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1 ALEITAMENTO MATERNO O aleitamento materno costuma ser classificado em: ♡ Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de hidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. ♡Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais (em quantidades limitadas). ♡ Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. ♡ Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementar o leite materno e não de substituí-lo. Assim, leites de outras espécies utilizados para substituir o leite materno não são considerados alimentos complementares. O termo “suplemento” tem sido utilizado para água, chás e/ou substitutos do leite materno. ♡ Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. Julyana de Aquino Guerreiro Araújo 2 vantagens do aleitamento materno Redução da mortalidade infantil Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções comuns, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia prevenir 50% das mortes por doenças respiratórias e 66% das causadas por diarreia. Redução da morbidade por diarréia e infecção respiratória Há fortes evidências epidemiológicas de que o leite materno confere proteção contra diarreia e episódios de infecção respiratória, sobretudo em crianças de baixo nível socioeconômico de países em desenvolvimento. É importante salientar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Suplementação do leite materno com água ou chás, até pouco tempo considerada inócua, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. Redução de alergias O aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma; o aleitamento materno, independentemente de ser exclusivo, reduz o risco de sibilos recorrentes; a proteção aumenta com a duração do aleitamento materno, até pelo menos os quatro meses, e parece persistir por pelo menos 10 anos; o aleitamento materno protege contra o desenvolvimento de dermatite atópica; exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia a esse leite, mas não afeta a incidência de doenças atópicas no futuro; e os efeitos benéficos do aleitamento materno são particularmente evidentes em crianças com história familiar de doenças atópicas. Melhor nutrição Por ser produzido pela mesma espécie (homólogo), o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. Julyana de Aquino Guerreiro Araújo 3 O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses. Ele continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas. É importante lembrar que as crianças amamentadas podem apresentar crescimento inferior ao das crianças alimentadas com leites industrializados entre os três e os nove meses, sem que isso, no entanto, implique qualquer desvantagem para a criança. Melhor desenvolvimento da cavidade bucal Não só o conteúdo do leite materno é benéfico, mas também o exercício que a criança faz para retirar o leite do seio da mãe. Esse exercício é importante para o desenvolvimento da cavidade bucal, que inclui melhor conformação do palato duro, importante para o alinhamento correto dos dentes e menos problemas de má-oclusão. Outro aspecto importante a considerar é o espaço da cavidade nasal. Quando o palato é empurrado para cima (com o uso de chupetas e mamadeiras), o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho da câmara nasal, afetando a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão, respiração oral e alteração motora-oral. Proteção contra câncer de mama A prática do aleitamento materno está associada com uma redução na prevalência de câncer de mama. Uma ampla revisão da literatura, englobando 47 estudos provenientes de 30 países, constatou que o risco relativo de contrair câncer de mama diminuía 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. Essa proteção ocorre tanto nas mulheres de países desenvolvidos como nas dos países menos desenvolvidos e independe de idade, etnia, presença ou não de menopausa e paridade. Segundo os autores, a amamentação poderia reduzir de 6,3 para 2,7% a incidência de câncer de mama nos países desenvolvidos. Julyana de Aquino Guerreiro Araújo 4 Efeito anticoncepcional Mulheres que amamentam apresentam períodos de amenorreia, anovulação e infecundidade mais prolongados, resultando em maiores intervalos intergestacionais e menores taxas de crescimento populacional. A eficácia da lactação como anticoncepcional é de 98% nos primeiros seis meses após o parto, desde que a amamentação seja exclusiva ou predominante e que a mãe se mantenha amenorreica. Acredita-se que a sucção do bebê ao seio seja o fator mais importante na manutenção da infertilidade no período pós-parto. Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada ao número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto, em geral, amamentam menos vezes por dia que as demais. Proteção contra diabete tipo 2 na nutriz Existe uma associação entre aleitamento materno e diabete tipo 2 na mulher que amamenta. O acompanhamento de duas coortes de mulheres norte-americanas envolvendo mais de 150 mil mulheres jovens e de meia-idade, com filhos, permitiu observar redução de 15% na incidência de diabete tipo 2 para cada ano de lactação, independentemente do índice de massa corpórea e de outros fatores de risco relevantes para a doença. Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. Técnica de Amamentação A técnica de amamentação, em especial o posicionamento da dupla mãe-bebê, e a pega/sucção do bebê, é importante para a retirada efetiva do leite pela criança e proteção dos mamilos. Uma posição inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina “má pega”. Essa, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração de leite, podendo dificultar o esvaziamento da mama, com consequente diminuição da produção do leite e ganho de peso insuficiente do bebê, apesar de permanecer longo tempo no peito. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais nutritivo e rico em gorduras. Além disso, a má pega favorece traumas mamilares. Julyana de Aquino Guerreiro Araújo 5 Estudos ultrassonográficos mostram que quando o bebê tem pega correta, o mamilo fica posicionado na parte posterior do palato, protegido de fricção e compressão, prevenindo traumas mamilares. Para boa técnica de amamentação, é importante que mãe e bebê estejam em posição confortável, que não interfira com a capacidade do bebê de abocanhar tecido mamário suficiente (cerca de 2 cm de tecido mamário além do mamilo), de retirar o leite efetivamente e de deglutir e respirar livremente. A mãe deve estar relaxada e segurar com firmeza o bebê completamente voltado para si. Em pega ótima, os lábios do bebê ficam levemente voltados para fora. Lábios apertados são indicação deque ele não conseguiu pegar tecido suficiente. É importante enfatizar que quando a criança é amamentada em uma posição adequada e tem uma pega boa, a mãe não sente dor. A Tabela 1.3 pode servir de guia para os profissionais de saúde e para as mães conferirem posicionamento e pega na amamentação. Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, dificultando a pega adequada. Em tais casos, recomenda-se, antes da mamada, a expressão manual da aréola ingurgitada. Para uma boa técnica de amamentação, a OMS destaca quatro pontos-chave para posicionamento e quatro para pega. Os seguintes sinais são indicativos de técnica inadequada de amamentação: bochechas do bebê encovadas a cada sucção, ruídos da língua, mama aparentando estar esticada ou deformada durante a mamada, mamilos com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê solta a mama e dor durante a amamentação. Julyana de Aquino Guerreiro Araújo 6 Julyana de Aquino Guerreiro Araújo
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