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1 X SUSTENTABILIDADE NA ETAPA DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................................................... 4 2. As etapas de uma edificação .......................................................................................................... 5 3. sustentabilidade na construção em diferentes momentos ............................................................ 6 1) Durante o desenvolvimento do projeto ..................................................................................... 6 2) A sustentabilidade no canteiro de obras .................................................................................... 7 3) A sustentabilidade continua na pós-ocupação do edifício ......................................................... 8 4. IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................................... 9 5. SUSTENTABILIDADE E A CONSTRUÇÃO CIVIL................................................................................ 10 6. Ciclo de Vida de um Edificação ..................................................................................................... 12 7. MEDIDAS SUSTENTÁVEIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................................ 14 7.1. Gestão de Materiais e Resíduos ................................................................................................... 18 7.2. Geração e destinação de resíduos ................................................................................................ 20 7.3. Reciclagem de resíduos ................................................................................................................ 21 8. resíduos da construção civil ......................................................................................................... 22 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................... 31 4 1. INTRODUÇÃO Figura 1: Resíduos de construção. Fonte: https://grupomb.ind.br/mbobras/sustentabilidade/reciclagem-de-residuos-mais- sustentabilidade-na-construcao-civil/ O planeta tem sido afligido cada vez mais com a ação do homem. Isso pelo fato de que com o passar dos tempos a exploração do meio ambiente vem aumentando cada vez mais. Segundo Valente (2009), a humanidade preocupou-se tão somente com a produção e consumo, superestimando a capacidade do planeta de assimilar a exploração dos recursos naturais, que as consequências acabaram surgindo com o aumento da poluição sonora, a degradação ambiental, o êxodo rural e o crescimento desordenado nas cidades que são presentes até hoje. Atualmente, os recursos naturais são uma preocupação mundial. Os recursos até agora pareciam ser infinitos para a sociedade, e a natureza poderia suportar quantidades ilimitadas de resíduos. Com o aumento das mudanças ecológicas, o homem vem procurando meios de amenizar esse impacto ambiental com práticas sustentáveis. Diversos são os fatores e fundamentos que demonstram a importância do uso da sustentabilidade na construção civil. Exemplo disso são canteiros de obras, que é possível observar o negligenciamento na questão ambiental. Sustentabilidade tem sido definida como habilidade de satisfazer as necessidades do presente e não comprometer assim as futuras gerações (HART; MILSTEIN, 2004). 5 2. AS ETAPAS DE UMA EDIFICAÇÃO Figura 2: Etapas da edificação. Fonte: https://www.aarquiteta.com.br/blog/10-etapas-de-uma-obra/ Ao longo de sua existência, um edifício passa por quatro etapas principais: Planejamento da obra – Desde esta fase inicial, as práticas sustentáveis devem ser implementadas. O trabalho deve começar com a escolha do local da construção, levando em consideração o entorno e a dinâmica da região onde ele será inserido. Implantação/Construção – Nesse momento coloca-se em prática o que foi pensado na fase de planejamento, inclusive as práticas sustentáveis. É nessa etapa que se tem as maiores chances de tornar um edifício eficiente. Uso e manutenção – É a fase mais longa da vida útil do edifício. Esse momento também pode se valer de dispositivos para tornar o edifício mais ecológico. Falaremos mais sobre isso logo mais. Demolição – Trata-se da última etapa da vida útil do edifício. Este momento deve ser marcado pelo aproveitamento de materiais, pela reciclagem e reutilização. Nesse aspecto, ganham pontos edifícios que utilizam sistemas construtivos que permitam tal reaproveitamento, como as estruturas metálicas, por exemplo. http://www.abcem.org.br/construmetal/2008/downloads/PDFs/27_Helena_Gervasio.pdf 6 3. SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO EM DIFERENTES MOMENTOS Figura 3: Sustentabilidade nas etapas. Fonte: https://www.orcafascio.com/papodeengenheiro/x-praticas-sustentaveis-para-aplicar-na- construcao-civil/ 1) Durante o desenvolvimento do projeto Um edifício, residencial, comercial ou institucional, deve durar no mínimo 50 anos. Durante esse período é provável que as necessidades de seus usuários mudem. Daí a importância de pensarmos em soluções modulares e independentes, criando construções que possam ser facilmente remodeladas, ampliadas ou reduzidas. Tudo deve ser transformável. O projeto de um edifício deve almejar conforto a seus usuários gerando o mínimo impacto possível. Jamais devem ser desconsiderados aspectos como: características do terreno, posição geográfica, insolação, altitude, paisagem natural e o entorno construído. O uso racional de água e da energia deve ser prioridade em projetos que pretendem ser sustentáveis. Para você ter uma ideia da importância disso, segundo o Green Building Council Brasil, um projeto sustentável médio é capaz de reduzir 40% o uso de água, 35% a emissão de gás carbônico e 65% o desperdício. Isso quando comparado a um edifício equivalente projetado se qualquer preocupação ambiental. Telhados ou coberturas verdes podem ser boas opções para edifícios urbanos ao facilitar a drenagem da água da chuva e fornecer isolamento acústico e térmico aos interiores. Esse tipo de solução também é bastante associada à diminuição da temperatura do micro e macro ambientes externo. http://www.gbcbrasil.org.br/ https://sustentarqui.com.br/dicas/vantagens-e-desvantagens-de-um-telhado-verde/ 7 A sustentabilidade exige o uso de materiais de construção de baixo impacto ambiental, que poupam recursos naturais e sejam duráveis.Exemplos nesse sentido são os revestimentos produzidos a partir da reciclagem de outros componentes, as tintas com índices mais baixosde compostos orgânicos voláteis (VOC), e os vidros de alto desempenho. Com relação à seleção de fornecedores, o contratante deve sempre verificar a formalidade da empresa fabricante e fornecedora. Também vale dar atenção às questões sociais. A existência de um fornecedor na lista de empresas que utilizaram mão de obra infantil ou escrava, por exemplo, o desqualifica como fornecedor sustentável. 2) A sustentabilidade no canteiro de obras Uma obra ambientalmente correta deve dispor de um plano de sustentabilidade ambiental para o canteiro. Esse estudo deve contemplar os efeitos provenientes de atividades envolvendo a movimentação e o descarte de solo, erosão, sedimentação e assoreamento de cursos d’água. O plano também deve buscar soluções para minimizar a geração de poeira e poluição do ar, a contaminação do solo e de cursos d’água, bem como a geração de ruído e de transtornos à vizinhança. É fundamental reduzir a pressão sobre os aterros sanitários decorrente do descarte de resíduos. As construtoras devem priorizar a reciclagem e, quando possível, o reaproveitamento de materiais, tanto no próprio canteiro quanto por meio da adoção de logística reversa. Uma ação inteligente e necessária é migrar de soluções construtivas artesanais (que envolvem alto grau de improviso e de desperdício) para sistemas construtivos industrializados. Menos desperdício = menos resíduo despejado em aterros. Também deve ser objeto de planejamento a desmobilização correta das instalações provisórias. A ideia é permitir a desconstrução de componentes e a recuperação das áreas ocupadas. https://singep.org.br/5singep/resultado/664.pdf 8 3) A sustentabilidade continua na pós-ocupação do edifício A eficiência de um edifício depende obviamente da sua concepção e construção. No entanto, durante o uso e a ocupação, é possível adotar uma série de práticas para melhorar a sustentabilidade da construção. Quer ver alguns exemplos? A implantação de coletores solares térmicos e painéis fotovoltaicos são soluções para geração de energia. Outras boas ideias são implantar sistemas de reúso de águas pluviais, criar áreas verdes que promovem biodiversidade e usar materiais ecológicos. Um edifício pode ganhar eficiência energética a depender do fechamento (vidros e esquadrias mais estanques), da iluminação, dos elevadores e do sistema de ar-condicionado empregados. Por fim, mas não menos importante, a gestão de um edifício deve buscar sempre promover o uso racional dos recursos naturais e a reciclagem de resíduos. 9 4. IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 4: Impactos ambientais das contruções. Fonte: https://www.engenheirocivillondrina.com.br/impactos-ambientais-na-construcao-civil- obras/ A indústria da construção é determinada como um dos grandes da economia ele gera os maiores produtos geométricos mundiais, desta forma, sendo o setor que mais consome recursos naturais da economia (JOHN, 2000). Ainda de acordo com o autor, o consumo dos recursos naturais neste setor, varia segundo as regiões a partir de fatores como: a) Quantidade de resíduos gerados; b) Reconstituição de estruturas ou a vida útil das mesmas; c) Correção e manutenção referente a patologias construtivas; d) Perdas nas edificações; e) Método empregado. O consumo dos recursos retirados da natureza é capaz de determinarem os maiores impactos ambientais no sistema ecológico, a racionalização é um recurso a ser estudo e aplicado neste setor. 10 5. SUSTENTABILIDADE E A CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 5: Sustentabilidade e construção civil. Fonte: http://www.revistasacada.com.br/noticias/273/sustentabilidade-na-construcao-civil- menos-impacto-ambiental-e-custo-beneficio-vantajoso.html A cadeia produtiva da construção civil tem uma nova agenda a cumprir. As mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais exigem novas formas de organização empresarial e política. O modelo a ser buscado pelo setor é o do desenvolvimento humano, da inovação tecnológica e do uso e reuso equilibrado de recursos disponíveis, bem como da reciclagem. A transformação no setor da construção civil exige mudanças em termos de regulamentação, mercado, precificação de produtos e insumos e mensuração de lucros e perdas. Mudanças essas que se tornarão realidade na medida em que passarmos a encarar os desafios da cadeia produtiva da construção não mais sob uma lógica de custos, mas de oportunidades (SIMÃO, 2014). Para isto então as práticas sustentáveis têm o objetivo de alterar o paradigma da construção civil, e demonstrar as vantagens que podem trazer ao se aplicar os seus métodos e procedimentos. O conceito de sustentabilidade é derivado do debate sobre o desenvolvimento sustentável, cujo marco inicial é a primeira Conferência Internacional das Nações 11 Unidas sobre o Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment), realizada no ano de 1972 na cidade de Estocolmo, Suécia. Dada a evolução do termo e conceitos a respeito de Desenvolvimento Sustentável, o termo sustentabilidade aplicado à construção civil ganhou ênfase, primeiramente na década de 1980, com o fundador do Wordwatch Institute, conceito este que se tornou um padrão mundial. Uma comunidade é sustentável quando satisfaz plenamente suas necessidades de forma a preservar as condições para que as gerações futuras também o façam. Da mesma forma, as atividades processadas por agrupamentos humanos não podem interferir prejudicialmente nos ciclos de renovação da natureza e nem destruir esses recursos de forma a privar as gerações futuras de sua assistência (CIB, 2002). 12 6. CICLO DE VIDA DE UM EDIFICAÇÃO Figura 6: Ciclo de vida. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/809099889295081267/ A fim de alcançar uma construção sustentável, métodos sustentáveis devem ser planejados e aplicados em todas as fases do ciclo de vida do edifício, já que as consequências ocorrem em cada edifício. O conceito de ciclo de vida permite avaliar as características ambientais de todas as fases da vida do produto, desde a extração das matérias-primas até a eliminação, do "berço ao túmulo". (OKADA, 2012). O ciclo de vida de um edifício passa por cinco fases básicas de concepção; projeto; Construção / uso; Uso / Emprego e Desconstrução / Demolição (CBIC, 2008). Cada fase está associada às consequências ambientais, sociais e econômicas e aos aspectos de sustentabilidade, que podem variar de acordo com a fase. Na fase de concepção, início do ciclo de vida do edifício, são realizados os estudos de viabilidade econômica, estudo de legislações, das condições naturais do terreno e da dinâmica da região (CBIC, 2008). Nela é definido o padrão da edificação, tendo os empreendedores e projetistas total liberdade de ação para buscar o melhor desempenho socioambiental da construção. Já na fase de planejamento, o projeto da empresa introduz diretrizes e capacidades de pesquisa de concepção da edificação. Portanto, todas as atividades das fases subsequentes são planejadas com ênfase particular no funcionamento sustentável do edifício. Projetos arquitetônicos, equipamentos de construção, vedações, estruturas, fundações e sistema de construção não são selecionados, que, 13 em particular, se concentra na conservação de energia e água, desenvolvendo sistemas sem autocontrole, melhorando a qualidade interna, materiais, equipamentos e componentes (SANTOS, 2009). Portanto, as decisões tomadas nesta fase são refletidas ao longo do ciclo de vida do projeto, o que pode trazer importantes benefícios econômicos durante a fase operacional do prédio para prever a longevidade. A implementação inclui a execução efetiva dos projetos desenvolvidos. As práticas sustentáveisdesenvolvidas durante a fase de planejamento devem ser seguidas, com especial atenção aos métodos e locais de construção, bem como aos aspectos de saúde e segurança dos trabalhadores. O objetivo é minimizar a produção de resíduos, gerenciá-los corretamente, utilizar modernas tecnologias de construção e materiais de processamento que não emitem poluentes (SANTOS, 2009). A utilização do edifício pelo ocupante é a fase mais longa do ciclo de vida e a que causa maior impacto ao meio ambiente. Depende fortemente das fases de planejamento e execução que influenciam diretamente as necessidades de manutenção, o consumo de recursos, como água e energia, a qualidade interna do meio ambiente e a geração de resíduos, em especial o esgoto e o lixo doméstico. Segundo Carvalho (2013), os edifícios sustentáveis têm custos operacionais iniciais mais elevados do que um edifício tradicional. No entanto, estes custos são os mesmos no primeiro trimestre do ano de vida, após o qual um edifício estável começa a ter custos operacionais mais baixos do que os edifícios convencionais. A fase final do ciclo de vida, relacionada à desconstrução/demolição da edificação deve incluir a gestão adequada de resíduos, dando prioridade à ordem de gestão: sem geração, redução, reutilização, tratamento e eliminação. A demolição geralmente envolve a mistura de vários materiais, contaminantes que inicialmente não representavam risco para o meio ambiente ou para as pessoas e impediam sua segregação. O objetivo da desconstrução é separar materiais, facilitar a reutilização e a reciclagem, o que ajuda a reduzir o uso de recursos naturais e a conservar a energia utilizada durante o processo de produção (SANTOS, 2009). Além disso, nesta fase, é necessário analisar os mesmos problemas da fase de construção envolvendo trabalhadores e um canteiro de obras. Segundo Ceotto (2008), durante a concepção e planejamento, as maiores oportunidades de intervenção no projeto de construção, 14 possibilitam que tenham os menores custos. Na fase de uso e operação, os custos são maiores e as opções de intervenção limitadas, com especial atenção à redução da sustentabilidade. É importante avaliar o ciclo de vida global do edifício, já que do ponto de vista do empregador é mais vantajoso reduzir custos nas fases de planejamento, projeto e construção, o que leva a custos ainda maiores durante a fase operacional. Para o usuário, os custos operacionais, manutenção, correções, ajustes e obrigações ambientais durante a fase de projeto são mais rentáveis (CBIC, 2008). Desse modo, apesar de acarretar maior gasto para o empreendedor, um edifício sustentável é um atrativo para a venda, tanto pelo lado econômico quanto pelo lado da propaganda sustentável. 7. MEDIDAS SUSTENTÁVEIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 7: Medidas sustentáveis na construção. 15 Fonte: http://henriquecastilho.com.br/blog/construcao-sustentavel/ Várias medidas podem ser tomadas para promover a sustentabilidade do edifício em cada um dos doze princípios necessários para desenvolver uma estrutura sustentável. Segundo Garrido (2010). As medidas mais econômicas são aquelas que oferecem o máximo benefício ambiental, enquanto aquelas que têm menos eficiência são as mais caras para o meio ambiente. A introdução de práticas sustentáveis deve começar na fase de planejamento da obra, a partir da seleção da área e da vistoria, a fim de garantir uma adequada interligação do prédio com o meio ambiente. A avaliação das obrigações ambientais da estação é necessária para impedir a construção ou tomar medidas corretivas em locais contaminados por usos anteriores ou fontes próximas de poluição. Ao escolher um canteiro de obras, a prioridade deve ser dada às áreas urbanizadas com infra estrutura estabelecida e serviços básicos acessíveis na área, manutenção das áreas naturais existentes e restauração de habitats. Para implementar as condições ambientais, é necessária a drenagem local, saneamento, abastecimento de água, coleta de lixo, eletricidade, estradas, transporte coletivo e outros. (LOPES, 2013) A gestão da construção em termos de sustentabilidade é importante para a construção ambiental. Prevenção de erosão, sedimentação de cursos de água e formação de poeira, ou seja, proteção do solo, prevenção de partículas arrastadas pela chuva ácida e cursos do vento e chuva ou poluição da água e prevenção da poluição do solo, o material de partículas transportadas pelo ar é uma prática que deve ser projetada e aprovada no local da obra. Para isso, existem algumas medidas de 16 controle: cercar o canteiro, pulverizar a água antes e durante a operação e evitar cavar quando a velocidade do vento estiver alta (LOPES, 2013). As interferências nas proximidades devem ser reduzidas ao mínimo, com manutenção e limpeza de estradas, redução de ruído, respeito ao tempo de trabalho e outras ações que reduzam a violação da harmonia ambiental. Durante a construção, há também um amplo movimento de veículos para o transporte de matérias-primas e componentes para a obra, a poluição do ar e o uso de grandes quantidades de combustíveis fósseis para viagens. Planejar a logística e usar recursos próximos ao local de trabalho pode atenuar essas conseqüências. (LEITE, 2011). O uso eficaz de materiais através da redução de resíduos e reutilização de resíduos deve ser considerado uma estratégia durante a fase de construção. É importante avaliar o uso de materiais que não excedam o número necessário. Embora a distribuição adequada de resíduos seja importante, deve ser dada prioridade aos processos de redução de emissões e, portanto, medidas a serem desenvolvidas para a conversão de resíduos em matérias-primas e, finalmente, pela adoção de medidas de combustão em fornos de cimento e uma gestão que reduz perdas (RIOS, 2014). De acordo com as diretrizes da Lei Nacional de Resíduos Sólidos nº 12.305/2010, a resolução CONAMA nº 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para resíduos (Brasil, 2002), é necessário ter responsabilidade pelo meio ambiente e uma redução dos custos de remoção e desnecessários despesas com a compra de materiais. Uma obra com boas características ambientais é caracterizada pela gestão adequada de resíduos, mesmo durante o uso do edifício. A operação da construtora é criar um local para reciclagem e separação de resíduos para coleta seletiva no edifício, onde há um compartimento ventilado e com fornecimento de água, correspondente aos padrões brasileiros. Os usuários devem manter latas de lixo gerais e recicláveis e descartar adequadamente os resíduos para que possam ser coletados pela empresa de limpeza municipal. A pesquisa para otimizar o uso da água é um dos pré-requisitos para reduzir o impacto do setor da construção no meio ambiente. A gestão adequada da água em edificações sustentáveis pode ser alcançada por meio de equipamentos, sistemas e 17 projetos controlados por demanda que promovam o consumo informado e a minimização de resíduos e também permitam a reciclagem e a reutilização da água por meio da colheita e reciclagem, uso de água da chuva e água, tratamento de águas residuárias (ANA; FIESP; SINDUSCON-SP, 2005). Desta forma, são utilizados dispositivos de economia de água, como torneiras com arejadores e medidores de vazão, ações duplas e pequenos tanques sanitários. Particularmente importante é o projeto, que utiliza materiais de alta qualidade e sua implementação é realizada corretamente para garantir a operacionalidade do equipamento e, portanto, evitar vazamentos e rompimentos nas tubulações. (VALENTE, 2009). A qualidade do local interno é um dos princípios da edificação sustentável. A qualidade do ar e o ambiente de conforto acústico associados a esta base não prejudicam a saúde e segurança dos usuáriose não os levam ao bem-estar (LEITE, 2011). Portanto, os moradores precisam criar um ambiente saudável para controlar a descarga de poluentes no prédio usando materiais que não emitem gases tóxicos, incluindo corantes e resinas orgânicas naturais para pisos, limpezas e pisos, manutenção de higiene, especialmente em condicionadores de ar. Além disso, a tarefa do projetista é proporcionar ao consumidor o bem-estar dos recursos naturais, como vegetação, elementos do projeto e dispositivos naturais com níveis de temperatura e ruído suficientes. Entre os elementos da construção podemos chamar edifícios autos suficientes disponíveis para o vento, usando ventilação natural e iluminação solar da radiação solar, para controlar a freqüência dos raios e o aumento excessivo da temperatura. (TÉCHNE, 2009). A escolha correta dos materiais deve levar em conta não apenas o componente em si, isto é, se corresponde a uma aplicação específica, mas também a toda a cadeia de produção. O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), criado em 2007 e cujo objetivo é implementar conceitos e práticas de construção sustentável (MOTTA, AGUILAR, 2009), desenvolveu uma ferramenta que auxilia em seis fases de seleção e fornecedores. De acordo com o CBCS, uma inspeção formal da empresa de entrega é exigida por uma entidade legal e a presença de uma aprovação ambiental válida da unidade. A qualidade do produto é outro ponto de atenção, pois os produtos de baixa qualidade 18 não proporcionam desempenho suficiente e exigem uma reposição rápida, o que gera custos e desperdícios. O mesmo se aplica aos produtos com uma força menor que a vida útil da edificação. É importante confirmar que existem relatórios técnicos que demonstram a produtividade e a longevidade dos produtos orgânicos (SILVA, 2012). Estudar a responsabilidade do ambiente corporativo também para evitar a publicidade ambiental equivocada que é necessária, e deve confirmar a consistência e relevância dos requisitos de desempenho ambiental dos produtos. As ações em geral promovem uma boa qualificação da edificação e também a promoção da sustentabilidade, agregando valor ao empreendimento e a empresa responsável pela sua realização. 7.1. GESTÃO DE MATERIAIS E RESÍDUOS Figura 8: Gestão de resíduos. Fonte: http://henriquecastilho.com.br/blog/controle-residuos-construcao-civil/ Segundo Côrrea (2009), materiais e resíduos devem ser tratados conjuntamente, no que se refere a sustentabilidade, uma vez que é necessário selecionar e utilizar corretamente os materiais a fim de reduzir a quantidade de resíduos gerados. Dentre os diversos benefícios provenientes da especificação correta do sistema construtivo podem ser citados: a) Redução de custos com gestão de resíduos: Consiste na redução do desperdício e custo decorrente da aquisição de novos materiais; 19 b) Redução de reclamações por parte dos clientes: Uma vez que o sistema construtivo foi bem definido, diminuem as chances de ocorrência de alguma patologia no empreendimento ocasionado por causa de erros na concepção do projeto. Isto aumenta a satisfação do cliente e pode melhorar, também, a imagem da empresa. c) Aumento da durabilidade do empreendimento: Se o empreendimento escolhe matéria prima mais durável para ser empregada na construção, o ciclo de vida pode ser aumentado, permitindo maiores intervalos entre manutenções. d) Aumento da vida útil de aterros sanitários: A redução da quantidade de resíduos sólidos gerados não sobrecarrega os aterros sanitários tão rapidamente. e) Ganhos para a sociedade: Ao comprar itens locais, estimula-se a economia local e reduz a poluição causada pelo transporte dos materiais. Para decidir quais os materiais serão utilizados no empreendimento, a equipe de projeto deve levar em conta os seguintes aspectos, para que o empreendimento seja realmente sustentável: a) Custo: Devem ser levantados os custos de cada sistema construtivo possível. É sugerido que sejam observados não apenas os custos durante a construção, mas também na fase de uso e operação. Neste quesito já é notada uma preocupação com o futuro usuário do empreendimento. b) Durabilidade: Segundo a NBR 15575, a estrutura de um edifício deve ter uma vida útil mínima de 50 anos, então o projeto deve especificar materiais e sistemas construtivos que apresentem uma vida útil semelhante e com flexibilidade para atender as necessidades dos futuros usuários, assim como facilitar a futura requalificação e reabilitação dos materiais. c) Qualidade e proximidade dos fornecedores: Os fornecedores devem cumprir as diferentes legislações vigentes, tanto ambientais quanto trabalhistas e seus produtos devem ser de qualidade (conforme normas técnicas, de desempenho ou de programas setoriais de qualidade, como o PBQP-H). De preferência, devem ser escolhidos fornecedores próximos ao local do empreendimento, para estimular a economia local e minimizar a emissão dos veículos transportadores. 20 d) Quantidade e periculosidade dos resíduos gerados: Os resíduos devem ser analisados e quantificados para um melhor entendimento da perda de material, do custo com transporte e da disposição dos resíduos em aterros comuns ou especiais, de acordo com a necessidade. Se o empreendedor desejar um cálculo mais preciso, ele deve observar a legislação local e solicitar um mapeamento dos possíveis depósitos de resíduos da região. e) Modularidade: Além de tomar cuidado na seleção dos materiais, sua utilização deve ser planejada para evitar desperdícios, com coordenação modular. Para isso, devem-se dimensionar corretamente os ambientes, além de compatibilizar os projetos, os componentes e os sistemas construtivos, previamente, para evitar excessos e desperdícios. 7.2. GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS Figura 9: Destinação de resíduos. Fonte: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/residuos-da-construcao-civil-devem-ter- destinacao-e-gestao-adequada/6592 Tipologia construtiva utilizada, as técnicas construtivas existentes, os materiais disponíveis em cada região e índices de perdas de materiais mais significativos, são elementos influenciados na composição de em um resíduo de construção civil (LEITE, 2001). Para Vieira e Dal Molin (2004), com a análise da composição de resíduos de construção, é notável um elevado volume de concreto, material cerâmico e 21 argamassa, independentemente da região, estado e até mesmo país em que foram gerados. Cidades brasileiras de médio e grande porte, as taxas de geração desses resíduos resultantes da construção civil variam entre 400 e 700 kg/habitante/ano (OLIVEIRA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2008). Com o recolhimento de entulho formado com os resíduos clandestino disposto de forma irregular em centros urbanos, são gastos aproximadamente em média R$ 2.000.000,00 (BLUMENSCHEIN, 2007). Alternativas para a destinação ambientalmente correta dos resíduos de construção civil, não são bem vistas pelos municípios e empresas privadas (EVANGELISTA et. al., 2010). Uma opção para designar o resíduo de forma sustentável, é a reciclagem em obra na produção de areia e brita, reduzindo os resíduos gerados e diminuição do entulho em canteiro de obras (SOUZA et. al.,2004). 7.3. RECICLAGEM DE RESÍDUOS Figura 10: Reciclagem de resíduos. Fonte: https://constructapp.io/pt/as-vantagens-da-reciclagem-de-residuos-da-construcao-civil/ A prática de reciclagem de resíduos é uma alternativa utilizada desde o pós Segunda Guerra Mundial, com seu ponto de partida na Alemanha expandindo aos demais países europeus, Japão e Estados Unidos onde as instalações de reciclagem de resíduos de construção civil consolidaram através de normas e políticas estabelecidas (PINTO, 1999). 22 Em contrata partida, no Brasil a reciclagem de resíduos da construção civil ainda énovidade. Pinto (1999) relata em seus estudos o uso de “masseiras-moinho” nos anos 80, um equipamento de pequeno porte que facilita a moagem de resíduos menos resistentes para a reutilização, sendo esta prática atrasada e utilizada de forma reduzida comparada a outros países, ainda que no Brasil a construção civil utilize. Em decorrência da defasagem do uso da reciclagem, o uso de agregados reciclados em larga escala ainda não é propagado entre os municípios brasileiros. Uma pequena parcela de municípios tem procurado adotar a política com a reutilização de resíduos sólidos, transformando-os em agregados reciclados (LEVY, 2001). Em Minas Gerais, foi estabelecido um amplo plano de gestão com três usinas de reciclagem de entulho (MINAS GERAIS, 2006). Em alguns municípios paulistas como Campinas, Guarulhos, Americana, Ribeirão Preto e São Carlos, além dos estados como, Maceió, Brasília, Aracaju e Salvador também apresentaram soluções para a destinação adequada do resíduo de construção civil, (EVANGELISTA, 2009). Utilizando equipamentos móveis, a reciclagem pode ser promovida em instalações permanentes ou até mesmo no canteiro de obras, expandindo a execução dos processos de britagem e peneiramentos no próprio local de produção dos resíduos e de utilização do agregado reciclado logo que são processados, reduzindo os custos de agregados naturais, a destinação em aterros, os custos de transporte, energia e desgaste com estradas e equipamentos (GOONAN, 2000). Com propriedades físicas e químicas, o entulho é uma opção ideal como material de construção. Em resíduos de construção civil uma grande variedade de componentes são formadas, com elevadas proporções de amostras heterogêneas, dificultando seu aproveitamento pela indústria (VIEIRA; DAL MOLIN, 2004). 8. RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 11: Classe dos Resíduos. 23 Fonte: http://www.sjp.pr.gov.br/secretarias/secretaria-meio-ambiente/servicos/empresas- transportadoras-de-residuos-de-construcao-civil/ Conforme resolução da CONAMA 307/2002 resíduos da construção civil são definidos como: “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.” A resolução divide os resíduos em quatro classes. São elas: Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados Resíduos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; resíduos de componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; resíduos de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio fio etc.) produzidas nos canteiros de obras. Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações Plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso. **Classe C: Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. ** **Classe D: Resíduos perigosos oriundos do processo de construção ** http://www2.mma.gov.br/port/conama/processos/18018FE8/PropResol_EMENDAS_2oGT.pdf 24 Tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. 9. VANTAGENS DAS AÇÕES SUSTENTÁVEIS Figura 12: Vantagens de ações sustentáveis na construção civil. 25 Fonte: https://cte.com.br/blog/inovacao-tecnologia/construcao-sustentavel/ Pelo ponto de vista financeiro, os empreendedores sempre questionaram os altos custos envolvidos em um projeto verde. Entretanto, além da redução dos custos de operação mais do que compensarem o investimento inicial, percebe-se que o adicional de custos da construção sustentável vem caindo rapidamente no Brasil. Ademais, com o aumento da produtividade, fomentado pela adoção de técnicas e recursos mais modernos, as construtoras encurtarão o prazo de execução, ganhando em custo (GBC BRASIL, 2017). Os benefícios mais importantes que os edifícios verdes oferecem estão relacionados com o clima e com o ambiente natural. Os edifícios verdes não só reduzem ou eliminam impactos negativos sobre o meio ambiente, usando menos água, energia ou recursos naturais, mas também o impactam positivamente, gerando sua própria energia ou estimulando o crescimento da biodiversidade. Na prática, estas vantagens surgem a partir do uso eficiente de recursos naturais, da redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, do uso de materiais de construção com baixo impacto ambiental, da reciclagem e do emprego de técnicas sustentáveis de gestão e produção. Segundo o Green Building Council (2017), os edifícios certificados gastam até 30% menos em energia, liberam 35% menos de CO2, reduzem o consumo de água entre 30% e 50% e o uso e desperdício de recursos naturais em até 60%. É importante entender, também, que a redução das emissões de gases nocivos ao meio ambiente, principalmente o CO2 (principal gás causador de mudanças climáticas), é reconhecida como um dos benefícios mais importantes decorrentes do 26 consumo reduzido de energia. Praticamente todas as medidas analisadas pelos selos ambientais incentivam a diminuição da emissão de gases e materiais poluentes. Tanto a adoção de sistemas de reciclagem de materiais, o incentivo no uso de bicicletas e a redução no consumo de energia mitigam o lançamento de agentes contaminantes. A emissão de CO2 e de SO2 está diretamente relacionada à fabricação de cimento, à produção de energia, ao transporte de materiais e a diversas outras causas que são exponencialmente mitigadas pela adesão das certificações sustentáveis. Os edifícios sustentáveis reduzem o consumo de água potável a partir de várias estratégias, incluindo instalações hidráulicas mais eficientes, aproveitamento de águas pluviais, armazenamento em telhados verdes, tratamento e reciclagem de águas servidas no local e o uso de plantas nativas ou tolerantes à seca no paisagismo. O consumo de água em um edifício é frequentemente dividido em três categorias: uso em instalações internas (por exemplo, pias, vasos sanitários e chuveiros), uso em irrigação externa e uso em processos (refrigeração, equipamentos hospitalares, lavanderia ou uso industrial etc.) (KATS, 2010). Reduções no consumo de água e no escoamento de águas pluviais oferecem benefícios adicionais ao aliviar a pressão sobre os sistemas de água e ao reduzir os impactos à ecologia e à saúde humana, causados pelo esgotamento de cursos d’água e pelo transbordamento dos sistemas de águas pluviais e esgoto. Igualmente importante, é a questão do gerenciamento do uso e desperdício de materiais processados e recursos naturais. Neste contexto, gerenciar resíduos significa minimizar ou eliminá-los sempre que possível e reutilizar materiais. Apoderando-se dos recursos naturais, a construção civil é, entre todas as atividades produtivas, a maior geradora de resíduos. O economista e mestre em tecnologia ambiental Elcio Carelli, da empresa Obra Limpa, afirma que 60% do total de resíduos produzidos nas cidades brasileiras têm origem na construção civil (OBRA LIMPA, 2017). Os principais impactos sanitários e ambientais relacionados ao consumo de materiais e geração de resíduos são aqueles associados às deposições dos entulhos (comprometimentodo tráfego e da drenagem urbana, favorecimento da multiplicação de vetores patogênicos e poluição do solo e águas), esgotamento dos recursos naturais, consumo de energia e produção desenfreada de CO2. 27 10. APLICAÇÃO DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Figura 13: Práticas sustentáveis na construção civil. 28 Fonte: https://www.institutodaconstrucao.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil- um-futuro-promissor/ A teoria corrobora com a ideia de que práticas sustentáveis de manejo e descarte de resíduos são imprescindíveis para a manutenção do equilíbrio e do desenvolvimento social e econômico de qualquer sociedade, embora dúvidas e questionamentos pairem no sentido de desqualificar a funcionalidade e usualidade, na vida real, de algumas propostas. Devido a tais questionamentos, surge o conceito de sustentabilidade na construção civil, alegando que a mesma só pode ser considerada apta ou eficaz depois de testada e aplicada, afim de que se prove de forma categórica sua usabilidade, garantida mediante resultados positivos e benéficos ao meio ambiente, comprovadamente científicos e técnicos. Com a dimensão da produção de cana de açúcar no Brasil, com safra de 2016/2017 atingindo 657,18 milhões de toneladas, não há um único processo que destine a cinza gerada no processo de queima a utilização sustentável em nível apropriado, o que obriga que o produto da mesma seja descartado impropriamente, prejudicando o meio ambiente e privando a melhoria no setor da construção civil. Lima et al. (2010, p. 88) discorre no sentido de que “[...] o último resíduo gerado pela cadeia da cana-de-açúcar são as cinzas da queima do bagaço, geradas na ordem de 25 kg de cinza para cada tonelada de bagaço”. Nesse quesito, a indústria canavieira, centrada na produção de açúcar e álcool é, atualmente, uma das indústrias mais desvalidas de meios e mecanismos, tanto de controle quanto de diminuição de danos causados pela degradação e inutilização prática do produto de sua finalidade (LIMA et al., 2010). 29 Visando a segurança, meio ambiente e economia, estudos comprovaram que a substituição parcial do cimento Portland pela cinza do bagaço de cana supre todos os quesitos necessários para ser viável. Agopyan et al. (1998) conclui que “A substituição de clínquer por cinza de bagaço de cana-de-açúcar na produção de concretos pode auxiliar a indústria cimenteira a atingir três objetivos: aumentar a produção de cimento para atender a demanda mundial; diminuir a emissão de carbono; reduzir os custos. ” Sendo assim teoricamente, a substituição parcial resultaria em processos econômica e ambientalmente viáveis para a construção civil (AGOPYAN et al., 1998 apud REZENDE et al., 2017). Posteriormente, com o avanço do estudo Agopyan (2011) explica que “estudos relacionados à aplicação da cinza do bagaço de cana-de-açúcar como aditivo mineral possibilitam a produção de concretos com maior resistência e durabilidade e a redução de custos e de impactos ambientais negativos decorrentes da disposição dos resíduos”. O que corrobora na utilização dos resíduos produzidos a partir da queima do bagaço de cana e cria uma nova categoria de concreto maior resistência, durabilidade e economia (AGOPYAN, 2011 apud REZENDE et al., 2017). Nessa mesma vertente, existem outros estudos que utilizam materiais como a cinza da casca de arroz em argamassas entre outros, todos têm em comum os três pilares que sustentam a construção civil: segurança, meio ambiente e economia. Mesmo tendo métodos para diminuir a exploração dos recursos naturais por meio da substituição dos produtos da queima do bagaço de cana, necessita-se de medidas que reutilizem esse material que será desperdiçado durante a obra e inutilizado após o tempo de vida útil da construção. Junior et al. (2007) explica que os RCD’s são em sua maioria constituídos por sobras de argamassa, alvenaria, cerâmica, concreto, tijolo, gesso, metais, madeira etc., sendo na grande maioria materiais que não reagem quimicamente, o que torna difícil a reutilização dos mesmos sem passar por processos de redução até retornarem ao estado de agregados e assim serem reutilizados efetivamente (JUNIOR et al., 2007, p. 446 apud BRASILEIRO; MATOS, 2015). 30 É possível notar o crescimento de estudos para criar novas medidas que sejam ambiental e economicamente viáveis sem comprometer a segurança da obra, essas ações são decorrentes do crescimento populacional incessante, que necessita de espaço para se expandir, os avanços tecnológicos abrem as portas para a qualidade de vida, com isso a construção civil se especializou num ritmo frenético, porém os recursos naturais não acompanham a velocidade com que a exploração acontece. Uma das medidas encontradas para reduzir a quantidade de RCD foi a substituição dos agregados na pavimentação do tipo concreto asfáltico, segundo Brasileiro e Matos (2015), esse tipo de pavimentação possui um valor em peso acima de 90% da sua mistura que corresponde a agregados de diversas granulometrias, e é nesse aspecto que a substituição de agregados naturais por agregados reciclados acontece (BRASILEIRO; MATOS, 2015, p. 185). “No Brasil, Frota, Menta e Nunes substituíram o seixo (agregado graúdo) da mistura asfáltica por agregados reciclados produzidos na cidade de Manaus, AM. Realizaram três misturas, sendo uma com seixo e outras duas com agregado reciclado em diferentes proporções [...]. Notaram que as misturas com agregado reciclado necessitam de uma maior quantidade de ligante, o que já era esperado, pois estes materiais apresentaram maior porosidade do que os convencionais. O teor ótimo de ligante para a mistura apenas com seixo foi de 5,5%, enquanto para as outras misturas contendo agregado reciclado foi de 6,4 e 6,5%, respectivamente, para as misturas [...]. Os autores concluíram que as misturas contendo agregado reciclado são tecnicamente viáveis, porém refletem um maior custo em função do maior consumo de ligante” (FROTA; MENTA; NUNES, 2003 apud BRASILEIRO; MATOS, 2015). A substituição parcial na pavimentação do tipo concreto asfáltico dos RCD’S reciclados, comprovam que a medida é tecnicamente viável, porém existe um acréscimo no valor da obra advindo da quantidade de ligante extra que é necessário para as misturas com RCD reciclado devido a sua maior porosidade, a taxa excedente de ligante não é alarmante e considerando a situação do meio ambiente e as melhoras que serão provocadas com a implantação dessa medida e outras a questão econômica é um valor simbólico a se pagar. 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004a. 32 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006: procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116: agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural: requisitos. Rio de Janeiro, 2004h. BLUMENSCHEIN, R. N. Gestão de Resíduos Sólidos em Canteiros de Obras. Brasília, DF: Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, Universidade de Brasília, 2007. Dossiê Técnico. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 307, de 5 de Julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/sitio/ CARNEIRO, A. P. et al. 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Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. 33 LEVY, S. M. Contribuição ao Estudo da Durabilidade de Concretos, Produzidos com Resíduos de Concreto e Alvenaria. 2001. 199 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. LORDÊLO, P. M.; EVANGELISTA, P. P. A.; FERRAZ, T. G. A. Gestão de Resíduos na Construção Civil: redução, reutilização e reciclagem. Salvador: SENAI-BA, 2007. MINAS GERAIS. Sindicato da Indústria da Construção Civil. Alternativas para a Destinação de Resíduos da Construção Civil. Belo Horizonte, 2006. MOTTA, R. S. Estudo Laboratorial de Agregado Reciclado de Resíduo Sólido da Construção Civil para Aplicação em Pavimentação de Baixo Volume de Tráfego. 2005. 134 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transportes) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. 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