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Alcoolismo: Sintomas e Consequências

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APG 16 
Alcoolismo 
Alcoolismo 
Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, 
considerada doença pela Organização Mundial da 
Saúde. 
O abuso de álcool é diferente do alcoolismo porque 
não inclui uma vontade incontrolável de beber, perda 
do controle ou dependência física. E ainda o abuso de 
álcool tem menos chances de incluir tolerância do que 
o alcoolismo (a necessidade de aumentar as quantias 
de álcool para sentir os mesmos efeitos de antes). 
Sintomas de Alcoolismo 
O alcoolismo, também conhecido como "síndrome da 
dependência do álcool", é uma doença que se 
desenvolve após o uso repetido de álcool, tipicamente 
associado aos seguintes sintomas (que não 
necessariamente ocorrem juntos): 
Compulsão: uma necessidade forte ou desejo 
incontrolável de beber; 
Dificuldade de controlar o consumo: não conseguir 
parar de beber depois de ter começado; 
Sintomas de abstinência física, como náusea, suor, 
tremores e ansiedade, quando se para de beber; 
Tolerância: necessidade de doses maiores de álcool 
para atingir o mesmo efeito obtido com doses 
anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com 
uma mesma dose da substância. 
Consequências em curto prazo 
Quanto mais alta for a concentração de álcool no 
sangue, mais severas poderão ser as alterações da 
consciência e os sintomas de intoxicação alcoólica: 
Comportamento desadequado; 
Humor instável; 
Falta de discernimento; 
Fala arrastada; 
Défice de atenção; 
Problemas de memória, incluindo-se “apagões” de 
memória 
Falta de coordenação; 
Consequências a médio e longo prazo 
O alcoolismo tem vários efeitos e muito negativos 
sobre a saúde física e psíquica, que na maioria das 
vezes causam prejuízos graves nos vários contextos 
em que a pessoa se move, sejam eles laboral, familiar 
ou social, e que estão relacionados com exclusão 
social, acidentes de trânsito, comportamentos 
agressivos, etc. 
Problemas físicos: 
Gastrointestinais: úlcera, varizes esofágicas, gastrite, 
gordura no fígado (esteatose hepática), hepatite, 
pancreatite, cirrose; 
Neuromusculares: cãibras, perda de força muscular, 
dormência, distúrbios de coordenação; 
Cardiovasculares: hipertensão, arritmias, aumento do 
risco de acidente vascular isquêmico; 
Sexuais: redução da libido, ejaculação precoce, 
disfunção erétil, infertilidade. 
Transtornos mentais: 
Depressão 
O álcool tem um efeito depressor sobre o sistema 
nervoso central e aumenta o risco de perturbações de 
humor e de depressão, que se revelam pelos sintomas 
habituais, desinteresse, perda ou aumento de peso, 
perturbações do sono, fadiga, perda de energia ou 
agitação, pensamentos negativos, diminuição da 
capacidade de pensamento ou concentração, e nos 
casos mais severos, pensamentos suicidas. 
Abstinência 
Ocorre quando, após um período de alcoolismo 
intensivo, há uma paragem no consumo ou uma 
redução abrupta e significativa das quantidades 
ingeridas. Pode revelar-se algumas horas depois ou 
surgir até quatro a cinco dias após esse momento e os 
sintomas são: taquicardia, tremores nas mãos, 
insónia, náuseas e vómitos, alucinações, inquietação, 
agitação e ansiedade. Nos casos mais graves, a 
situação de delirium tremens é acompanhada de 
febre, convulsões e confusão mental. 
Demência 
A memória é frequentemente afetada não só pela 
ação do álcool como pela má nutrição, que torna 
frequente nos alcoólicos a carência de vitamina B1, 
essencial para a manutenção da capacidade de 
armazenar novas memórias. “A degradação da 
memória, causada pelo consumo excessivo de álcool, 
pode perdurar e inclusive agravar-se ao longo dos 
anos”, alerta José Fernando Santos Almeida. 
Psicose 
Induzida pelo álcool, consiste sobretudo em 
alucinações e ideias delirantes (ideias falsas que 
resistem a toda a argumentação lógica e ao teste da 
realidade). Afeta 3% dos dependentes do álcool. “Há 
pessoas mais suscetíveis a sofrerem uma psicose do 
que outras e a durabilidade da psicose dependente de 
inúmeros fatores (manutenção do consumo, 
vulnerabilidade, história prévia de psicose, 
concomitância de consumos de outras substâncias, 
etc.).” 
O Álcool e o Sistema Nervoso 
Efeitos agudos 
Os efeitos agudos do consumo de bebidas alcoólicas, 
como alegria, loquacidade são mascaradores da ação 
inibidora que o álcool tem sobre o sistema nervoso, 
assim como os anestésicos. 
O álcool age indiretamente sobre o sistema límbico, 
que tem um papel crucial na expressão das emoções 
e na atividade do sistema de recompensa do cérebro 
– área ventral e “nucleus accumbens” –(MENESES 
1999). A experiência do prazer acontece por um 
encadeamento de neurônios que interagem dentro do 
sistema límbico, por meio de diversos 
neurotransmissores, como por exemplo a dopamina. 
A dopamina é um dos neurotransmissores liberados 
pelo consumo de drogas, pois é responsável pela 
sensação de bem-estar e prazer, que direcionam o 
indivíduo a buscar a droga descontroladamente. 
Sua origem está na descarboxilação da DOPA (3,4 – 
hidroxifenilalanina), que é resultado da transformação 
de tirosina. 
Após sua fabricação, ela é armazenada nas vesículas 
dos terminais pré-sinápticos para ser liberada na 
fenda após um estímulo neuronal (BRODAL 1997). 
Efeitos crônicos 
Quanto aos efeitos crônicos o álcool causa no sistema 
límbico uma menor oxigenação, devido à diminuição 
da circulação do sangue nessa área (FERREIRA 
2001). Ocorre um 
desornamento dos processos neurológicos, 
principalmente do córtex cerebral, que é responsável 
pelo controle integrador (GOODMAN 1997). 
Os principais processos afetados são aqueles que 
dependem de treinamento, autocontrole, memória e 
concentração. 
Como ação do álcool sobre o sistema límbico sabe-se 
da Síndrome de Korsakoff, que é uma seqüela da 
encefalopatia de Wernicke (deGROOT 1994). 
A Síndrome de Korsakoff, também chamada de 
Síndrome Confabulatória Amnéstica, ocorre devido a 
deficiência de tiamina (vitamina B1), quadro comum 
dentro do alcoolismo. Caracteriza-se 
por perda grave da memória de curto-prazo e 
tendência a confabulação (diminuição na 
espontaneidade e na iniciativa para disfarçar a perda 
da memória), mas não ocorre perda da consciência 
(MENESES 1999). 
Anatomicamente, as lesões são principalmente de 
necrose hemorrágica dos corpos mamilares, podendo 
atingir o tálamo (BRODAL 1997). 
O paciente pode apresentar apatia ou estado de 
confusão, que pode progredir para o coma (deGROOT 
1994). 
Contexto Social e Contexto Familiar 
Quando existe um alcoolista na família, esta 
demonstra preocupação com a questão, mas procura 
não falar sobre isso, e assim começa a desordem 
familiar, a troca de papeis, desenvolvendo um 
desgaste emocional de todos os membros da família, 
determinando afastamento entre eles. Muitas têm 
dificuldades para admitir o problema, inclusive por 
vergonha, e demoram para procurar ajuda 
profissional, fato que corrobora por agravar a situação. 
Se o alcoolista for o chefe da família, o provedor dos 
meios de subsistência, então os outros integrantes 
terão que se organizar de forma a cuidar deste 
membro além de desempenhar as funções até então 
atribuídas a ele. 
São várias as consequências individuais e sociais do 
consumo de álcool, além da embriaguez, pois seu 
consumo abusivo é responsável por muitos óbitos e 
incapacidades (devido aos acidentes e doenças que 
provoca), falta de produtividade no trabalho e violência 
familiar e criminal.Todos esses fatores, aliados ao fato de provocar 
grande dependência física e psíquica e ser das 
poucas substancias que causam lesões irreversíveis. 
As situações de violência, criminalidade, acidentes de 
transito ocasionados por indivíduos alcoolizados não 
deixam dúvida que o alcoolismo é também uma 
doença cujos sintomas sociais devem ser alertados e 
prevenidos. Isso dá margem muitas vezes para que a 
sociedade trate o indivíduo de forma a excluí-lo de seu 
meio, o que faz com que o alcoolista tenha 
dificuldades para se reconhecer como doente. 
De acordo com Oliveira (2009) a maioria dos 
tratamentos procura ajudar pessoas a diminuir o 
consumo de álcool, seguindo-se por mudança de 
hábitos ou suporte social de modo que ajude a pessoa 
em resistir ao consumi-lo. Como o alcoolismo envolve 
múltiplos fatores que incentivam a pessoa a beber, 
todos esses fatores devem ser suprimidos para que se 
previnam com sucesso os casos de recaídas. O 
aconselhamento em grupo através de ajuda mútua é 
um dos meios mais comuns de ajudar os alcoólicos a 
manter a sobriedade. 
Martins & Farias Junior (2012) ressaltam que ao se 
olhar a família pelo viés histórico de sua formação, 
observa-se que certos padrões de comportamento de 
seus membros se repetem, se acentuam ou diminuem 
em relação ao comportamento de seus antepassados. 
Tais repetições poderão acontecer em maior ou menor 
nível, mas de maneira geral, alteradas conforme a 
vivencia e experiência pessoal de cada indivíduo. 
Portanto, existe a possibilidade de alterar, a partir de 
conteúdos particulares, a herança do conteúdo 
psíquico das gerações anteriores ou, simplesmente as 
repetir. 
O fato é que, na formação de uma família influenciam 
heranças genéticas, psíquicas, e o alcoolismo, visto 
como um problema familiar é inserido neste contexto, 
no qual cada membro da família participa, ao mesmo 
tempo com sua individualidade e sua herança de 
gerações anteriores. 
Martins & Farias Junior (2012) apontam um padrão 
sequencial da maioria das mulheres casadas com 
alcoolistas, com base nos fatores mais recorrentes, de 
início vem à negação do problema, em seguida, 
tentativas de controlar ou impedir o comportamento 
problemático de seu esposo, a família vai se isolando 
dos contatos sociais, permanecendo a maior parte do 
tempo em casa. Mais tarde, a esposa começa a 
perceber que suas tentativas e estratégias para que o 
comportamento problemático de seu esposo 
desapareça não estão funcionando. Possivelmente 
neste momento começa a temer pela própria sanidade 
por vezes se sentindo desesperançada frente ao caos 
familiar. 
O relacionamento sexual diminui ou cessa, e paira 
uma sensação geral e continuada de distância, medo 
ou raiva. Neste momento, a esposa geralmente 
aconselha o marido a procurar ajuda e, se ele não o 
faz, é grande a chance de o casamento chegar ao fim 
ou, se continuar, entrar numa fase caracterizada por 
estratégias de impedimento. (Martins & Farias Junior, 
2012) 
O uso de álcool e outras drogas surgem com cada vez 
maior frequência entre as mulheres, relacionado à 
tentativa de se automedicar, eliminando a dor e o mal-
estar resultante das situações violentas e traumáticas 
no lar. (Martins & Farias Junior, 2012) 
Os mesmos autores citam que estatísticas da 
Associação Brasileira de Álcool e Drogas (ABEAD) 
relatam que a associação de álcool e direção é 
responsável por 75% dos acidentes de transito com 
mortes; 39% das ocorrências policiais e constitui-se a 
3ª causa de absenteísmo, respondendo por 40% das 
consultas psiquiátricas no Brasil. Além disso, dados do 
Ministério da Saúde demonstram que os transtornos 
mentais são a 4ª causa de internação hospitalar, 
sendo suplantada apenas pelas internações por 
problemas respiratórios, circulatórios e dos partos, 
sendo o álcool a razão principal em 20,6% dos casos. 
(Oliveira, 2009) 
 
É possível citar problemas de baixa autoestima, 
ansiedade, depressão, transtorno de conduta e fobia 
social, dificuldades de aprendizagem, evasão escolar. 
Entre o casal ocorrem fatores como: falta de disciplina, 
falta de intimidade no relacionamento entre pais e 
filhos e dificuldades de educar os filhos 
conjuntamente. (Barbosa, Barreiro, Santos, Veneziani, 
& Liberato, 2011) 
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Relação entre Dependência Química e Estados 
Depressivos 
Esses achados permitem levantar a hipótese de que o 
usuário de SPA (substâncias psicoativas) tem maior 
dificuldade em manter um relacionamento conjugal 
estável, em consequência do comportamento 
desencadeado pelo uso, desestabilizando as relações 
afetivas. Essa situação se fundamenta na medida em 
que os cônjuges convivem em um ambiente permeado 
de conflitos, ameaças, desqualificação e ciúmes, 
acarretando distanciamento e desesperança. 
É válido ressaltar que um estudo entre cuidadores de 
dependentes químicos, realizado no estado de Mato 
Grosso em 2010, visando avaliar a sobrecarga do 
cuidado, encontrou que a maioria das cuidadoras 
eram esposas, e que essas apresentavam sintomas 
depressivos, sendo a falta de interesse sexual o fator 
que mais contribuiu para este quadro, confirmando a 
dificuldade na convivência com esta situação adversa. 
Considerando que a QV (qualidade de vida) é 
subjetiva e deve ser aferida por meio de diferentes 
domínios, neste estudo, os domínios mais 
comprometidos foram os aspectos emocionais, 
mentais e sociais. Resultados semelhantes foram 
obtidos em investigação no Canadá, comparando a 
QV de pacientes em condições médicas graves e 
usuários de opiáceos em um programa de 
substituição. O estudo evidenciou menores escores 
entre os usuários de opiáceos, principalmente para os 
aspectos sociais, emocionais, energia e vitalidade e, 
ainda, limitações decorrentes de transtornos mentais. 
Os sintomas depressivos têm sido os mais estudados 
dentre os transtornos psiquiátricos em relação à 
qualidade de vida, e no presente estudo observou-se 
uma forte correlação entre os sintomas depressivos e 
todos os domínios da QV. Essa correlação acarreta o 
declínio da QV dos usuários na medida em que a 
depressão aumenta a sensação de dor, a 
incapacidade funcional, diminui a qualidade das 
relações sociais, além de tornar a adesão ao 
tratamento mais difícil. 
Observamos que os domínios mais fortemente 
correlacionados com os sintomas depressivos foram a 
saúde mental, que envolve alterações psíquicas, 
assim como sentimentos de tristeza, ansiedade e 
outros, e o domínio de vitalidade, que se refere à 
energia para as atividades rotineiras, disposição e 
relação com a vontade de transformar decisões em 
ações. Esta identificação permite o planejamento de 
estratégias mais direcionadas com enfoque nas 
necessidades individuais, com vistas a facilitar a 
adesão ao tratamento e a recuperação, 
proporcionando a retomada de atividades de cuidado 
com o corpo, lazer, atividades sociais e outras. 
O álcool também é comumente associado à 
depressão, cerca de 23 a 70% dos pacientes 
dependentes de álcool sofrem de transtornos 
depressivos. 
Substâncias, como o Crack, o tabaco e a cocaína, 
também podem estar relacionadas com episódios 
depressivos. 
Como citado na introdução, o estudo de Costa e 
Valerio (2008) verificou uma forte correlação entre 
transtornos por uso de substâncias e transtorno de 
personalidade anti-social.

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