Prévia do material em texto
1 FÍGADO Anatomia cirúrgica: Sustentado por ligamentos Nutrido pelas artérias hepáticas (35%) e veia porta (65%) – tem importância cirúrgica, diante da possibilidade de sangramento é importante conhecer esse sistema venoso Drenagem pelas veias hepáticas – retro hepáticas Muitas variações anatômicas e é o único órgão do corpo humano que apresenta capacidade de regeneração Possui 4 lobos e 8 segmentos o Direito o Esquerdo o Caudado o Quadrado Quando o fígado é dividido ao meio tem 4 lobos de um lado no movimento do sentido horário e 4 lobos do outro lado, a direita, no sentido anti-horário. No pedículo hepático tem três estruturas fundamentais, então se tem uma hemorragia hepática tem que pensar que se ligar as três principais estruturas é possível fazer uma boa hemostasia, são elas: Artéria hepática, veia porta e ducto hepático comum Fisiologia: o Filtro (do sangue) o Regeneração – sangue portal Propedêutica: Ultrassonografia: bom exame inicial, consegue mostrar alterações suspeitas de nódulos, tumores, alterações da via biliar o Convencional o Transoperatório (no caso de uma ressecção hepática por exemplo com nódulo intraparenquimatoso) Tomografia computadorizada: ganhou espaço mas a RNM é melhor Ressonância nuclear magnética: consegue caracterizar características de imagens de lesões mais benignas como o hemangioma e diferenciar de lesões mais malignas como o hepatocarcinoma. Tumores: Benignos: o Hemangiomas – tumores benignos mais comuns do fígado o Adenomas o Fibromas Malignos: o Hepatocarcinoma – hepatoma o Colangiocarcinoma o Sarcomas o Metástases: já que é um órgão que absorve grande parte do sangue do intestino que vem pela veia porta é um importante sítio metastático, sendo o cólon um dos sítios primários mais comum. É possível retirar essas metástases e ter o fígado regenerado em pouco tempo, então a metastasectomia hepática principalmente para nódulos únicos ou múltiplos mas não muito Nódulo hepático 2 numerosos estão sendo cada vez mais utilizados. (Indicada quando a doença for passível de ressecção no órgão base – da lesão primária) Trauma: Por ser um órgão fixo, sólido e volumoso o fígado é o 1º órgão mais lesado por trauma abdominal contuso Propedêutica: o Ultrassonografia: para determinar se tem líquido livre no abdome. Se tem líquido livre com o paciente evoluindo para choque hemorrágico tem indicação de abordagem cirúrgica para esse paciente o Tomografia computadorizada: mais sensível e mais específica mas só pode ser utilizada no trauma hepático se o paciente estiver estável hemodinamicamente o Lavado peritoneal diagnóstico: importante principalmente nos lugares que não tem uma ultrassonografia disponível. É feita uma punção abdominal com aspiração para avaliar se tem ou não sangramento ativo no paciente Tratamento: o Rafia o Hepatectomias segmentares (mais raro) o Packing de compressas (Damage control) Transplante hepático: Indicações: o Cirrose: Alcoólica Biliar As características anatômicas dos lobos e segmentos hepáticos vão ser utilizadas para determinar a linha de secção, porque sabe- se que entre a divisão dos lobos tem menos vascularização. Então é possível fazer a linha de secção de forma mais segura. Uso do bisturi de argônio que permite gerar hemostasia sem precisar ficar encostando o bisturi elétrico que pode piorar o dano e gerar mais sangramento que o normal. Fratura hepática. Para aquele paciente grave com múltiplas fraturas hepáticas ou muito instáveis hemodinamicamente a abordagem mudou um pouco, surgiu a cirurgia de controle de danos onde no primeiro momento apenas estanca o sangramento, diminui o tempo na sala cirúrgica e depois de 24-48 horas com o paciente mais estável ele vai ser abordado novamente para tentar fazer o controle definitivo das lesões hepáticas. Lembrar em um sangramento hepático severo de procurar o pedículo (vale para qualquer órgão), fazendo o ligamento para controlar o sangramento para poder secar o campo e decidir o que vai ser feito, e depois solta o pedículo. Esse clampeamento é chamado de Manobra de Pringle. Pode ficar clampeado por 20-30 minutos. Packing de compressas Fígado cirrótico 3 Colangite esclerosante Infecciosa Medicamentosa Atresia biliar o Tumores (depende do estadiamento, se tem outros focos ou não) Hipertensão porta: Se tem um raciocínio lógico porque a veia porta está com uma pressão muito aumentada tem que se pensar em duas situações: ou está tendo que transportar mais sangue do que ela consegue, como se fosse uma hipervolemia, ou tem um obstáculo a frente, fígado endurecido ou tem algo dento da veia. Anatomia: o Veia porta drena intestinos, baço, estômago o Não tem válvulas o Faz conexão com o sistema ázigos pela veia gástrica esquerda (então se tem uma hipertensão portal vai ter repercussão nesses sistemas explicando a sintomatologia da hipertensão portal). o Veia porta é formada pela veia mesentérica superior e veia esplênica Conceito: obstáculo global ou seletivo, mecânico ou funcional ao livre fluxo do território portal com pressão elevada ou não. Causas: o Com obstáculo (aumento da pressão): Cirrose Trombose Esquistossomose Obstrução mecânica o Sem obstáculo (aumento do fluxo): Fístula artério venosa (principal) – causada por trauma ou pós operatória Consequências: o Ascite (déficit da filtração hepática) o Circulação colateral o Sangramento – varizes (HDA) o Esplenomegalia o Hiperesplenismo o Encefalopatia por acúmulo de: Amônia Ácidos graxos Aminoácidos aromáticos Ácido gama amino butírico Diagnóstico: o Endoscopia digestiva alta – varizes esofágicas o Ultrassonografia – fígado endurecido com sinais de cirrose e baço com esplenomegalia o Portografia – anatomia o Ressonância magnética - rouba o espaço da portografia Tratamento: o Sintomáticos: Dor Complicações: Ligaduras varizes – sangramento Derivação peritônio venosa – ascite EDA mostrando varizes e sangramento 4 Prevenção da recidiva de sangramento – Propanolol Balão de Sengstaken-Blackemor: usado na HDA. Passa o balão como se fosse uma sonda nasográstica então insufla o primeiro balão que vai ficar preso no esfíncter esofagiano inferior e depois insufla o balão mais comprido que vai conter o sangramento, que é mais comum no terço distal do esôfago Desconexão ázigo-porta: mais para prevenção de sangramento, não para propriamente tratar a hipertensão portal o Definitivo: Derivações: criar um atalho para o sangue que está em alta pressão dentro da porta poder chegar na veia cava mais fácil; TIPS (Trasnjugular intrahepatic portosystemic shunt): a derivação pode ser feita através de um acesso transjugular fazendo uma comunicação porto-cava. Uma outra alternativa para o paciente que é refratário ao tratamento é fazer a comunicação da veia esplênica com a veia renal esquerda (porque a veia renal drena diretamente para a cava). Pode ser feita com material sintética ou autólogo pegando material venoso do próprio paciente. Transplante hepático (último caso) VIAS BILIARES Anatomia: Sistema de tubos Muitas variações anatômicas Quando tem uma colelitíase é um cálculo em qualquer lugar da via biliar o Cálculo na vesícula biliar é Colecistolitíase o Cálculo no colédoco é Coledocolitíase o Muito mais raro ter formação de cálculo nos ductos hepáticos, é mais comum na vesícula porque é onde tem concentração de bile. Vesícula biliar: Patologias: o Colecistolitíase: Sintomática – colescistite crônica calculosa Assintomática – 70% sem sintomas o Pode ter inflamação:colecistite aguda o Pode ser sede de neoplasias, que são os colangiocarcinomas Colecistolitíase: o 15% dos pacientes com cálculos de vesícula têm cálculo no colédoco TIPS: vai ser feito por acesso transjugular guiado por Raio-X para fazer um shunt porto-cava por dentro do fígado. Quando sai do fígado tem o ducto hepático esquerdo e direito união ducto hepático comum + ducto cístico ducto colédoco + ducto pancreático desembocam na segunda porção do duodeno 5 o 95% dos pacientes com cálculos de colédoco tem cálculo na vesícula (então se tem um paciente com colédocolitíase tem que retirar a vesícula) o Lama biliar o Fatores de risco: Genética Dismotilidade vesicular Dieta pobre em fibras Estrogênio e progesterona – gestação Idade Obesidade Diabetes Anemia hemolítica Outros o Principal são os cálculos de colesterol (amarelos, regulares). o Clínica: Dor em cólica no hipocôndrio direito Intolerância a alimentos gordurosos Sintomas dispépticos o Diagnóstico: Se não tem obstrução da via biliar principal, se não tem coledocolitíase não tem alteração de TGO, TGP e bilirrubinas Ultrassonografia Colecistograma: tem sido menos utilizado Colangiorressonância Cintilografia o Tratamento: Colecistectomia laparoscópica: padrão ouro Importante identificar o ducto cístico e clampea-lo corretamente (risco de clampear os ductos principais de forma errada) Dissolução com ácidos biliares Litotripsia extracorpórea – ruim o Complicações da colelitíase: Colecistite aguda Empiema de vesícula Íleo biliar: tamponamento do íleo Coledocolitíase Pancreatite: se obstruir na papila duodenal Colecisitite aguda: o Fisiopatologia: Litíasica Alitíasica: acontece naquele paciente séptico muito grave que está fazendo uso de muitos antibióticos o Clínica: Dor em cólica inicial, após contínua Náuseas e vômitos Icterícia Vesícula palpável Sinal de Murphy USG clássico do paciente com colecistolitíase É mais perigoso vários cálculos pequenos porque podem descer para o colédoco e causar obstrução 6 o Diagnóstico o Tratamento: Antibióticos Colecistectomia Precoce Tardia Colecistostomia: drenagem para depois fazer a colecistectomia o Complicações: Empiema Fístula Íleo biliar: impactação de cálculo na válvula íleo-cecal com obstrução Via biliar principal: Coledocolitíase: mais grave do que a colecistite aguda o Gera alterações de enzimas hepáticas, bilirrubinas, paciente fica ictérico o Se houver impactação do cálculo na papila duodenal ele pode fazer uma pancreatite e desenvolver um quadro séptico sistêmico o Diagnóstico: Laboratório: Bilirrubinas Fosfatase alcalina Provas de função hepática Amilase (elevada se pancreatite associada) Ultrassonografia Colangiorressonância Cintolografia Colangiografia: menos utilizada hoje em dia Venosa Percutânea (transparietohepática) Retrógrada (endoscópica) Transoperatória Pós-operatória o Tratamento: Retirada dos cálculos: CPRE Cirurgia aberta com abertura do colédoco Derivações bileo-digestivas Colangite: infecção da via biliar principal geralmente causada por obstrução por cálculo ou por tumor o Tríade de Charcot: Icterícia Febre Dor no hipocôndrio direito o Se tem hipotensão e confusão mental além dos sintomas acima tem a Pêntade de Reynolds que indica uma colangite ainda mais grave o Sepse com alta mortalidade o Tratamento cirúrgico Neoplasias Cistos Tumores das vias biliares principais: Imagem de colangiografia Colangiorresonância 7 Colangiocarcinomas: o Sintomatologia mais tardia o Icterícia o Alta disseminação o Tratamento cirúrgico: Ressecção Paliação Derivação bileo-digestiva: o Y de Roux Gastroenteroanastomoses Alcoolização do plexo celíaco Papila duodenal: Papilite Tumor de papila: o Tratamento: Duodenopancreatectomia (Wipple) - Excelente prognóstico