfico, conheça um pouco mais sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural e também sobre o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). CONTEÚDO DO LIVRO Conhecer o setor de incorporação imobiliária engloba entender como as empresas têm seus serviços impactados pelos impostos que incidem sobre suas operações. Em especial, tem-se a incidência de diferentes impostos dependendo de onde o imóvel está localizado (se na zona rural ou na zona urbana). Cada imposto é recolhido de uma forma e para um ente da federação distinto. No Capítulo Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário, da obra Contabilidade setorial, você vai aprender sobre os principais impostos que incidem sobre a atividade imobiliária no Brasil. Além disso, também vai conhecer as especificidades de incidência do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural e do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana. Boa leitura. CONTABILIDADE SETORIAL Johny Henrique Magalhães Casado Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais impostos relacionados ao setor imobiliário. � Relacionar os principais aspectos do imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR). � Identificar as características principais do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU). Introdução Existem algumas especificidades do setor imobiliário em relação à sua carga tributária, em virtude da complexidade que impera no setor, além das inúmeras atividades possíveis. Desse modo, faz-se necessária a com- preensão sobre como os impostos são alocados nesse setor. A necessidade de se buscar maiores margens de lucros, menores custos e encontrar uma carga tributária mais vantajosa tem feito investidores do setor construírem empresas que possuam como finalidade a atividade imobiliária. Assim, busca-se, seguindo a legislação, minorar a carga tributária e aumentar a eficiência entre as empresas do setor. Há dois impostos que são exclusivamente cobrados de proprietários de imóveis. O primeiro trata-se do imposto sobre a propriedade territorial rural, um imposto de competência do Governo Federal, cobrado de todos os proprietários de imóveis localizados em zona rural. O segundo imposto trata-se do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, que possui mesma finalidade do anterior, porém ele incorre sobre as propriedades em espaço urbano. A competência de se cobrar o IPTU é dos municípios, portanto, é o poder municipal que estipula valores e faz a cobrança destes impostos dos contribuintes. Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 Neste capítulo, você conhecerá os principais impostos que são co- brados nas atividades imobiliárias. Além disso, conhecerá os principais aspectos do imposto sobre a propriedade territorial rural e do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana. 1 Principais impostos relacionados ao setor imobiliário A compreensão sobre a carga tributária das atividades do setor imobiliário passa pela compreensão da legislação que está relacionada ao setor. Por- tanto, conhecer a legislação que impacta sobre os impostos é indispensável para todos que pretendem trabalhar na área. Veja, a seguir, algumas leis e regulamentos que devem ser levados em consideração para uma melhor compreensão sobre o tema. � Lei nº. 12.973, de 13 de maio de 2014: altera a legislação tributária federal relativa ao imposto sobre a renda das pessoas jurídicas (IRPJ), à contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), à contribuição para o PIS/Pasep e à contribuição para o financiamento da seguridade social (Cofins). � Norma brasileira de contabilidade nº. 47, de 25 de novembro de 2016: estabelece os princípios que a entidade deve aplicar para apresentar informações úteis aos usuários de demonstrações contábeis sobre a natureza, o valor, a época e a incerteza de receitas e fluxos de caixa provenientes de contrato com cliente. � Lei nº. 10.931, de 2 de agosto de 2004: dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, letra de crédito imobiliário, cédula de crédito imobiliário e cédula de crédito bancário. � Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966: dispõe sobre o Sistema Tri- butário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos estados e aos municípios. Além disso, é importante destacar que, para que se tenha a cobrança dos impostos nas atividades imobiliárias, deve ocorrer a correta compreensão sobre os elementos dos tributos, como os seguintes: � fato gerador; � contribuinte ou responsável; Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário2 Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 � base de cálculo; � elementos complementares do tributo. O fato gerador “[...] é a concretização da hipótese de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária” (FA- BRETTI, 2017, 156). Segundo a Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966, em seus artigos 114, 155 e 115, o fato gerador pode ser caracterizado por: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessáriae suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável (BRASIL, 1966, documento on-line). É possível, ainda, caracterizar o fato gerador como uma obrigação prin- cipal, que deve sempre ser de natureza pecuniária (i.e., um tributo deve ser pago), ou, ainda, uma obrigação acessória, que é um dever administrativo da empresa. A figura do contribuinte ou responsável pode ser compreendida como o sujeito passivo da obrigação tributária, que, por sua vez, tem relação direta e irrestrita com o fato gerador. Como exemplo, pode-se citar o proprietário de um imóvel, responsável por pagar o IPTU deste. Segundo Fabretti (2017, p. 156), o responsável é “[...] a pessoa que a lei escolher para responder pela obrigação tributária, em substituição ao contribuinte de fato, dada a maior complexidade para alcançá-lo”. A Lei nº. 5.172, em seu Art. 121, define o contribuinte e o responsável como: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao paga- mento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei (BRASIL, 1966, documento on-line). 3Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 Sobre a base de cálculo, tem-se que ela é o “[...] valor sobre o qual é aplicada a alíquota (percentual) para apurar o valor do tributo a pagar” (FABRETTI, 2017, p. 157). Em se tratando dos elementos complementares, estes podem ser compreendidos como a alíquota do imposto que é cobrada. A alíquota pode ser compreendida como fixa, ad valorem (proporcional) ou específica, conforme a seguir. � Fixa: determinada em lei por um valor fixo, em moeda ou por unidades de moeda fiscal. � Ad valorem: a lei estabelece um percentual que, quando aplicado sobre a base de cálculo, torna-se o valor da operação, determinando o valor do montante do tributo devido. � Específicas: determinado valor em moeda nacional sobre uma unidade de medida (metros, quilos, litros, toneladas, etc.). Os elementos complementares possuem, ainda, duas outras importantes definições. A primeira apresenta o conceito de alíquota adicional, uma vez, “[...] além do imposto devido, apurado pela aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, às vezes a lei determina o pagamento de mais um valor, sob o nome de adicional, que incide sobre determinada base de cálculo que ela fixar” (FABRETTI, 2017, p. 158). O prazo de pagamento também é considerado como um elemento complementar. Segundo Fabretti (2017, p. 158), ele “[...] pode ser fixado pelo ente competente para arrecadar o tributo, por lei ordinária. Na prática, há casos em que a lei ordinária expressamente delega ao Chefe do Executivo a competência para fixar os prazos por meio de decreto”. As empresas do setor imobiliário devem recolher os mesmos impostos que as demais empresas, ou seja, não impõem à atividade imobiliária nenhum tipo de condicionante especial em relação à sua carga tributária. O Quadro 1, a seguir, apresenta os impostos pagos pelas empresas em geral de acordo com o tipo de competência. Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário4 Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 Competência federal � Imposto de importação (II) � Imposto sobre produtos industrializados (IPI) � Imposto sobre operações financeiras (IOF) � Imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) � Imposto de renda pessoa física (IRPF); � Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR) � Contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS) � Contribuição de intervenção no domínio econômico (Cide) � Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) � Instituto nacional da seguridade nacional (INSS) � Fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS); � Programa de integração social e programa de formação do patrimônio do servidor público (PIS/PASEP) Competência estadual � Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) � Imposto sobre transmissão causa mortis e doação (ITCMD) � Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) Competência municipal � Imposto sobre transmissão de bens inter vivos (ITBI) � Imposto sobre serviços (ISS) � Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) Quadro 1. Impostos pagos pelas empresas em geral de acordo com o tipo de competência No ano de 2004, foi aprovada a Lei nº. 10.931, responsável por implementar o regime especial de tributação (RET) às empresas de incorporações imobiliárias (IOB, 2006). Antes de abordar do que trata a lei, faz-se necessário explanar sobre os conceitos de incorporador e incorporação imobiliária: Incorporador: a pessoa física ou jurídica que, embora não efetuando a cons- trução, compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, em edificações a serem construídas ou em construção sob regime condominial, ou que meramente aceite propostas para efetivação de tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, das obras concluídas; Incorporação imobiliária: a atividade exercida com o intuito de promover e re- alizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas (IOB, 2006, documento on-line). 5Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 Segundo a lei que instituiu o RET, as empresas adotantes dele deverão obrigar o contribuinte a realizar os seguintes procedimentos (BRASIL, 2004). � Regra 1: o pagamento dos tributos e contribuições nessa modalidade será considerado definitivo, não gerando, em qualquer hipótese, direito à restituição ou à compensação com o que for apurado pela incorporadora. � Regra 2: as receitas, os custos e as despesas próprios da incorporação sujeita à tributação em referência não deverão ser computados na apura- ção das bases de cálculo dos referidos tributos e contribuições devidos pela incorporadora, em virtude de suas outras atividades empresariais, inclusive incorporações não afetadas. � Regra 3: para essa finalidade, os custos e despesas indiretos pagos pela incorporadora no mês deverão ser apropriados a cada incorpo- ração na mesma proporção representada pelos custos diretos próprios da incorporação, em relação ao custo direto total da incorporadora, assim entendido como a soma de todos os custos diretos de todas as incorporações e o de outras atividades exercidas pela incorporadora. De cada imóvel comercializado sob a condição do RET pela incorporadora deverá ser recolhido um tributo de 4% das receitas mensais recebidas. Esse valor compreenderá os seguintes impostos: IRPJ; CSL; PIS/PASEP; e Cofins. Por exemplo, imagine uma empresa incorporadora que tenha recebido, em um de- terminado mês, o valor de R$ 200.000,00 a títulos de receitas de uma incorporação submetida à condição da RET. Nesse caso, ela deverá recolher os 4% referentes aos impostos, ou seja, o valor de R$ 8.000,00 sobre aquela receita. Quando aempresa recolher os impostos por meio do regime especial, estes deverão ser distribuídos aos entes da federação que são responsáveis por recolher cada um deles. A lei apresenta que essa divisão será efetuada considerando-se os seguintes percentuais: � IRPJ: 1,26%. � CSL: 0,66%. � Contribuição para o PIS/PASEP: 0,37%. � COFINS: 1,71%. A lei n°. 12.844/2013 apresentou a divisão dos tributos estabelecendo esses percen- tuais, que totalizam 4% de tributação total. Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário6 Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 2 Principais aspectos do ITR A Lei nº. 9.393, de 19 de dezembro de 1996, é responsável por apresentar o ITR e todas as regras de recolhimento desse imposto. Primeiramente, há de se considerar dois aspectos principais sobre esse imposto. O primeiro é que ele é de competência federal, ou seja, é a União que faz o recolhimento do imposto. O segundo aspecto é que ele é cobrado anualmente. Além disso, é importante considerar que o ITR somente incide sobre os imóveis localizados nas zonas rurais dos municípios. A Lei apresenta, ainda, as condições para os imóveis estarem imunes de recolherem o ITR. Segundo ela, as pequenas glebas rurais que são utilizadas apenas para a subsistência da família proprietária estão isentas de recolher o ITR. Além disso, o proprietário que não possua outro imóvel está imune de recolher o ITR desde que este possua tamanho inferior a: I – 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II – 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III – 30 ha, se localizado em qualquer outro município (BRASIL, 1996, documento on-line). Lembre-se de que cada hectare de terra possui 10 mil metros quadrados. São apresentadas, ainda, as condições para que um imóvel, mesmo quando localizado na área rural, seja isento de recolher o ITR. Para ser isento, o imóvel deverá apresentar uma das duas condições apresentadas a seguir (BRASIL, 1996). a) Imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos: ■ seja explorado por associação ou cooperativa de produção; ■ a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites esta- belecidos no artigo anterior; ■ o assentado não possua outro imóvel. b) Conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário: ■ explore-o só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros; ■ não possua imóvel urbano. 7Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 Segundo as normas que regulam o recolhimento do ITR (BRASIL, 1996), o contribuinte desse imposto é o título de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. A apuração do imposto deverá ser efetuada pelo contribuinte, seguindo sempre os dispostos apresentados pela Secretaria da Receita Federal. Para isso, ele deverá calcular o valor da terra nua tributável (VTNt) do tamanho real do imóvel, subtraídos os seguintes itens: (a) construções, instalações e benfeitorias; (b) culturas permanentes e temporárias; (c) pastagens cultivadas e melhoradas; (d) florestas plantadas. Após o cálculo do VTNt, o contribuinte deverá multiplicar esse valor pela alíquota correspondente, que considera a área total do imóvel e o seu grau de utilização (a relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável). O Quadro 2, a seguir, apresenta os graus de utilização de acordo com o tamanho da propriedade. Fonte: Adaptado de Brasil (1996). Área total do imóvel (em hectares) Grau de utilização (GU) (em percentual) Até 50 1,00 0,70 0,40 0,20 0,03 Maior que 50 até 200 2,00 1,40 0,80 0,40 0,07 Maior que 200 até 500 3,30 2,30 1,30 0,60 0,10 Maior que 500 até 1.000 4,70 3,30 1,90 0,85 0,15 Maior que 1.000 até 5.000 8,60 6,00 3,40 1,60 0,30 Acima de 5.000 20,00 12,00 6,40 3,00 0,45 Quadro 2. Grau de utilização versus tamanho do imóvel Como exemplo, pode-se considerar um imóvel localizado na área rural da cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo. Esse imóvel possui 150 hectares e um grau de utilização calculado de 80%, portanto, considerando-se o Quadro 2, ele teria de recolher a alíquota de 1,4% de ITR. Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário8 Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 3 Características principais do IPTU O Código Tributário Nacional apresenta as principais regras de cobrança do IPTU, pois, como esse imposto é de competência dos municípios, a cobrança dele é regulada por lei municipal, de modo que cada cidade tenha um regu- lamente próprio. O IPTU tem como fato gerador a propriedade de um imóvel localizado em zona urbana ou municipal, e seu contribuinte é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Segundo o Código Tributário Nacional, em seu At. 32: A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expan- são urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior (BRASIL, 1966, documento on-line). No entanto, um município somente poderá cobrar IPTU de um imóvel se ele estiver localizado em uma área considerada como zona urbana, definida por meio de lei municipal. Para isso, essa zona urbana precisa atender a, pelo menos, dois dos requisitos apresentados pelo Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966, documento on-line): I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II – abastecimento de água; III – sistema de esgotos sanitários; IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três qui- lômetros do imóvel considerado. A base do cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel atribuído pelo poder público sobre o preço daquele bem. 9Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 BRASIL. Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. BRASIL. Lei nº. 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Imposto sobre a Pro- priedade Territorial Rural - ITR, sobre pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras providências. Brasília, 1996. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9393.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. BRASIL. Lei nº. 10.931, de 2 de agosto de 2004. Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera o Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969, as Leis nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, nº 4.728, de 14 de julho de 1965, e nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências. Brasília, 2004. Disponível em http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.931.htm. Acesso em: 26 jan. 2020. FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2017. IOB. IRPJ/CSL/PIS-PASEP/COFINS: atividades imobiliárias - compra e venda, loteamento, incorporação e construção de imóveis. [S. l.: s .n.], 2006. Disponível em: http://www. iob.com.br/sitedocliente/downloads/suplementos/suplemento-ir-282006.pdf. Acesso em: 26 jan. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todostestados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Os tributos na formação da base de cálculo no setor imobiliário10 Identificação interna do documento VSRDOHFG4V-HWLKTP1 DICA DO PROFESSOR Conhecer sobre como os principais impostos são contabilizados na atividade imobiliária se faz necessário, em virtude das especificidades que esta atividade impõe. Diversos procedimentos, legislações e normas contábeis precisam ser respeitadas e seguidas para que os impostos possam ser calculados corretamente. Nesta Dica do Professor, veja como as diferentes empresas do ramo imobiliário podem optar pelos regimes tributários, como simples nacional, lucro presumido e lucro real e quais as vantagens que elas obtêm com cada um deles. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Segundo Fabretti (2017, p. 156), o fato gerador “é a concretização da hipótese de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária”. Considerando o fato gerador do Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana, assinale a alternativa correta. A) O IPTU tem como fato gerador a propriedade de bem imóvel localizado em zona urbana ou municipal. B) O IPTU tem como fato gerador a propriedade de bem móvel localizado em zona rural. C) O IPTU tem como fato gerador o uso de propriedade imóvel localizado em zona urbana ou municipal. O IPTU tem como fato gerador o aluguel de bem imóvel localizado em zona urbana ou D) municipal. E) O IPTU tem como fato gerador sublocação de bem imóvel localizado em zona rural. 2) No ano de 2004, foi aprovada a Lei n.º 10.931, responsável por implementar o regime especial de tributação (RET) às empresas de incorporações imobiliárias (IOB, 2006). Analisando o fragmento de texto apresentado, assinale a alternativa que apresenta os impostos e a alíquota recolhidos pelas empresas adotantes do RET no Brasil. A) IRPJ – 2,2%, CSL – 1,15%, Contribuição para o PIS/Pasep – 0,65% e Cofins – 3%. B) ICMS – 2,2%, CSL – 1,15%, Contribuição para o PIS/Pasep – 0,65% e IPTU – 3%. C) IRPJ – 5,2%, CSL – 1,15%, IPTU – 0,65% e Cofins – 3%. D) ITR – 2,2%, CSL – 1,15%, Contribuição para o PIS/Pasep – 0,65% e IPTU– 3%. E) IRPJ – 4,2%, CSL – 1,15%, Contribuição para o PIS/Pasep – 0,85% e ITR – 3%. 3) O IPTU é um imposto de competência municipal, portanto, ele deve ser regulado por legislação própria do município onde se localiza o imóvel. Assinale a alternativa que representa a base de cálculo do IPTU. A) Valor de construção do imóvel. B) Valor ajustado do imóvel no ano da cobrança do imóvel. C) Valor de mercado pago a prazo. D) Média do valor de mercado de imóveis no mesmo bairro. E) Valor venal. 4) O “grau de utilização é a relação percentual entre a área efetivamente utilizada pela atividade rural e a área aproveitável do imóvel; constitui critério, juntamente com a área total do imóvel rural, para a determinação das alíquotas” (BRASIL, 2019, p. 1). Esse grau de utilização é utilizado para calcular um dos impostos que incidem sobre a atividade imobiliária, assinale a alternativa que representa esse imposto. A) IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. B) ICMS – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. C) ISS – Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza. D) IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. E) ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. 5) O cálculo da terra nua precede o cálculo do ITR, portanto, é dever do responsável calcular tal imposto e saber efetuar tal cálculo. O Valor da Terra Nua (VTN) é o valor de mercado do imóvel rural, excluídos os valores de mercado a alguns itens que são desconsiderados Assinale a alternativa que representa um item que pode ser desconsiderado no momento do cálculo. A) Construções, instalações e benfeitorias. B) Culturas permanentes e temporárias. C) Pastagens cultivadas e melhoradas. D) Florestas plantadas. E) Terras disponíveis para plantação. NA PRÁTICA O cálculo do Imposto territorial rural (ITR) é de extrema relevância, uma vez que pode impactar diretamente na atividade rural desenvolvida em uma determinada propriedade. Algumas considerações devem ser feitas, pois a legislação apresenta uma série de informações que podem imunizar ou isentar propriedades do pagamento desse imposto. Veja quais são as propriedades que podem desconsiderar o pagamento do ITR e quais itens devem ser considerados no momento de cálculo desse imposto. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Código Tributário Nacional O Código Tributário Nacional (CTN) apresenta um compêndio completo sobre toda as legislações fiscais que tratam dos principais impostos no Brasil. Acesse o link e conheça o livro com todo o CTN reunido pela editora do Senado Federal. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cadastro Rural O Cadastro Rural é o site do Governo Federal que reúne as principais informações acerca de como deve ser calculado o ITR. Acesse e conheça todas as particularidades sobre o tema. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O IPTU e a tributação indutora como instrumento para o desenvolvimento sustentável O IPTU como instrumento do desenvolvimento sustentável é o tema da dissertação escrita por Ana Luisa Sousa Faria. Nela, é apresentado como esse imposto pode ser utilizado como instrumento de proteção e desenvolvimento do meio ambiente artificial, para que este atinja o patamar da sustentabilidade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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