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Contato para resumos: (21) 99391-8195 Desirée Rosa - @the.zihe ou desiree.medvet@gmail.com Vírus e Viroses Raiva A raiva é uma doença infectocontagiosa conhecida mundialmente. A raiva dos carnívoros está ligada pela agressividade, já a dos herbívoros com a paralisia. Considerada uma das doenças que mais mata na agropecuária, pela presença de morcegos hematófagos no ambiente rural, gerando perda econômica significativa É uma zoonose de grande importância social, com mais de 60 mil mortes anuais, representando certa de 50% dos diagnósticos laboratoriais de encefalopatias. Ou seja, de todos os casos identificados, metade deles são por raiva e a outra metade podem ser diversas outras possibilidades de diagnóstico. Com isso, apresentam vários diagnósticos diferenciais, podendo ser: intoxicações, botulismo, herpes vírus, aujeszky, tétano, babesiose cerebral, doença da vaca louca, carência nutricional, encefalomielite equina, etc. Agente Etiológico São pertencentes a Familia Rhabdoviridade, do gênero Lyssavirus. Esse vírus envelopado é relativamente grande, possui um formato projétil composto por fita de RNA que já entra na célula com a capacidade de repetição, com a presença de uma camada glicoproteínas de proteção na sua superfície, que se ligam nos receptores celulares de acetilcolina (células neurais e musculares). A presença de estrutura conhecida como corpúsculo de Negri na avaliação microscópica é essencial para a identificação do vírus da raiva no organismo do animal infectado. Tipificação Antigênica O vírus apresenta algumas variações, sendo cerca de 12 mais circulantes no mundo todo, e 5 no Brasil. Reconhecer as variantes é importante para identificar a espécie de origem do vírus. Variante 1 – Cão Variante 2 – Cão Variante 3 – Desmodus rotundus (morcego vampiro) Variante 4 – Tadarida brasiliensis (morcego) Variante 5 – Lasiurus spp (morcego das palmeiras) Contato para resumos: (21) 99391-8195 Desirée Rosa - @the.zihe ou desiree.medvet@gmail.com Sensibilidade Os solventes orgânicos e alguns agentes físicos são seus principais meios desinfetantes do vírus. Sendo eles: 1. Detergentes, álcool, formol, éter, clorofórmio, fenol, B-Propiolactona, etc 2. UV, temperatura Todos os animais são considerados como espécies sensíveis/susceptíveis ao contágio. Os carnívoros são classicamente os transmissores que mantém vivo o ciclo de transmissão, e os herbívoros de forma acidental, que são os hospedeiros terminais. Transmissão Inoculação da saliva é a principal forma de contágio da doença no hospedeiro, que podem ser caracterizas por mordedura, arranhadura, inalação, lambedura de mucosas (seja por briga ou por cópula), transplante de tecidos mortos, etc. Também pode ser transmitida pela inalação do vírus, transplante de órgãos, e é caracterizada pela presença de diversos sintomas, principalmente associada a alteração da sensibilidade do animal que se interliga com os estímulos externos, gerando sinais nervosos, agressividade, paresia ou paralisia, podendo levar ao óbito do paciente Patogenia O vírus começa a se replicar primordialmente na musculatura por meio do seu foco de transmissão (local da mordedura) e logo em seguida, pela união neuromuscular. Ele migra de forma centrípeta até os nervos centrais, colonizando e se disseminando para órgãos com resquício de inervação, incluindo as glândulas salivares (pois o vírus se replica muito bem nas células secretoras). Ou seja, associado a replicação do vírus na saliva e a alteração comportamental, esse animal transmite a doença para o próximo hospedeiro. Muitas vezes, o animal sadio consegue transmitir o vírus mesmo sem apresentar sinais neurológicos, pois o vírus consegue se inocular nas glândulas secretoras antes mesmo dele apresentar sinais de agressividade. Período de Incubação É extremamente variável de acordo com o local da mordedura, grau de profundidade, tipo de ferimento e quantidade de vírus inoculado. Herbívoros: Em média de 30-60 dias Carnívoros: 20-40 dias Seres humanos: 20-40 dias Contato para resumos: (21) 99391-8195 Desirée Rosa - @the.zihe ou desiree.medvet@gmail.com Sinais Clínicos Apresenta 2 formas clinicas principais: Furiosa (V1,V2) Paralítica ( > V3) Toda raiva começa com alteração de comportamento e finaliza com paralisia, a única diferença é o tempo de manifestação dessas alterações, sendo na furiosa bem evidente e na paralisia quase imperceptível. Alguns outros sinais presentes: Presença de prurido no local lesionado; Vocalização/problemas no controle motor; Hiper excitação (ficar dando cabeçada uns nos outros); Paresia; Salivação excessiva/hidrofobia. Diagnóstico É impossível diagnosticar raiva apenas com avaliação clínica, deve ser feito sempre uma avaliação laboratorial para diagnóstico específico. Os exames solicitados são: Histopatológico Imunohistopatológico, imunofluorescência, imunohistoquímica Sorológico – ELISA Virológico – Isolamento, cultivo celular, inoculação em camundongos As amostras são armazenadas sob refrigeração, são processadas por meio da técnica IFD ou por prova biológica. Os materiais de coleta podem ser através de fragmentos do cérebro como o hipocampo, encéfalo, córtex da medula, cerebelo, tronco encefálico com a região do óbex, etc. Em alguns casos, amostras podem ser coletadas através de um corte na nuca do animal, pelo forame magno. No laboratório é realizado a coloração de imunofluorescência e observar o corpúsculo de inclusão. Se der negativo, as amostras passam pela prova biológica. O clínico deve considerar 100% letal o êxito da enfermidade em animais que apresentem os sintomas da raiva. Profilaxia É baseada em dois conceitos primordiais: A vacinação e a redução do número de transmissões. Manutenção de saúde sanitária, com boas práticas de manejo, imunização vacinal dos animais e controle da população de morcegos e animais errantes são algumas das medidas a serem adotadas. OBS: Atualmente, a raiva urbana (V1 e V2) é muito mais controlada, apresenta redução progressiva no número total de focos e da incidência de novos casos com o passar dos anos. Contato para resumos: (21) 99391-8195 Desirée Rosa - @the.zihe ou desiree.medvet@gmail.com Condutas de Vigilância em Saúde Para animais não vacinados: realizar isolamento do animal por 6 meses com acompanhamento veterinário e aplicar 3 doses de vacinas antirrábica nos dias 00, 07 e 28 do mês, além da comunicação do caso pro centro de controle de zoonoses ou equipe de vigilância sanitária para auxiliar no acompanhamento do caso. Em casos em que consiga pegar o animal transmissor do vírus, realizar prova biológica para avaliar o animal. Se der negativo, para o tratamento após os 6 meses, se der positivo é recomendado eutanásia. Para animais vacinados: Realizar o isolamento do animal por 180 dias com acompanhamento veterinário e aplicar 3 doses de vacinas antirrábica nos dias 0, 15 e 30 do mês, além da comunicação do caso para o centro de controle de zoonoses ou equipe de vigilância sanitária para auxiliar no acompanhamento do caso. Além de também realizar a prova biológica para saber se o tratamento deve ser encerrado ou prosseguir. Em casos de total recusa do proprietário para procedimento de eutanásia, o proprietário deve isolar e vacinar esse animal, juntamente com um termo de responsabilidade assinado. Questionário 1) A raiva é uma doença viral transmitida ao homem, principalmente através da mordida de outros mamíferos, tais como cachorros e morcegos. A respeito dessa doença, marque a alternativa incorreta: a) A raiva é considerada uma zoonose, uma vez que é transmitida por animais. b) Caso o animalnão apresente sinais da doença, não é necessária a vacinação antirrábica. c) A raiva é uma doença que compromete o SNC d) Qualquer pessoa mordida por um mamífero deve procurar uma Unidade de Saúde mais próxima para avaliar a necessidade de tomar a vacina antirrábica. e) É importante observar o comportamento do animal que mordeu a vítima durante 10 dias. 2) A raiva é uma doença grave que pode matar uma pessoa em poucos dias. Ela é normalmente transmitida pela mordida de um animal contaminado com o vírus. Um animal doente possui alguns sintomas que tornam fácil o diagnóstico da doença. Sendo assim, é importante Contato para resumos: (21) 99391-8195 Desirée Rosa - @the.zihe ou desiree.medvet@gmail.com sempre observar as características do animal de estimação. Entre as afirmações a seguir, marque a que não corresponde a um sintoma da raiva em animais: a) O animal contaminado torna-se agressivo e ataca com frequência b) O animal doente apresenta paralisia da mandíbula c) O animal com raiva normalmente apresenta boca seca d) Alguns animais doentes procuram ficar em locais isolados e) O animal infectado pode apresentar paralisia dos membros 3) Assinale V ou F para as afirmações a seguir: ( ) A raiva furiosa ocorre em herbívoros, enquanto a raiva paralítica ocorre em carnívoros ( ) Um animal sem sinais clínicos de raiva é confirmação de diagnóstico de que não está infectado ( ) O Corpúsculo de Negri é o responsável pelo diagnóstico diferencial da raiva ( ) Os herbívoros infectados são por meio do Desmodus rotundus, morcego hematófago que se alimenta desses animais durante à noite Gabarito 1) Letra B, pois o animal pode estar com o vírus inoculado nas glândulas salivares antes de apresentar sinais clínicos 2) Letra C, pois um dos sinais clínicos é sialorreia (salivação excessiva) 3) F: a raiva furiosa ocorre em carnívoros e a raiva paralítica em herbívoros. F: pois ele pode demorar alguns dias para apresentais sinais clínicos, mas já estar com o vírus inoculado na saliva, podendo transmitir por mordedura V: a visualização do corpúsculo de Negri dá a confirmação do diagnótico V: pois os morcegos se alimentam desses animais no pasto e, quando infectados, passam para os herbívoros.