Buscar

Capítulo II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2.3 DA ELABORAÇÃO DE PROVAS
	Será visto neste item os meios de prova utilizados na Justiça Arbitral. Primeiramente, cumpre esclarecer que são estes os mesmos conhecidos nos demais ramos do Direito, quais sejam, as provas via documento, testemunha, depoimento e perícia. 
	Feito este introito, passa-se a análise da elaboração das provas no âmbito da Justiça Arbitral.
	Justificando a necessidade de elaboração e produção de provas no processo norteado pelo árbitro, o doutrinador Carlos Alberto Carmona assevera que: “da mesma forma que o juiz togado, o árbitro deverá instruir a causa, ou seja, prepará-la para decisão, colhendo as provas úteis, necessárias e pertinentes para formar o seu livre convencimento.”[footnoteRef:1]	 [1: CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.312-313.] 
	Consoante a este entendimento, vale complementá-lo com a informação trazida pelo art. 22, caput, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:2], a lei que disciplina a arbitragem. Segundo o referido disposto normativo, ao árbitro são conferidos poderes amplos suficientes a determinar a confecção de provas que entenda pertinente ao caso sob exame, não dependendo, contudo, de solicitação prévia das partes para motivá-lo. [2: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1435. Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício.] 
	Ainda nessa esteira, Luiz Antonio Scavone Junior[footnoteRef:3], esclarece que também são poderes conferidos ao árbitro: a requisição de documentos e informes de órgãos públicos; a determinação de realização de exames e vistorias; a inquirição de testemunhas que não tenham sido arroladas pelas partes; a repetição de provas, se necessárias para seu convencimento etc. [3: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 133/134.] 
	Das informações apostas, bem como do pesquisado na confecção deste trabalho monográfico, depreende-se o entendimento de que o árbitro poderá agir, no momento da produção de provas, isoladamente, ou seja, sem que haja provocação das partes, ou, ainda, a requerimento destas. 
	E na hipótese da elaboração de provas ser fundada no requerimento dos envolvidos no litígio a que se deseja dirimir, caberá a estes a fixação do procedimento, bem como sua forma e ordem de realização.
	Mister se faz esclarecer, também, que, segundo obra ilustre do autor Antônio Sodré[footnoteRef:4], apesar de ser aconselhável que sejam as provas elencadas no início do processo, na Justiça Arbitral admite-se que a produção de novas provas sejam solicitadas pelas partes e deferidas pelos árbitros, se entenderem estes últimos que, revestem-se aquelas de essencialidade no esclarecer do fato conflituoso. [4: SODRÉ. Antônio. Curso de direito arbitral. São Paulo: J.H. Mizuno, 2008. p. 48.] 
	Voltando, por necessário, as formas de prova existentes no procedimento em comento, destacando a mais comum delas, porém ressalvando as várias possibilidades existentes, J.E. Carreira Alvim[footnoteRef:5] assim expõe: [5: ALVIM, J.E. CARREIRA. Direito Arbitral. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 319-320.] 
Conquanto a prova mais comum, na arbitragem, seja a documental, não existe, em princípio, nenhuma restrição à admissibilidade de outras provas, desde que moralmente legítimas, e acordes com a ordem pública, e com os bons costumes, salvo se o contrário houverem disposto as partes na convenção de arbitragem.
	Neste ponto, convém mencionar que a elaboração de provas, em grande maioria, se dá de forma livre. No entanto, havendo a possibilidade de que seja determinada a produção de prova oral, no procedimento arbitral, haverá necessidade de que esta seja reduzida a termo.
	E por falar em liberdade de forma, ressalta-se que aos juízes privados é conferido livre arbítrio no deferimento de produção de certas provas. No entanto, em outras lhes é reservado o direito de decidir posteriormente. 
	Entendendo que no processo arbitral as provas obtidas por meio de documentos e perícias não reúnem informações tão diversas do processo comum, convém tecer alguns comentários quanto as provas orais. 
	Sobre estas, o art. 22, em seus parágrafos 1º e 2º, da Lei de Arbitragem assim discorre[footnoteRef:6]: [6: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1435. ] 
[...] §1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros. 
§ 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem.
	A corroborar com o que vem sendo definido neste item e, mais uma vez enfatizando o momento de elaboração da prova oral, impende transcrever o lecionado por Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart [footnoteRef:7]: [7: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. Procedimentos especiais. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribuanis, 2011. p.370. v. 5.] 
Em Matéria de prova, tem o árbitro (ou o tribunal arbitral) amplos poderes instrutórios. Todos os meios de prova podem ser realizados no procedimento arbitral, de ofício ou a requerimento de qualquer dos interessados. A colheita da prova oral (depoimento das partes e oitiva de testemunhas) será feita por termo (assinado pelo depoente – ou a seu rogo – e pelo árbitro) em data e local previamente comunicados por escrito às partes. Não comparecendo a parte ao ato de seu depoimento, sua ausência será considerada como elemento probatório por ocasião da sentença; faltante a testemunha, solicitará o árbitro à autoridade judiciária sua condução coercitiva, bastando para isso a prova da existência da convenção de arbitragem (art. 22, § 2.º). Havendo substituição de árbitros, no curso do procedimento, poderá o substituto repetir as provas já produzidas. 
	Em que pese o fato de não ser razoável que sejam considerados, para fins de prova, somente os depoimentos das partes, é de se reconhecer que estes se revestem de grande importância dentro do processo para o deslinde dos fatos. 
	Ora, a análise do conjunto probatório aliada aos depoimentos pessoais pode ser causa definitiva no momento de se sentenciar. Ao passo que é importe mencionar, ainda, que na hipótese de confissão por uma das partes, pode esta ser caracterizadora de fato preponderante na sentença, uma vez que, na espécie, poderá haver assunção do sujeito de episódio desfavorável a sua própria causa.
	Com relação a forma de colheita dos depoimentos, não há óbice na colheita destes à distância. Ou seja, independente de estarem às partes fisicamente presentes, utilizando-se de aparelhagem eletrônica, através do uso de videoconferência, por exemplo, e, desde que seja respeitado o já explicado neste capítulo, princípio do contraditório, poderão ser àqueles realizados normalmente. Destacando-se, ainda o que já foi dito em linhas pretéritas quanto a necessidade de sua redução a termo. 
	Noutro giro, com relação a oitiva testemunhal, ao árbitro competirá pronunciar-se quanto a sua necessidade e pertinência. Entendendo este positivamente, ou seja, entendendo ser pertinente o comparecimento da testemunha arrolada e, negando-se esta a comparecer, sem justificar tal fato, para que seja determinada a sua condução coercitiva haverá necessidade de concurso do Poder Judiciário. 
	Lembrando o esposado no capítulo primeiro, noprocesso movido na Justiça Arbitral não há intervenção do Poder Judiciário, salvo nas hipóteses em que a sua invocação ocorrer em função da necessidade do uso de força de resistência por uma das partes ou de terceiros, conforme narrou-se no parágrafo anterior.
	Visando solucionar a lide da melhor forma possível, respeitando os princípios norteadores do processo, bem como observando atentamente as provas reunidas nos autos processuais, o árbitro poderá se valer de depoimentos prestados por técnicos. Ou seja, pressupondo a necessidade de que seja ouvida a opinião de terceiro não envolvido no conflito, que seja técnico em determinado assunto, poderá o árbitro suscitar-lhe a oitiva sob o argumento de que a interpretação obtida através de seu depoimento será de grande valia em sua decisão. 
	Defendendo tal possibilidade, mais uma vez é importante destacar os precisos ensinamentos expostos na obra de Carlos Alberto Carmona[footnoteRef:8], in verbis: [8: CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 319.] 
O depoimento técnico poderá dar aos árbitros as informações especializadas de que necessitam para resolver uma ou alguma das questões postas pelas partes e que requerem conhecimento de práticas de mercado, usos comerciais ou métodos de produção.
	No momento da análise das provas apostas, ao árbitro caberá realizar a valoração dos objetos probantes concatenados. Nesse sentido, pautando-se em critérios razoáveis de direcionamento, para que seja feita uma correta avaliação e, consequente, sentença, há necessidade de tarifação das referidas provas, conforme assente orientações doutrinárias, tais como a de José de Albuquerque Rocha[footnoteRef:9], que assim dispõe: [9: ROCHA. José de Albuquerque. Lei de Arbitragem: uma avaliação crítica. São Paulo: Atlas, 2008. p. 83-84.] 
[...] A primeira consiste em tarifar as provas. O legislador edita regras fixando um “preço” para as provas, o que importa discriminá-las. É o sistema da prova tarifada ou prova legal em que o trabalho do juiz cifra-se a um cálculo aritmético, isto é, a verificar o “preço” atribuído à prova pela lei. O segundo modelo consiste em atribuir ao julgador o poder de valorar as provas dos autos com seu livre e racional convencimento. Finalmente, o terceiro modelo consiste em atribuir ao julgador liberdade para formar sua convicção de acordo com seu íntimo conhecimento, ou seja, sem vinculação aos elementos probatórios existentes nos autos. Entre nós, vige o segundo modelo, conforme o qual o julgador tem o poder de valorar as provas dos autos de acordo com seu livre e racional convencimento. Este modelo é uma derivação lógica do princípio geral da liberdade de prova adotada pela Constituição, que só não admite no processo as provas obtidas por meios ilícitos (artigo 5º, item LVI). Este segundo modelo é válido para os árbitros, de vez que é inerente ao princípio constitucional da liberdade de prova, que decorre a conseqüente liberdade de sua avaliação.
	Por derradeiro, cumpre esclarecer que, o mecanismo de solução de conflitos, por meio da arbitragem, adotado no Brasil, obedecendo a princípios pré-estabelecidos, tais como os vistos no início deste capítulo – princípio do livre convencimento do árbitro – defende que a valoração de provas depende unicamente da certificação livre e racional por parte do julgador. Razão pela qual, a este somente limita-se que sejam aquelas fundadas e obtidas licitamente. 
2.4 DA ATUAÇÃO DO ÁRBITRO E DO ADVOGADO NO PROCESSO ARBITRAL
Remontando ao capítulo primeiro deste trabalho, no qual reservou-se importante item para demonstrar sucintamente o histórico da arbitragem, inicia-se o presente tópico com a explanação de que o papel desempenhado pelo árbitro foi desenvolvido, primeiramente, através das relações existentes entre Estados autônomos. E com o passar do tempo, o referido papel passou a ser desempenhado em contratos realizados entre Estados e empresas privadas de outros países, bem como em contratos comerciais distintos, também no âmbito internacional. 
Conforme será demonstrado ao longo da exposição seguinte, a atuação do árbitro e do advogado no processo arbitral reúne diversas vantagens para as partes envolvidas. Refletindo-se estas até mesmo na sociedade que, indiscutivelmente, se beneficia com a instituição crescente, diga-se de passagem, do apto método do mecanismo arbitral na solução de conflitos. 
Nessa esteira, a priori serão tecidos alguns comentários sobre a atuação do árbitro e, a posteriori mencionar-se-á, sumariamente, sobre a atuação do advogado no processo arbitral. 
O árbitro se equipara a figura do juiz nos processos comuns, sendo aquele denominado muitas vezes de juiz arbitral. No entanto, a principal diferença entre eles é que o título de juiz arbitral pode ser conferido a qualquer pessoa capaz e que detenha a confiança dos envolvidos ao caso. No âmbito da justiça arbitral, são as partes que escolhem o suposto juiz que julgará seus respectivos casos, na oportunidade, elas conferem-lhe autoridade bastante para tanto. O que foge totalmente a praxe da justiça comum, na qual os poderes conferidos a um juiz são outorgados pelo Estado. 
Dentre os pressupostos que devem ser observados pelo árbitro há a submissão deste aos princípios e regras legais. 
Consoante a esta afirmação, Luiz Antônio Scavone Junior[footnoteRef:10] ensina que a conduta do árbitro deve se pautar na independência e na imparcialidade. Assevera, ainda, o autor, que em conformidade com o previsto no art. 13, caput, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:11], deve o árbitro revestir-se de capacidade plena no exercício pessoal dos direitos[footnoteRef:12]. Conforme já explanado em momento anterior, para que seja caracterizada a plena capacidade, o sujeito que quiser ser árbitro não poderá revestir-se de incapacidade alguma, seja ela relativa ou absoluta[footnoteRef:13]. [10: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 93.] [11: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.] [12: JUNIOR, op. cit., p. 91.] [13: BRASIL. Lei no 10.406/2002. Institui o Código Civil. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 157. Art. 3.º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; Art. 4.º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.] 
O árbitro afigura-se no processo como um especialista da matéria alvo de discussão. Segundo Carlos Alberto Carmona[footnoteRef:14], caberá, também, a depender do caso concreto sob análise, a utilização do conhecimento técnico oriundo de peritos. [14: CARMONA, Carlos Alberto. Em torno do árbitro. Revista de Arbitragem e Mediação, São Paulo, v. 28, n. 8, jan/mar, 2011, p. 62. Revista dos Tribunais.] 
De acordo com os requisitos elencados, infere-se a desnecessidade de que o árbitro tenha formação jurídica e tão pouco que seja advogado. No entanto, há vedação expressa na Lei Complementar nº 035/79, de fato contrário. Em seu art. 26, inciso II, alínea “a” [footnoteRef:15], há previsão de que o juiz togado não poderá ser árbitro, conquanto não pode este exercer qualquer outra função, em razão de seu cargo vitalício, salvo cargo de magistério superior. [15: BRASIL. Lei Complementar nº 35/1979. Dispõe sobre a Lei orgânica da MagistraturaNacional. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1094. Art. 26. O magistrado vitalício somente perderá o cargo (vetado): (...) II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses seguintes: a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular.] 
Ainda no que tange as desnecessidades na atuação como árbitro, demonstrando grande prestígio a obra escrita por Luiz Antônio Scavone Junior[footnoteRef:16], utiliza-se outra vez de suas lições para asseverar que não há impedimento para que estrangeiros figurem como árbitros. Não sendo igualmente necessário que seja proferida na linguagem nacional a sentença. [16: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 94.] 
Noutra senda, é importante observar, ainda, que apesar dos árbitros não atuarem em nome do Estado, vez que atuam na esfera privada, cabe a estes obediência a jurisdição que lhes é determinada pelas partes. A elucidar, José Carlos de Magalhães dispõe [footnoteRef:17]: [17: MAGALHÃES, José Carlos de. O árbitro e a arbitragem. Revista de Arbitragem e Mediação, São Paulo, v. 29, n.8, abril/jun, 2011, p. 34. Revista dos Tribunais.] 
Já se viu que, em arbitragens entre Estados e as em que estes contendem com empresas privadas, o árbitro não integra a estrutura oficial de qualquer país, mas recebe jurisdição, ou seja, autoridade para declarar o Direito, diretamente das partes. Há, dessa forma, uma característica que identifica a figura do árbitro, que é a de atuar na esfera privada de acordo com e em obediência à jurisdição que as partes lhe conferiram. Não atua o árbitro em nome do Estado em cujo território profere sua decisão, nem de qualquer outro organismo oficial.
	Vale destacar, também, o previsto no art. 17, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:18], na qual se esclarece a equiparação feita entre árbitro e funcionário público. Nessa seara, é importante que se elucide que a mencionada equiparação ocorrerá, tão somente para fins penais. Ou seja, será o árbitro equiparado a um funcionário público sempre que, no desempenho de suas funções precípuas, cometer algum ilícito penal, sem prejuízo, contudo, das demais sanções cabíveis. [18: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1435. Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal.] 
	Desta feita, impende ressalva ao fato de que o árbitro não é considerado servidor púbico nos demais casos, a uma porque não se trata de funcionário investido de tais prerrogativas e, a duas porque não se trata este de um substituto do juiz estatal. 
	Ora, se não estiver desempenhando a atividade específica para o qual foi nomeado, não pode este ser visto de outra forma se não de maneira comum. É visto do mesmo modo que é fora da arbitragem. Ou seja, a atividade desempenhada pelo árbitro se relaciona a sua formação, quando houver, e sendo este profissional da área médica, por exemplo, fora das qualificações que o caracterizam como árbitro, deverá este ser visto tão somente como médico[footnoteRef:19]. [19: MAGALHÃES, op. cit., p. 35.] 
	Dentre as vedações feitas ao árbitro, infere-se de praticamente todas, os mesmo regramentos previstos a um juiz estatal. Cabendo-lhes observância aos mesmos direitos, deveres e obrigações que são preceituados pelo Código de Processo Civil.
	Nesse sentido, José Carlos de Magalhães[footnoteRef:20], escreve, sabiamente, sobre a impossibilidade de um árbitro atuar numa causa, se nesta restar caracterizada situação impeditiva ou suspeita entre aquele e as partes ou, ainda, entre aquele e o conflito a que se objetiva solucionar. [20: Id. p. 36. ] 
	Na oportunidade, parafraseando Luiz Antonio Scavone Junior[footnoteRef:21], na hipótese do árbitro entender-se suspeito ao julgamento da lide, caberá a este revelar o motivo de sua desistência da causa quando lhe for oportunizado, sob pena de que em razão de sua omissão, as partes o façam. [21: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 103.] 
	De acordo com o previsto legalmente na Lei de Arbitragem, poderão ainda ser arguidas as referidas causas, na hipótese de omissão por parte do árbitro, após a sua nomeação, se àquelas se tornarem conhecidas somente após o ato nomeante[footnoteRef:22]. [22: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. Art. 14. § 2.º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando: a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação.] 
	Uma vez arguida a exceção de suspeição ou de impedimento, o árbitro inicialmente proposto para a solução da demanda será, nos termos do art. 15, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:23], substituído. E, se as partes tiverem convencionado por dirimir seus conflitos junto a um Tribunal Arbitral, será através deste que serão processadas as referidas regras quanto ao impedimento, suspeição e, consequente substituição arbitral. [23: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. Art. 14. § 2.º O árbitro somente poderá ser recusado por motivo ocorrido após sua nomeação. Poderá, entretanto, ser recusado por motivo anterior à sua nomeação, quando: a) não for nomeado, diretamente, pela parte; ou b) o motivo para a recusa do árbitro for conhecido posteriormente à sua nomeação.] 
	De acordo com a lei que dispõe sobre a arbitragem[footnoteRef:24], é cediço o poder conferido às partes na escolha dos possíveis árbitros. Na espécie, além de lhes ser facultando o processo de escolha dos aludidos, é ainda possível que seja determinado que tal escolha seja feita por um órgão de arbitragem institucional ou entidade especializada[footnoteRef:25]. [24: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. § 3.º As partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros, ou adotar as regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada.] [25: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone Manual de Arbitragem. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 99.] 
E destacando a referida possibilidade quanto a escolha dos árbitros, Luiz Antonio Scavone Junior[footnoteRef:26], didaticamente expõe: [26: Ibid. p. 99.] 
Portanto, os árbitros são escolhidos: 
a) Pelas partes na cláusula arbitral cheia ou no compromisso arbitral;
b) Pelos critérios da entidade especializada caso as partes optem pela arbitragem institucional e deleguem a escolha ao órgão arbitral que administrará a arbitragem.
	Nesse diapasão, e se valendo das precisas lições de Paulo Fernando Silveira[footnoteRef:27], cumpre finalizar o exposto com a afirmação de que no caso de juízo arbitral singular, como o próprio nome convida, há enumeração de um único árbitro. Porém no que concerne ao tribunal arbitral, a enumeração é feita em observância ao mínimo de três árbitros. [27: SILVEIRA, Paulo Fernando. Tribunal Arbitral: nova porta de acesso à justiça. Curitiba: Juriá, 2006, p. 96.] 
	Diferentemente do que ocorre no juízo individual, no tribunal arbitral, caso tenha número de árbitros superior a um, haverá a necessidade de que se tenha nomeação de um deles para a presidência dos trabalhos. Oportunidade em que a escolha será feita através de determinação das partes envolvidas ou simples escolha entre os próprios árbitros. Neste último, não havendo convenção, ou seja, sendo o meio escolhido o da arbitragem institucional, as regras que deverão prevalecer serão aquelas da entidade especializada escolhida[footnoteRef:28]. [28: BRASIL. Lei nº 9.307/1996.Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. Art. 13, § 4.º Sendo nomeados vários árbitros, estes, por maioria, elegerão o presidente do tribunal arbitral. Não havendo consenso, será designado presidente o mais idoso.] 
	No entanto, se as partes não convencionarem quanto a uma possível substituição arbitral, ou seja, se não houver cláusula contratual que trate da aludida convenção ou das regras de um tribunal arbitral, segundo o doutrinador Paulo Fernando Silveira[footnoteRef:29], tal escolha competirá ao Poder Judiciário. [29: SILVEIRA, Paulo Fernando. Tribunal Arbitral: Nova porta de acesso à justiça. Curitiba: Juriá, 2006. p.102.] 
	Nesse contexto, Carlos Alberto Carmona[footnoteRef:30], com brilhantismo, assevera que o processo arbitral reveste-se de peculiar flexibilidade. Razão pela qual não ficam os árbitros vinculados a uma determinada situação ou circunstância, podendo, por conseguinte, inovar na decisão do litígio. Veja-se: [30: CARMONA, Carlos Alberto. Em torno do árbitro. Revista de Arbitragem e Mediação, São Paulo, v. 28, n. 8, jan/mar, 2011, p. 50. Revista dos Tribunais.] 
O processo arbitral encontra um ambiente aberto à flexibilidade, o que não acontece em nossas abafadas cortes estatais. Essa flexibilidade procedimental, como é natural, torna os árbitros muito menos engessados que o juiz togado, permitindo-lhes experimentar novos e variados meios de descobrir fatos e aumentar sua capacidade de entender o direito que devem aplicar. 
	E pautando-se na rica contribuição esposada pelo doutrinador supra, convém a afirmação de que o árbitro poderá ser auxiliado, excepcionalmente, pelo amicus curiae. Também conhecidos como, “amigos da corte”, nas precisas palavras de Caio Campello de Menezes[footnoteRef:31], seriam estes colaboradores no esclarecimento de questões de ordem técnica ou fática, verbis: [31: MENEZES, CAIO CAMPELLO. O papel do amicus curiae nas arbitragens. Revista de Arbitragem e Mediação, São Paulo, v. 12, n. 4,jan/mar, 2007, p. 26. Revista dos Tribunais.] 
Amicus curiae significa “amigo da corte” e tem sua origem no direito romano. O conceito está intimamente ligado àquele que vem prestar informações, usualmente de cunho técnico-jurídico desconhecido pelo julgador, pelas partes e pelos advogados das partes. Sua função primordial é auxiliar no esclarecimento de certas matérias e na fundamentação da decisão.
	Embora já mencionado no capítulo antecedente a este, por oportuno, ressaltando, ainda, os poderes que são dados aos árbitros, convém repetir o prescrito no art. 18, da Lei de Arbitragem[footnoteRef:32]. Segundo o normativo, a sentença proferida no âmbito da arbitragem reveste-se de caráter definitivo, ao passo que se caracteriza pela semelhança a uma sentença transitada em julgado. Não se sujeitando a recursos ou homologações a serem feitas pelo judiciário. [32: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1435. Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário.] 
	Uma vez demonstrados os poderes, convém mencionar os deveres dos árbitros. A estes, nos moldes do art. 13, §6º, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:33], são impostos os seguintes: imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição. [33: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. § 6.º No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.] 
	Cumpre tecer, também, breves comentários quanto a possibilidade de serem adiantadas verbas no custeio de diligências que sejam cabíveis no entender no árbitro ou do tribunal.
	De acordo com o legalmente previsto no art. 13, § 7º, da Lei nº 9.307/96[footnoteRef:34], são as partes responsáveis pelo custeio no deslinde do procedimento arbitral. Nesse sentido, J.E. Carreira Alvim[footnoteRef:35] esclarece: [34: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1434. § 7.º Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral determinar às partes o adiantamento de verbas para despesas e diligências que julgar necessárias.] [35: ALVIM, J.E. Carreira. Comentários à lei de arbitragem (Lei nº 9.307, de 23/9/1996). 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. p. 101-102.] 
Se o compromisso contiver a declaração da responsabilidade pelo pagamento dessas despesas, deverá ser observado o compromisso; se não a contiver, nem houverem os árbitros previsto a hipótese no procedimento que adotarem, deverão ser aplicadas as regras processuais, com os ajustes necessários.
Destarte, se a diligência (uma perícia, por exemplo) for requerida por uma das partes, aquela que a requereu deve suportar o seu custo; se tiver sido determinada pelo árbitro ou tribunal, deve ser suportada por ambas as partes. Trata-se, na verdade, de um mero adiantamento, como forma de viabilizar a arbitragem, porque o pagamento efetivo só ocorrerá ao final, por aquela que perder a demanda, se nada se convencionou em contrário, se for a que adiantou, esse adiantamento converte-se em pagamento.
	Para finalizar o exposto quanto ao árbitro, permitindo-se que se passe a analisar a atuação do advogado no meio arbitral, elucida-se que no que tange a remuneração, possibilita-se às partes que escolham como está se fará. Como é de se presumir, os trabalhos realizados por um árbitro não revestem-se de gratuidade. Nessa espeque, Luiz Antonio Scavone Junior[footnoteRef:36], afirma que não tendo acordo das partes quanto ao referido pagamento, não havendo estipulação sobre os honorários cabíveis, os valores devidos somente poderão ser cobrados pelo árbitro prejudicado em sede judicial. [36: JUNIOR, Luiz Antonio Scavone. Manual de Arbitragem. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 87.] 
Nos exatos termos do que dispõe o art. 133, da Constituição Federal de 1988, “o advogado é indispensável à administração da justiça”[footnoteRef:37]. E em atendimento a este, procedimentos arbitrais, poderão as partes escolher o patrocínio de um advogado. [37: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 55. Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.] 
	Salvaguarda-se, contudo, que a Lei da Arbitragem dispõe em seu art. 21, §3º, a faculdade das partes em designar quem as represente ou assista[footnoteRef:38]. Segundo Paulo Furtado Uadi Lammêgo Bulos[footnoteRef:39], a possibilidade dada as partes reveste-se de verdadeira negativa quanto a presença de profissional da advocacia, uma vez que, segundo o mesmo, o mecanismo arbitral obstaculizaria o mercado advocatício. [38: BRASIL. Lei nº 9.307/1996. Dispõe sobre a arbitragem. Vade Mecum. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 1435. Art. 21, § 3.º As partes poderão postular por intermédio de advogado, respeitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.] [39: BULOS, Paulo Furtado Uadi Lammêgo. Lei da arbitragem comentada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p.14.] 
	Diante de tal possibilidade, o legislador quis diferenciar o processo arbitral do processo comum, tornando facultativa a escolha de patrocínio por meio de advogado. Impende ressalvar, contudo, que tal faculdade também ocorre em alguns processos judiciais comuns, tais como no processo administrativo disciplinar[footnoteRef:40] e nos processos judiciais trabalhistas[footnoteRef:41]. Não obstante as peculiaridades dos casos exemplificados, não é este o foco a ser desenvolvido no presente trabalho de conclusão, razão pela qual não se adentrará em seus pormenores. [40: COLOCAR SÚMULA VINCULANTE DO STF 5] [41: Art. 791] 
	O fundamento, apresentado pela doutrina maciça, para justificar a possibilidade de escolha das partes quanto a presençado patrono, provém da afirmação de que aos árbitros dispensa-se a formação jurídica, vez que preferível que o mesmo tenha conhecimento técnico da questão litigiosa a ser resolvida. 
	Nesse diapasão, não é cabível suscitar a falta de constitucionalidade da Lei Arbitral em decorrência de violação constitucional. Até porque, uma das características principais do instituto a que se reporta, e que já foi amplamente demonstrada nas páginas iniciais do presente trabalho, é a voluntariedade. Ou seja, às partes faculta-se a escolha do mecanismo de solução de conflitos que melhor lhes aprouver. E sendo escolha a do mecanismo da via arbitral, não parece crível que se alegue ofensa a dispositivo assente na Carta Maior[footnoteRef:42]. [42: MESQUITA, Gil Ferreira de. O papel do advogado no procedimento arbitral. Jus Navigandi, 2003. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/4343/o-papel-do-advogado-no-procedimento-arbitral.> Acesso em: 15 maio. 2013.] 
	Corroborando com o longo exposto, se utiliza, novamente, dos conhecimentos expostos por J.E. Carreira Alvim[footnoteRef:43]: [43: ALVIM, J.E. Carreira. Comentários à lei de arbitragem (Lei nº 9.307, de 23/9/1996). 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2004.] 
A Lei de Arbitragem admite que as partes postulem pessoalmente, fazendo alegações e produzindo provas, facultando-lhes também postular por intermédio de advogado, se assim o desejarem. Aquela que pretender o patrocínio de um profissional, poderá fazê-lo ainda que a outra não o faça.
Se não quiser atuar pessoalmente nem através de advogado, assegura a lei às partes a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral.
Qualquer pessoa maior e capaz, independentemente de ser advogado, pode ser representante ou assistente da parte, orientando-a na prática dos atos que tiver que praticar na arbitragem.
	Complementando o aferido pelo autor acima referendado, Antonio Sodré assevera que ao advogado possibilita-se a participação indireta no processo arbitral, qual seja, a de apenas orientar o cliente[footnoteRef:44]. [44: ANTONIO, Sodré. Curso de direito arbitral. São Paulo: J.H. Mizuno, 2008. p.45.] 
	No entanto, decidindo contratar os serviços prestados pelo profissional da advocacia em questão, a este caberá preparação e atuação semelhante àquelas previstas na justiça comum. Ora, ao advogado caberá se inteirar completamente sobre as questões processuais envoltas ao caso, visando, com isso, sua perfeita atuação. 
	Acompanhando este, vale observar que as demais complexidades do procedimento da arbitragem se desenvolvem de maneira semelhante as formas procedimentais comuns. A exemplificar, o que é denominado no processo arbitral de alegações iniciais, trata-se de nada mais que a própria petição inicial, que é tão conhecida. Diferindo desta somente no fato de que, por buscar composição célere dos processos, a justiça arbitral invoca necessidade de objetividade na peça. 
	Cita-se, ainda, que na arbitragem não há obrigatoriedade em realizar depoimento pessoal das partes. 
	É sabido que a sociedade por diversas vezes busca a solução de conflitos através do judiciário, sendo muitos deles simples e até mesmo desnecessários. Todavia não são incomuns os noticiários que revelam a sobrecarga do referido. E nesse aspecto, uma das principais vantagens apresentadas pelo uso da arbitragem é a possibilidade de se enviar menos demandas ao judiciário, descongestionando-o. 
	Aliado a isso, diferentemente do pensamento de que a arbitragem poderia tolher o mercado advocatício, em verdade, a mencionada prática, acaba por ampliar sobremaneira o campo atuante dos advogados. Nesse sentido, a doutrina de Antonio Sodré[footnoteRef:45] elucida que, ante tal previsão de atuação dos mencionados profissionais no meio arbitral, há a possibilidade de que estes atuem como árbitros, mediadores ou até mesmo como simples consultores. [45: Ibid., p. 46-48.] 
	Nesse mesmo contexto, Carlos Alberto Carmona[footnoteRef:46] acrescenta, ainda, que dentro das possibilidades de atuação do advogado no âmbito da arbitragem, sobrevém, também, que este atue no órgão arbitral como assessor. Desempenhando serviços que auxiliem o árbitro na composição de sentenças. [46: CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.302. ] 
	Contribuindo com os ensinamentos doutrinários supra, transcreve-se o lecionado por Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme[footnoteRef:47]: [47: GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual de Arbitragem. 2. ed. São Paulo: Método, 2007. p. 55.] 
Os advogados podem atuar de várias formas na arbitragem: (i) como advogado da parte – (i.1) na contratação da convenção de arbitragem (cláusula compromissória e compromisso arbitral); (i.2) na defesa dos interesses do seu cliente no juízo arbitral, tal qual faria no processo judicial estatal – 1. Cuidado para observância dos princípios jurídicos e das regras processuais, notadamente nas arbitragens de direito (risco de o julgamento por equidade, mesmo quando não eleito pelas partes, prevalecer); 2. Tendência de atuação do advogado, na arbitragem, como “caçador de soluções”, afastando-se da postura de “soldado beligerante”, tradicionalmente vinculada ao procedimento judicial; (ii) como assessor (não representante) da parte; (iii) como assessor do órgão arbitral institucional ou do tribunal arbitral; (iv) como árbitro; (v) patrocinando os interesses do cliente em eventual ação ordinária de nulidade do laudo arbitral ou execução do laudo arbitral; (vi) patrocinando os interesses do cliente em medidas coercitivas judiciais que sejam propostas pela parte (antes da instauração do tribunal arbitral) ou requeridas pelo próprio tribunal arbitral; (vii) homologação do laudo arbitral – no caso de arbitragem internacional.
	Mais uma vez demonstrando a semelhança com a justiça comum, no que tange aos honorários advocatícios, são estes também devidos perante processos oriundos da justiça arbitral. 
	De acordo com a jurisprudência pacífica dos tribunais são aqueles devidos ainda que o processo se extinga sem resolução do mérito. Cabendo à espécie cálculo de percentual devido a ser realizado de acordo com as regras previstas no Código de Processo Civil. 
	E nesse sentido, colaciona-se abaixo, por oportuno, o seguinte julgado ilustrativo do TJDFT[footnoteRef:48]: [48: BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Apelação Cível nº 20080110256245, da 3ª Turma Cível. Convenção de arbitragem. Cláusula compromissória. Extinção do processo sem apreciação do mérito. Possibilidade. Majoração honorários advocatícios.Relator: João Mariosa, Brasília,18 de junho de 2009. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/diarios/24780909/djdf-15-02-2011-pg-371>. Acesso em: 15 maio. 2013.] 
Civil e processo civil. Convenção de arbitragem. Cláusula compromissória. Extinção do processo sem apreciação do mérito. Possibilidade. Majoração honorários advocatícios. Sentença mantida. 
- Atendidos os requisitos exigidos pela lei de arbitragem, correto revela-se o provimento judicial que decidiu pela extinção do feito, nos termos do art. 267, inciso VII, do CPC, vez que as divergências oriundas do cumprimento do contrato, objeto da lide, deverão ser solucionadas mediante arbitragem.
- Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, há disposição especial no art. 267, § 2º, do CPC, e, como regra geral, são devidos honorários de advogado, que se calculam de acordo com o art. 20, § 4º, e não conforme o § 3º. Recursos não providos. (Grifou-se).
	Por tudo que se expôs e, utilizando-se, por derradeiro, das palavras de Antônio Sodré, é imperiosa a conclusão de que, “o papel do advogado é da maior importância no processo arbitral, tanto atuando como advogado de uma das partes, como, eventualmente, servindo de árbitro, compondo o tribunal arbitral”[footnoteRef:49] [49: SODRÉ. Antônio. Curso de direito arbitral. São Paulo: J.H. Mizuno, 2008. p.45.]

Outros materiais