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CICLO CELULAR E NEOPLASIAS

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1 Gabrielle Nunes 
CICLO CELULAR E NEOPLASIAS 
PROBLEMA 01: PROLIFERAÇÃO CELULAR 
OBJETIVOS 
- ENTENDER O CICLO CELULAR, SUAS FASES E PONTOS DE REGULAÇÃO 
- CONCEITUAR, DIFERENCIAR E CLASSIFICAR NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS (resumo HISTOPATOLOGIA 01) 
- DEFINIR METÁSTASE E SEU MECANISMO 
- DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, QUADRO CLÍNICO, ORIENTAÇÕES DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA E A 
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO – ESTADIAMENTO (RELACIONAR OS ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS COM A FISIOPATOLOGIA). 
 
1-CICLO CELULAR E PONTOS DE REGULAÇÃO 
O tamanho normal das populações celulares é determinado por um equilíbrio entre proliferação celular, morte celular por 
apoptose e diferenciação de novas células a partir de células-tronco. 
OBS: Mitose corresponde ao processo de proliferação de células somáticas, enquanto que a meiose gera células 
germinativas (células haploides). Esse processo de proliferação celular é resumido a fase de replicação do DNA e a fase de 
mitose propriamente dita. 
O crescimento e a divisão celulares devem ser regulados e coordenados de tal modo que o ciclo transcorra em um 
equilíbrio que assegure a manutenção das características celulares essenciais na progênie; O controle do processo de 
reprodução celular é feito por diversos produtos gênicos, que são, por sua vez, regulados por fatores extracelulares, sejam 
eles nutrientes ou fatores de crescimento, que fazem com que a divisão celular ocorra coordenadamente com as 
necessidades do organismo como um todo 
INTERFÁSE 
Aquela compreendida entre duas divisões sucessivas, em que a célula cresce e se prepara para nova divisão. É dividida 
em quatro fases distintas: G1 (gap, intervalo), S (duplicação ou síntese do DNA), e G2 (intervalo); 
G0 
G1 (período pós-mitótico) S G2 (pós-sintético ou pré-
mitótico) 
É uma fase de duração 
extremamente variável a 
depender da célula. 
É o intervalo de tempo que transcorre 
desde o fim da mitose (M) até́ o inicio 
da síntese de DNA (S); 
É o período com maior influência de 
fatores extracelulares; 
Duplicação do DNA; 
maior influência 
intracelular. 
É o intervalo entre o 
término da síntese de DNA 
e a próxima mitose. 
Células que não se dividem estão paradas na fase G1 ou saíram do ciclo e estão na fase G0. Os fatores de crescimento 
estimulam as células a passar da fase G0 para a fase G1 e depois para as fases de síntese de DNA (S), G2 e mitose (M). A 
progressão dessas fases é regulada por ciclinas, cuja atividade é controlada por cinases ciclina-dependentes. Uma vez as 
células entrando na fase S, seu DNA é replicado e elas progridem para G2 e mitose 
DURAÇÃO DOS PERÍODOS DO CICLO: Para crescer a célula gasta 95% 
do tempo do ciclo celular na interfase. Em geral, o ciclo dura entre 
12-24 horas em tecidos mamíferos. 
Pontos que interferem na velocidade do ciclo celular: 
1. Tipo celular 
2. Condições fisiológicas: idade celular, disponibilidade de hormônios 
e de fatores de crescimento, temperatura, pressão osmótica, pressão 
hidrostática e pressão de oxigênio externas; 
A mitose dura mais ou menos 1 h, sendo mais longa em células de 
tumores e em células transformadas; G2, em geral, tem duração de 2 
a 4 h, e esse tempo também aumenta nas células tumorais; o período 
S dura de 7 a 8 h. 
 
2 Gabrielle Nunes 
CLASSIFICAÇÃO DAS CÉLULAS QUANTO O TEMPO DE PROLIFERAÇÃO: 
CÉLULAS QUE SE DIVIDEM CONTINUAMENTE 
Células embrionárias, células epiteliais, células dos folículos capilares, as do sistema linfático e as da medula óssea. 
OBS: Todos esses tecidos são extremamente sensíveis a agentes ou tratamentos químicos ou físicos (fármacos ou 
radiações) que afetam a replicação do DNA, razão pela qual são os primeiros a ser lesados nos tratamentos pela 
quimioterapia do câncer ou na radioterapia em geral 
 
CÉLULAS QUE, ORDINARIAMENTE, NÃO SE DIVIDEM, MAS QUE PODEM FAZÊ-LO EM RESPOSTA A ESTÍMULOS 
São células que se encontram em um estado de dormências em relação à crescimento – estão em G0; mantém um 
baixo metabolismo, com baixa velocidade de síntese de macromoléculas; apresentam geralmente tamanho reduzido e 
tem o conteúdo de DNA não duplicado. 
Estímulos para a proliferação: Nutrientes, hormônios de crescimento ou estímulos mecânicos (lesões, por exemplo). 
Em casos de lesão, o reingresso no ciclo celular sempre se dá ́ na fase G1, em um momento pouco anterior ao de transição 
da fase G1/S, chamado de ponto de restrição (ponto R), que seria um ponto crítico a ser vencido pela célula para que 
a fase S possa ser iniciada 
CÉLULAS TERMINALMENTE DIFERENCIADAS. 
Perdem permanentemente a capacidade reprodutiva, não podendo ser novamente chamadas ao ciclo. É o caso dos 
neurônios e das células da musculatura esquelética e cardíaca. permanecem indefinidamente no período G0 e são 
consideradas como terminalmente diferenciadas. No caso de perda celular por lesão, como em um ataque cardíaco, 
por exemplo, essas células jamais serão naturalmente substituídas por outras células cardíacas. 
EVENTOS BIOQUÍMICOS DA INTERFASE 
Ocorre o crescimento continuo da célula, mas também operam mecanismos de controle cruciais para o desenvolvimento 
coordenado dos ciclos de crescimento, replicação e divisão celular. 
▪ Síntese de DNA, RNA e proteínas 
▪ Embora algumas proteínas tenham picos de síntese ao longo de G1, a maioria delas, do total existente na célula, é 
sintetizada continuamente durante toda essa fase. 
PERÍODO G1 
Caracteriza-se pelo reinicio da síntese de RNA, principalmente RNA ribossômico) e proteínas, que estava interrompida 
durante a mitose; 
Síntese de enzimas necessárias na fase S, como enzimas catalisadoras da síntese de trifosfatos de desoxirribonucleosídios, 
enzimas da síntese das DNA-polimerases e enzimas ativadoras dos genes que codificam as proteínas histonas; 
A partir das sínteses, a célula cresce continuamente durante essa etapa, como continua durante S e G2. 
RELEVÂNCIA DA FASE G1: Controle sobre a proliferação celular (deve continuar se proliferando ou deve-se retirar-se do ciclo 
e entrar em um estado quiescente – G0). Essa decisão é determinada primariamente por sinais extracelulares (fatores de 
crescimento, nutrientes). Essas decisões são, por sua vez, monitoradas por controladores internos do ciclo, constituídos por 
diversos componentes proteicos, que agem induzindo ou impedindo a progressão do ciclo. 
PONTO R ou PONTO DE RESTRIÇÃO: As células só ultrapassam esse ponto quando proteínas sintetizadas em G1 fossem 
acumuladas até que alcançassem uma quantidade critica, permitindo então à célula transpor o ponto R e iniciar S. 
AÇÃO PELO AUMENTO DO P53: interrupção temporária do ciclo nesta fase, induzida pela presença de danos no DNA, para 
que os mecanismos de reparo operem antes da fase de replicação. Os níveis de p53 intracelulares níveis aumentam em 
resposta a eventuais danos no DNA, impedindo que a célula prossiga e replique o DNA danificado. A transmissão desses 
danos às células-filhas, que pode estar relacionada com a perda de funções da p53, resulta em acumulo de mutações e 
instabilidade do genoma, que contribuem para o desenvolvimento de câncer. 
PERÍODO S 
O marco de início do período S é o início da síntese de DNA e das histonas, em que esse material genético será duplicado 
(replicação) 
 
3 Gabrielle Nunes 
▪ A célula inicia o ciclo em G1 com uma 
quantidade de DNA igual a 2C. Durante o 
período S, essa quantidade duplica, passando 
de 2C para 4C, e assim permanece até a fase 
do ciclo em que é igualmente repartida para as 
duas células-filhas, as quais voltam a ter, 
novamente em G1, a quantidade 2C idêntica à 
da célula de origem. 
A REPLICAÇÃO DO GENOMA DAS CÉLULAS 
EUCARIONTES DEVE SER UM PROCESSO COM 
ALTA FIDELIDADE. 
O DNA nuclear apresenta-se na forma de fibras 
de cromatina, formando um complexo com 
proteínas histonas. Portanto, é a cromatina que 
deve sofrer duplicação no períodoS, o que 
exige que não só o conteúdo de DNA seja 
duplicado, mas também a quantidade de 
histonas. 
CARACTERISTICAS DA REPLICAÇÃO DO DNA 
A REPLICAÇÃO DO DNA É SEMICONSERVATIVA 
(1) Separação das cadeias de dupla hélice do DNA 
(2) Cada fita servirá de molde para um nova fita de DNA (síntese de uma cadeia complementar) 
(3) A sequência de nucleotídios da nova cadeia é fixada pelas regras de pareamento de bases (A-T e C-G) 
Durante a replicac ̧ão, as duas fitas do DNA original, também chamadas de parentais, são copiadas, originando duas 
moléculas-filhas, cada qual com somente uma das fitas recém- sintetizada. Diz-se, portanto, que a replicação é 
semiconservativa. 
A REPLICAÇÃO É ASSINCRÔNICA 
Dentro de uma mesma molécula, existe um padrão determinado de sequência de síntese; por isso se diz que a 
duplicação do DNA é assincrônica. Dentro de um dado tipo celular, regiões específicas do material genético, ou genes 
individuais, começam e terminam sua duplicação em momentos definidos na fase S. 
ORIGENS DE REPLICAÇÃO 
Existem múltiplos pontos de origem da replicação, dessa forma é possível realizar a replicação em um curto espaço de 
tempo. Como exemplo, em um cromossomo humano médio existem, pelo menos, 200 pontos de origem. 
Células eucariontes, ao iniciarem a replicação em várias origens, apresentam então muitas unidades de replicação 
distribuídas ao longo do genoma, as quais se denominam répli- cons. 
A REPLICAÇÃO É BIDIRECIONAL 
Uma vez iniciada a replicação em cada ponto de origem, ela se propaga para os dois lados da molécula de DNA, ou 
seja, em ambas as direções, até encontrar, em qualquer ponto, os extremos das cadeias em formação dos réplicons 
adjacentes 
A REPLICAÇÃO É SEMIDESCONTÍNUA 
As maneiras de sintetizar as duas cadeias-filhas são diferentes, seguindo um padrão de replicação semidescontínua. 
A enzima responsável pela polimerização dos desoxirribonucleotídios na síntese do DNA, a DNA- polimerase, polimeriza 
somente na direção 5’-3’ e, então, ambas as cadeias-filhas devem ser sintetizadas na direção 5’-3’. Mas, os dois fila- 
mentos de DNA da hélice dupla são antiparalelos, isto é, um deles tem a direção 5’-3’ e o outro a direção contrária, 3’-
5’. Essa polimerização simultânea em sentidos contrários é possível através dessa replicação semidescontínua. 
▪ Cadeia líder ou contínua 
▪ Cadeia retardatária ou descontínua 
A REPLICAÇÃO DO DNA É RELIZADA POR ENZIMAS 
DNA-Polimerases: capazes de sintetizar DNA a partir de seus precursores. 
Os quatro desoxirribonucleotídios trifosfatados necessários para a síntese de DNA são dATP, dCTP, dTTP e dGTP, contendo 
as bases adenina (A), citosina (C), timina (T) e guanina (G), respectivamente. 
Cada desoxirribonucleotídio a ser incorporado é selecio- nado de modo que sua base nitrogenada seja complementar 
e possa então parear com bases da cadeia molde, sempre fazendo pareamentos AT e GC. Portanto, a sequência de 
bases na nova molécula de DNA depende exclusivamente da sequência existente na molécula antiga. 
 
4 Gabrielle Nunes 
O crescimento da cadeia sempre se dá na direção 5’- 3’, ou seja, a enzima sempre adiciona um monofosfato de deso- 
xirribonucleosídio (com o fosfato ligado ao carbono que ocupa a posição 5’ da pentose – C5’) a um C3’ livre de um 
nucleotídio preexistente. 
▪ DNA-Polimerase alfa e delta: responsáveis pela replicação do DNA nuclear 
▪ DNA-polimerase beta: É uma enzima pequena e funciona no processo de reparo 
▪ DNA-Polimerase gama: que é responsável pela replicação do DNA presente nas mitocôndrias 
OUTRAS ENZIMAS ENVOLVIDAS NA REPLICAÇÃO 
HELICASE: Enzima responsável por desenrolar as voltas da dupla hélice de DNA para expor os moldes de cadeia simples 
à ação da polimerase. Essa separação é resultado da quebra das ligações de hidrogênio entre as bases, com gasto de 
ATP. 
DnaA: Proteína de ação anterior a helicase, que inicialmente, causa a separação das cadeias nas origens de replicação. 
Proteína SSP: Estabiliza o DNA em replicação. Ao se ligarem às regiões de cadeias simples do DNA, mantêm os filamentos 
separados, enquanto se processa a replicação. 
Para impedir que esse superenovelamento ocorra, entram em ação enzimas denomina- das DNA-topoisomerases, dentre 
as quais um dos tipos é conhecido como DNA-girase. 
Os fragmentos agora completos são unidos por outra enzima, a DNA-ligase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CÉLULAS APRESENTAM MECANISMOS PARA 
MANTER A INTEGRIDADE DO SEU DNA 
DNA-POLIMERASE: ela é capaz de conferir as bases, à 
medida que as adiciona ao novo filamento de DNA, 
característica denominada “leitura de prova”. Remove 
bases eventualmente erradas, antes que a síntese 
continue. 
Macromoléculas biológicas são suscetíveis a alterações 
químicas que surgem de erros durante a síntese, ou mesmo 
de exposições a fatores deletérios do ambiente. O DNA 
sofre a ação de agentes físicos e de muitos agentes 
químicos, alguns produzidos normalmente na própria 
célula. As células apresentam vários sistemas gerais para 
proteger seu DNA e outras moléculas. Os íons superóxido, 
por exemplo, são destruídos pela enzima superóxido-
desmutase. Os íons H+ são neutralizados pelos sistemas 
 
5 Gabrielle Nunes 
reguladores do equilíbrio ácido-básico, e as oxidações intracelulares são reduzidas por diversos sistemas redutores, como 
o NADPH2, a glutationa e a vitamina E. 
REPAROS DO DNA: 
1º FASE: Específica para cada tipo de células: identificação da alteração e a remoção da parte defeituosa da molécula. 
Essa fase vale-se de mecanismos diversos para identificar os diferentes defeitos e cortar, por meio de endonucleases 
(enzimas que cortam pedaços da parte central da molécula de DNA), o segmento de DNA errôneo. 
2º FASE: Geral: segmento removido é substituído por um segmento correto de DNA, com ação da polimerase e da ligase 
no reparo. 
PERÍODO G2 
Antes de a célula passar pelo ponto de transição G2/M, é criticamente fundamental que a replicação tenha sido 
completada e que possíveis danos do DNA tenham sido completamente reparados 
PONTO DE CHECAGEM: a célula permanece até que todo o seu genoma seja completamente replicado e reparado antes 
de ser igualmente repartido e transmitido a cada célula-filha. Existem mecanismos sensores, de natureza molecular ainda 
desconhecida, que detectam qualquer anormalidade na replicação e enviam sinais negativos para o sistema de controle 
do ciclo, bloqueando a ativação das moléculas que desencadeiam a entrada em mitose. 
Outros acontecimentos: 
(1) Síntese de proteínas não histônicas, que se vão associar aos cromossomos durante a sua condensação na mitose. 
(2) Ocorre o acúmulo de um complexo proteico citoplasmático, o dímero denominado complexo ciclina-Cdk, que 
tem importa ̂ncia no controle de todo o ciclo. Ele é considerado o regulador geral da transição de G2 para M, 
induzindo a entrada em mitose e sendo responsável por quatro eventos típicos dessa fase: condensação 
cromossômica, ruptura do envoltório nuclear, montagem do fuso e degradação da proteína ciclina. 
(3) Síntese de RNA extranuclear e síntese geral de proteínas 
MITOSE 
A etapa da divisão propriamente dita, pela qual se originam duas células-filhas. Esta etapa se caracteriza pela divisão do 
núcleo, chamada cariocinese ou mitose, seguida pela divisão do citoplasma, ou citocinese. Para facilitar seu estudo, a 
mitose é subdividida em quatro etapas: prófase, metáfase, anáfase e telófase. 
 
 
6 Gabrielle Nunes 
 
PRÓFASE 
Caracteriza-se pela condensação gradual das fibras de cromatina, inicialmente com 30 nm de dia ̂metro e muito alongadas 
no núcleo, que vão progressiva- mente tornando-se mais curtas e espessas, até formar cromossomos. 
A condensação é induzida pelo complexo ciclina-Cdk, que, quando ativado, fosforilaas condensinas. As condensinas 
fosforiladas, por sua vez, ligam-se à cromatina e promovem a condensac ̧ão progressiva das fibras, até formar os 
cromossomos 
▪ O processo torna os cromossomos visivelmente individualizados e nitidamente compostos por seus dois elementos 
longitudinais idênticos, as cromátides, as quais carregam o material genético duplicado na intérfase anterior. As 
cromátides irmãs são mantidas unidas na região do centrômero, desde a replicação até a anáfase, por pontes 
formadas por um complexo de proteínas denominadas coesinas. 
 
▪ PROMETÁFASE: A cromatina vai se tornando inativa, deixando de transcrever RNA, até que, finalmente, as sínteses 
de mRNA e de rRNA param e a de tRNA se reduz consideravelmente. Com a redução da síntese dessas moléculas, 
alguns constituintes do nucléolo deixam de ser sintetizados e há uma desorganização dos nucléolos nesta fase e 
que só irão se reorganizar na telófase. 
 
▪ Centrossomos agem na formação do fuso como centros nucleadores da polimerizac ̧ão de tubulina em 
microtúbulos. 
 
▪ Com a ruptura do envoltório nuclear, alguns microtúbulos se prendem aos cinetócoros, que, na altura dos 
centrômeros dos cromossomos, agora se apresentam maduros. Estes passam a ser chamados de microtúbulos 
cinetocóricos. São eles os responsáveis por direcionar os cromossomos para a região equatorial da célula. 
QUAL A IMPORTÂNCIA DA CONDENSAÇÃO CROMOSSÔMICA? Evitar o emaranhamento ou rompimento do material 
genético durante sua distribuição às células-filhas. 
METÁFASE 
Na metáfase (meta, metade), os cromossomos atingem um avançado estado de condensac ̧ão e, portanto, é o momento 
em que as duas cromátides se tornam realmente visíveis ao microscópio óptico. O início desta fase é definido pela 
complementação do alinhamento dos cromossomos na região equatorial da célula, formando a denominada placa 
metafásica. 
O fuso, é constituído de dois hemifusos. Estes se compõem de três tipos de fibras: as polares, que partem dos centrossomos 
localizados nos dois polos opostos e que se interdigitam na região central da célula, sem alcançar o polo oposto; as 
cinetocóricas, que ligam cada cromossomo aos dois polos opostos; e as fibras livres, mais curtas e não ligadas aos polos ou 
aos cinetócoros, de origem e função desconhecidas. 
 
7 Gabrielle Nunes 
PONTO de CHECAGEM 3: Verifica se todas as cromátides irmãs estejam localizadas no centro da célula. 
ANÁFASE 
Ocorre a ruptura do equilíbrio metafásico, com a separação e a migração das cromátides-irmãs, que passam a ser 
chamadas de cromossomos- filhos. Essa liberação das cromátides-irmãs, que permite sua segregação, decorre da 
degradação da coesina centromérica por uma protease chamada separase. 
Durante a migração, os microtúbulos das fibras cinetocóricas encurtam, por perda de dímeros de tubulinas nas 
extremidades polares, e assim aproximam os cromossomos-filhos dos polos. Concomitantemente, molé- culas de tubulina 
são adicionadas à extremidade distal (livre) dos microtúbulos polares, que, ao crescerem, aumentam a distância entre os 
polos. Ao mesmo tempo e, aparentemente, com ajuda de outras proteínas motoras, como a dineína, ocorre deslizamento 
entre as fibras polares do fuso, que estão interdgitadas na porção central. Ainda que o mecanismo da migração seja objeto 
de muita especulação, não há dúvida de que seu deslocamento depende dos microtúbulos, pois, quando estes não são 
polimerizados ou são despolimerizados por agentes antimitóticos, como colchicina ou vimblastina, as mitoses estacionam 
na metáfase. 
TELÓFASE 
Inicia-se quando os cromossomos- filhos alcançam os respectivos polos, o que se caracteriza pelo total desaparecimento 
dos microtúbulos cinetocórico. Ocorrem, então, a reconstituição dos núcleos e a divisão citoplasmática, levando à 
formação das células-filhas. 
A descondensação da cromatina, acompanhada da reaquisição da capacidade de transcrição, a reorganização dos 
nucléolos e a reconstituição do envoltório nuclear são os principais eventos da reconstrução nuclear, que se processam em 
sentido essencialmente inverso ao ocorrido na prófase. Esses eventos ocorrem pela inativac ̧ão do complexo ciclina-Cdk, 
que foi responsável por iniciar a mitose fosforilando determinadas proteínas celulares. 
As etapas consideradas chaves para a reconstituição do envoltório nuclear em cada polo da célula são: a destinação de 
membranas para a superfície da cromatina, a fusão de membranas e a incorporac ̧ão de complexos de poro. 
Simultaneamente com a reconstituição das membranas, os complexos de poro são remontados a partir do recrutamento 
de precursores desagregados ao final da anáfase. 
▪ Proteínas importantes nessa reconstituição: Proteína Ran 
Os componentes que transcrevem as moléculas de rRNA são desfosforilados, e a transcrição é reativada com a queda dos 
níveis de ciclina-cdk. Então, ocorre a reorganização do(s) nucléolo(s). 
CONTROLE DO CICLO CELULAR 
É controlado por um complexo conjunto de eventos genéticos e epigenéticos. 
PONTOS DE CHECAGEM 
(1) Ponto (1) G1/S: avalia disponibilidade de nutrientes e o tamanho da célula, danos ao DNA e a presença de fatores 
de crescimento. 
(2) Ponto (2) G2/M: verifica se o DNA foi duplicado completamente e corretamente. 
(3) Ponto (3) Metáfase/Anáfase: verifica o alinhamento dos cromossomos na metáfase e a ligação do fuso mitótico ao 
cinetócoro (impede que as cromátides-irmãs sejam movimentadas para o mesmo polo celular (não disjunção 
cromossômica, e produção de células com aneuploidias, mutação severa que leva à apoptose ou formação de 
tumor)); 
▪ A maioria dos tumores possuem aneuploidias; 
CONTROLE GENÉTICO DO CICLO CELULAR 
As checagens são mediadas pela ativação das quinases ou cinases pelas ciclinas ao longo do ciclo 
CINASES: (1) Fosforila as moléculas que desencadeiam a passagem pelo ciclo; (2) Só são ativas por ciclinas específicas; (3) 
Com níveis constantes ao longo do ciclo. CICLINAS: (1) São proteínas que regulam a atividade dessas quinases; (2) Sofrem 
síntese e degradação ao longo do ciclo; (3) Existem três classes principais de ciclinas que regulam o ciclo eucariótico. 
ENZIMAS QUINASES DE PROTEÍNAS, DENOMINADAS QUINASES DEPENDENTES DE CICLINA (CdK): As Cdk são ativadas e 
inativadas ao longo do ciclo, promovendo, em consequência, padrões cíclicos de fosforilação de proteínas que 
 
8 Gabrielle Nunes 
desencadeiam ou regulam os principais eventos do ciclo. A atividade das Cdk oscila em resposta à associação com 
proteínas regulatórias denominadas ciclinas. As ciclinas foram assim denominadas porque apresentam um padrão cíclico 
de acúmulo e degradação durante o ciclo celular. Elas são periodicamente sintetizadas, ao longo de todo o período 
interfásico, e degrada- das rapidamente no final da mitose. 
As Cdk desempenham sua função quinase apenas quando estão associadas às ciclinas, constituindo dímeros; são os 
complexos ciclina-Cdk. Na ausência de ciclinas, as Cdk são inativas. Assim, a atividade do complexo ciclina-Cdk é 
controlada pelo padrão cíclico de acúmulo e degradação da ciclina. 
CONTROLE DOS COMPLEXOS CDK: Em todas as células eucariontes, três momentos do ciclo são estratégicos para seu 
controle, sendo cada um deles regulado por diferentes classes de ciclinas: 
(1) As ciclinas de G1/S (ciclina E), formam complexos com Cdk no final do G1 e comprometem a célula com a 
duplicação de seu DNA; são responsáveis por dar o start ao ciclo celular (ponto de restrição); seus níveis caem na 
fase S do ciclo celular; estimulam a síntese de enzimas e polimerases necessárias para a síntese de DNA; 
(2) As ciclinas de S (ciclina A), que se ligam a Cdk no início da fase S e são necessárias para iniciar a duplicação do 
DNA; estimulam a duplicação do DNA; estimulam a duplicaçãodo centrossomo; estimulam eventos mitóticos 
iniciais; seus níveis caem no inicio da mitose; fosforila o complexo de reconhecimento de origem iniciando a 
replicação; 
(3) As ciclinas de M (ciclinas B), que se complexam com Cdk e promovem os eventos da mitose; estimulam a entrada 
na mitose; seus níveis caem a partir da metáfase; induz a condesação cromossômica, a fragmentação do 
envoltório nuclear e a reorganização do citoesqueleto, para a montagem do fuso. 
Os diferentes complexos ciclina-Cdk permanecem inativos até que, atingido o estágio do ciclo pelo qual são responsáveis, 
são ativados. A ativação resulta da fosforilação de um aminoácido específico próximo ao sítio ativo da Cdk, por ação de 
uma proteína conhecida como Cak, quinase ativadora de Cdk. 
OUTRAS PROTEÍNAS QUE CONTROLAM A ATIVIDADE DO COMPLEXO CICLINA-CDK: Wee1 (inativa o complexo, controle da 
fase G2 e M); Cdc25 (reativa o complexo inativado pela wee); polo-quinase (ativa a fosfatase Cdc25); proteínas inibidoras 
de CdK (inativam o complexo por rearranjo do seu sítio ativo, controle da fase S e G2); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Gabrielle Nunes 
INFLUÊNCIA DOS FATORES DE CRESCIMENTO E DE SINAIS EXTRACELULARES NO CICLO CELULAR 
Exemplos de fatores de crescimento: o fator de crescimento epidérmico (EGF), o fator de crescimento de fibroblastos (FGF), 
o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF). 
Em células animais em proliferação, os fatores de crescimento agem fundamentalmente controlando a progressão de G1-
S, impulsionando-as a atravessar o ponto R no final de G1 e a continuar, então, o ciclo de divisão. Caso não haja o estímulo, 
as células permanecem em G0; 
Esse mecanismo de regulação do ciclo celular por fatores de crescimento e de diferenciação extracelulares envolve, 
logicamente, a ação de receptores de membrana estimulando vias de sinalização intracelulares, que, por sua vez, deverão 
agir de maneira reguladora sobre as proteínas centrais que fazem o controle do ciclo celular. 
FATORES DE INIBIÇÃO DO CICLO CELULAR: agentes que danificam o DNA, fatores ambientais adversos ou mesmo contatos 
celulares. Esses sinais antiproliferativos agem, em geral, pela indução de proteínas que se ligam ao complexo ciclina-Cdk, 
as já mencionadas inibidoras de Cdk, o que resulta na inatividade do complexo e, portanto, no bloqueio do ciclo. 
GENES SUPRESSORES DE TUMOR: agem, como os próprios inibidores de Cdk, interrompendo a progressão do ciclo e cuja 
inativação leva ao desenvolvimento de tumores. 
▪ Os Inibidores de CDK (CDKI) como a p21, p27 e p57 regulam os complexos CDK-ciclina, reforçando o padrão de 
proteção celular 
PAPEL DOS TELÔMEROS 
Os telômeros compreendem regiões de sequências de nucleotídeos localizados nas extremidades de cada cromátide . 
Essas regiões atuam protegendo o cromossomo, sobretudo os genes perto das extremidades, da deterioração durante a 
divisão celular. Em cada divisão, o DNA replicado perde nucleotídeos nas regiões dos telômeros, caracterizando a redução 
deles. Sem os telômeros, os genomas poderiam perder informações a cada divisão celular. No momento em que os 
telômeros atingem um comprimento crítico, os cromossomos tornam-se instáveis e as células morrem. 
Nas células-tronco que precisam manter um ciclo celular constante, a enzima Telomerase atua adicionando bases nas 
extremidades telômeros, para que assim a replicação sempre ocorra. Entretanto, na maioria das células a enzima 
telomerase encontra-se com atividade baixa, e depois de muitas replicações as células viram senescentes e param de se 
dividir. O processo de redução dos telômeros é importante para regular a proliferação celular e manter a estabilidade 
genética. 
TELÔMEROS E CÉLULAS CANCEROSAS: Em células cancerosas, a atividade da telomerase encontra-se anormal, no qual o 
comprimento dos telômeros é mantido permitindo a replicação incontrolável das células 
LESÕES GENÉTICAS NO CÂNCER 
As mutações que estão associadas ao câncer podem ser sutis (mutações pontuais ou inserções e deleções) ou grandes o 
bastante para promover as alterações cariotípicas. 
As mutações pontuais podem ativar ou inativar os resultantes produtos de proteína. Por exemplo, as mutações pontuais nos 
proto-oncogenes, como RAS ou EGFR, resultam com frequência em superatividade da proteína, normalmente pela 
alteração de um aminoácido regulador interno e produção de uma proteína ativa. Entretanto, mutações pontuais nos 
supressores tumorais, como as que afetam os genes RB ou TP53, reduzem ou incapacitam a função da proteína codificada. 
As células tumorais podem adquirir mutações por vários meios, entre os quais mutações pontuais e anormalidades 
cromossômicas não aleatórias que contribuem para a malignidade; elas incluem translocações equilibradas, deleções e 
manifestações citogenéticas de amplificação de genes. 
Translocações equilibradas contribuem para a carcinogênese por superexpressão de oncogenes ou geração de novas 
proteínas de fusão com capacidade alterada de sinalização. Com frequência, as deleções afetam os genes de supressão 
de tumor, enquanto a amplificação de genes aumenta a expressão dos oncogenes. 
A superexpressão de miRNAs pode contribuir para a carcinogênese mediante redução da expressão dos supressores 
tumorais, enquanto a deleção ou perda de expressão dos miRNAs pode levar à superexpressão de proto-oncogenes. 
 
 
10 Gabrielle Nunes 
3- MECANISMOS DE METÁSTASE 
A metástase é um processo complexo que envolve etapas sequenciais, essas etapas consistem em invasão local, 
intravasamento nos vasos sanguíneos e vasos linfáticos, trânsito na vasculatura, saída dos vasos, formação de 
micrometástases e crescimento de micrometástases em tumores macroscópicos. 
INVASÃO DA MATRIZ EXTRACELULAR (MEC) 
Composição da MEC, de modo geral: colágenos, glicoproteínas e proteoglicanos. 
As células tumorais devem interagir com a MEC em vários estágios da cascata metastática. Um carcinoma deve 
primeiramente romper a membrana basal, depois atravessar o tecido conjuntivo intersticial e finalmente ganhar acesso à 
circulação penetrando a membrana basal vascular. 
PARA METASTATIZAR-SE, UMA CÉLULA TUMORAL DEVE ATRAVESSAR VÁRIAS MEMBRANAS BASAIS DIFERENTES, ASSIM COMO 
NEGOCIAR SEU TRAJETO POR, PELO MENOS, DUAS MATRIZES INTERSTICIAIS. 
FASES DA INVASÃO DA MEC 
AFROUXAMENTO DAS CÉLULAS TUMORAIS 
E-caderinas agem como colas intercelulares, e suas porções citoplasmáticas ligam-se à B-catenina. A função da E-
caderina se perde em quase todos os cânceres epiteliais, seja por inativação mutacional de genes da E-caderina, seja 
pela ativação dos genes da b-catenina ou pela expressão inadequada dos fatores de transcrição SNAIL e TWIST, que 
suprimem a expressão de E-caderina. 
DEGRADAÇÃO LOCAL DA MEMBRANA BASAL E DO TECIDO CONJUNTIVO INTERSTICIAL 
Células tumorais podem secretar enzimas proteolíticas por si mesmas ou induzir as células estromais a elaborar proteases. 
▪ Exemplos de proteases: matriz de,catepsina D metaloproteinases (MMPs) e o ativador do plasminogênio uroqui-
nase, estão implicadas na invasão das células tumorais; 
MMPs: Remodelamento de componentes insolúveis da membrana basak e matriz intersticial; liberação de fatores de 
crescimento sequestrados da MEC. De fato, os produtos de clivagem de colágeno e proteoglicanos também têm efeitos 
quimiotáticos, angiogênicos e promotores do crescimento. Por exemplo, MMP-9 é uma gelatinase que cliva o colágeno 
tipo IV das membranas basal epitelial e vascular, além de estimular a liberação de VEGF dos pools sequestrados da MEC. 
ALTERAÇÕES NA FIXAÇÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS ÀS PROTEÍNAS DA MEC 
As células epiteliais normais têm receptores, como as integrinas, para laminina e colágenos da membrana que são 
polarizados em sua superfície basal; esses receptores ajudam a manter as células em um estadodiferenciado em 
repouso. A perda de adesão nas células normais leva à indução da apoptose, enquanto não surpreende que células 
tumorais sejam resistentes a essa forma de morte celular. 
A própria matriz é modificada de maneira a promover invasão e metástase. Por exemplo, a clivagem das proteínas da 
membrana basal, colágeno IV e laminina, por MMP-2 ou MMP-9, gera novos sítios que se ligam aos receptores nas células 
tumorais e estimulam a migração. 
LOCOMOÇÃO 
A etapa final da invasão, propelindo as células tumorais através das membranas basais degradadas e zonas de proteólise 
da matriz. A migração é um processo complexo de múltiplas etapas, envolvendo muitas famílias de receptores e 
proteínas sinalizadoras que eventualmente invadem o citoesqueleto de actina. 
Existem citocinas (ex. fatores de motilidade autócrina), e produtos da clivagem dos componentes da MEC que 
potencializam e direcionam o movimento das células tumorais. 
 
Mais recentemente, tornou-se claro que as células estromais que circundam as células tumorais não apresentam 
simplesmente uma barreira estática para as células tumorais atravessar, mas constituem um ambiente variável, e as células 
estromais podem promover ou prevenir a tumorigênese. As células estromais que interagem com os tumores incluem as 
células imunes inatas e adaptativas. Os tumores mais bem-sucedidos podem ser aqueles capazes de cooptar e adaptar 
esse ambiente aos seus próprios fins nefastos. 
DISSEMINAÇÃO VASCULAR E REALOJAMENTO DE CÉLULAS TUMORAIS 
Quando em circulação, as células tumorais são vulneráveis à destruição pelas células imunes do hospedeiro. Na circulação 
sanguínea, algumas células tumorais formam êmbolos por agregação e adesão aos leucócitos circulantes, particularmente 
plaquetas; a agregação das células tumorais proporciona, portanto, alguma proteção contra as células efetoras 
antitumorais do hospedeiro. 
 
11 Gabrielle Nunes 
A maior parte das células tumorais, porém, circula como células únicas. O extravasamento das células tumorais ou de 
êmbolos tumorais envolve a adesão ao endotélio vascular, seguida pela saída através da membrana basal dentro do 
parênquima do órgão por meio de mecanismos semelhantes àqueles envolvidos na invasão. 
OBS: local de extravasamento e a distribuição das metástases no órgão geralmente podem ser previstos pela localização 
do tumor primário e sua drenagem vascular ou linfática. 
▪ Câncer de pulmão > metástase para as suprarrenais com frequência; 
▪ Câncer de mama > ossos, pulmão, pleura e fígado; 
▪ Câncer de próstata > ossos, linfonodos, reto, bexiga e ureteres; 
FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NO TROPISMO DO ÓRGÃO: (1) A expressão das moléculas de adesão pelas células 
tumorais, cujos ligantes se expressam de preferência no endotélio dos órgãos-alvo; (2) expressão de quimiocinas e seus 
receptores; (3) Depois que alcançam um alvo, as células tumorais devem ser capazes de colonizar o local; 
▪ As células do câncer de mama humano expressam alto nível dos receptores de quimiocina CXCR4 e CCR7. Os 
ligantes para esses receptores (isto é, quimiocinas CXCL12 e CCL21) estão altamente expressos apenas naqueles 
órgãos para os quais as células do câncer de mama se metastatizaram. 
▪ Embora bem vascularizados, os músculos esqueléticos raramente são o local de metástases. Por que não são uma 
área favorável para as células neoplásicas. 
Apesar da “habilidade” de escapar de seus locais de origem, as células tumorais são bastante ineficientes em colonizar 
órgãos distantes. Estudos mostram que tumores secretam citocinas, fatores de crescimento e proteases que agem sobre as 
células estromais residentes, os quais por sua vez tornam o local metastático habitável para a célula cancerosa. 
GENÉTICA MOLECULAR DA METÁSTASE 
TEORIA (1) Uma teoria há muito sustentada sugere que, à medida que os tumores crescem, células individuais acumulam 
mutações aleatoriamente, criando subclones com distintas combinações de mutações. De acordo com essa hipótese, 
somente uma pequena subpopulação de células tumorais contém todas as mutações necessárias para a metástase . 
TEORIA (2): A metástase, de acordo com essa segunda teoria, não é dependente da geração estocástica dos subclones 
metastáticos durante a progressão tumoral, mas uma propriedade intrínseca do tumor desenvolvida durante a 
carcinogênese. 
Uma questão em aberto na biologia do câncer é se há genes cuja contribuição principal ou única para a tumorigênese 
seja controlar metástases. Essa questão vai além do interesse acadêmico porque, se as formas alteradas de certos genes 
promoverem ou suprimirem o fenótipo metastático, sua detecção em um tumor primário terá implicações tanto 
prognósticas como terapêuticas. 
▪ Prováveis oncogenes metastáticos: codificadores de SNAIL e TWIST, fatores de transcrição cuja função primária é 
promover a transição epitelial para mesenquimal (TEM). 
CARCINOMA PROSTÁTICO 
EPIDEMIOLOGIA 
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-
melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum. A taxa de incidência é 
maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. 
 
Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo 
ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado 
 
12 Gabrielle Nunes 
pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo 
aumento na expectativa de vida. 
ESTATÍSTICAS: Estimativa de novos casos: 65.840 (2020 - INCA); número de mortes: 15.576 (2018 - Atlas de Mortalidade por 
Câncer - SIM). 
PREVENÇÃO E FATORES DE RISCO 
FATORES DE RISCO: (01) Endógenos: Aumento da idade, origem étnica e predisposição genética (Pai ou irmão com 
câncer de próstata antes dos 60 anos). (02) Exógenos: dieta, comportamento sexual, consumo de álcool, exposição á 
radiação ultravioleta e exposição ocupacional (Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica 
e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, 
motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas) 
PREVENÇÃO: (01) Prevenção da obesidade e do excesso da gordura corporal: o elevado teor de gordura pode estar 
associado a alterações no metabolismo de esteroides sexuais, a hiperinsulinemia e a elevados níveis de citocinas pró-
inflamatórias. (02) Combate ao tabagismo e álcool: A exposição do corpo a fatores carcinogênicos químicos está 
diretamente relacionada com uma maior probabilidade de desenvolver neoplasias. 
RASTREAMENTO 
DIAGNÓSTICO PRECOCE RASTREAMENTO 
Abordagem de pessoas com sinais e/ou 
sintomas iniciais da doença; 
Sinais e sintomas mais comuns: alteração na 
frequência e padrões urinários; hematúria 
visível; disfunção erétil. 
Aplicação de teste ou exame numa população assintomática, 
aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas 
de câncer e, a partir daí encaminhar os pacientes com resultados 
alterados para investigação diagnóstica e tratamento; 
PONTOS POSITIVOS: redução na mortalidade pelo câncer de próstata 
PONTOS NEGATIVOS: resultados falso-positivos, infecções e sangramentos resultantes de biópsias, ansiedade associada ao 
sobrediangóstico (overdiagnosis) de câncer e danos resultantes do sobretratamento (overtreatment) de cânceres que 
nunca iriam evoluir clinicamente. 
Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de próstata traga mais benefícios do que riscos. Conforme 
Nota Técnica de 2013, o INCA não recomenda o rastreamento do câncer de próstata [4]. Caso os homens busquem 
ativamente os exames de rastreamento, eles devem ser esclarecidos sobre os riscos envolvidos e sobrea possível ausência 
de benefícios de se fazer esses procedimentos como rotina. 
Em alguns estudos, o rastreamento parece aumentar falsamente a sobrevida, mas o que ocorre de fato é que os anos 
vividos “a mais” são aqueles antes do diagnóstico, sem adiamento do momento do óbito, o que é denominado de viés de 
antecipação (lead-time bias) (JANSEN et al., 2013). Esse tipo de viés é particularmente importante no caso de tumores 
indolentes e de crescimento lento (Figura 2). O diagnóstico precoce, nesses casos, apenas diminui a qualidade de vida, 
com a ansiedade gerada e as consequências indesejadas do sobretratamento (overtreatment). 
Em estudos de autópsia, aproximadamente metade dos homens acima de 80 anos apresentam células malignas na 
próstata, mesmo sem terem apresentado sintomas enquanto vivos (JAHN et al., 2015). Ou seja, grande quantidade de 
tumores malignos localizados ou in situ identificados pelo rastreamento não interfeririam na sobrevida ou na qualidade de 
vida do paciente, porque seriam vencidos pela própria imunidade ou teriam uma evolução muito lenta. É difícil estimar a 
proporção de homens com sobrediagnóstico de câncer de próstata, que pode variar de 23% a 66% (DRAISMA et al., 2009). 
Muitos dos pacientes assim diagnosticados são submetidos a procedimentos diagnósticos (biópsias) e ‘curativos’ (cirurgia, 
radioterapia) associados a elevadas morbidade e mortalidade, que seriam desnecessários. Isto resulta em sobretratamento, 
o qual também agrega custos indevidos (CHOU et al., 2011). 
LINK: file:///C:/Users/CLIENTE/Downloads/Rastreamento%20populacional%20para%20o%20cA%CC%83%C2%A2ncer.pdf ; 
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//rastreamento-prostata-2013.pdf 
MORFOLOGIA 
LOCALIZAÇÃO PREFERENCIAL: A hipertrofia benigna da próstata se inicia como micronódulos na zona transicional (região 
mais interna) que crescem e coalescem para formar macronódulos ao redor da margem inferior da parte pré-prostática 
da uretra, logo acima do colículo seminal. 
file:///C:/Users/CLIENTE/Downloads/Rastreamento%20populacional%20para%20o%20cA�¢ncer.pdf
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/rastreamento-prostata-2013.pdf
 
13 Gabrielle Nunes 
À medida que a zona transicional cresce, produz a aparência de “lobos” em ambos os lados da uretra. Oportunamente, 
esses lobos podem comprimir ou distorcer as partes pré-prostática e prostática da uretra e produzir sintomas clínicos de 
obstrução urinária. 
MORFOLOGIA: o peso fica entre 60-100g; contém nódulos bem circunscritos, esses podem conter espaços císticos ou serem 
sólidos; estreitamento do lúmen da uretra; os elementos glandulares e estromais hiperplásicos podem projetar-se no lúmen 
da bexiga como massa pedunculada; 
Microscopia: Nódulos compostos por elementos glandulares proliferativos e estroma fibromuscular. As glândulas 
hiperplásicas são revestidas por células epiteliais colunares altas e uma camada periférica de células basais planas (Fig. 17-
12). Os lúmens glandulares geralmente contêm material denso de secreção proteica conhecido como corpos amiláceos. 
DIAGNÓSTICO 
Achados no exame clínico (toque retal) combinados com o resultado da dosagem do antígeno prostático específico (PSA, 
na sigla em inglês) no sangue podem sugerir a existência da doença. Nesses casos, é indicada a ultrassonografia pélvica 
(ou prostática transretal, se disponível). O resultado da ultrassonografia, por sua vez, poderá mostrar a necessidade de 
biópsia prostática transretal. O diagnóstico de certeza do câncer é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela 
biópsia da próstata. O relatório anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica do sistema de Gleason, cujo 
objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua tendência à disseminação, além de ajudar na 
determinação do melhor tratamento para o paciente. 
TRATAMENTO 
O tratamento depende do estadiamento da doença, da idade e do estado geral de saúde do paciente (Performace 
Status). Cada caso deverá ser analisado de forma individual. 
Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A 
maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante 
a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. 
▪ Combinação entre cirurgia, radioterapia e terapia hormonal costumam ser as opções mais comuns. 
BAIXO RISCO (de acordo com níveis de PSA, estadiamento clínico e escore histopatológico de Gleason) 
É possível fazer apenas o monitoramento periódico do caso, sem precisar de tratamento imediato. Essa estratégia, 
chamada vigilância ativa, envolve a realização periódica dos exames de PSA e toque retal, além de biópsias conforme 
indicação médica. Nos casos de adultos jovens com tumores que crescem rápido, isso não costuma ser recomendado. 
ALTO RISCO 
PROSTATOVESICULECTOMIA RADICAL: inclui a ressecção total da próstata, vesículas seminais ou outras estruturas pélvicas 
acometidas por tumor maligno. Incontinência urinária e disfunção erétil são efeitos colaterais possíveis. 
RESSECAÇÃO TRANSURETRAL: caráter paliativo para alívio de sintomas. 
TRATAMENTO COM RADIAÇÃO IONIZANTE pode envolver a teleterapia ou a braquiterapia. teleterapia: radioterapia 
realizada várias vezes na semana; braquiterapia: aplicações de sementes radiativas na próstata, de forma temporária 
ou permanente. 
HORMONIOTERAPIA: tem como objetivo inibir os hormônios masculinos (androgênicos), que estimulam o crescimento do 
câncer. Em conjunto com a radioterapia, proporciona a redução do volume tumoral. Também recomendada nos casos 
de metástase ou nos casos de recidiva. 
CASTRAÇÃO CIRURGICA: Orquiectomia, retirada dos testículos. CASTRAÇÃO QUÍMICA: o uso da terapia com análogo de 
LHRH (receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante). Os efeitos colaterais, em ambos os casos, são perda da 
libido, ondas de calor, ginecomastia, osteoporose, fraqueza, perda de massa muscular, depressão, aumento do peso e 
risco de doenças cardiovasculares. Drogas antiandrogênicas (que bloqueiam a capacidade de o corpo usar os 
hormônios androgênicos) também podem ser indicadas. 
Atualmente, a QUIMIOTERAPIA é utilizada nos casos refratários aos hormônios e quando a hormonioterapia sozinha não 
é capaz de conter a doença. Pode ser utilizada também no início do tratamento, em pacientes que se apresentam já 
com um grande volume de doença metastática ao diagnóstico. 
Outros medicamentos são utilizados na terapia do câncer de próstata, como corticosteroides e bisfosfonatos para alívio 
das dores ósseas, nos casos de metástase para esse tecido. 
 
 
14 Gabrielle Nunes 
PROBLEMA 01:COMIGO NÃO, VIOLÃO! 
Depois de algum tempo, mesmo com medo de ficar como seu vizinho de roça, Joaquim, agricultor, 70 anos, confidenciou 
à sua mulher que vinha sentindo dores na região lombar e que estava com dificuldade para urinar. Resolveu então, depois 
de muita insistência dos familiares, procurar a UPA. Lá foi medicado com buscopan composto e orientado a procurar 
assistência ambulatorial. 
Somente depois de dois meses conseguiu ser atendido por um especialista, o qual, após anamnese, realizou exame físico 
completo, inclusive com o toque retal, o que o deixou muito constrangido e envergonhado. “E aí, doutor? Aquela doença 
está em mim?” O médico sorriu para tranquiliza-lo, mas, percebendo um aumento da próstata, optou em solicitar a biópsia. 
Joaquim pegou resultado do histopatológico e, movido pelo natural ansiedade, leu o laudo: “Espécimes obtidos por biópsia 
transretal de próstata constando de oito fragmentos preparados em hematoxilina eosina que demonstram ao microscópio 
células com núcleos hipercromados, diversas mitoses, alguns núcleos duplos, volumes celulares irregulares, vasos 
neoformados e tortuosos, desarranjo estrutural tecidual e áreas de necrose.As células predominantes são atípicas e 
indiferenciadas, preenchendo linfáticos e veias. O quadro histológico é característico de neoplasia de tecido prostático de 
alto grau de indiferenciação”. 
Experimentou um momentâneo alívio porque, naquele resultado, não encontrou a palavra câncer e comentou com sua 
mulher: não disse a você? Comigo não, violão! Conversaria com o médico no mês seguinte. Na consulta, para sua surpresa, 
foi informado que se tratava de uma neoplasia maligna. Naquele primeiro momento não entendeu nada. Como assim, se 
no papel não estava escrito câncer?! 
Então, o médico lhe explicou, com riqueza de detalhes como uma célula normal pode se transformar numa célula maligna, 
como a doença se instala e se desenvolve, além dos fatores predisponentes.

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