Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carolina Mendes – MED102 Exame Físico do Aparelho Respiratório – Célio O exame do tórax começa pelas mãos, nas fotos pode ver o por que disso. Por exemplo o baqueteamento digital, que pode ser causado por várias doenças, dentre elas as doenças do pulmão como o câncer de pulmão. A respeito da cianose, na imagem é o fenômeno de Raynaud, ocorre isoladamente ou subjacente a alguma doença reumatológica, como na esclerose sistêmica que cursa muito com fenômeno de Raynaud, e essas doenças reumatologicas trazem doenças pulmonares consigo. Um grande número de pacientes com doenças reumatológicas (esclerose sistêmica, artrite reumatoide) trazem doenças fibrosantes do parênquima pulmonar, essas por sua vez causam baqueteamento digital. A impregnação pela fumaça de cigarro, sinal que de tanto fumar fica impregnado na pele, podendo ficar no cabelo, mão, dentes, bigode e também no epitélio do aparelho respiratórios e os alvéolos causando lesões. Exame do Tórax Primeiro cumprimenta o paciente, vamos fazer o exame do tórax que tem um particular em relação ao posicionamento do paciente. O posicionamento adequado do paciente varia de acordo a situação clínica. O exame no abdome, o paciente está em decúbito dorsal, com ao abdome e pelve descobertos, cabeceira baixa ou discretamente elevada, os braços estendidos ao lado do corpo. No caso do tórax, prefere que o paciente esteja sentado. O tórax tem que estar desnudo, para fazer o exame das partes moles e ósseas. A ausculta, a percussão e a palpação tem que ser feita sobre a pele. Pode colocar o paciente deitado, semi-recostado, sentado ou de pé. Os pacientes que insuflam mal o pulmão, da preferência para auscultar o pulmão de pé e apoiados para que não fique tonto durante o episódio de ventilação. O que vai ditar a posição com que vai fazer o exame físico do paciente, é o conforto do paciente e do médico no sentido de facilitar o exame. Numa maneira geral, o paciente sentado com o tórax desnudo para que possa avaliar a região anterior e posterior do tórax. Uma vez o paciente na posição correta, vamos olhar o tórax e imaginar as estruturas subjacentes a pele, a parte externa do tórax. Aqui temos os limites anatômicos dos pulmões: Superiormente: 2 cm acima da borda merdial da clavícula. Inferior: nível do 6º arco costal na linha hemiclavicular. Na altura do apêndice xifoide (que é o limite inferior do exame dos pulmões na região anterior do tórax). É onde vai conseguir fazer a palpação, a percussão e a ausculta dos pulmões. A nível do 4º arco costal, tem uma linha que na teoria é onde estaria o limite entre o lobo superior direito e o lobo médio. A faixa na lateral, mostra uma pequena lingueta do lobo inferior direito, se insinuando na parte lateral do tórax. De modo semelhante, no hemitórax esquerdo, tem uma lingueta do lobo inferior esquerdo. Toda a extensão anterior do hemitórax direito é formada pelo lobo superior esquerdo, que compreende a lingula e fica margeando a área cardíaca. Carolina Mendes – MED102 Posteriormente no tórax, o limite inferior fica 4 dedos da ponta da escápula. Põe a mão logo abaixo da escápula para demarcar o limite inferior, marcando a transição do tórax para região lombar. Acima da clavícula, temos a região do pulmão, no exame físico se colocarmos o estetoscópio nessa região ou percutir essa região bilateralmente consegue fazer a ausculta de uma pequena região do pulmão, não é usual porque é uma região pouco representativa, mas consegue fazer o exame. Como vou saber a transição entre os pulmões e o abdome? Na lateral do hemitórax direito, tem uma sombra e posteriormente põe a mão na horizontal, apoiando quatro dedos abaixo da ponta da escapula, para que empiricamente para que atinja o limite inferior da avaliação do parênquima pulmonar. Anteriormente, o limite que separa o tórax do abdome é o processo xifoide. Existem quatro itens para o exame físico do tórax. Tem a inspeção, palpação, percussão e ausculta. Todos os sintomas detêm essas mesmas caraterísticas, mas com algumas modificações em relação a ordem. Inspeção A inspeção é dividida em duas etapas: → Estática: tudo aquilo que consegue identificar através da foto do paciente Formas de tórax Abaulamentos, retrações, lesões cutâneas Circulação colateral → Dinâmica: tem movimentação do tórax. Frequência respiratória e ritmo respiratório, existem características de expansividade torácica, frequência e intensidade que caracterizam esse ritmo Sinais de esforço respiratório Inspeção Estática → Posição da traqueia → Lesões cutâneas → Tórax em Tonel: tórax que fica muito expandido por aprisionamento de ar, o esterno ficou protruso, o diafragma fica reto. Ex: DPOC → Tórax de pombo ou peito em quilha: esterno protuso. Crianças podem ter por causa de anomalia cardíacas congênitas, que causam o aumento de volume do coração que empurra o esterno para frente. → Pectus escavatum ou tórax em funil: o esterno está retraído no tórax. Carolina Mendes – MED102 → Cifoescoliótico: aumento da cifose torácica associado a um desvio lateral da coluna. É uma alteração da forma do tórax, devido as desvio da coluna vertebral e está associado evolutivamente a insuficiência respiratório crônico. Essa alteração da caixa torácica, o diafragma não funciona adequadamente, os espaços intercostais de um lado são aproximados, do outro são afastados, isso não permite uma dinâmica ventilatória adequada. Esse paciente não ventila direito os alvéolos, assim o CO2 aumenta e o O2 diminui, a longo prazo desenvolve o quadro e insuficiência respiratória crônica. A relação dos diâmetros: O diâmetro ântero-posterior é a metade do latero- lateral, quando tem o aumento do diâmetro ântero- posterior, a relação também aumenta, geralmente está relacionado com aprisionamento de aéreo ou deformidade torácica como pectus escavatum. → Circulação Colateral: vasos tortuosos, turgidos e elevados. Isso acontece porque o fluxo que se forma, por uma alteração da pressão dos vasos pequenos, em uma região que não deveria ocorrer o fluxo sanguíneo maior. A veia cava superior, formada na junção de vasos, quando obstruída os vasos que ficam na região ficam turgidos e procuram caminhos adicionais para chegar ao coração, e forma a circulação colateral na síndrome da veia cava. Como está drenando mal, as regiões ficam edemaciadas. → Ginecomastia: aumento do volume da mama, pelo aumento do desenvolvimento do tecido glandular da mama. Na palpação, há tecido glândula, pergunta se há dor ou não. Se for só gordura, será palpado algo homogêneo. Causas: distúrbios endócrinos, medicamento espirolactona, a insuficiência hepática. → Alterações da parede torácica Uma das doenças que com alguma frequência acomete o pulmão de maneiras diferentes uma delas é o derrame pleural, síndrome da veia cava e câncer de mama. Uma paciente com 30 e poucos anos chegou no HUV apresentando dor na base do hemitórax direito. E com a anamnese nada foi esclarecido, no exame físico foi observado a assimetria na mama, com uma retração da mama direita há um ano. Com isso a primeira hipótese que vem é a câncer de mama, com o exame mostrou nódulos pulmonares, tinha metástase pra ambos os pulmões e o gradil costal que indicou a dor. → Lesões cutânea → Ritmo Respiratório É determinado pela caracterização de um padrão ventilatório especifico. ∙ Taquipnéia: amplitude igual com frequência aumentada ∙ Dispnéia Suspirosa: Amplitude regular com uma eventual inspiração mais profunda. A dispneia depende do desconforto relatado pelo paciente. ∙ Ritmo de Biot: anarquia da ventilação. O volume aumenta, depois reduz, pode não terminar a expiração. É um quadro que sugeredoença de SNC ou fase de falência respiratória. Na acidose metabólica, ácidos orgânicos acumulados reduzem o pH do sangue e a resposta fisiológica é a eliminação do ácido carbônico pela parte ventilatória para que o pH sanguíneo retorne ao normal. Tem duas situações ventilatórias que podem se instalar: ∙ Ritmo de Cantani: aumento da amplitude respiratória que as vezes pode estar associado ao aumento da frequência respiratória. Carolina Mendes – MED102 ∙ Ritmo de Kussmaul: inspira, pausa inspiratória, expira, pausa expiratória. ∙ Ritmo de Cheyne-Stokes: associado ao acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca grave. A amplitude vai aumentando progressivamente depois vai reduzindo à apneia. → Sinais de esforço respiratório ∙ Tiragem intercostal ∙ Tiragem subcostal ∙ Retração da fúrcula esternal ∙ Uso da musculatura acessória cervical ∙ Batimentos das asas do nariz ∙ Respiração paradoxal: o tórax expande e o abdome retrai. O diafragma fica fraco pelo esforço ventilatório continuo, e na hora que expande o tórax com a musculatura cervical, ao invés do diafragma rebaixar, empurrar as vísceras abdominais e protrair o abdome, o diafragma é sugado para dentro do tórax e o abdome retrai. Sinais gravíssimos de comprometimento ventilatório. Cornagem ou Estridor: ruído respiratório associado a obstrução de grandes vias aéreas. PALPAÇÃO → Pontos dolorosos: deve perguntar se o paciente tem algum ponto doloroso, senão deve fazer uma procura ativa de pontos dolorosos no tórax. → Expansibilidade: ver se ao insuflar os pulmões, eles insuflem simetricamente e similitude. A medida que insufla os pulmões, os dedos do médicos vão se afastar da linha média, se afastarem pouco mais igual é porque tem uma redução da expansibilidade mas simétrico. Pode expandir pouco e/ou diferente Existem doenças que acomete só um lado do tórax e reduzem a expansividade e existem doenças que acometem a força muscular, como a esclerose lateral amiotrófica, a expansibilidade era reduzida dos dois lados e com isso não ventilava os pulmões. Mas um tumor que obstrui a passagem de ar para um dos pulmões, um pulmão vai expandir bem e o outro com a obstrução, não. → Frêmito toracovocal: percepção da vibração gerada a partir da fonação da laringe. Pede o paciente para o paciente falar 33. A mão pode ser colocada verticalmente ou horizontalmente. Com a palma dos dedos apoiada na parede torácica. Isso deve ser feito de maneira simétrica, em progressão em barra grega. Um paciente com derrame pleural, o pulmão que está com liquido entre os folhetos da pleura, o pulmão é rechaçado para dentro do tórax. Como o pulmão foi empurrado, na base inferior não tem mais via aérea, então nessa região vai ter o frêmito toracovocal abolido no terço inferior do hemitórax direito, no hemitórax esquerdo frêmito toracovocal presente em intensidade normal em todo hemitórax esquerdo. Um paciente com trauma torácica por uma fratura de costela que penetrou no pulmão e causou pneumotórax, tem ar só que fora do pulmão, o pulmão está reduzido de volume. Quando for fazer o frêmito toracovocal e comparar com o normal normal, na região com o ar, o frêmito toracovocal vai estar abolido, na região com o volume do pulmão reduzido, pode ter frêmito toracovocal só que reduzido. Carolina Mendes – MED102 O limite inferior no exame torácico, é quatro dedos abaixo da ponta da escapula. → Frêmito pleural PERCUSSÃO A percussão visa a avaliação de estrutura de preenchimento da cavidade torácica e avaliar o parênquima pulmonar, que é aerada. → Som claro atimpânico: pulmão normal → Som maciço: derrame pleural, condensação, atelectasia → Som submaciço: superposição do pulmão com fígado. → Som hiper-ressonante: enfisematoso (tórax em tonel, hiperinsuflado) → Som timpânico: pneumotórax. A percussão é feita por a colocação do dedo médio, apoiando apenas a falange distal na horizontal, os outros dedos afastados da caixa torácica. A percussão é feita com o dedo médio da outra mão no ângulo de 90 graus com a falange do dedo apoiado sobre o tórax, nos espaços intercostais. Apenas a mão que vai mexer. A percussão progride em barra grega começando na região infraclavicular até a altura do apêndice xifoide. Se fizer a percussão abaixo do apêndice xifoide vai encontrar um som submaciço, porque vai se encontrar perto das vísceras maciças. Perto do coração será um som maciço, pois mesmo sendo oco, o coração é preenchido por sangue. Não pode percutir sobre regiões ósseas. AUSCULTA PULMONAR Particularidades: 1- Cuidados com a biossegurança 2- Observar a manobra ventilatória orientada – estimule o paciente 3- A memória auditiva é importante – o que é normal? 4- Considere as características anatômicos e o biótipo do paciente 5- Realize a ausculta com conhecimento da anatomia Ausculta é feita em barra grega, respeitando os limites inferiores do tórax. Os ruídos ventilatórios vão variar dependendo das regiões do tórax. Cada região do tórax determina um tipo de som, na região cervical, que não é usual de ausculta, tem um som chamado de som bronquial, é um som rude, grave e é escutado quando tem doença do parênquima pulmonar ou uma cavidade ou uma pneumonia. Som Bronquial: é intenso nas duas fases (inspiração e expiração) Acima do esterno, quatro dedos abaixo da fúrcula, aqui o ruído é mais intenso, pode escutar a inspiração mais facilmente e mais alto Palpa o apêndice xifoide, na altura do apêndice xifoide (um pouco mais alto) na linha hemiclavicular. Quando está dentro do parênquima pulmonar, a via aérea está de menor calibre e está envolta pelo tecido pulmonar, o que dificulta escutar o ruído do fluxo aéreo pela via aérea. Então é normal escutar o ruído mais delicado na periferia do que na região mais central do tórax. Na região posterior, a ausculta é feita na região interescapulovertebral, acima da escapula e com limite inferior quatro dedos abaixo do limite inferior da escapula. Localização anatômica: Quando ausculta na: Carolina Mendes – MED102 Traqueia: som traqueal – escuta inspiração e expiração Sobre o brônquio, na região do esterno: som bronquial – escuta na inspiração e expiração Na região mais lateral (região branca na imagem e mais para baixo): som broncovesicular – tem a mistura de características do som bronquial que é mais rude e uma característica do som vesicular da periferia, que é um som mais delicado, que é escutado bem na inspiração e na fase de expiração ele some. Periferia: som vesicular – mais delicado, escuta bem a inspiração e escuta também no início da expiração depois some. A ausculta pulmonar é broncovesicular e vesicular. → Sons normais: murmúrio vesicular, broncovesicular, bronqueal, traqueal. → Ruídos adventícios: ∙ Contínuos: sibilos e roncos ∙ Descontínuos: crepitações finas e grossas ▷ Crepitação finas: - Audíveis ao final da inspiração - Sons agudas - De curta duração - Não se modificam com a tosse ▷ Crepitação Grossas: - Audíveis no início da inspiração e toda expiração - Sons graves - Modificam-se com a tosse Broncofonia (escuto da vocalização, com intensidade normal), egofonia (paciente fala “E” e escuta bem só que em região comprimida por derrame pleural), pectorilóquia afônica (quando o paciente fala baixo mas consegue escutar) Da mesma maneira que o frêmito toracovocal que é a inspeção da vibração da fonação, ausculta também os ruídos da fonação com o estetoscópio. Os ruídos gerados pela fonação normalmente ficam distorcidos, mas quando tem preenchimento dos alvéolos, dos sacos alveolares e em última análise preenchimento do parênquima pulmonar sem que tenha envolvimento dos brônquios, que são as vias aéreas,a vibração chega mais fácil no estetoscópio. Na pneumonia, tem o preenchimento dos sacos alveolares por um material purulento por uma resposta inflamatória ao microrganismo que esteve ali. Como isso fica consolidado por causa do preenchimento com pus, a propagação da vibração no meio sólido ou semi-sólido fica melhor do que fosse propagar pelo meio pulmonar normal com ar. Então quando tem uma consolidação, a vibração da fonação chega ao estetoscópio melhor, isso é o que fala que é broncofonia ou pectoriloquia afônica. Quando o paciente está com pneumonia, escuta o som bronqueal na periferia, na região do murmúrio vesicular, mas como está consolidado na hora que respira, gera ruído e vai estar escutando som bronqueal na região do murmúrio vesicular. → Ruídos anormais: ∙ Grandes vias aéreas (traqueia/brônquios fonte): estridor ∙ Pleura: atrito pleural RESUMO DESCRITIVO DO EXAME DO APARELHO DO REPIRATÓRIO Paciente eupneico, sem esforço ventilatório evidente; FR: 19 IRPM, ritmo respiratório atípico; Tórax atípico sem lesões de partes moles ou ósseas perceptíveis ou palpáveis. Não há pontos dolorosos; Expansibilidade ampla e simétrica com FTV palpável e intensidade e distribuição normais; Percussão com som universalmente claro e atimpânico; Murmúrio vesicular universalmente audível com intensidade normal. Não há ruídos adventícios.
Compartilhar