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Semiologia Respiratória 1. IDADE Crianças: Atresias e fístulas do esôfago → Pneumonias aspirativas Cistos pulmonares congênitos Atelectasias por obstrução mecânica da coqueluche e asma Síndrome da membrana hialina Pneumonias por gram-negativos são raras na infância (predominância de estafilococos) Tuberculose – miliar, meningite tuberculosa, óssea, renal, complexo primário da tuberculose Idosos: Pneumonias mais graves, podendo ser afebris Bronquites crônicas, enfisema, carcinoma brônquico (40-60anos) Asma não-alérgica 2. GÊNERO Masculino Broncopneumopatias, carcinoma brônquico, bronquite crônica e enfisema são mais comuns (o tabagismo está mudando essa realidade) Mulher Adenoma brônquico mais comum 3. RAÇA Negra – Tuberculose e sarcoidose são mais comuns Branca – Maior incidência de colagenoses Judeus – Maior resistência a tuberculose 4. PROCEDÊNCIA Países mais industrializados maior incidência de pneumoconioses Investigar ocupação atual (cabeleireiros, trabalhadores de minas, gesseiros, carpinteiros) ou viagens atuais – risco de exposição a asbestos ou fungos tipo histoplasma. 5. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL Meta principal da anamnese Curta, clara e concisa (deve ser enxugada pelo médico após paciente falar livremente) Monotonia de sintomas (tosse, dor, expectoração, falta de ar, hemoptises) 6. ANTECEDENTES FAMILIARES Investigar doenças de caráter familiar que podem comprometer o pulmão como: Asma, atopia, bronquite, enfisema, mucoviscidose, deficiência de alfa-1-antiprotease 7. ANTECEDENTES PESSOAIS Investigar infecções e afecções pulmonares que possam trazer sequelas para a idade adulta (prematuridade com uso do respirador, antecedentes de trauma de tórax, hernias diafragmáticas, passado alérgico, presença de doenças sistêmicas tais como LES, etc) 8. HÁBITOS DE VIDA Tabagismo – Bronquite, asma, enfisema, carcinoma brônquico (tipo de cigarro, quantidade e tempo, se não-fumante, há quanto tempo) Promiscuidade – HIV Alcoolismo – Pneumonias por Klebsiella 9. HISTÓRIA EPIDEMIOLÓGICA Visita a cavernas, grutas, minas abandonadas, galinheiros – Histoplasmose Enchentes - Leptospirose ➔ Sintomatologia 1. Tosse Função: Impede a entrada de material estranho no trato respiratório e remove outros materiais não gasosos da árvore respiratória (secreções e corpo estranho) Consequências: Incontinência urinária, perturbação do sono, interferência nas atividades profissionais e sociais do indivíduo. Classificação: → DE ACORDO COM A DURAÇÃO AGUDA – Até 3 semanas SUBAGUDA – Tosse persistente de três a oito semanas CRÔNICA – Tosse por mais de oito semanas → DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA TOSSE IMPRODUTIVA – Seca ou reflexa – Estágios iniciais de várias doenças (TB, pneumonias, RGE, asma, câncer, corpo estranho nas vias aéreas, pólipos nasais, laringotraqueobronquites) PRODUTIVA – Estágios tardios das doenças broncopulmonares que podem ter tido início agudo (TB, bronquiectasias, coqueluche, abscesso pulmonar, carcinoma brônquico, asma brônquica complicada, empiema pleural com fístula broncopleural) PAROXÍSTICA – Crises de tosse (Coqueluche, bronquiectasias, RGE, abscesso pulmonar). Pode ser desencadeada pelo esforço físico (IC) LARÍNGEA – Tonalidade metálica (tosse de cachorro) – causada por espasmo laríngeo REPRIMIDA – Tentativa voluntária de reprimir a tosse devido a dor → TOSSE NAS PATOLOGIAS BRONQUITE CRÔNICA Tosse produtiva, secreção mucóide, três meses de inverno, predominam pela manhã ao acordar. Surtos de infecções bacterianas – Não necessita de antitussígenos Necessidade de afastamento de condições irritantes (clima, cigarro) Surge o quadro por alguns meses, cessa e retorna em torno de 1 ano ASMA Tosse inicialmente improdutiva. Pode progredir com secreção mucóide Pode ocorrer acompanhada ou não de sibilos Investigar se precipitada por esforços físicos, (lembra de Hannah de Mais que Vencedores?) riso e exposição a alérgenos Predomina a noite, principalmente em crianças Pode precisar de ventilação mecânica; Histórico de sinusites recorrentes; Pode ter tiragem intercostal e uso de musculatura acessória, como sinal de dispnéia grave; meds comuns: budesonida 1200mcg dia + formoterol 24mcg/dia (inal) salbutamol+ipratrópio (inal) FOCO SUPURATIVO CRÔNICO DE VIAS AÉREAS SUPERIORES Rinossinusite, adenoidite, deformidades nasais, dentes sépticos, síndrome de Kartagener Tosse produtiva e recorrente com secreção purulenta Sinal de aspiração faríngea e sinal de pigarrear Sinal de peso nas regiões periorbitárias (rinossinusite) Sintomas associados – fotofobia, febrícula vespertina, sudorese, irritabilidade, indisposição Pode evoluir com estertores pulmonares grossos não compatíveis com imagem radiológica específica de pneumonia (sinusobronquite) BRONQUIECTASIAS: dilatação crônica dos brônquios com catarro mucopurulento Associação com rinossinusites Infecções pulmonares recorrentes Tosse produtiva Presença de catarro diário Alta produção de muco Presença de estertores ADENÓIDES OBSTRUTIVAS Podem se associar a otite (obstrução dos óstios das tubas auditivas) e rinossinusites (bloqueio dos óstios dos seios paranasais) Relaciona-se ao estágio alérgico do paciente Presença de obstrução nasal e roncos noturnos Fácies adenoidiana Arco nasal aumentado e achatado Atenuação do sulco nasolabial Respiração bucal Lábio superior elevado Dentes incisivos proeminentes Voz anasalada) Diagnóstico: Rinoscopia posterior, nasofaringoscopia, radiografia de perfil da nasofaringe CARCINOMA BRÔNQUICO Associação com DPOC (bronquite e enfisema) – tosse crônica Investigar mudança do padrão da tosse – aumento de frequência com perturbação do sono, rouquidão e escarro hemático Presença de broncopneumonia obstrutiva no sítio do carcinoma EDEMA PULMONAR Dispnéia paroxística noturna e ortopnéia Associação com expectoração rósea e espumosa → ETIOPATOGENIA TOSSE AGUDA Infecções virais e bacterianas do trato respiratório superior (resfriado comum) e trato respiratório inferior (traqueobronquites) Associação com resfriado comum: presente em 85% das pessoas nas primeiras 48 horas de infecção e 26% no 14°dia. TOSSE CRÔNICA Tríade patogênica (95% das tosses crônicas não tabagistas e raio X normal) : Hiperresponsividade brônquica x Gotejamento pós-nasal x Refluxo gastroesofágico Necessita avaliação criteriosa (TB ainda endêmica mas com menor frequência que a bronquite crônica) Tabagismo maior causa de tosse crônica em nosso meio (77% dos pacientes param de tossir imediatamente após abandono do hábito) Ausência da tríade patogênica: Bronquiectasias e bronquite crônica Lembrar sempre: Uso de IECA Multiplicidade de causas em até 60% das tosses crônicas (a ignorância desse fato leva a erros diagnósticos) → Considerações Diagnósticas Diagnóstico difícil – Deve ser investigada exaustivamente Raio X tórax e exame clínico normais em grande número de casos História clínica aponta o diagnóstico em cerca de 80% dos casos Pesquisa da tríade patogênica Pesquisa de tabagismo, exposição ocupacional, infecções virais, uso de inibidores da ECA → EXAMES LABORATORIAIS Tomografia computadorizada dos seios paranasais Rinoscopia por fibra óptica Monitorização prolongada do PH intraesofagiano Esofagomanometria Teste de broncoprovocação com metacolina TC de alta resolução do tórax Nasofibrolaringoscopia Fibrobroncoscopia → Tratamento TOSSE AGUDA Trata-se o sintoma Tosse seca irritativa - Antitussígenos e mucolíticos TOSSE CRÔNICA Terapêutica específica (sucesso em até 98% das vezes) Tabagismo, IECA, exposição ocupacional e a alérgenos – Afastar causa Gotejamento pós-nasal – Depende da etiopatogenia Rinite alérgica – Corticóides tópicos (120 dias), descongestionantes e anti-histamínicos, além do controle dos fatores ambientais Rinite vasomotora – Semelhante a rinite alérgica com associação de brometo de ipatrópio Rinossinusite – Antibióticos (amoxicilina/clavulanato e quinolonas por 14 a 30 dias) e descongestionantes sistêmicos, além de corticoterapia sistêmica por 5 a 10 dias Degeneração polipóide – Infiltraçãocom corticosteróides ou cirurgia Hiperresponsividade brônquica – Corticosteróides sistêmicos e tópicos, broncodilatadores RGE – Medidas não-farmacológicas (não ingestão de alimentos por no mínimo 3 horas antes de dormir, elevação de no mínimo 20 cm da cabeceira da cama, abstenção de bebidas a base de cola e cafeína, abstenção de alimentos gordurosos e álcool Bronquiectasias – Antibióticos e fisioterapia Colapso traqueobrônquico – CPAP ou ressecção cirúrgica das partes colapsáveis da traquèia 2. Hemoptise DEFINIÇÃO: Todo e qualquer sangramento originado abaixo das cordas vocais CARACTERÍSTICAS: Pode estar relacionado a doenças respiratórias, hematológicas e cardiovasculares; Existe relação entre o fluxo de sangue e a gravidade do quadro; Hemoptise volumosa – 100 a 600 ml em 24 horas LEMBRETES O volume expectorado nem sempre corresponde a realidade Hemoptises pequenas e repetidas podem gradativamente comprometer a função pulmonar A tosse evita a morte por asfixia Pequenas hemoptises podem obstruir a árvore traqueobrônquica na doença pulmonar extensa Doenças graves associadas podem contribuir para o agravamento do quadro A etiologia da hemoptise é determinante do prognóstico ETIOPATOGENIA INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA Geralmente, a anamnese e o exame clínico indicam a causa da hemoptise. Deve-se sempre tentar estimar o volume de sangue. Conduta inicial: Determinar se a hemoptise representa ameaça à vida Sem tratamento = Recidiva Hemoptise volumosa – A expectoração é precedida de tosse, costuma recidivar com ameaça a vida → EXAMES DE IMAGEM 1. Raio X de tórax Quando aliado aos dados clínicos sugere causa e sítio da hemoptise Infiltrado pulmonar localizado, massa ou lesão cavitária isolada indica o local de sangramento 2. TC de tórax Avaliação mais precisa Importante na investigação das hemoptises de causa desconhecida Fornece maior riqueza de detalhes principalmente nas bronquiectasias Define com precisão o grau de inundação alveolar e a quantificação e a extensão da doença pulmonar. BRONCOSCOPIA Serve para controle, diagnóstico e tratamento da hemoptise Quando realizada durante o sangramento identifica o sítio em 97-100% das vezes (é o método de certeza) ARTERIOGRAFIA Útil nos casos de malformações arteriovenosas, fístulas, aneurismas da artéria pulmonar e embolia pulmonar CINTILOGRAFIA Útil no diagnóstico do infarto pulmonar e na avaliação da função pulmonar → TRATAMENTO Depende do risco de morte que representa Volume pequeno: Sedação do paciente Controle da tosse com codeína ou morfina Tratar causa base eventualmente Grandes volumes: Evitar a morte por asfixia (alta morbidade e mortalidade) Localizar o sítio do sangramento Controlar a hemorragia Determinar a etiologia Evitar o risco de recorrência Cirurgia quando necessária, eletiva 3. Dor Torácica CAUSAS MAIS COMUNS Isquemia do miocárdio, pleurites, alterações musculoesqueléticas, disfunções do esôfago, afecções pericárdicas INVESTIGAÇÃO Anamnese e exame físico: Características da dor (localização, irradiação, referência, qualidade, intensidade, duração, evolução, fatores desencadeantes e agravantes ou que trazem alívio, manifestações concomitantes) PLEURITES Dor acompanhada de tosse seca, metálica, febre e dispnéia Dor aguda, intensa, em pontada, localizada com precisão e facilidade, com área pequena, sem irradiação e que aumenta com a tosse e os movimentos torácicos (o decúbito do lado da dor nem sempre alivia) Quando a dor desaparece inicia o derrame pleural Paciente em posição antálgica, semi-sentado, comprimindo o hemitórax oposto com uma ou ambas as mãos (Pleurite diafragmática) Pleurite diafragmática periférica – Dor refletida na área dos nervos intercostais mais próximos Pleurite diafragmática central – Dor paraesternal. Confusão na localização (torácica ou abdominal) Pleurites apicais – Base do pescoço e ombro PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO BENIGNO Dor súbita, aguda e intensa (comparada a uma punhalada) Acompanhada de dispnéia Não há sintomas prévios associados PNEUMONIAS Dor profunda, mal localizada, acompanhada de tosse produtiva VIROSES RESPIRATÓRIAS Dor difusa, com desconforto respiratório associado, retroesternal na maioria das vezes, exacerbada pela tosse (seca e inútil) LARINGOTRAQUEÍTES E TRAQUEOBRONQUITES AGUDAS Dor na laringe e traquéia (paciente coloca mão espalmada sobre o esterno) DOR MEDIASTÍNICA Dor de grande intensidade, mal definida DOR CARDÍACA Dor em aperto, opressão, medo, sensação de morte iminente e sudorese importante. Dor da angina relacionada a fatores desencadeantes (mais rápida). Dor do IAM duradoura, de maior intensidade, com menor resposta a vasodilatadores. ANEURISMA DISSECANTE DA AORTA Dor de intensidade extrema Retroesternal Irradiação para escápulas PERICARDITE Dor em menor intensidade que a da angina Presença de atrito pericárdico Posição de prece maometana HIPERTENSÃO DA ARTÉRIA PULMONAR Semelhante a dor cardíaca sem resposta ao uso de vasodilatadores ESOFAGITE Dor em queimação retroesternal. Pode simular a síndrome anginosa. Investigar histórico alimentar prévio. Caso Clínico Identificação: BGN, 43 anos, masculino, mulato, natural de Cravinhos, procedente de Ribeirão Preto, solteiro, frentista de posto de gasolina. Queixa e Duração: Tosse e febre há duas semanas. HMA: Paciente refere que aproximadamente há duas semanas começou com tosse, de início seca, mas que logo foi acompanhada por expectoração amarelada. A tosse não tinha horário preferencial, vinha na forma de “ataques” principalmente após a respiração profunda e melhorava quando ele chupava balas de hortelã. No inicio do quadro também sentiu dor em pontada, localizada na base do pulmão direito, de fraca intensidade, que também piorava com a inspiração. Acompanhava o quadro sensação de mal estar generalizado e calafrios, o que o obrigou a ficar de cama por pelo menos três dias. Iniciou então “tratamento” com dipirona gotas quatro vezes ao dia, tendo melhorado dos calafrios e da dor torácica. Contudo, a tosse persistiu e há quatro dias notou manchas de sangue no meio do catarro expectorado. Há três dias apresentou uma crise de tosse muita intensa, que durou uns dez minutos, tendo expectorado volume grande de secreção amareloesverdeada e de cheiro pútrido. Nessa ocasião ouviu chiado no peito e sentiu sensação de falta de ar “angustiosa”, mas agora não tem mais esses sintomas. No momento ainda com tosse produtiva, com expectoração esverdeada, ás vezes com laivos de sangue. Estima que o volume de expectoração chegue a encher pouco mais de meio copo americano ao dia. Acredita que perdeu peso desde o início da doença, mas não sabe quantificar um valor. EXAME FÍSICO Geral: Regular estado geral, T: 37,9o C, Peso: 51 kg; Altura: 170 cm IMC: 17,6 kg/m2 Fácies emagrecida, consciente e orientado, atitude ativa sem decúbito preferencial, desidratado +/++++. Turgor e elasticidade da pele diminuídos; Teleangectasias no dorso e face anterior do tórax, sem edemas ou lesões dermatológicas relevantes. Mucosas descoradas +/++++; acianótico, anictérico. Sem deformidades ósseas ou articulares. Gânglios submandibulares palpáveis, de 1 a 1,5 cm de diâmetro, pouco endurecidos, indolores, não aderidos aos planos profundos, sem sinais inflamatórios. Cabeça e Pescoço: Algumas falhas dentárias; dentes em mal estado geral com cáries; hálito fétido. Sem estase jugular Aparelho Respiratório: Inspeção estática: tórax delgado. Inspeção dinâmica: FR: 26 ipm; taquipneico; sem abaulamento expiratório ou tiragem. Palpação: sem pontos dolorosos; redução da expansibilidade da base direita; frêmito toracovocal reduzido no terço anteroinferior do hemitórax direito; sem frêmitos patológicos. Percussão: som claro pulmonar à percussão difusamente; percussão da coluna com som claro pulmonar. Ausculta: murmúrio vesicular reduzido na face anteroinferior do hemitórax direito, sem ruídos adventícios; redução da ressonância vocal na região anteroinferior do hemitórax direito. Aparelho Cardiovascular: FC: 128 bpm; PA: 110 X 60 mmHg Inspeção: sem anormalidadesPalpação: pulso radial simétrico, acelerado e de amplitude reduzida; pulsos femoral e pedioso simétricos; boa perfusão periférica; ictus palpável no quinto espaço intercostal esquerdo, para dentro da linha hemiclavicular, extensão de duas polpas digitais, impulsivo. Sem frêmitos. Percussão: sem anormalidades Ausculta: Bulhas rítmicas, normofonéticas, com sopro proto e mesosistólico de foco aórtico, suave, ++/++++++. Abdome: Inspeção: abdome ligeiramente escavado. Ausculta: ruídos hidroaéreos com características normais. Percussão: timpanismo difuso. Palpação: abdome flácido e indolor tanto na palpação superficial como profunda. Exame do fígado: palpável a 3 cm do rebordo intercostal na linha hemiclavicular, borda romba, superfície lisa, pouco doloroso. Baço: não percutível e não palpável Sensibilidade renal: Giordano negativo. Pesquisa de ascite: negativa. Exame Locomotor: Sem anormalidades Exame Neurológico: Sem anormalidades Diagnóstico: Abscesso pulmonar a direita (diagnóstico através de raio X de tórax) 4. Expectoração Analisar escarro, volume, cor, odor, transparência e consistência Mulheres e crianças costumam engolir a expectoração Características do Escarro Seroso: água, eletrólitos, proteínas, pobre em células, (LCR) Mucóide: água, eletrólitos, proteínas, pobre em células Purulento: rico em leucócitos, celularidade alta Sanguíneo: sangue e outros elementos EAP Transudato com aspecto seroespumoso ASMA Expectoração mucóide, alta viscosidade, rica em eosinófilos, adere as paredes do recipiente, aspecto de clara de ovo. As vezes apresenta pequenas formações sólidas, brancas e arredondadas (escarro perolado) DPOC Expectoração mucóide inicial. Se houver mudança para mucopurulento ou purulento investigar infecção PNEUMONIAS Bacterianas: Início com expectoração inexistente ou discreta Evolução com secreção amarelo-esverdeada, viscosa e densa Germes gram-negativos: expectoração em geléia de chocolate Germes anaeróbios: escarro fétido e hálito pútrido TB pulmonar: expectoração com hemoptóicos desde o início, aspecto purulento, inodoro, aderindo as paredes do recipiente 5. Vômica Eliminação mais ou menos brusca, através da glote, de uma quantidade abundante de pus ou líquido de outra natureza Pode ser única ou fracionada Proveniente do tórax ou abdome Causas: Abscesso pulmonar, empiema, mediastinites supuradas, abscesso subfrênico Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 68 anos, branca, referindo tosse produtiva com escarro hialino e dispnéia aos médios esforços há mais de 20 anos. Há 2 meses apresentou piora da dispnéia, manifestando-a ao repouso e em posição ortostática. Negava febre e alteração da tosse. Tabagista de um maço por dia há 60 anos; referia dois episódios de pneumonia, sendo o último há 2 semanas (com tratamento domiciliar). Negava hipertensão arterial sistêmica e uso de medicamentos. Ao exame físico, apresentou-se cianótica ++/+++, descorada +, com pressão arterial de 90x50mmHg, pulso de 100 bpm, taquidispnéica (freqüência respiratória de 37 movimentos/min), afebril (36,5°C) e com estase jugular à 45°. O ictus cordis não era palpável e, à ausculta cardíaca, havia sopro sistólico + em foco mitral, aumentado à manobra de Valsalva; e sopro sistólico ++ em foco tricúspide, com aumento à manobra de Rivero-Carvalho. O exame de tórax revelou aumento do diâmetro ântero-posterior, som hipersonoro à percussão, murmúrio vesicular diminuído globalmente, e estertores subcrepitantes em bases e campos médios. À propedêutica física do abdome, observou-se fígado palpável a 3cm do arco costal em linha hemiclavicular direita, endurecido + e indolor à palpação. Não foi observado edema de membros inferiores. A radiografia de tórax apresentou sinais de hiperinsuflação pulmonar, sem sinais de radiopacidade em campos pulmonares; além de imagens arredondadas em hilo pulmonar, de radiopacidade heterogênea e tamanhos variados, associadas a aumento da trama vascular. Após 30 dias, foi trazida por familiares, com confusão mental há 15 dias, exacerbada há 6h, associada a vômitos e tosse com escarro escuro. Ao exame físico estava afebril, consciente, contactuante, desorientada no tempo, sem rigidez de nuca, sem sinais localizatórios. Permaneceu quatro dias internada, afebril, normotensa, com volume normal de diurese. Radiografia de tórax: Presença de cavidade em ápice do pulmão direito (posteriormente), de conteúdo radiotransparente, sem nível líquido, parede espessada e bem delimitada. Evoluiu no 4º dia com piora da confusão mental, apresentando-se bradipneica, taquicárdica (196bpm), com pressão arterial inaudível, cianose, má perfusão periférica, pulsos finos e parada cardiorrespiratória. Diagnósticos aventados pela observação clínica: 1) insuficiência respiratória secundária a bronquite crônica e enfisema; 2) cor pulmonale secundário a tromboembolismo pulmonar crônico; 3) abscesso pulmonar; 4) confusão mental secundária ao processo infeccioso pulmonar; 5) causa mortis (provável): choque cardiogênico. 6. Dispnéia DEFINIÇÃO: Dificuldade para respirar CARACTERÍSTICAS Subjetiva x Objetiva Relacionada às atividades físicas Dispnéia aos grandes esforços Dispnéia aos médios esforços Dispnéia aos pequenos esforços Dispnéia de repouso Ortopnéia Trepopnéia: dificuldade de respirar em decúbito lateral, mas não no decúbito contralateral CAUSAS DA DISPNÉIA Causas atmosféricas Causas obstrutivas (intra e extraluminares) Causas parenquimatosas (redução da área de hematose) Causas toracopulmonares (causas mecânicas) Causas diafragmáticas Causas pleurais Causas cardíacas Causas de origem tecidual (aumento do consumo tecidual de O2) Causas ligadas ao SN (psicogênicas ou orgânicas) 7. Sibilância DEFINIÇÃO Ruído quase sempre expiratório, comumente acompanhado de dispnéia. Pode ser comparado a um “miado de um gato”. FISIOPATOLOGIA Ocasionada pela redução do calibre da árvore brônquica Em crianças pode ser um episódio isolado Em adultos pode indicar início de asma não-atópica Quando persistente e unilateral e/ou localizada, investigar tumor ou corpo estranho CAUSAS Asma Bronquite aguda e crônica Infiltrados eosinofílicos Tuberculose brônquica Tumorações malignas e benignas Embolias pulmonares Algumas drogas colinérgicas Bloqueadores beta-adrenérgicos Inalantes químicos vegetais e animais Insuficiência ventricular esquerda (asma cardíaca) 8. Disfonia DEFINIÇÃO: Rouquidão ou mudança no timbre da voz traduz alterações na dinâmica das cordas vocais Agudas, de curta duração: Laringites viróticas Crônica: Necessita investigação detalhada (LES, Pólipos, Tumores, TB, etc) 9. Cornagem DEFINIÇÃO: Dificuldade inspiratória por redução do calibre das vias respiratórias superiores, na altura da laringe, manifestando-se por estridor e tiragem CAUSAS: Laringite, difteria, edema da glote, presença de corpo estranho EXAME FÍSICO Casos Clínicos Caso Clínico 1 Paciente C.S.B., sexo feminino, 52 anos de idade, divorciada, sem filhos, classe socioeconômica média baixa, reside sozinha em um bairro da periferia de São Paulo. Relata que há um ano vinha apresentando sintomas de dispneia e tosse seca persistente, os quais se agravavam quando ela visitava seu amigo o qual era dono de um gato. Ao longo dos últimos seis meses, esses sintomas se intensificaram e as crises começaram a ocorrer em um intervalo de tempo menor, em especial a sibilância, que ocorria duas vezes por semana. Sua única lembrança de situações parecidas ao longo da vida é de quando era criança que ocasionalmente apresentava dispneia e sibilos depois de correr. Devido a piora do quadro, procurou atendimento médico de um clínico geral, o qual diagnosticou o caso como “bronquite asmática crônica” onde iniciou tratamento medicamentoso com formoterol e tiotrópio. Queixa Atual No início do tratamento obteve alívio dos sintomas, porém, continuou necessitando com grande frequência de seu medicamento broncodilatador de ação rápida, o salbutamol e pelo menos duas vezes por mês ainda precisa ir ao pronto-socorro devido “crises mais fortes”. Nas últimas duas semanasvem apresentando piora da dispneia e sua tosse passou de seca para secretiva. Também tem apresentado dores no corpo e sensação de febre. Comorbidades: Tabagista social e com sobrepeso. Medicamentos em uso: Formoterol 12mcg – 01 cápsula – via inalatória - 2x ao dia Tiotrópio 2,5 mcg - 01 puff – via Inalatória - 1 x ao dia Salbutamol 100 mcg – 04 puffs – via inalatória - quando necessário Paciente com diagnóstico e tratamento de enfermidade crônica errados: - Não existe “bronquite asmática crônica”. Ou é Asma ou é Bronquite crônica. ● A dispneia e tosse seca persistente, a qual se agrava no contato com o pelo de gato, é uma característica mais específica da Asma. O histórico de sintomas da infância também direciona a suspeita por Asma, a qual inicia seus sintomas na infância, cessa na adolescência e retorna na fase adulta. ● Na bronquite crônica o paciente geralmente apresenta os sintomas de tosse secretiva e dispneia por um período contínuo, de aproximadamente 4 a 5 meses e após esse período os sintomas e a inflamação brônquica cessam, podendo retornar em um período de 12 meses. O fato da paciente ser tabagista pode confundir muitas vezes o profissional médico, desconfiando de uma bronquite crônica ou de uma DPOC. É difícil um paciente asmático conseguir manter o tabagismo, porém encontramos alguns casos. ➔ O tratamento de controle da Asma persistente tem como objetivo principal o controle da inflamação, sendo necessário o uso de corticosteroide inalatório (CI). O uso de broncodilatadores de ação longa (formoterol e tiotrópio) isolados (sem associação a um CI) não promovem benefício algum no controle da inflamação, e consequentemente no controle da Asma. O uso do tiotrópio no controle dos sintomas não compensa farmacoeconomicamente. Beta-agonistas de ação longa promovem semelhante alívio e por um custo menor. - A dose completa diária do tiotrópio corresponde a 02 puffs – 1 x ao dia. O uso errôneo de 01 puff/dia não promove o limiar de ação necessário para a broncodilatação prolongada. Paciente classe média baixa e fumante: O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para a asma possui como critério de exclusão pacientes com tabagismo atual; Possibilidade de acesso aos medicamentos de controle e de alívio na rede farmácia popular; uso de cartão de desconto disponibilizado pelos fabricantes. • Paciente com pré-disposição a infecções pulmonares: A exacerbação e a falta de controle de enfermidades respiratórias obstrutivas predispõe o paciente a infecções pulmonares graves, como a pneumonia viral e/ou bacteriana. • Paciente utiliza o dispositivo inalatório errado: O uso inadequado do dispositivo inalatório diminui significativamente a deposição do medicamento no pulmão e consequentemente sua ação local. Caso Clínico 2 H.B.V., 21 anos, branco, natural e procedente de Nova Iguaçu, RJ. Teve início súbito de febre elevada, intensa prostração e mialgias generalizadas, surgindo depois tosse e escarros sanguíneos que passaram a hemoptises francas e severas, seguidos de dispnéia. Com cinco dias de doença, foi admitido no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS), em 06/04/90, provindo do Hospital da Posse Apresentava dispnéia intensa, sudorese, toxemia, episódios de hemoptises e cianose de extremidades. Estava ictérico, desidratado e muito agitado pela dispnéia. Cerca de dez dias antes fizera limpeza de depósito d’água em Nova Iguaçu, em companhia do irmão também com febre e dores no corpo. PA: 100/60mmHg. FC:100 bpm Ausculta pulmonar: roncos disseminados. Leucograma: 30.000/mm3 Uréia: 70mg%; Creatinina: 3mg% BT 4,9mg% e BD 4mg%. Rx de tórax: infiltrado misto, difuso, bilateral. Em pouco tempo, houve agravamento da dispnéia, da cianose e, ao ser tentada a intubação orotraqueal, houve saída de grande quantidade de sangue pela traqueia, parada cardiorrespiratória e óbito. Resposta: Síndrome de Angústia Respiratória Casos Clínicos de Dor Torácica Caso 1: T.C.H.K., paciente masculino de 60 anos relata início há cinco dias de dor torácica de média intensidade, em pontada, constante, sem relação com os movimentos respiratórios, localizada na região torácica ântero-lateral direita, sem irradiação e que só melhora com o uso de analgésicos. Ao fazer a ectoscopia do paciente, você lesão na referida região torácica com inúmeras vesículas. Exame físico restante sem alteração evolutiva. Caso 2: O.W., paciente do sexo feminino, 40 anos, hipertensa refere surgimento de cansaço, febre e dor torácica há duas semanas. A dor é retroesternal, moderada, intermitente, descrita em caráter perfurante, intensa, com irradiação para trapézio e que agrava com tosse e respiração profunda. Refere alívio parcial da dor com inclinação do tronco para frente. Caso 3: M.A., paciente do sexo masculino, 70 anos, hipertenso, dislipidêmico e tabagista inveterado foi encaminhado por familiares ao setor de Emergência do HFSE devido a surgimento de dor torácica intensa, de início súbito, com irradiação para dorso e pescoço. O paciente refere que a dor é dilacerante. Ao exame encontra-se hipotenso, sudoreico, com assimetria de pulsos dos membros superiores com ausência do pulso braquial e radial direitos. Após 30 minutos da sua chegada no hospital, o paciente apresentou síncope. Caso 4: E.V., paciente do sexo masculino refere há 4 semanas dor torácica retroesternal de moderada intensidade, que irradia para região cervical anterior, piora com analgésicos comuns e anti-inflamatórios e melhora com antiácidos. A dor é de caráter progressivo, após 1 hora das refeições, sendo pior ao deitar. Caso Clínico Identificação: BGN, 43 anos, masculino, mulato, natural de Cravinhos, procedente de Ribeirão Preto, solteiro, frentista de posto de gasolina. Queixa e Duração: Tosse e febre há duas semanas. HMA: Paciente refere que aproximadamente há duas semanas começou com tosse, de início seca, mas que logo foi acompanhada por expectoração amarelada. A tosse não tinha horário preferencial, vinha na forma de “ataques” principalmente após a respiração profunda e melhorava quando ele chupava balas de hortelã. No início do quadro também sentiu dor em pontada, localizada na base do pulmão direito, de fraca intensidade, que também piorava com a inspiração. Acompanhava o quadro sensação de mal estar generalizado e calafrios, o que o obrigou a ficar de cama por pelo menos três dias. Iniciou então “tratamento” com dipirona gotas quatro vezes ao dia, tendo melhorado dos calafrios e da dor torácica. Contudo, a tosse persistiu e há quatro dias notou manchas de sangue no meio do catarro expectorado. Há três dias apresentou uma crise de tosse muita intensa, que durou uns dez minutos, tendo expectorado volume grande de secreção amarelo esverdeada e de cheiro pútrido. Nessa ocasião ouviu chiado no peito e sentiu sensação de falta de ar “angustiosa”, mas agora não tem mais esses sintomas. No momento ainda com tosse produtiva, com expectoração esverdeada, ás vezes com laivos de sangue. Estima que o volume de expectoração chegue a encher pouco mais de meio copo americano ao dia. Acredita que perdeu peso desde o início da doença, mas não sabe quantificar um valor. EXAME FÍSICO Geral: Regular estado geral, T: 37,9o C, Peso: 51 kg; Altura: 170 cm IMC: 17,6 kg/m2 Fácies emagrecida, consciente e orientado, atitude ativa sem decúbito preferencial, desidratado +/++++. Turgor e elasticidade da pele diminuídos; Teleangectasias no dorso e face anterior do tórax, sem edemas ou lesões dermatológicas relevantes. Mucosas descoradas +/++++; acianótico, anictérico. Sem deformidades ósseas ou articulares. Gânglios submandibulares palpáveis, de 1 a 1,5 cm de diâmetro, pouco endurecidos, indolores, não aderidos aos planos profundos, sem sinais inflamatórios. Cabeça e Pescoço: Algumas falhas dentárias; dentes em mal estado geral com cáries; hálito fétido. Sem estase jugular Aparelho Respiratório: Inspeção estática: tórax delgado. Inspeção dinâmica: FR: 26 ipm; taquipneico; sem abaulamento expiratório ou tiragem. Palpação: sem pontos dolorosos; redução da expansibilidadeda base direita; frêmito toracovocal reduzido no terço ânteroinferior do hemitórax direito; sem frêmitos patológicos. Percussão: som claro pulmonar à percussão difusamente; percussão da coluna com som claro pulmonar. Ausculta: murmúrio vesicular reduzido na face anteroinferior do hemitórax direito, sem ruídos adventícios; redução da ressonância vocal na região anteroinferior do hemitórax direito. Aparelho Cardiovascular: FC: 128 bpm; PA: 110 X 60 mmHg Inspeção: sem anormalidades Palpação: pulso radial simétrico, acelerado e de amplitude reduzida; pulsos femoral e pedioso simétricos; boa perfusão periférica; ictus palpável no quinto espaço intercostal esquerdo, para dentro da linha hemiclavicular, extensão de duas polpas digitais, impulsivo. Sem frêmitos. Percussão: sem anormalidades Ausculta: Bulhas rítmicas, normofonéticas, com sopro proto e mesosistólico de foco aórtico, suave, ++/++++++. Abdome: Inspeção: abdome ligeiramente escavado. Ausculta: ruídos hidroaéreos com características normais. Percussão: timpanismo difuso. Palpação: abdome flácido e indolor tanto na palpação superficial como profunda. Exame do fígado: palpável a 3 cm do rebordo intercostal na linha hemiclavicular, borda romba, superfície lisa, pouco doloroso. Baço: não percutível e não palpável Sensibilidade renal: Giordano negativo. Pesquisa de ascite: negativa. Exame Locomotor: Sem anormalidades Exame Neurológico: Sem anormalidades Diagnóstico: Abscesso pulmonar a direita decorrente de pneumonia (diagnóstico através de raio X de tórax)
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