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1 
Fevereiro/2020 
 
Sessões de 1º a 29 de fevereiro de 2020 
 
96 
número 
2 
Fevereiro de 2020 
Compilação dos Informativos nos 964 a 967 
Data de divulgação 10 de fevereiro de 2020 
O Informativo por Temas apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo 
Informativo STF concluídos no mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por 
assuntos. 
SUMÁRIO 
Direito Administrativo 
Agentes Públicos 
Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e ampla defesa – 3 
Contrato Administrativo 
Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado 
Servidores Públicos 
Presunção de inocência e eliminação de concurso público – 4 
Direito Constitucional 
Conflito federativo 
Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida pública 
Controle de Constitucionalidade 
Entidades desportivas de futebol: sanção política e autonomia – 2 
ADI: cargo de datiloscopista e redenominação para perito papiloscopista – 2 
ADI e revogação superveniente – 2 
Quórum e modulação dos efeitos de decisão sem declaração de inconstitucionalidade de ato 
normativo 
Direitos Fundamentais 
Suspensão de habilitação e direito ao trabalho 
Legitimidade 
Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI 
Organização do Estado 
Afastamento de norma e contrariedade à cláusula de reserva de plenário 
Composição de órgão da Administração Pública estadual e participação de representante de 
seccional da OAB 
Organização dos Poderes 
Ato do CNJ e competência do STF 
Atuação de advogado como testemunha e sigilo profissional 
Reclamação 
Uso de algemas e fundamentação – 2 
Subsídio 
Subsídio vitalício e pensão por morte de ex-vereador 
Direito Financeiro 
FUNDEF 
Repasses complementares do Fundef e princípio da colegialidade – 2 
Direito Penal 
Extinção da Punibilidade 
 3 
Prescrição penal e natureza constitucional 
Legislação Penal Especial 
Lei 8.137/1990, art. 2º, II: não recolhimento de ICMS declarado e tipicidade – 2 
Execução provisória da pena: filho menor e prisão domiciliar – 2 
Princípio da Insignificância 
Paciente reincidente e absolvição pelo princípio da insignificância 
 
Direito Previdenciário 
 
Benefícios previdenciários 
Art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991: “desaposentação” e “reaposentação” 
 
Direito Processual Civil 
 
Competência 
Servidor público estatutário e competência 
Honorários Advocatícios 
Honorários advocatícios e recursos do Fundef – 2 
Processo em geral 
Sustentação oral e julgamento iniciado no Plenário Virtual 
Reclamação 
Reclamação: sistemática da repercussão geral e julgamento de REsp pelo STJ – 3 
Recurso Extraordinário 
Repercussão geral e suspensão nacional – 2 
 
Direito Processual Penal 
 
Colaboração Premiada 
Colaboração premiada e exercício do direito de defesa – 2 
Competência 
Inquérito: declínio de competência e não encerramento de instrução processual – 2 
Dosimetria da Pena 
Ações penais em andamento e causa de diminuição da pena 
Habeas Corpus 
Transação penal e perda de objeto de habeas corpus 
Prisão domiciliar: condenada com filho menor e decisão transitada em julgado 
Inquérito 
Súmula Vinculante 14 e direito à intimidade 
Inquérito Policial 
Inquérito policial: declinação da competência para a Justiça estadual e condução pela Polícia 
Federal 
Nulidades e Recursos em geral 
HC: cabimento e ato de ministro do STF – 2 
HC: execução provisória e art. 312 do CPP 
HC: execução provisória e tribunal do júri 
HC: execução provisória e art. 319 do CPP 
HC: execução provisória e prisão preventiva 
Prova 
Crime de incêndio e fonte de prova 
 
Direito Tributário 
 
Imunidades Tributárias 
Entidades beneficentes de assistência social e imunidade – 10 
Limitações ao poder de tributar 
Imunidade tributária e exportação indireta – 2 
Responsabilidade Tributária 
Responsabilidade tributária solidária de terceiros 
 
 
 4 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Agentes Públicos 
 
Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e ampla defesa 
– 3 
Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas 
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de 
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. 
 
Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, ao apreciar o Tema 445 da 
repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia se o Tribunal de Contas 
da União (TCU) deve observar o prazo decadencial de cinco anos, previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999 
(1), para julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria e a necessidade de 
observância do contraditório e da ampla defesa (Informativos 955 e 966). 
 
No caso, a aposentadoria foi concedida pelo órgão de origem em 1º.9.1995. Em 18.7.1996, o 
processo administrativo chegou ao TCU. Em 4.11.2003, o TCU, ao analisar a legalidade da aposentadoria 
do servidor público concedida há mais sete anos, constatou a existência de irregularidades e, por essa 
razão, considerou ilegal o ato de concessão. 
 
O Tribunal, seguindo sua jurisprudência dominante, considerou que a concessão de aposentadoria 
ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se aperfeiçoa após o julgamento de sua 
legalidade pela Corte de Contas. 
 
Nesses termos, por constituir exercício da competência constitucional (CF, art. 71, III) (2), tal ato 
ocorre sem a participação dos interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla 
defesa. 
 
Entretanto, por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é 
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional. 
 
Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o 
disposto no art. 4º do Decreto-lei 4.657/1942 (3), a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro 
(LINDB). 
 
Assim, tendo em vista o princípio da isonomia, seria correta a aplicação, por analogia, do Decreto 
20.910/1932 (4). 
 
Portanto, se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a 
Fazenda Pública, também deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo, tem 
o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado. 
 
Desse modo, a fixação do prazo de cinco anos se afigura razoável para que o TCU proceda ao 
registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão 
definitivamente registrados. 
 
Por conseguinte, a discussão acerca da observância do contraditório e da ampla defesa após o 
transcurso do prazo de cinco anos da chegada do processo ao TCU encontra-se prejudicada. Isso porque, 
findo o referido prazo, o ato de aposentação considera-se registrado tacitamente, não havendo mais a 
possibilidade de alteração pela Corte de Contas. 
 
Os ministros Gilmar Mendes (relator) e Alexandre de Moraes reajustaram os seus votos. 
 
O ministro Edson Fachin acompanhou o relator quanto à parte dispositiva. Enfatizou, porém, que o 
ato de concessão de aposentadoria é um ato simples e não complexo. Além disso, o prazo de cinco anos 
inicia-se com a publicação do ato pelo órgão de origem e não da chegada do processo administrativo ao 
TCU. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso extraordinário. Salientou que o 
ato de concessão de aposentadoria pelo órgão de origem do servidor não é ato jurídico perfeito e acabado, 
de modo que a Administração Pública não decai da possibilidade de proceder à análise da higidez do ato. 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4043019&numeroProcesso=636553&classeProcesso=RE&numeroTema=445
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo955.htmhttp://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e56dd5ef0fdaf28d306bb18/d8b53d8e59749173e46ce7efd7d3f11d/Julgamento_de_concess%C3%A3o_de_aposentadoria_-_prazo_decadencial%2C_contradit%C3%B3rio_e_ampla_defesa_%E2%80%93_3.mp3
 5 
 
(1) Lei 9.784/1999: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos 
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1º No 
caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se 
exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.” 
(2) CF: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da 
União, ao qual compete: (...) III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na 
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para 
cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias 
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;” 
(3) Decreto-lei 4.654/1942: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes 
e os princípios gerais de direito”. 
(4) Decreto 20.910/1932: “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer 
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da 
data do ato ou fato do qual se originarem”. 
 
RE 636553/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 19.2.2020. (RE-636553) (Informativo 
967, Plenário) 
 
 
 
Contrato Administrativo 
 
Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado 
O Plenário, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade 
ajuizada contra os seguintes dispositivos: § 2º, do inciso II do art. 6º (1); §§ 1º, 3º, 4º e 5º do art. 25 (2); e 
o § 2º do art. 30 (3), todos da Lei 13.448/2017. 
 
A parte autora alega que os dispositivos impugnados contrariam o caput e o inciso XXI do art. 37 
(4), e o parágrafo único e o inciso IV do art. 175 (5) da Constituição Federal (CF). 
 
O Plenário afirmou que o art. 175, I, da CF (6) prevê que a lei disporá sobre as condições para a 
prorrogação dos contratos de concessão. 
 
Enfatizou que o inciso XII do art. 23 da Lei 8.987/1995 (7) estabelece que as condições para a 
prorrogação devem ser disciplinadas no contrato de concessão, configurando-se como cláusula essencial, 
marcada pela discricionariedade da Administração Pública e na supremacia do interesse público. 
 
A norma dispõe sobre a contratação de termo predefinido, firmado a partir de licitação, cabendo à 
Administração avaliar, excepcionalmente, com base nos parâmetros legais de atendimento ao interesse 
público, a conveniência e a oportunidade da prorrogação. 
 
Assinalou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece a prorrogação do 
prazo contratual no espaço de discricionariedade da Administração Pública à qual cabe analisar e concluir 
sobre a oportunidade e a conveniência da prorrogação. 
 
A prorrogação indefinida do contrato, porém, configura burla às determinações legais e 
constitucionais quanto à licitação obrigatória para adoção do regime de concessão e permissão para 
exploração de serviços públicos. 
 
A Lei 13.448/2017 estabelece diretrizes gerais para a prorrogação e relicitação dos contratos de 
parceria qualificados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), nos termos da Lei 13.303/2016, 
para os setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário da Administração Pública federal. 
 
Não procede a alegação da autora de que a exigência posta no § 2º do inciso II do art. 6º da Lei 
13.448/2017 importa em ofensa à eficiência e favorecimento de interesses particulares em detrimento do 
interesse público. 
 
Conforme se prescreve na norma impugnada, além de outras condicionantes, deve-se comprovar a 
prestação de serviço adequado, consistente no cumprimento, pelo período antecedente de cinco anos 
contado da data da proposta de antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança 
definidas no contrato, por três anos, ou das metas de segurança definidas no contrato, por quatro anos. 
 
A definição legal de serviço adequado (Lei 8.987/1995, art. 6º, § 1º) expõe ser ele “o que satisfaz 
as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na 
sua prestação e modicidade das tarifas”. O serviço adequado é aquele que atende, quanto ao objeto 
contratado, os índices de atendimento. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4043019
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
https://www.youtube.com/watch?v=2S_JgGzPLNM&list=PLippyY19Z47sYhXMdb9wl9eMbF8O96Xh9&index=2
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e59615902599737cc037acb/7a915d300f8c33f646235ade7cd9fa02/Prorroga%C3%A7%C3%A3o_de_contrato_de_concess%C3%A3o_de_ferrovia_e_servi%C3%A7o_adequado.mp3
 6 
A prorrogação contratual ao termo final do contrato ou a prorrogação antecipada devem ser 
submetidas a consulta pública. 
 
Para tanto, após o encerramento da consulta pública, encaminham-se ao Tribunal de Contas da 
União (TCU) o estudo prévio, os documentos que comprovem o cumprimento das exigências de serviço 
adequado e o termo aditivo de prorrogação contratual para avaliação final quanto à legitimidade e 
economicidade da solução aventada. 
 
O colegiado frisou que o § 2º do art. 8º da lei impugnada prevê a exigência de avaliação prévia e 
favorável do órgão competente sobre “a adequação dos serviços”. 
 
A condicionante legal prevista nesse diploma não é fator isolado para o deferimento da 
prorrogação antecipada da concessão. Não há impedimento legal que o concessionário seja atestado 
positivamente quanto aos critérios do serviço adequado e não o seja quanto aos demais. 
 
O parâmetro temporal estabelecido na lei para o cumprimento do serviço adequado é objetivo. 
 
O parâmetro temporal e material estabelecido pela norma impugnada não compromete a análise do 
serviço adequado para fins de prorrogação antecipada contratual. 
 
Na formulação dos contratos de concessão atualmente vigentes, as empresas concessionárias 
celebraram contratos de arrendamento de bens com a Rede Ferroviária Federal S/A criada em 1957, pela 
Lei 3.115/1957, e incluída no Programa Nacional de Desestatização pelo Decreto federal 473/1992. 
 
A extinção dos contratos de arrendamento resulta na transferência não onerosa dos bens móveis, 
operacionais e não operacionais, ao concessionário, conferindo-lhe a possibilidade de deles dispor, geri-
los e substituí-los. Tais bens passam, portanto, a integrar o contrato de parceria firmado entre o Poder 
concedente e as concessionárias. 
 
As normas versam sobre o deslocamento do acervo patrimonial para o contrato de concessão com 
o fim de concretizar as respectivas obrigações. Os valores atinentes à titularidade serão considerados para 
preservar a equação econômico-financeira do contrato. 
 
Nesse contexto, trata-se de matéria a ser disciplinada pela autoridade reguladora competente para 
promover a extinção dos contratos de arrendamento e a incorporação dos bens ao contrato de concessão, 
nos termos do § 3º do art. 25 da lei em referência. 
 
O prévio inventário dos bens móveis operacionais e não operacionais, objeto de transferência aos 
concessionários, atende aos princípios basilares do direito administrativoconstitucional – supremacia e 
indisponibilidade do interesse público. 
 
Considerou, por fim, que a transferência dos bens imóveis e móveis operacionais ou não, nos 
termos das normas impugnadas, deve ser precedida de inventário, no qual especificados e referentes aos 
extintos contratos de arrendamento. 
 
Vencidos os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, que concederam a medida cautelar para 
suspender a eficácia dos dispositivos impugnados. Consideraram que a redução do prazo e o 
abrandamento dos requisitos para avaliação da adequação do contrato, pela lei impugnada, aparenta estar 
em confronto com os princípios constitucionais do art. 37 da CF. 
 
(1) Lei 12.448/2017: “Art. 6º. A prorrogação antecipada ocorrerá por meio da inclusão de investimentos não previstos no 
instrumento contratual vigente, observado o disposto no art. 3º desta Lei. (...) § 2º. A prorrogação antecipada estará, ainda, 
condicionada ao atendimento das seguintes exigências por parte do contratado: II – quanto à concessão ferroviária, a prestação de 
serviço adequado, entendendo-se como tal o cumprimento, no período antecedente de 5 (cinco) anos, contado da data da proposta de 
antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança definidas no contrato, por 3 (três) anos, ou das metas de 
segurança definidas no contrato, por 4 (quatro) anos.” 
(2) Lei 12.448/2017: Art. 25. O órgão ou a entidade competente é autorizado a promover alterações nos contratos de 
parceria no setor ferroviário a fim de solucionar questões operacionais e logísticas, inclusive por meio de prorrogações ou 
relicitações da totalidade ou de parte dos empreendimentos contratados. § 1º O órgão ou a entidade competente poderá, de comum 
acordo com os contratados, buscar soluções para todo o sistema e adotar medidas diferenciadas por contrato ou por trecho 
ferroviário que considerem a reconfiguração de malhas, admitida a previsão de investimentos pelos contratados em malha própria ou 
naquelas de interesse da administração pública. (...) § 3º Nos termos e prazos definidos em ato do Poder Executivo, as partes 
promoverão a extinção dos contratos de arrendamento de bens vinculados aos contratos de parceria no setor ferroviário, 
preservando-se as obrigações financeiras pagas e a pagar dos contratos de arrendamento extintos na equação econômico-financeira 
dos contratos de parceria. § 4º Os bens operacionais e não operacionais relacionados aos contratos de arrendamento extintos serão 
transferidos de forma não onerosa ao contratado e integrarão o contrato de parceria adaptado, com exceção dos bens imóveis, que 
serão objeto de cessão de uso ao contratado, observado o disposto no § 2º deste artigo e sem prejuízo de outras obrigações. § 5º Ao 
contratado caberá gerir, substituir, dispor ou desfazer-se dos bens móveis operacionais e não operacionais já transferidos ou que 
venham a integrar os contratos de parceria nos termos do § 3º deste artigo, observadas as condições relativas à capacidade de 
transporte e à qualidade dos serviços pactuadas contratualmente.” 
(3) Lei 12.448/2017: “Art. 30. São a União e os entes da administração pública federal indireta, em conjunto ou 
isoladamente, autorizados a compensar haveres e deveres de natureza não tributária, incluindo multas, com os respectivos 
contratados, no âmbito dos contratos nos setores rodoviário e ferroviário. (...) § 2º Os valores apurados com base no caput deste 
 7 
artigo poderão ser utilizados para o investimento, diretamente pelos respectivos concessionários e subconcessionários, em malha 
própria ou naquelas de interesse da administração pública”. 
(4) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, 
ao seguinte: (...) XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados 
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam 
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de 
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.” 
(5) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, 
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: (...) IV – a obrigação de manter 
serviço adequado.” 
(6) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, 
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas 
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as 
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;” 
(7) Lei 8.987/1995: “Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas: (...) XII – às condições para 
prorrogação do contrato;” 
 
ADI 5991 MC/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20.2.2020. (ADI-5991) (Informativo 
967, Plenário) 
 
 
 
Servidores Públicos 
 
Presunção de inocência e eliminação de concurso público – 4 
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital 
de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito 
ou a ação penal. 
 
Com essa tese de repercussão geral (Tema 22), o Plenário, em conclusão de julgamento e por 
maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de se restringir a 
participação em concurso público de candidato que respondia a processo criminal (Informativo 825). 
 
Na espécie, foi inadmitida a participação de soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) 
— acusado pela suposta prática do delito de falso testemunho — em seleção para o Curso de Formação 
de Cabos no Quadro de Praças Policiais e Militares Combatentes (QPPMC). O ato de exclusão do 
candidato foi fundamentado no edital de convocação do referido processo seletivo, que vedaria a 
participação de concorrente “denunciado por crime de natureza dolosa”. Em sede de mandado de 
segurança, o magistrado de piso assegurou a matrícula e a frequência do soldado no Curso de Formação. 
Posteriormente, a decisão foi mantida pelo tribunal a quo no acórdão ora recorrido. 
 
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), que assentou a necessidade de 
ponderação entre bens jurídicos constitucionais para a solução da controvérsia posta. 
 
Assim, a questão não poderia ser solucionada a partir de um tradicional raciocínio silogístico, ou 
dos critérios usuais para resolução de antinomias — hierárquico, de especialidade e cronológico —, haja 
vista a existência de normas de mesma hierarquia indicando soluções diferentes. 
 
Nessas situações, o raciocínio deve percorrer três etapas: a) identificar as normas que postulam 
incidência na hipótese; b) identificar os fatos relevantes ou os contornos fáticos gerais do problema; e c) 
harmonizar as normas contrapostas, calibrando o peso de cada qual e restringindo-as no grau mínimo 
indispensável, de modo a fazer prevalecer a solução mais adequada à luz de todo o sistema jurídico. 
 
Na espécie, de um lado, destaca-se o princípio da presunção de inocência [Constituição Federal 
(CF), art. 5º, LVII], reforçado pelos princípios da liberdade profissional (CF, art. 5º, XIII) e da ampla 
acessibilidade aos cargos públicos (CF, art. 37, I). De outro lado, ressalta-se o princípio da moralidade 
administrativa (CF, art. 37, caput). 
 
O ministro Roberto Barroso apresentou duas regras para a ponderação dos valores em jogo e a 
determinaçãoobjetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao ingresso no serviço público mediante 
concurso. A primeira, apta a estabelecer parâmetro pelo qual se pode recusar a alguém a inscrição em 
concurso público, é a necessidade de condenação por órgão colegiado ou de condenação definitiva. Há 
analogia com a Lei da “Ficha Limpa” (LC 135/2010), critério que já foi aplicado mesmo fora da seara 
penal. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5522428
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
https://www.youtube.com/watch?v=f6ZgxZh-Mik&list=PLippyY19Z47toEVCtxHSQCtM4cikqFxAw
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=&numeroTemaFinal=&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=RE&numeroProcesso=560900++++&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo825.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e42a7e42a0ba45430c02697/c034a9010a06f294db1f4eb39771ec01/Presun%C3%A7%C3%A3o_de_inoc%C3%AAncia_e_elimina%C3%A7%C3%A3o_de_concurso_p%C3%BAblico_%E2%80%93_4.mp3
 8 
A segunda regra é a necessidade de relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as 
atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir 
alguém de se candidatar a concurso público. 
 
Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por 
meio de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras 
da magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria 
Pública — e da segurança pública. 
 
O relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da 
razoabilidade ou proporcionalidade, visto que é: a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea 
para proteger a moralidade administrativa; b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo 
grau, a probabilidade de manutenção da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a 
infração e as atribuições do cargo mitiga a restrição; e c) proporcional em sentido estrito, na medida em 
que a atenuação do princípio da presunção de inocência é compensada pela contrapartida em boa 
administração e idoneidade dos servidores públicos. 
 
Para ele, a negativa de provimento ao recurso é reforçada pelo fato de ter havido a suspensão 
condicional do processo. Não fosse o longo período entre o oferecimento da denúncia e a audiência de 
suspensão condicional, provavelmente o processo criminal não estaria em curso no momento em que o 
recorrido foi excluído do aludido curso. 
 
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao recurso para cassar a decisão do 
tribunal a quo. A seu ver, o fato de se tratar de servidor público militar, submetido aos princípios da 
hierarquia e da disciplina, demanda a análise diferenciada daquela cabível para a generalidade de 
situações que envolvem concursos públicos. Além disso, não se cuida de vedação a acesso originário a 
cargo público, e sim de procedimento interno de aferição de mérito funcional, de abrangência restrita, 
porquanto envolve apenas o universo dos policiais militares da localidade. 
 
O ministro salientou que a exigência de idoneidade moral, na carreira militar, é plenamente 
legítima e consistente com o texto constitucional. O soldado deve acatamento integral da legislação que 
fundamenta o organismo policial militar. Dessa maneira, o recorrido estava subordinado ao regulamento 
interno de ascensão para cabo e, enquanto pendesse o processo, não poderia se inscrever no curso. Por 
fim, afirmou a razoabilidade dessa previsão. 
 
RE 560900/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 5 e 6.2.2020. (RE-560900) 
(Informativo 965, Plenário) 
Parte 1 - 
Parte 2 - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2551965
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm
https://www.youtube.com/watch?v=98sAvwzKVgA&list=PLippyY19Z47t8X6YfWSfqPF9fgHcdC6Xg
https://www.youtube.com/watch?v=EuDb7Ul4EyA&list=PLippyY19Z47vbvd663vfkZfC9iY-nL7AB
 9 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Conflito Federativo 
 
Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida pública 
 
As receitas provenientes do adicional criado pelo art. 82, § 1º, do ADCT (1) não podem ser 
computadas para efeito de cálculo da amortização da dívida do Estado. Os recursos devem, no entanto, 
ser considerados para efeito de cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação. 
 
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em 
ação cível originária para condenar a União a ressarcir os valores pagos a maior a título de amortização da 
dívida pública nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, mediante compensação da diferença com débitos 
futuros. 
 
No caso, Estado-membro ajuizou ação cível originária, com base no art. 102, I, f, da Constituição 
Federal (CF) (2), objetivando a não inclusão dos valores destinados constitucionalmente ao Fundo 
Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (FECEP) na apuração da Receita Líquida Real (RLR), 
sobre a qual é computado o total da dívida pública do estado com a União. Pretendia, ainda, a exclusão 
desses recursos do cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação. 
 
Inicialmente, o Tribunal afastou a alegação de inconstitucionalidade formal das normas ordinárias 
definidoras da RLR (Resolução do Senado Federal 69/1995 e Lei 9.496/1997), por não constituir matéria 
sujeita à reserva de lei complementar. 
 
Relativamente à inconstitucionalidade material, reputou relevante a articulação do Estado-
membro, notando-se a necessidade de observância do fundo criado, cuja base maior é a Constituição 
Federal. Frisou que, ante dificuldades gerais, é comum desvirtuarem-se receitas, deixando-se de atender 
às finalidades discriminadas em textos normativos, até mesmo de índole constitucional. A partir da 
tomada de empréstimo de parcelas a compor o FECEP, chega-se ao comprometimento do arrecadado, 
tendo em conta a dívida pública do estado e os valores a serem despendidos com saúde. 
 
(1) ADCT: “Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os 
recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem 
com a participação da sociedade civil. § 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até 
dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços 
supérfluos e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não se aplicando, sobre 
este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição.” 
(2) CF: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - 
processar e julgar, originariamente: (...) f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre 
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;” 
 
ACO 727/BA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13.2.2020. (ACO-727) (Informativo 966, 
Plenário) 
 
 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
Entidades desportivas de futebol: sanção política e autonomia – 2 
O Plenário, por unanimidade, converteu o julgamento da medida cautelar em julgamento definitivo 
de mérito e, em seguida, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação diretapara declarar a 
inconstitucionalidade do art. 40 da Lei 13.155/2015 na parte em que altera o art. 10, §§ 1º, 3º e 5º, da Lei 
10.671/2003 (1). Manteve a vigência e a eficácia de todos os demais dispositivos impugnados em face de 
sua compatibilidade com o texto constitucional (Informativo 937). 
 
O art. 40 da lei impugnada estabelece o atendimento a requisitos de natureza fiscal (apresentação 
de Certidão Negativa de Débitos) como critério técnico para a habilitação de entidade de prática 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2227023
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
https://www.youtube.com/watch?v=OK3beM9AqY0&list=PLippyY19Z47uI8FS1ZQCdW4RlQ94qwgqk
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo937.htm
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https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e1df9a3db354949ddf74572/20b44409223646c2844cf959e5c2f6af/Entidades_desportivas_de_futebol_-_san%C3%A7%C3%A3o_pol%C3%ADtica_e_autonomia_%E2%80%93_2.mp3
 10 
desportiva, até mesmo com a possibilidade de rebaixamento de divisão às agremiações que não 
cumprirem tais requisitos não desportivos (fiscais e trabalhistas) – os quais não apresentam nenhuma 
relação com o desempenho esportivo da entidade. 
 
Para o colegiado, o referido dispositivo legal falece de proporcionalidade e razoabilidade. Isso 
porque essas previsões constituem formas de cobrança de tributos por intermédio de limitações 
arbitrárias, com a utilização de meios gravosos e indiretos de coerção estatal destinados a compelir o 
contribuinte inadimplente a pagar o tributo. Isso configura sanção política, o que afronta diversos 
entendimentos sumulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) (2). 
 
Ademais, o Tribunal considerou que a imposição de decesso a categoria inferior da competição 
esportiva acarreta a verdadeira morte civil do clube, diante dos imediatos e drásticos efeitos sobre as 
receitas a serem por ele obtidas, como direitos de imagem, direito de arena e patrocínios. Há, em razão 
disso, uma grave desproporcionalidade na consequência prevista na lei para o comportamento do clube. 
Se eventual inadimplência do clube – que deve ser cobrada pelas vias normais – resultasse na sua 
automática exclusão do campeonato do ano seguinte, isso inviabilizaria a percepção de seus rendimentos 
e, consequentemente, o pagamento de suas dívidas. Também prejudicaria a União, que não receberia mais 
os valores relativos a refinanciamentos ou a atuais tributos; os atletas e funcionários da entidade 
esportiva, que não seriam mais pagos; e a própria ideia de fomentar o desporto. 
 
Quanto aos demais artigos impugnados, o Plenário concluiu que a lei previu tratamento favorável 
ao parcelamento e ao pagamento de débitos fiscais das entidades perante a União, e de obrigações 
relativas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Dessa forma, a exigência de contrapartidas 
por parte das entidades aderentes se afigura plenamente constitucional. A lei pretendeu, com isso, 
promover a melhoria do padrão de gestão do futebol profissional, mas sem interferência na autonomia das 
entidades assegurada pelo art. 217 da Constituição Federal (CF) (3). 
 
Ressaltou, por fim, que a adesão a esse regime de cooperação se deu de forma voluntária pelos 
clubes. Por ser uma adesão facultativa ao regime fiscal benéfico, não se poderia, portanto, admitir que 
aqueles que aderiram obtivessem o refinanciamento de suas dívidas sem se submeter às regras de 
contrapartida disciplinadoras de rigor financeiro e de gestão. Essas regras não constituem nenhuma 
intervenção externa, haja vista que são os dirigentes eleitos da própria entidade que continuam a 
administrar. Além do caráter voluntário da adesão, as exigências estabelecidas no Profut atenderam ao 
princípio da razoabilidade, porquanto respeitadas as necessárias proporcionalidade, justiça e adequação 
entre os dispositivos impugnados e as normas constitucionais protetivas da autonomia desportiva. O 
legislador visou à probidade e à transparência da gestão do desporto e, sobretudo, à recuperação e à 
manutenção dessas entidades desportivas, que, se tivessem prosseguido como estavam, não teriam 
conseguido manter suas atividades. Registrou que dos vinte clubes profissionais de elite do futebol 
brasileiro que aderiram ao programa dezenove possuem dívidas gigantescas. 
 
(1) Lei 13.155/2015: “Art. 40. A Lei n. 10.671, de 15 de maio de 2003, passa a vigorar com as seguintes alterações: ‘Art. 
10. (...) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, considera-se critério técnico a habilitação de entidade de prática desportiva em 
razão de: I – colocação obtida em competição anterior; e II – cumprimento dos seguintes requisitos: a) regularidade fiscal, atestada 
por meio de apresentação de Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União – 
CND; b) apresentação de certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS; e c) comprovação de 
pagamento dos vencimentos acertados em contratos de trabalho e dos contratos de imagem dos atletas. (...) § 3º Em campeonatos ou 
torneios regulares com mais de uma divisão, serão observados o princípio do acesso e do descenso e as seguintes determinações, 
sem prejuízo da perda de pontos, na forma do regulamento: I – a entidade de prática desportiva que não cumprir todos os requisitos 
estabelecidos no inciso II do § 1º deste artigo participará da divisão imediatamente inferior à que se encontra classificada; II – a 
vaga desocupada pela entidade de prática desportiva rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo será ocupada por entidade de 
prática desportiva participante da divisão que receberá a entidade rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo, obedecida a 
ordem de classificação do campeonato do ano anterior e desde que cumpridos os requisitos exigidos no inciso II do § 1º deste artigo. 
(...) § 5º A comprovação da regularidade fiscal de que trata a alínea a do inciso II do § 1º deste artigo poderá ser feita mediante a 
apresentação de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da 
União – CPEND.” 
(2) Enunciado 70 da Súmula do STF: “É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança 
de tributo. ”; Enunciado 323 da Súmula do STF: “É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento 
de tributos. ”; Súmula 547: “Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache 
mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais.” 
(3) CF: “Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, 
observados: I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II – a 
destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de 
alto rendimento; III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional; IV – a proteção e o incentivo às 
manifestações desportivas de criação nacional.” 
 
ADI 5450 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 18.12.2019. (ADI-5450) 
(Informativo 964, Plenário) 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4913225
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
https://www.youtube.com/watch?v=pXx06T5g91s&list=PLippyY19Z47uSl_XVD_R9a_mQlkBjIvwg&index=3
 11 
 
 
ADI: cargo de datiloscopista e redenominação para perito papiloscopista – 2O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, conheceu de ação direta de 
inconstitucionalidade e julgou improcedente o pedido nela formulado, prejudicado o agravo regimental 
interposto da decisão que indeferiu o pleito de medida cautelar. 
 
A ação foi ajuizada em face do art. 3º da Lei Complementar (LC) 156/2010; do art. 1º, VI, do 
Decreto 39.921/2013; e do art. 2º, §§ 1º a 3º, da Portaria GAB-SDS 1.967/2010, todos do estado de 
Pernambuco (Informativo 932). 
 
O art. 3º da lei complementar redenominou o cargo de datiloscopista policial para perito 
papiloscopista, ainda no âmbito da polícia civil. Os demais dispositivos impugnados estabeleceram 
sínteses das atribuições e prerrogativas institucionais do cargo de perito papiloscopista e matérias 
relacionadas ao desempenho de suas atividades. 
 
Prevaleceu o voto do ministro Luiz Fux (relator), que, de início, assentou a existência de 
competência concorrente para dispor sobre os peritos oficiais. Isso, porque o art. 24, XVI, da Constituição 
Federal (CF) dispõe competir à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre 
organização, garantias, direitos e deveres dos policiais civis. Além disso, não verificou qualquer 
antinomia entre as normas locais e as normas federais de regência. 
 
Para o relator, a União exerceu sua competência legislativa ao aprovar a Lei 12.030/2009, que 
objetiva aprimorar a disciplina do tema e garantir que a perícia oficial esteja inserida num arranjo 
institucional adequado. Por ter caráter de norma nacional geral, aquela lei não esgotou as regras de 
organização da polícia civil. É o que se depreende de seu art. 5º, que expressamente ressalvou a 
necessidade de observância das disposições específicas da legislação de cada ente federado. A ressalva, 
que consta também do art. 3º, sequer seria necessária, porquanto decorre da autoadministração dos 
Estados-membros, consagrada no art. 25 da CF (1). Já a competência suplementar foi exercida pelo 
legislador estadual por meio da LC 156/2010 e das disposições infralegais questionadas. 
 
O ministro assinalou ainda que a Lei 12.020/2009 não foi exaustiva ao especificar peritos — 
criminais, médico-legistas e odontolegistas — e não vedou que se lhes equiparassem os cargos de 
datiloscopista ou papiloscopista. Informou que a expressão “perito criminal” alberga todos os peritos 
oficiais que possuem a incumbência estatal de elucidar crimes e que é possível aventar rol bem mais 
amplo de agentes que atuam como peritos oficiais, no qual se insere o auditor da Receita Federal, entre 
outros. A exclusão dos servidores públicos papiloscopistas desse rol resultaria no encaminhamento de 
suas conclusões a outro perito, muitas vezes sem a expertise necessária para referendar o trabalho. 
Salientou, no ponto, que não pode haver qualquer caráter de subordinação de um perito a outro. 
 
Afastou a alegação de usurpação de competência legislativa privativa da União em matéria 
processual. Não há falar em interferência das normas estaduais no direito processual penal, porque se trata 
de matéria relativa à organização administrativa da polícia civil que em nada altera a qualidade da prova 
pericial. 
 
Ademais, destacou que o Código de Processo Penal (CPP) não dispõe a respeito da profissão de 
papiloscopista, datiloscopista ou da perícia datiloscópica, tampouco limita ou relaciona quais servidores 
investidos de poder legal são considerados peritos oficiais. Além disso, se o próprio CPP admite a 
realização de perícia por duas pessoas idôneas, na falta de perito, com maior razão os peritos 
papiloscopistas e os datiloscopistas têm aptidão para exercer essas funções e integrar essa categoria. 
 
O ministro observou que, a partir da Lei 11.690/2008, o CPP passou a exigir nível superior 
também para o perito oficial, resguardando o exercício daqueles peritos que ingressaram antes da vigência 
dessa lei (art. 159). Quanto a esse aspecto, sequer há conflito com o CPP, pois a LC 137/2008 do estado 
de Pernambuco já exigia diploma de curso superior para os datiloscopistas policiais. 
 
Verificou inexistir burla à necessidade de concurso público, visto que os papiloscopistas são 
peritos oficiais que ingressaram nos quadros do cargo por meio de concurso público, ainda que, 
anteriormente, possuíssem outra nomenclatura. Não houve, portanto, provimento derivado de cargo 
público. 
 
O relator afastou a arguição de transposição gradativa dos cargos em face do requisito mínimo de 
investidura exigível para os peritos oficiais, que é ensino superior com formação específica. Consignou 
que a exigência de diploma de curso superior já existia na redação original do art. 11 c/c art. 7º, VIII, da 
LC pernambucana 137/2008. Como esses preceitos não foram objeto de impugnação, eventual declaração 
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo932.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e2f216ff9f11416ed0c74b9/422d96a3f7af3f3b969a0a755c2ff611/ADI_-_cargo_de_datiloscopista_e_redenomina%C3%A7%C3%A3o_para_perito_papiloscopista_%E2%80%93_2.mp3
 12 
de nulidade dos dispositivos ora atacados restaria inócua para o fim de afastar o alegado provimento 
derivado de cargo público. 
 
Por coincidirem os requisitos de investidura, o aproveitamento dos ocupantes de cargos extintos 
em cargos recém-criados se condiciona apenas à similitude de suas atribuições. No caso, não restaram 
comprovadas as supostas alterações substanciais nas atribuições. De um lado, o art. 3º reserva aos 
papiloscopistas as mesmas atividades antes exercidas pelos datiloscopistas, limitando-se a alterar a 
denominação do cargo. De outro, o Decreto 39.921/2013 limita-se a descrever as atribuições conferidas a 
esses profissionais por disposições legais prévias. 
 
Em conclusão, o ministro Luiz Fux registrou que, independentemente da nomenclatura, os 
profissionais exercem atividade específica condizente com o cargo de perito oficial, dado que se dedicam 
a colher e analisar impressões deixadas pelas papilas dérmicas de quem haja tido contato com objetos 
importantes para a apuração de fatos de relevo criminal. 
 
O ministro Dias Toffoli acompanhou o relator por fundamento diverso e o ministro Alexandre de 
Moraes, com a ressalva de entender ser inviável, à luz do regramento previsto na Lei 12.030/2009, o 
enquadramento dos peritos papiloscopistas como peritos criminais. 
 
Vencida, parcialmente, a ministra Rosa Weber, que conheceu da ação apenas quanto à lei 
complementar pernambucana, e não no que atine aos atos secundários: decreto e portaria. 
 
Vencido o ministro Edson Fachin, que julgou parcialmente procedente o pedido e acolheu a 
pretensão de inconstitucionalidade material. 
 
(1) CF: “Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios 
desta Constituição. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º Cabe 
aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de 
medida provisória para a sua regulamentação. § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, 
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o 
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.” 
 
ADI 5182/PE, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 19.12.2019. (ADI-5182) (Informativo 964, 
Plenário) 
 
 
 
ADI e revogação superveniente – 2 
O Plenário, em conclusão de julgamento, resolveu questão de ordem para julgar prejudicado, por 
perda superveniente de objeto, pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade. A ação foi 
ajuizada contra decisão administrativa do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, tomada 
em 7.12.94, mas posteriormente revogada (Informativo 305).A decisão impugnada determinou o pagamento, a partir de abril de 1994, do reajuste de 10,94%, 
correspondente à diferença entre o resultado da conversão da URV em reais, com base no dia 20 de abril 
de 1994, e o obtido na operação de conversão com base no dia 30 do mesmo mês e ano, aos magistrados 
da Justiça do Trabalho, inclusive juízes classistas, bem como aos servidores ativos e inativos do Tribunal. 
 
O relator reajustou o voto. 
 
ADI 1244 QO-QO/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.12.2019. (ADI-1244) (Informativo 964, 
Plenário) 
 
 
 
Quórum e modulação dos efeitos de decisão sem declaração de inconstitucionalidade de ato 
normativo 
O Plenário, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada pelo ministro Dias Toffoli 
(Presidente) e fixou o quórum de maioria absoluta dos membros da Corte para modular os efeitos de 
decisão em julgamento de recursos extraordinários repetitivos, com repercussão geral, nos quais não 
tenha havido declaração de inconstitucionalidade de ato normativo. 
 
Vencido, o ministro Marco Aurélio, que divergiu da formulação e do mérito da questão. Entendeu 
não ser possível a mesclagem de julgamento da sessão virtual com a presencial. Além disso, não admitiu 
a reabertura de julgamento concluído. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4678387
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
https://www.youtube.com/watch?v=a3evXBxZgGo&list=PLippyY19Z47tx1SnoZj6yphF8VeoDRhdp
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo305.htm#ADI%20e%20Revoga%C3%A7%C3%A3o%20Superveniente
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1610188
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
https://www.youtube.com/watch?v=a3evXBxZgGo&list=PLippyY19Z47tx1SnoZj6yphF8VeoDRhdp
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https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e27633b68f22e26f76c80f6/80a1bfcbcccec15825ce09741e1b7169/Qu%C3%B3rum_e_modula%C3%A7%C3%A3o_dos_efeitos_de_decis%C3%A3o_sem_declara%C3%A7%C3%A3o_de_inconstitucionalidade_de_ato_normativo.mp3
 13 
Em seguida, o ministro Dias Toffoli proclamou o resultado do julgamento dos embargos de 
declaração, ocorrido na sessão virtual de 11.10.2019 a 17.10.2019: “O Tribunal, por maioria, acolheu 
parcialmente os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para reconhecer indevida a cessação 
imediata do pagamento dos quintos quando fundado em decisão judicial transitada em julgado, vencida a 
Ministra Rosa Weber, que rejeitava os embargos. No ponto relativo ao recebimento dos quintos em 
virtude de decisões administrativas, o Tribunal, em razão de voto médio, rejeitou os embargos e, 
reconhecendo a ilegitimidade do pagamento dos quintos, modulou os efeitos da decisão de modo que 
aqueles que continuam recebendo até a presente data em razão de decisão administrativa tenham o 
pagamento mantido até sua absorção integral por quaisquer reajustes futuros concedidos aos servidores. 
Os Ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello proviam os embargos de declaração e modulavam 
os efeitos da decisão em maior extensão. Ficaram vencidos, nesse ponto, os Ministros Marco Aurélio e 
Rosa Weber. Por fim, o Tribunal, por maioria, também modulou os efeitos da decisão de mérito do 
recurso, de modo a garantir que aqueles que continuam recebendo os quintos até a presente data por força 
de decisão judicial sem trânsito em julgado tenham o pagamento mantido até sua absorção integral por 
quaisquer reajustes futuros concedidos aos servidores, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Rosa 
Weber. Tudo nos termos do voto do Relator. Afirmaram suspeição os Ministros Luiz Fux e Roberto 
Barroso”. 
 
RE 638115 ED-ED/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2019. (RE-638115) 
(Informativo 964, Plenário) 
 
 
 
Direitos Fundamentais 
 
Suspensão de habilitação e direito ao trabalho 
É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao 
motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. 
Essa foi a tese de repercussão geral (Tema 486) fixada pelo Plenário ao dar provimento a recurso 
extraordinário interposto contra acórdão que afastou a pena de suspensão de habilitação, prevista no art. 
302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (1), aplicada em desfavor do recorrido. O tribunal a quo 
reputou que a aplicação dessa sanção ao condenado que exerce profissionalmente a atividade de motorista 
seria inconstitucional, por violar o seu direito ao trabalho. 
O colegiado asseverou que inexiste direito absoluto ao exercício de atividade profissionais (CF, 
art. 5º, XIII), sendo possível que haja restrição imposta pelo legislador, desde que razoável, como no caso. 
Além disso, a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI) 
e, também, respeita o princípio da proporcionalidade. A suspensão do direito de dirigir não impossibilita 
o motorista profissional de extrair seu sustento de qualquer outra atividade econômica. 
 
(1) CTB: “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas – detenção, de dois a quatro anos, e 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º No homicídio culposo cometido 
na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (...) IV - no exercício de sua profissão 
ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.” 
 
RE 607107/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.2.2020. (RE-607107) (Informativo 
966, Plenário) 
 
 
 
Legitimidade 
 
Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI 
A Segunda Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para, ao dar seguimento a 
recurso extraordinário, reconhecer a legitimidade de procuradores para interposição de recursos em ação 
direta de inconstitucionalidade (ADI). 
 
O colegiado entendeu que, por ser uma decisão política, somente os legitimados no art. 103 da 
Constituição Federal (CF) (1), ou, por simetria, os que previstos em constituição estadual, podem propor 
ações diretas de inconstitucionalidade. Ressaltou, entretanto, que os atos de natureza técnica, 
subsequentes ao ajuizamento da ação, devem ser empreendidos pelos procuradores da parte legitimada. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4054666
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
https://www.youtube.com/watch?v=sirh9zVgWX4&list=PLippyY19Z47uSl_XVD_R9a_mQlkBjIvwg
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=3810647&numeroProcesso=607107&classeProcesso=RE&numeroTema=486
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3810647
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
https://www.youtube.com/watch?v=qvjzdxjAUms&list=PLippyY19Z47ti_ze7600VuNE-_1MI502t
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e46e216b770dc379e60bcd9/893f974ea3eb9851f5af0450a32f26f4/Suspens%C3%A3o_de_habilita%C3%A7%C3%A3o_e_direito_ao_trabalho.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e41a5887874192d478b00c9/4d3cfc291b76fbe81b84e723aaf80b75/Legitimidade_de_procuradores_para_interposi%C3%A7%C3%A3o_de_recurso_em_ADI.mp3
 14 
Citou precedente do Supremo Tribunal Federal (STF), no sentido de que recursos em ação direta de 
inconstitucionalidade podem até vir assinados pelo legitimado conjuntamente com o procurador, mas que 
seria essencial a presença de advogado. 
 
Vencido o ministroEdson Fachin (relator), que votou pelo não provimento do agravo por 
considerar que se afigura inadmissível petição recursal assinada apenas por procuradores, sem que tenha 
sido subscrita pela parte constitucionalmente legitimada. 
 
(1) CF: “Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o 
Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a Mesa de Assembleia 
Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-
Geral da República; VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no 
Congresso Nacional; IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” 
 
RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento 
em 4.2.2020. (RE-1126828) (Informativo 965, Segunda Turma) 
 
 
Organização do Estado 
 
Afastamento de norma e contrariedade à cláusula de reserva de plenário 
 
O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento da eficácia 
do preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao Enunciado 10 da Súmula 
Vinculante (1). 
 
Com esse entendimento, a Primeira Turma negou provimento a agravo regimental interposto de 
decisão monocrática que, ao prover recurso extraordinário, anulou o acórdão recorrido e determinou o 
retorno dos autos ao tribunal de origem, a fim de que examine a apelação como entender de direito, 
observado o art. 97 da Constituição Federal (CF) (2). 
 
Na espécie, sem obedecer à cláusula de reserva de plenário, órgão fracionário de tribunal afastou a 
incidência do artigo 272 do Decreto 2.637/1998, desobrigando a ora agravante de observar o quantitativo 
de cigarros por embalagem definido pelo referido decreto, tendo-o como contrário ao princípio da livre 
concorrência, versado no art. 170, IV, da CF (3). 
 
O colegiado assinalou que a pretexto de interpretar, o órgão fracionário afastou a aplicação da 
norma expressa, em desrespeito ao mencionado verbete. 
 
(1) Enunciado 10 da Súmula Vinculante: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão 
fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, 
afasta sua incidência, no todo ou em parte.” 
(2) CF: “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial 
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.” 
(3) CF: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim 
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) IV – livre 
concorrência;” 
 
RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 4.2.2020. (RE-635088) 
(Informativo 965, Primeira Turma) 
 
 
Composição de órgão da Administração Pública estadual e participação de representante de 
seccional da OAB 
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta, para 
declarar a inconstitucionalidade do trecho “e 1 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil — 
Seção RJ” (OAB/RJ) constante do art. 110 da Lei Complementar (LC) 69/1990, com a redação dada pelo 
art. 4º da LC 135/2009, ambas do Estado do Rio de Janeiro (1). 
 
O Tribunal depreendeu da leitura do preceito haver caráter impositivo na participação de 
representante da OAB/RJ na composição da Corregedoria Tributária do Controle Externo, órgão 
colegiado composto por três membros, a serem escolhidos pelo governador. 
 
Aduziu ser possível que chefe do Poder Executivo estadual convide, em consenso com a OAB, 
representante desta para integrar órgão da Administração. Entretanto, embora a norma questionada atenda 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5443886
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5443886
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4025782
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e4304fb7c7931683bb57d08/56b71ed3765b55ce5066c0e2a4e5f64c/Afastamento_de_norma_e_contrariedade_%C3%A0_cl%C3%A1usula_de_reserva_de_plen%C3%A1rio.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e4c5bacd40ed78f4f2e27b7/0446845cb3b6778ee7ad996794db6640/Composi%C3%A7%C3%A3o_de_%C3%B3rg%C3%A3o_da_Administra%C3%A7%C3%A3o_P%C3%BAblica_estadual_e_participa%C3%A7%C3%A3o_de_representante_de_seccional_da_OAB.mp3
 15 
a pleito da OAB/RJ, lei estadual não pode impor a presença de representante de autarquia federal em 
órgão da Administração Pública local. 
 
Vencidos os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, que julgaram 
a pretensão improcedente. Consideraram inexistir obrigatoriedade, e sim possibilidade de composição 
híbrida do órgão por representante da OAB/RJ, por ela própria indicado. O ministro Alexandre de Moraes 
reiterou, por fim, tratar-se de seccional, que faz parte da OAB, mas dentro dos limites do Estado-membro. 
 
(1) LC fluminense 69/1990: “Art. 110. Integra a Corregedoria Tributária de Controle Externo num Colegiado composto por 
3 (três) membros, sendo 1 (um) escolhido entre Fiscais de Rendas, ativos ou aposentados, 1 (um) entre Procuradores do Estado, 
ativos ou aposentados e 1 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção RJ, a serem escolhidos pelo Governador 
do Estado, o qual nomeará o Corregedor-Chefe da Corregedoria Tributária de Controle Externo entre aqueles, sendo que as decisões 
da Corregedoria sobre sindicância e processo administrativo disciplinar serão tomadas por maioria de votos dos membros presentes 
do Colegiado.” 
 
ADI 4579/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 13.2.2020. (ADI-4579) (Informativo 966, 
Plenário) 
 
 
 
Organização dos Poderes 
 
Ato do CNJ e competência do STF 
A Primeira Turma decidiu afetar ao Plenário o julgamento de agravo regimental em petição 
interposto contra decisão que não conheceu de ação originária e determinou a remessa dos autos ao juízo 
de primeiro grau. 
 
No caso, a ação foi ajuizada com o objetivo de desconstituir ato do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) que declarou vaga serventia extrajudicial em razão de o titular não ter sido aprovado em concurso 
público. 
 
Pet 4770 AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 17.12.2019. (Pet-4770) (Informativo 
964, Primeira Turma) 
 
Atuação de advogado como testemunha e sigilo profissional 
A Segunda Turma julgou improcedente reclamação ajuizada em face de decisão proferida por juiz 
de Direito nos autos de processo em trâmite no juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
em que foi determinada audiência de inquirição de testemunhas com o arrolamento de advogado que 
atuara no mesmo processo como patrono de sua cliente. 
 
O reclamante alegava desrespeito ao que decidido, pela Turma, no Inq 4.296 AgR. 
 
No ponto, o colegiado esclareceu que o acórdão paradigma manteve decisão monocrática que 
autorizava a intimação de advogado para sua oitiva como testemunha no processo, de modo que não há 
incompatibilidade com a decisão reclamada. 
 
Em seguida, a Turma, por empate, concedeu habeas corpus de ofício para reconhecer a 
inadmissibilidade do testemunho do advogado no processo examinado, declarando a ilicitude do ato e 
determinando o desentranhamento da prova considerada inadmissível. 
 
Explicou que, no acórdão paradigma, afirmou-se que, em princípio, a intimação do advogado para 
comparecer perante a autoridade não parece em desacordo com a lei, mas ele somente poderia optar por 
depor se liberadodo sigilo profissional pela cliente anteriormente defendida. Assim, como naquele 
momento e nos limites daquela via, inexistia comprovação da manifestação da ex-cliente sobre a questão, 
manteve-se a intimação para o depoimento. Ademais, ressaltou-se que eventual invalidade do depoimento 
poderia ser apreciada no futuro. 
 
Portanto, assentou-se que o advogado somente poderia optar por depor se liberado do sigilo 
profissional por sua ex-cliente. Não foi a situação que envolveu a decisão reclamada, entretanto. 
 
Salientou que, nos termos do art. 7º, XIX, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil 
(EOAB), é direito do advogado recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou 
deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando 
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4056960
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
https://www.youtube.com/watch?v=OK3beM9AqY0&list=PLippyY19Z47uI8FS1ZQCdW4RlQ94qwgqk
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3867775
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5030059
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e1f70b1095802302329b035/a52c60bce3ec0a68234f57741a364306/Ato_do_CNJ_e_compet%C3%AAncia_do_STF.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e57f09501f5fe5d160625a5/4ee9edaf9a706885f130afa6bf5d7121/Atua%C3%A7%C3%A3o_de_advogado_como_testemunha_e_sigilo_profissional.mp3
 16 
Ademais, o sigilo profissional do advogado, externo ou interno, tal qual o do médico, é ponto 
central das normas deontológicas e legais que regulam a profissão. 
 
Desse modo, ainda que se deva estruturar um processo penal efetivo, que tenha meios para 
assegurar a investigação e a produção das provas de um modo a possibilitar uma decisão mais informada 
possível, existem critérios de admissibilidade de provas que se embasam em premissas fundamentais para 
proteção de direitos fundamentais e contenção de abusos. 
 
Caracterizam-se, assim, regras legais de exclusão probatória fundadas em limites lógicos, políticos 
e epistemológicos, que restringem de certa maneira a busca pela verdade e a reconstrução dos fatos 
passados. 
 
Diante desse quadro, embora o sigilo profissional possa acarretar a supressão de informações 
potencialmente pertinentes ao caso, trata-se de premissa fundamental para o exercício efetivo do direito 
de defesa, no que diz respeito à defesa técnica. 
 
A relação entre cliente e advogado depende de confiança, para que o réu possa descrever todos os 
fatos e elementos pertinentes sem medo de que isso possa ser posteriormente contra ele utilizado. 
 
O sigilo profissional é um direito do indivíduo ao prestar informações ao advogado para o 
exercício de sua representação perante os órgãos pertinentes. Desse modo, para que o testemunho possa 
ser prestado pelo profissional, faz-se necessário o consentimento válido do interessado direto na 
manutenção do segredo. 
 
Portanto, o advogado não pode testemunhar sobre fatos de que tomou conhecimento em razão de 
seu ofício, como para o exercício de sua atuação profissional a partir da narração apresentada pelo cliente 
e eventuais documentos por ele entregues. 
 
Frisou que, nos termos do art. 25 do EOAB, o sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-
se o seu respeito, salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado 
pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse da 
causa. 
 
Porém, da leitura do caso em exame, depreende-se que o advogado arrolado como testemunha teve 
seus poderes como patrono da interessada expressamente revogados, vedando-se sua atuação no caso. 
Além disso, requereu-se que devolvesse qualquer documento relacionado ao fato que a ele tivesse sido 
entregue. 
 
Evidente, portanto, que a cliente não liberou o advogado do dever de manter o segredo profissional 
sobre as informações e documentos de que teve conhecimento em razão da atuação como defensor 
técnico. 
 
A ministra Cármen Lúcia e o ministro Edson Fachin não concederam a ordem de ofício. 
 
Rcl 37235/RR. rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.2.2020. (Rcl-37235) (Informativo 
967, Segunda Turma) 
 
 
Reclamação 
 
Uso de algemas e fundamentação – 2 
A Primeira Turma, em conclusão e por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto 
contra decisão que negou seguimento a reclamação em que se requereu a decretação de nulidade de 
julgamento do tribunal do júri por inobservância da Súmula Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal 
(STF) (1) (Informativo 954). 
 
No caso, durante julgamento em plenário, a juíza de direito presidente do tribunal do júri indeferiu 
o pleito da defesa de retirada das algemas do reclamante. Determinou que, excepcionalmente, fosse o 
acusado mantido algemado, na forma do que autoriza o referido verbete sumular, tendo em conta ofício 
exibido pela escolta do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), o qual justificaria o uso de 
algemas. O juízo de origem considerou, ainda, que os policiais federais responsáveis pela escolta, quando 
consultados, afirmaram não poder opinar favoravelmente à retirada das algemas sem ferir o procedimento 
recomendado pelo órgão a que pertencem, em relação ao réu custodiado em presídio federal de segurança 
máxima. 
 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5787975
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo954.htm#Uso%20de%20algemas%20e%20fundamenta%C3%A7%C3%A3o
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e25e2d7d422b54a63bc0aa8/e81b3ca2ef0c7064fb2d587947198f94/Uso_de_algemas_e_fundamenta%C3%A7%C3%A3o_-_2.mp3
 17 
O tribunal de justiça local, em sede de apelação, afastou a apontada nulidade. Citou o 
envolvimento do réu com milícias, bem como seus maus antecedentes e acautelamento em presídio de 
segurança máxima. 
 
O colegiado entendeu que a juíza de primeiro grau justificou devidamente a manutenção do uso 
das algemas e que todas as circunstâncias fáticas exigiriam que o acusado estivesse algemado. Destacou 
que o réu integra milícia, possui extensa folha de antecedentes criminais e foi transferido para presídio de 
segurança máxima, em virtude da sua alta periculosidade, além da possibilidade de sua fuga ou de seu 
resgate. 
 
O ministro Roberto Barroso ressaltou, sobretudo, o que consignado pelo tribunal de justiça ao 
decidir a matéria. Para ele, não se pode desconsiderar o que está nos autos do processo e na decisão do 
juízo a quo. Salientou que a questão da periculosidade, ou não, do réu, é assunto de polícia e não de juiz. 
Se a polícia informa que o réu é perigoso, o juiz, que, normalmente, entra em contato com o réu pela 
primeira vez, tem de confiar na presunção de legitimidade da informação passada pela autoridade policial. 
Fora dos casos de abuso patente, é preciso dar credibilidade àquele que tem o encargo de zelar pela 
segurança pública, inclusive no âmbito do tribunal. 
 
Vencido o ministro Marco Aurélio, que proveu o agravo. 
 
(1) Súmula Vinculante 11 do STF: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena 
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade daprisão ou do ato processual a que se refere, 
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” 
 
Rcl 32970 AgR/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.12.2019. (Rcl-32970) 
(Informativo 964, Primeira Turma) 
 
 
Subsídio 
 
Subsídio vitalício e pensão por morte de ex-vereador 
Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a 
consequente pensão em caso de morte não é harmônica com a Constituição Federal de 1988. 
 
Essa é a tese do Tema 672 da Repercussão Geral fixada, por unanimidade, pelo Plenário ao negar 
provimento a recurso extraordinário, declarando a não recepção, pela Constituição Federal de 1988, da 
Lei 907/1984, do Município de Corumbá. 
 
RE 638307/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19.12.2019. (RE-638307) (Informativo 
964, Plenário) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=32970&classe=Rcl&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4055992&numeroProcesso=638307&classeProcesso=RE&numeroTema=672
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4055992
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo964.htm
https://www.youtube.com/watch?v=a3evXBxZgGo&list=PLippyY19Z47tx1SnoZj6yphF8VeoDRhdp
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e1df9a7da5075848d0854c2/d3ad665d42b01576ce40667ac95e1da2/Subs%C3%ADdio_vital%C3%ADcio_e_pens%C3%A3o_por_morte_de_ex-vereador.mp3
 18 
 
 
Direito Financeiro 
 
FUNDEF 
 
Repasses complementares do Fundef e princípio da colegialidade – 2 
O Plenário, em conclusão e por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto de 
decisão monocrática que entendeu ser procedente pedido formulado em ação cível originária, para 
reconhecer o direito de Estado-membro a recalcular o valor mínimo nacional por aluno nos anos de 1998 
a 2003, para fins de complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino 
Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) (Informativo 947). 
 
Ao rejeitar o argumento de ofensa ao princípio da colegialidade, sublinhou que o Supremo 
Tribunal Federal (STF) reconheceu a infraconstitucionalidade da matéria em debate ao apreciar o RE 
636.978 RG (Tema 422), sob a sistemática da repercussão geral. Esse entendimento cumulado com a 
análise do assunto realizada sob o regime de recursos repetitivos (REsp 1.101.015), decorrente da 
competência jurisdicional de uniformização da legislação federal do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 
são elementos, por si sós, capazes de ensejar a atuação monocrática sujeita à revisão do colegiado 
mediante agravo interno e embargos de declaração. 
 
Ademais, o STF, ao examinar em conjunto as ACOs 648, 660, 669 e 700, estabeleceu diretriz 
jurisprudencial convergente com a da decisão impugnada. Na ocasião, foram firmadas as seguintes 
orientações: a) o valor da complementação da União ao Fundef deve ser calculado com base no valor 
mínimo nacional por aluno extraído da média nacional; e b) a complementação ao Fundef realizada a 
partir do valor mínimo anual por aluno fixada em desacordo com a média nacional impõe à União o dever 
de suplementação de recursos, mantida a vinculação constitucional a ações de desenvolvimento e 
manutenção do ensino. 
 
Naquela oportunidade, a Corte ainda delegou aos ministros relatores a faculdade de decidirem 
monocraticamente as demais ações cíveis originárias que tratem da mesma matéria. 
 
O Plenário também aduziu que a jurisprudência do STF propiciou assinalar a ilegalidade do 
Decreto 2.264/1997, na medida em que extravasou da delegação legal oriunda do § 1º do art. 6º da Lei 
9.424/1996 (1) e das margens de discricionariedade conferidas à Presidência da República, para fixar, em 
termos nacionais, o valor mínimo por aluno. 
 
Superado o entendimento de que a controvérsia é infraconstitucional, indicou a possibilidade de 
aplicar-se o federalismo de cooperação do inciso III do art. 3º da Constituição Federal (CF) (2) e que veio 
vertido no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), nomeadamente no § 4º 
(3), incluído pela Emenda Constitucional (EC) 14/1996, ao cuidar da fixação de valor mínimo. Dessa 
forma, nenhum aluno do ensino fundamental valerá mais ou menos dependendo de onde estiver no país. 
 
Noutro passo, explicitou que o Tema 416 da repercussão geral (RE 635.347) versa sobre a forma 
de pagamento de débito originado de erro no cálculo das verbas a serem repassadas pela União a título de 
complementação ao Fundef. Esclareceu que, entretanto, o relator daquele feito não determinou a 
suspensão nacional dos processos correlatos ao assunto, como autoriza o art. 1.035, § 5º, do Código de 
Processo Civil (CPC). 
 
Vencidos os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que deram provimento ao agravo e 
julgaram improcedente o pedido formulado na ação cível originária; e o ministro Marco Aurélio, que deu 
provimento ao agravo para determinar o prosseguimento da ação. 
 
(1) Lei 9.424/1996: “Art. 6º A União complementará os recursos do Fundo a que se refere o art. 1º sempre que, no âmbito 
de cada Estado e do Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. § 1º O valor mínimo anual 
por aluno, ressalvado o disposto no § 4º, será fixado por ato do Presidente da República e nunca será inferior à razão entre a 
previsão da receita total para o Fundo e a matrícula total do ensino fundamental no ano anterior, acrescida do total estimado de 
novas matrículas, observado o disposto no art. 2º, § 1º, incisos I e I.” 
(2) CF: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) III – erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;” 
(3) ADCT: “Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, à manutenção e 
ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração 
condigna do magistério. (...) § 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ajustarão progressivamente, em um prazo 
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http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2064114
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de cinco anos, suas contribuições ao Fundo, de forma a garantir

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