Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 Lit ase Urin ria • Mais em homens • Alta incidência e prevalência • Recorrência de 50% em 10 anos • Fatores predisponentes: ✓ Alterações anatômicas do TU – duplicidade pielocalicial, rins policísticos, rim em ferradura etc ✓ Fatores epidemiológicos – clima, consumo de sal, consumo de proteínas ✓ Fatores genéticos/familiares ✓ Infecção do trato urinário ✓ Doença metabólica sistêmica – correlação com obesidade/ DM / HAS • Tipos de cálculos: ✓ Cálcio-oxalato (40%) ✓ Cálcio-fosfato (20%) ✓ Ácido Úrico – único cálculo que consegue ser intervido clinicamente ✓ Infecção – 2º mais comum ✓ Cistina Patogênese Formação das placas de Randall • Placas de fosfato de cálcio no interstício da medula interna, a partir da membrana basal dos ramos finos das alças de Henle • Mecanismos desconhecidos associados a hipercalciúria, alta concentração de fosfato no interstício, dieta, baixo volume urinário (concentração ajuda a precipitar essas placas) • Erosão, lesão do epitélio papilar, protrusão no uroepitélio das papilas renais – nichos para cristais supersaturados na urina • Correlação com placas de lesões vasculares? / Nefrolitíases – DM – HAS – arterioesclerose • Supersaturação – metaestabilidade • Promotores → Reduzem o limite → Desequilíbrio entre a fase aquosa e sólida → Formação de cristais → Cálcio, Oxalato e Sódio. • Inibidores ✓ Citrato → Quela os cátions de cálcio e inibe a ligação aos ânions oxalato e fosfato ✓ Magnésio → Desestabiliza o OxCa → eleva o limite • Os cristais vão se formar em cima da placa de Randall, independente da sua composição. • Todos os túbulos estão envolvidos na formação do cálculo, mas as erosões só acontecem na alça de Henle, pois é ele que chega na papila Oxalato de cálcio Fatores de risco: • Baixo volume urinário ✓ Aumenta supersaturação ✓ < 1 L/dia ou > 600mOsm/kg • Hipercalciúria ✓ Excreção > 4mg/kg/dia ✓ Amplifica cristalização de sais de cálcio ✓ Liga-se ao inibidor citrato ✓ Maior parte é idiopática e associada a HAS, obesidade e osteopenia ✓ Possíveis mecanismos: maior absorção intestinal de cálcio, mobilização mineral óssea ✓ Outras causas: dieta rica em sódio, diuréticos de alça, hiperparatireoidismo, intoxicação por vit. D, neoplasias • Hiperoxalúria ✓ Fontes: produção endógena / absorção exógena ✓ Excreção renal > 40 mg/dia ✓ Aumenta supersaturação e risco de formação de cristais Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 ✓ Primárias (I, II e III) o Autossômicas recessivas o Mecanismo mais frequente o Defeitos no metabolismo → super-produção de oxalato pelo fígado o Nefrolitíase recorrente, nefrocalcinose (agregação no parênquima renal) DRC o Com DRC – oxalose sistêmica – coração, retina, pele ✓ Alimentos ricos levam a um maior risco: espinafre, beterraba, cacau, chás, suplementos de vit. C. Não é uma causa frequente, mas aumenta o risco, principalmente quando há outros fatores de risco. ✓ Entéricas: DII, ressecções ou derivações intestinais, síndromes de mal absorção o Ligação de AGL ao cálcio no lúmen intestinal, impedindo a ligação com oxalato, que fica livre para absorção • Hipocitratúria ✓ Ácido cítrico ou citrato: derivado do metabolismo oxidativo endógeno ✓ Reabsorção em túbulos proximais ✓ Associada a nefrolitíase cálcica em até 20 a 60% dos casos ✓ < 325 mg/dia → Mais cálcio disponível para se ligar ao oxalato ✓ Liga-se ao cálcio na urina, reduz nucleação espontânea e aglomeração de cristais ✓ Acidose metabólica aumenta a demanda de citrato como fonte de bicarbonato – reduz-se citrato urinário o Diarreia crônica o Ingesta proteíca elevada o Acidose tubular renal – rim reabsorve mais citrato a nível proximal, deixando pouco na urina • Hiperuricosúria ✓ 10% dos casos de nefrolítiase cálcica ✓ > 750mg em mulheres e > 800mg em homens ✓ Reduz a solubilidade do oxalato de cálcio e promove cristalização • Alteração anatômica do TU • Medicamentos: indinavir, triantereno, sulfadiazina • Antecedente pessoal e familiar • Infecções urinárias Ácido úrico • 5 a 10% dos cálculos • Acontece devido a quebra do equilíbrio entre o ácido úrico (insolúvel) e o urato (solúvel) em pH 5,5 • 80% - pH < 5,5 → maior concentração de ácido úrico → precipitação de cristais (podem ser captados pela placa de Randall). Pode formar cálculos formados puramente de ác. úrico • 20% - hiperuricosuria por si que causa • Outras situações que podem aumentar a excreção de ácido úrico: doenças mieloproliferativas (mais DNA metabolizado em ácido úrico), maior ingestão de purinas ou proteínas. É raro. • Comum na gota, na síndrome metabólica e DM • Associação com resistência a insulina, DM e obesidade • Formato romboide e de coloração amarelada Fosfato de cálcio • Mesmos fatores de risco do oxalato de cálcio + fatores de acidose tubular renal (acidose é sistêmica e o pH urinário é alcalino > 6) ✓ Defeito hereditário da bomba de prótons ✓ Doenças auto-imunes ✓ Idiopática ✓ Acidose metabólica / hipocitratúria / hipercalciúria ✓ Pode levar a nefrocalcinose e a defeitos ósseos Infecções do TU • Consequentes a proliferação bacteriana, onde germes gram (-) produtores de urease (Proteus, Klebsiella, Pseudomonas, Providencia ?) metabolizam ureia em íon amônio e íon bicarbonato → Ion amônio se combina com magnésio, fosfato e água → Estruvita (magnésio-amônio-fosfato) → Precipitam, se agregando ou não a outros cristais. Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 • Os cálculos se formam na vigência da infecção e enquanto a infecção persiste, mais o cálculo cresce → Acomoda- se no sistema calicial → CÁLCULO CORALIFORME • Estruvita sozinha forma um cálculo radiotransparente (por não ter cálcio), mas pode se ligar a outros tipos de cristais e ficar radiopaco. • Pode induzir a abcessos, urosepses e lesão renal crônica. • Se o parênquima estiver muito destruído, pode ter que fazer nefrectomia. • Se a remoção não for completa, a infecção volta a aparecer e a formar novos cálculos em cima daquele que ficou. Cistinúria • 1 a 2% dos casos e 5% em crianças • Doença autossômica recessiva → defeito de transportador de aminoácidos expressos no túbulo proximal e no ID → Maior excreção de cistina e outros AA (ornitina, lisina e arginina) • Pode surgir entre 2 a 40 anos • Insolubilidade de cistina na urina • Cristas hexagonais patognomônicos no sedimento urinário em 25% dos casos • Excreção normal: até 20mg/dia > 200mg/dia → Pode levar a formação de cálculos Até 1000mg/dia → Homozigótos Obesidade • Provável causa dessa forte associação é o hiperinsulinismo • Insulina estimula a acidificação urinária, com uma maior excreção de amônia e formação de íon amônio • Aceleração de todos os processos vistos acima para ácido urino e oxalato de cálcio • Atua em conjunto com outros fatores de risco • Estado inflamatório + estresse oxidativo → Maior tendência a formação de cálculos • Tudo é hipótese, nada muito bem estabelecido Quadro clínico • Cólica renal: dor ipsilateral, correlaciona-se com a posição do cálculo ao longo do TU. Se ele crescer e ficar apenas na pelve, não vai ter dor. • Hematúria microscópica na maioria dos casos, dependendo do tempo da pesquisa em relação ao QC • Náuseas, vômitos, disúria, urgência miccional • Leucocitúria no exame de sumário de urina pode acontecer • Pode ser completamente assintomático • Cálculos < 5mm – maioria eliminada espontaneamente • Passado – Rx simples abdome (radiopacos > 2mm) / UGE • Atual: ✓ USG – baixa S e dependente de operador, pior ainda para cálculos < 5mm e cálculos mais distais. Pode ser que veja a dilatação do sistema pielocalicial. Bom para ver rins e bexiga. ✓ TAC sem contraste – 97% S e 100% especificadade → padrão ouro → Vê tamanho, localização, densidade, distância para a pele, vê bem o ureter. Identifica muito bem anomalias anatômicas. Pode fazeruma reconstruão tridimensional para fazer a melhor intervenção. • Associação com fatores de risco de DRC: ✓ HAS, DM, obesidade ✓ Cálculos de infecção ✓ Rim solitário / rim funcionante único ✓ Nefrocalcinose – hiperparatireoidismo – acidose tubular distal • Aventa-se a possibilidade de que, excluindo os fatores acima, os doentes litiásicos ainda tem 50 a 65% de chance de DRC, de acordo com alguns mecanismos: Os cristais que são patológicos são os de estruvita e de cistina. Os demais podem ser encontrados na urina sem necessariamente indicar nefrolitíase. Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 ✓ Obstruções recorrentes ✓ Aumento da pressão intratubular ✓ Vasoconstrição ✓ Glomeruloesclerose ✓ Atrofia tubular e fibrose intersticial • No sumário: ✓ Hemácias, leucócitos, bactérias, nitritos etc ✓ Cristais, pelo método microscópico ✓ Cistinúria • Teste de função renal Investigação Pacientes no seu primeiro episódio / RASTREIO: • História clínica: fatores associados, história familiar, uso de drogas promotoras (inibidoras de protease, vit. C, vit. D, suplementação de cálcio, acetazolamida (usado no glaucoma, leva a uma hipocitratúria), topiramato (migrânia)) • História dietética: Ingesta hídrica, tipos de bebidas, sódio, purinas, vegetais, alimentos ricos em oxalato, laticínios, carboidratos • Exames séricos: cálcio, ácido úrico, creatinina, sódio, potássio, cloro, bicarbonato, PTH • Sumário de urina, urocultura • Análise da composição do cálculo, se resgatado. Se vier cistina ou estruvita, deu o diagnóstico. Pode não ajudar em nada. Avaliação metabólica e seguimento a longo prazo: • Pacientes recorrentes: ✓ Fatores de risco para a recorrência: o Jovens o Sexo masculino o Caucasianos o História familiar o Cálculo prévio sintomático o Cálculo de polo inferior o Hematúria macroscópica o Cálculo de ácido úrico • Rim único • Pacientes metabolicamente ativos: novos cálculos ou crescimento em imagens seriadas • Paciente de baixo risco (primeiro cálculo ou metabolicamente inativos) que manifestam interesse. • Como é feita? ✓ Análise em 2 coletas de urina de 24h com dieta e ingesta hidríca habituais, em dias não consecutivos o Volume total o Cálcio o Oxalato o Ácido úrico o Citrato o Creatinina o Pesquisa de cistunúria ou dosagem de cistina Tratamento • Escolha depende de: ✓ Quadro clínico: o Dor e tratabilidade da dor o Infecção urinária associada o IRA: desobstrução urgente! ✓ Tamanho do cálculo ✓ Localização do cálculo ✓ Disponibilidade de equipamento Causas mais identificadas: 1. Hipercalciúria (45,4%) 2. Hiperuricosúria (25,1%) 3. Hipocitratúria (21,4%) Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 ✓ Experiência do cirurgião → Stone free: sem cálculos e com função renal preservada. • Tipos de tratamento ✓ Clínico: o Analgesia o Terapia expulsiva: até 7mm, pode usar uma medicação que vai relaxar a musculatura e permitir a expulsão, que é a tanzulozina, é um alfa bloqueador usado na HPB. Melhora sintomas. Resultados conflitantes,. o Quemólise: tratamento medicamentoso para dissolver os cálculos de ácido urino. Alcaliniza a urina. Bicarbonato (não usa muito) ou citrato de potássio ✓ Cirúrgico: o Litotomias abertas o Litotomias laparoscópicas o Litotropsia extracorpórea: usa energia para fragmentar o cálculo o Litotripsia intracorpóre Clínico • Assintomáticos com cálculos não obstrutivos < 7mm → Observa ou faz tratamento conservador • Crise aguda: hidratação, antieméticos se necessário, anti-espasmódicos, AINEs (cuidade se houver algum grau de disfunção renal), morfina e seus derivados • Medidas gerais: aumento da ingesta hídrica (30mL/kg PC), estímulo a atividade física • Orientação dietética de acordo com o distúrbio identificado, adequar ingesta de sal e proteína animal • Estimular consumo de alimentos ricos em potássio e frutas cítricas → inibem cristalização • Tiazídicos: hipercalciúria. Reduz a excreção urinária de cálcio. • Inibidor da xantina-oxidase (alopurinol): hiperuricosúria • Citrato de potássio: Hipocitratúria, hiperuricosúria, ATR, hipercalciúria. Reduz a acidez urinária. • Drogas específicas: ✓ Hiperoxalúria: piridoxina (coenzima da AGT) → maior conversão do glioxilato para glicina do que para oxalato ✓ Cistinúria: D-penicilamina/Tiopronina → Criam complexos solúveis com a cistina ✓ Estruvita: ácido aceto-hidroxâmico → inibidor da urease Cirúrgico • Litotomia: acessa o órgão, abre e tira o cálculo. Se for na pelve, é uma pielolitotomia. Menor morbidade quando feito em via laparoscópica • Para cálculos coraliformes → Nefrolitotomia → incisão intrarrenal, deve fazer através de uma incisão no parênquima renal, tem que clampear o fluxo renal. Linha avascular de brodels – região com menos vasos e sangramentos, acessa o sistema coletor, retira o cálculo e reconstrói. Alta moribidade, muitas lesões. Pouco usada. • Litotripsias → Métodos de fragmentação de cálculos através de energia ✓ Extracorpórea (ondas de choque): guiado por raio x ou usg ✓ Intracorpóreas: energia cinética – balística, energia ultrassonica, fotovaporização a laser o Abordagem endoscópica do TU o Retrógrada: acesso ao TU por via transureteral. Usa cistoscópios e ureterorrenoscópios rígidos e flexíveis. ▪ Indicações: Cálculos ureterais, tumores uroteliais, estenoses de ureter, diagnóstico de hematúria e cálculos renais < 1,5cm não responsivos a LECO ▪ Acima dos vasos ilíacos → Rígida. Pode chegar até os rins em mulheres (menor ureter), baixas e com dilatação importante. ▪ Abaixo dos VI → Flexível o Anterógrada: acesso por via renal percutânea. Usa nefroscópios rígidos e flexíveis. ▪ Indicações: cálculos grandes, coraliformes, altos, múltiplos e anomalias do TU ▪ Provoca um trauma renal e tem um risco maior de sangramento ✓ IMC > 30 e distância pele-cálculo > 10 cm → não são candidatos ✓ Indicações: o Cálculos > 2mc o Densidade < 1000 HU o Distância pele-cálculo < 10cm Bruna Oliveira – 144 Aula de Frederico + Thomé 2020.2 ✓ Contraindicações: o Infecção em atividade o Distúrbios da coagulação: há um pequeno trauma o Gravidez • Cálculos não obstrutivos maiores de 7mm e menores que 2cm → tratamento ativo, pode ficar inflamando o rim ✓ LECO (avaliar indicações) ✓ Litotomias não se aplicam ✓ Urflex (custo x benefício): Pode ficar com cálculo residual ✓ NLP (custo x benefício): tira os resíduos, mas perfura o rim. • Cálculos coraliformes: ✓ NLP → padrão ouro para esse tipo de cálculo ✓ Nefrolitomia anatrófica • Cálculos no ureter com < 7mm → grande possibilidade de eliminação espontânea ✓ Dor controlada, sem ITU, sem IRA → tratamento clínico ✓ Dor não controlada, ITU ou IRA → Ureterorrenolitotripsia, ureterolitotomia, LECO • Cálculo ureteral > 7mm ✓ Baixa possibilidade de eliminação espontânea e risco de perda de função renal ✓ Ureterorrenolitotripsia, ureterolitotomia, LECO ✓
Compartilhar