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Tricuríase: Parasitose Intestinal Causada por Trichuris trichiura

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Classificação taxonômica: 
• Filo: Nematoda – vermes cilíndricos; tubo digestivo 
completo; monoxênicos – ciclo envolve único 
hospedeiro (característica na maioria dos 
nematódeos); 
• Classe: Adenophorea 
• Ordem: Enoplida 
• Família: Trichuridae 
• Espécie: Trichuris trichiura – monoxênico e seu 
único hospedeiro é o ser humano; base mais larga 
que ápice, onde região anterior é muito afilada em 
relação a região posterior 
Introdução: 
• A tricuríase é uma parasitose intestinal típica de 
crianças, na faixa etária de 0-10 anos de idade (maior 
prevalência); parasitose que envolve verme que 
habita intestino grosso humano; 
• Verme chicote 
• Parasito com características que o tornam mais 
agressivo que o oxiúros, em termos de parasitismo 
do i. grosso; 
• São helmintos hematófagos – praticam hematofagia 
• Muito prevalente no Brasil, principalmente onde o 
clima é tropical/subtropical, onde há condições para 
que a verminose se desenvolva; nos estados com 
mais altas TE e maiores índices pluviométricos – 
campeões em prevalência 
Trichuris trichiura: 
• Distribuição cosmopolita 
• Alta prevalência na pop. Humana, somente em 
regiões tropicais e subtropicais - geohelminto 
o Isso porque esses climas favorecem o 
desenvolvimento dessa verminose, a 
tricuríase produzida pelo Trichuris trichiura; 
o O Trichuris trichiura compõe um grupo de 
vermes chamados geohelmintos = helminto 
cujo ciclo envolve passagem (em 
determinadas fases de desenvolvimento) 
obrigatória de elementos (ovos/larvas) pelo 
solo; o solo deve ter certo teor de 
umidade/sombreamento para que haja 
favorecimento do desenvolvimento do ciclo 
biológico 
o Geohelmintos não realizam auto-infecção 
direta = não realizam sua transmissão por 
auto-infecção direta interna/externa, pois os 
ovos (no caso do Trichuris trichiura) tem 
que passar por cerca de ¾ semanas no 
solo para que a larva infectante esteja 
totalmente desenvolvida dentro desses 
ovos; 
o Então não há a possibilidade de que uma 
pessoa parasitada, com maus hábitos de 
higiene, saia com as mãos contaminadas 
com ovos e levar essa mão a boca e 
ingerir esses ovos e dar origem aos vermes 
no intestino (não acontece pois ovos que 
saem junto com as fezes do hospedeiro 
ainda não estão maduros, sendo necessária 
passagem pelo solo para que haja 
amadurecimento, transformação de 
embrião em larva, e a larva evoluir para 
uma larva infectante dentro desse ovo) 
o Mecanismo de transmissão: ingesta dos 
ovos oriundos do ambiente (ovos larvados) 
o Auto-infecção indireta é possível: indivíduo 
elimina fezes, ovos contaminam ambiente e 
depois de ¾ semanas esse indivíduo 
acidentalmente ingere esses ovos que 
foram eliminados com suas próprias fezes – 
passa pelo solo e volta ao indivíduo 
• Gênero também conhecido como Tricocephalus – 
por causa da característica do verme = verme 
chicote, em que região anterior do corpo é muito 
afilada e região posterior tem diâmetro muito maior 
= chicote de domador de circo 
o Tricocephalus significa cabeça de pelo 
 
➢ Morfologia: 
• Adultos com forma semelhante a um chicote 
• Ovos: Formato elíptico, c/ poros salientes nas 
extremidades (opérculos); lembra bola de futebol 
americano; 
o Ovo é bioperculado – poros salientes 
correspondem a opérculos, que são tampas 
que se abrem (enzimas humanas destroem 
os opérculos) para que a larva ecloda desse 
ovo quando for ingerido por um ser 
humano (estando esse ovo larvado depois 
de passar pelo solo) 
o Ovo embrionado – não é larvado; leva um 
tempo para que se desenvolva 
• Machos: tem em torno de 2,5-3 cm de 
comprimento; região anterior – onde está boca, 
região afilada em relação a região posterior; região 
posterior enrolada/espiralada (como em oxiúros) 
• Fêmea: tem em torno de 5 cm de comprimento; 
região anterior afilada e posterior com diâmetro 
maior; 
• Esse verme se fixa firmemente a mucosa do 
intestino, então a região anterior do corpo mergulha 
na mucosa intestinal (i. grosso) = ação traumática, 
que potencializa surgimento de lesões, e essas lesões 
se somando (vários vermes próximos entre si) 
potencializa a formação de úlceras na parede do 
intestino; por conta dessa penetração = 
sangramento = sangue misturado nas fezes do 
indivíduo parasitado 
• Ulcerações na parede do intestino + sangramento + 
hematofagia = das ulcerações derivam sangramento, 
a hematofagia determina que o parasito vai se 
apossar do sangue do hospedeiro (espoliação) e os 
pontos de penetração são pontos de sangramento 
= quadro de anemia 
• Também se alimentam de células do conjuntivo, 
líquido intersticial 
• 
 
 
➢ Habitat: 
• Adultos: Int. grosso do homem (ceco-principalmente; 
poucas vezes o apêndice, no cólon ou nas últimas 
porções do íleo) 
• Parasito tissular – que se fixa ou está inteiramente 
presente nos tecidos do hospedeiro 
o Trichuris trichiura mergulha a região 
anterior do corpo na mucosa do i. grosso, 
que faz dele um parasito tissular, pois tem 
envolvimento íntimo com os tecidos do 
hospedeiro; tem íntima relação com t.c. – 
considerado parasito tissular 
o A Taenia se fixa na superfície do 
hospedeiro, ou seja, no epitélio intestinal; 
o Ex: Estrongelóides stercoralis – forma 
parasitária do verme que vive totalmente 
imersa no t.c.; 
o Exame de imagem: ve-se lesões 
provocadas pelo verme mas não se 
visualiza o helminto, pois está mergulhado 
na mucosa; a parte que resta (não anterior) 
fica exposta no lúmen do intestino – o que 
permite o diagnóstico do Trichuris trichiura 
no exame de imagem 
 
➢ Ciclo: 
• Monoxeno 
• Adultos vivem de 1 a 2 anos no i. grosso dos seres 
humanos 
• Fêmeas eliminam de 3 a 20 mil ovos/dia (3 a 7 mil 
em média) 
• Carga parasitária: entre 10 e 20 vermes 
• Ovo se torna infectante no ambiente (com larva 
infectante) 2/4 semanas depois de eliminado com as 
fezes no solo 
• Não existe possibilidade de auto-infecção direta, pois 
a passagem do ovo pelo solo é obrigatória; se o 
indivíduo ingere ovos oriundos de suas fezes, sem 
haver passagem pelo ambiente, não se infecta 
• GEOHELMINTO = NÃO EXISTE AUTO-INFECÇÃO 
DIRETA 
• Período pré-patente: 60 a 90 dias (período entre 
ingesta do ovo com larva infectante e formação do 
verme adulto e início dos primeiros sintomas com 
ovos nas fezes) 
• 5 a 22 % dos ovos ingeridos completam o 
desenvolvimento – o embrião evolui para dar uma 
larva imatura inicialmente, e depois a larva infectante; 
então o percentual de ovos realmente infectantes 
para o ser humano é baixo, mas a produção diária 
de ovos é muito alta, o que faz com que o teor de 
contaminação seja muito alto 
• Obs.: Não é uma doença que é transmitida com 
facilidade dem ambientes fechados, pois demanda 
passagem pelo solo, logo, está mais vinculada a maus 
hábitos de higiene (ingesta de alimentos/água 
contaminada) 
 
➢ Transmissão: 
• Contaminação do ambiente com material fecal - 
Alimentos e água contaminados 
• Disseminação: Vento, água, insetos (moscas, 
formigas e baratas) 
 
❖ A larva eclode do ovo no i. delgado humano, e realiza 
movimento migratório pelo lúmen do i. delgado até 
atingir o grosso (ceco principalmente), onde machos 
e fêmeas completam seu desenvolvimento, 
mergulham região anterior na mucosa do intestino, 
se fixam e se alimentam de sangue, copulam e 
fêmeas eliminam ovos que saem com fezes 
❖ Opérculos são liberados a partir de enzimas do i. 
delgado 
 
➢ Patogenia e sintomatologia: 
• Lesões intestinais: ação traumática - Epitélio (destrói 
células epiteliais para chegar ao conjuntivo) e lâmina 
própria; lesões relacionadas aos vasos sanguíneos, 
que levarão a sangramentos 
• Ulcerações, e pode haver ruptura de alça intestinal; 
edema oriundo da invasão da lâmina própria = 
reação inflamatória = cólicas intestinais e redução do 
lúmen do intestino, o que potencializa obstruções 
intestinais 
• Infecções intensas e crônicas: Dor abdominal (cólicas), 
disenteria(crônica – mal funcionamento do intestino), 
sangramento e prolapso retal (reto se volta para fora 
do ânus; demanda tratamento imediato), perda de 
apetite (por conta das dores, disenteria), vômito, 
anemia (consequência não só da ação espoliativa, 
mas também dos sangramentos na parede do 
intestino por conta dos pontos traumáticos), 
subnutrição (perda de apetite; contribui para anemia) 
e retardo no crescimento (principal envolvido em 
crianças que vivem em áreas de alta endemicidade) 
o Ação traumática (lesões), espoliativa 
(espoliativa), inflamatória (presença desses 
vermes na mucosa do intestino favorece 
processo inflamatório, que pode causar 
edema – edema da parede intestinal leva a 
diminuição do volume interno do intestino, 
que pode levar a constipação/obstruções 
intestinais – ou seja, isso não ocorre pela 
ação mecânica/presença física do verme 
como ocorre na lombriga) 
 
❖ Nesse caso da foto pode haver perfuração intestinal, 
supuração e necrose, pois muitos vermes juntos 
produzindo lesões na parede do intestino pode levar 
a ruptura da alça intestinal 
 
• Síndrome Disentérica Crônica: Dor abdominal, 
disenteria crônica, sangue e muco nas fezes (muco 
= reação a presença dos vermes e a maior 
produção de muco é uma tentativa de defender o 
organismo) 
• Prolapso retal: Quando a verminose atinge o reto; 
processo inflamatório leva o reto a se voltar para 
fora do ânus; pode ser corrigido com medicamentos 
ou correção cirúrgica 
• Infecções muito intensas: Obstrução do cólon e 
perfuração intestinal por conta das lesões produzidas 
por machos e fêmeas na parede intestinal 
 
➢ Diagnóstico: 
• Laboratorial: Demonstração dos ovos nas fezes – 
preferência de fezes frescas 
 
➢ Epidemiologia: 
• 902 milhões de pessoas infectadas (17%) 
• Brasil: 35-39% da população infantil infectada – com 
maior prevalência em norte/nordeste 
Epidemiologia da tricuríase: 
• No mundo, a prevalência oscila entre 30 e 80% da 
população geral, incidindo principalmente em 
crianças. 
• No Brasil a prevalência é superior a 30%, sendo mais 
elevada na Amazônia e na faixa litorânea, de clima 
equatorial e chuvas distribuídas pelo ano todo. 
• Em Alagoas as taxas de parasitados, em algumas 
cidades pode chegar a 71% e em Sergipe a 80%. 
• As crianças apresentam as cargas parasitárias mais 
altas e as sintomatologias mais pronunciadas. 
• 
• A partir de 0-10 anos de idade o percentual de 
exames positivos cresce 
• Até 10 anos de idade a carga parasitária é muito alta, 
e a partir dessa faixa etária reduz a carga parasitária 
e doença se torna cada vez menos perceptível pelo 
hospedeiro 
Controle: 
• As únicas fontes de infecção são os humanos – 
logo, é preciso diagnosticar e tratar indivíduos com 
tricuríase 
• Crianças em idade pré-escolar tem a maior 
responsabilidade na transmissão da tricuríase – pois 
quando o individuo vai para a escola ele passa a se 
cuidar melhor, e a transmissibilidade diminui, e a 
possibilidade de se reinfectar também, por conta dos 
bons hábitos que vai adquirir 
• O peridomicílio é a área mais afetada, devido à 
poluição fecal do solo, onde as condições de 
saneamento e de higiene são precárias 
o Pessoas defecam na área peridomiciliar e 
aquela área fica repleta de ovos do verme 
que facilmente terão acesso ao organismo 
das pessoas que vivem por ali 
• Os ovos dos trícuros são sensíveis à desidratação, 
razão pela qual é nos solos úmidos e sombreados 
onde permanecem mais tempo viáveis – podendo 
sobreviver por meses, já nos solos secos perdem 
logo a capacidade de infectar pois larvas morrem 
• Saneamento básico e controle de insetos como 
moscas, formigas e baratas se faz necessário. 
• Também é necessário higienizar bem os alimentos 
antes de consumir 
Tratamento Tricuríase: 
• Mebendazol – A dose é de 100 mg, duas vezes ao 
dia, durante 3 dias (600 mg no total). Também 
podem ser usados o albendazol e o flubendazol. 
• Pamoato de oxantel – Nos casos leves, administrar 10 
mg por quilo de peso do paciente, em dose única, 
por via oral. Nos demais, dar essa dose duas vezes 
ao dia, durante 3 dias 
• Ovos e larvas dos vermes não são afetados pela 
maioria dos anti-helmínticos, então se o indivíduo 
estiver em meio a uma infecção, ou seja, ingeriu 
ovos recentemente e as larvas estão eclodindo 
desses ovos e iniciando o processo migratório do i. 
delgado para o grosso, essas larvas não serão 
afetadas pelo medicamento, e dai com o tempo o 
indivíduo desenvolve o quadro clínico, logo, é 
interessante repetir mais 1 ou 2 vezes o tratamento

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