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Nomenclatura das neoplasias Câncer O câncer é a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos; somente as doenças cardiovasculares exigem um tributo mais elevado. Ainda mais agoniante que a mortalidade associada é o sofrimento físico e emocional infligido pelas neoplasias. Os pacientes e o público com frequência indagam: “Quando haverá cura para o câncer?” É difícil a resposta a essa pergunta simples porque o câncer não é uma doença, mas muitas desordens que compartilham uma profunda desregulação de crescimento. Alguns cânceres, como os linfomas de Hodgkin, são altamente curáveis, enquanto outros, como o câncer do pâncreas, são praticamente sempre fatais. A única esperança para o controle do câncer é aprender mais sobre sua patogenia, e largos passos foram dados na compreensão da base molecular do câncer. Este capítulo aborda a biologia básica da neoplasia — a natureza das neoplasias benignas e malignas, bem como a base molecular da transformação neoplásica. Também se discutem a resposta do hospedeiro aos tumores e as caracte rísticas clínicas da neoplasia. Antes de discutirmos as características das células cancerosas e os mecanismos da carcinogênese, é relevante resumir as características fundamentais e compartilhadas dos cânceres: 1. O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA que (em sua maior parte) são adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente. Além disso, os cânceres geralmente mostram alterações epigenéticas, como o aumento focal da metilação de DNA e alterações nas modificações da histona, as quais por sua vez se originam de mutações adquiridas em genes que regulam essas modificações. Essas alterações genéticas e epigenéticas alteram a expressão ou função de genes-chave que regulam os processos celulares fundamentais, como crescimento, sobrevida e senescência. 2. Essas alterações genéticas são hereditárias e passadas para as células-filhas na divisão celular. Como resultado, as células que ancoram essas alterações estão sujeitas à seleção darwiniana (sobrevivência da mais ajustada, discutivelmente o conceito científico mais importante já concebido), em que as células que sofrem mutações proporcionam as vantagens de crescimento ou sobrevivência, passando para trás suas vizinhanças e chegando desse modo a dominar a população. A seleção darwiniana também tem um papel na progressão e recorrência dos cânceres, como é discutido em mais detalhes adiante. Como as vantagens seletivas são conferidas a uma única célula que acaba dando origem ao tumor, todos os tumores são clonais (isto é, é a progênie de uma célula). 3. O acúmulo de mutações dá origem a uma série de propriedades chamadas características do câncer. Tumores benignos Em geral, a designação dos tumores benignos é feita acrescentando-se o sufixo -oma ao tipo celular do qual eles surgem. Um tumor benigno que surge em tecido fibroso é um fibroma; um tumor benigno cartilaginoso é um condroma. A nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa. Eles são classificados, algumas vezes, com base em seu padrão microscópico e, em outras ocasiões, com base em seu padrão macroscópico. Outros são classificados por suas células de origem. Por exemplo, o termo adenoma é aplicado geralmente a neoplasias benignas epiteliais, que produzem padrões glandulares, e a neoplasias derivadas de glândulas, mas que não mostram necessariamente padrões glandulares. Uma neoplasia epitelial benigna que surge das células tubulares renais e cresce em padrões do tipo glandular é denominada adenoma, como também é uma massa de células epiteliais benignas que não produz padrões glandulares, mas tem sua origem no córtex suprarrenal. Os papilomas são neoplasias epiteliais benignas, que crescem em qualquer superfície, produzem frondes micro ou macroscópicas semelhantes a dedos. Um pólipo é uma massa que se projeta acima de uma superfície mucosa, como no intestino, para formar uma estrutura macroscopicamente visível. Embora seja um termo usado com frequência para tumores benignos, alguns tumores malignos também podem crescer como pólipos, enquanto outros pólipos (como os pólipos nasais) não são neoplásicos, mas têm origem inflamatória. Cistadenomas são massas císticas ocas que surgem tipicamente no ovário. Tumores malignos A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente a dos tumores benignos, com certos acréscimos e exceções. 1. Neoplasias malignas que surgem em tecidos mesenquimais “sólidos” ou seus derivados são chamadas de sarcomas, enquanto aquelas surgidas de células mesenquimais sanguíneas são chamadas de leucemias ou linfomas. Os sarcomas são designados pelo tipo celular de que são compostos, que é presumivelmente sua célula de origem. Assim, um câncer com origem no tecido fibroso é um fibrossarcoma, enquanto uma neoplasia maligna composta por condrócitos é um condrossarcoma. 2. Embora os epitélios do corpo derivem das três camadas germinativas, as neoplasias malignas das células epiteliais são chamadas de carcinomas, independentemente do tecido de origem. Assim, uma neoplasia maligna que surge no epitélio tubular renal (mesoderma) é um carcinoma, como o são os cânceres que surgem na pele (ectoderma) e no epitélio do revestimento intestinal (endoderma). Além disso, o mesoderma pode dar origem a carcinomas (epiteliais), sarcomas (mesenquimais) e tumores hematolinfoides (leucemias e linfomas).
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