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Nutrição de Equinos de Corrida

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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO ANIMAL
NUTRIÇÃO PARA CAVALOS DE CORRIDA
NOVA IGUAÇU
9
2021.1
Desirée Rosa, Fabiene Cuba, Luiza Vieira, Isabella Nazareth
NUTRIÇÃO PARA CAVALOS DE CORRIDA
Trabalho acadêmico apresentado como parte da avaliação da disciplina de Nutrição e Alimentação Animal no curso de Medicina Veterinária da Universidade Iguaçu.
Professor: Marina Jorge de Lemos
Nova Iguaçu
2021.1
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	CORRIDAS DE CAVALO	4
3.	PARTICULARIDADES DOS EQUINOS	5
3.1.	INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO SOBRE AS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS	5
4.	NUTRIÇÃO PARA EQUINOS	6
4.1.	NUTRIÇÃO PARA EQINOS DE CORRIDA	7
5.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	8
6.	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	8
1. INTRODUÇÃO
Sabe-se que a existência dos cavalos e sua contribuição para a humanidade data de séculos. Segundo estudos biológicos, esses animais existem há cerca de 55 milhões de anos, tendo o Equus ohippus como seu mais antigo ancestral. Acredita-se que um desenvolvimento ocorreu por um período, até o surgimento do Equus Caballus.
As funções dos equinos para a humanidade em épocas passadas sempre foi, basicamente, locomoção com sobrecarga, para aliviar o peso do trabalho dos que os utilizavam. Atualmente, apesar de ainda existirem cavalos utilizados para esses fins, podemos vê-los também nos esportes, como hipismo e corrida; lazer, utilizando-os simplesmente para montaria e passeios; e equoterapia, que se resume no uso dos equinos como o agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais.
Quando os equinos são empregados em atividades que requerem constante e intenso esforço físico, esses animais necessitam de manejo nutricional específico, visando um melhor desempenho e evitando deficiências nutricionais.
2. CORRIDAS DE CAVALO
As corridas de cavalo se iniciaram em 1689, no Reino Unido, quando equinos das raças Berkley Turk, Darley Arabian e Godolphin Barb foram importados do Oriente Médio para cruzar com éguas britânicas, dando origem a animais com características próprias para corrida. 
No Brasil, o esporte se iniciou no século XIX e, até os dias atuais, continua sendo um esporte muito valorizado entre os criadores de equinos e fãs da modalidade. Nos Jockeys Clubs, espalhados pelos estados do Brasil, a corrida de equinos é um dos esportes que mais atrai o público, movendo dinheiro com apostas, além dos ingressos.
Para que os equinos sejam os melhores atletas possíveis, é necessário o investimento em melhoramento genético, nutrição e outros fatores importantes para o desempenho esportivo.
3. PARTICULARIDADES DOS EQUINOS
Os equinos são animais herbívoros monogástricos e apresentam o sistema digestivo especializado em digerir alimentos com altos níveis de fibras. Para isso, o tamanho do estômago é reduzido, com pouca capacidade de armazenamento. Em contrapartida, o intestino delgado é ampliado e o intestino grosso é bem desenvolvido, apresentando bactérias especializadas em digestão de celulose proveniente das pastagens consumidas por esses animais. Essa digestão e fermentação acontece a partir do trânsito retardado que ocorre quando o bolo alimentar chega ao intestino grosso, para que as bactérias e protozoários ali presentes atuem no conteúdo alimentar.
Por apresentarem particularidades anatômicas e fisiológicas no trato digestivo, o manejo alimentar dos equinos muitas vezes é feito de forma incorreta, acarretando em distúrbios gastrointestinais, como cólicas, que podem levar o animal à óbito.
	A alimentação dos cavalos é constituída de alimentos volumosos, com alto teor de fibra, e alimentos concentrados. A função ao qual o animal é submetido e a idade do mesmo irá definir o quantitativo energético e proteico, respectivamente, da ração.
Os equinos diferem consideravelmente em suas necessidades nutricionais de acordo com a atividade que irão desempenhar, suas fases fisiológicas, raças, portes, entre outros. Para equinos atletas, é importante que o manejo nutricional seja realizado de acordo com as atividades praticadas pelo animal. Para cada esporte ao qual ele é submetido, a dieta será prescrita de forma personalizada e individualizada, para que não haja excessos ou deficiências nutricionais. Sabendo-se que o animal é resultado do genótipo associado ao meio em que vive, pode-se dizer que a qualidade esportiva apresentada pelo animal será influenciada diretamente – além do melhoramento genético – pelo manejo nutricional.
3.1. INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO SOBRE AS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
A corrida de equino é um esporte que exige muito dos animais. Quando os animais estão se exercitando, há perdas de minerais e água do organismo através do suor, sendo necessário fazer reposição (DE OLIVEIRA, 2010). 
Animais atletas necessitam de fatores nutricionais para mantença e para atividades físicas. Quando essas exigências são tratadas de forma aditiva, o animal consegue manter o peso e a condição corporal necessária para a função que exerce. O desbalanço da dieta, principalmente entre os nutrientes, pode levar a um baixo desempenho, interferindo na qualidade esportiva do animal.
O manejo nutricional do cavalo atleta começa antes mesmo de ele nascer. Se inicia na gestação da égua, com dieta específica até o nascimento do potro. Posteriormente, o potro será alimentado com alto nível de proteína, visando um maior crescimento e desenvolvimento fisiológico para o treinamento. A partir desse ponto, a nutrição é balanceada de acordo com a modalidade esportiva ao qual o animal será submetido, se é de explosão ou de resistência.
O substrato energético utilizado por cada animal em seus respectivos esportes é diferente, pois a degradação desses substratos depende do metabolismo energético e do esforço físico.
4. NUTRIÇÃO PARA EQUINOS
Quando o animal alcança a idade da doma para treinamento, a ração precisa de uma quantidade de energia que cresce de forma gradativa de acordo com a idade do animal e a intensidade da atividade ao qual foi submetido.
Animais atletas necessitam de menos proteína na fase adulta. Porém, precisam de mais energia, que advém da ingestão de aveia e óleos vegetais. Além disso, os minerais são de suma importância para que o animal tenha o melhor aproveitamento possível dos nutrientes. A deficiência ou excesso de macro e microminerais acarreta em doenças que prejudicam o desempenho atlético do animal, como a osteodistrofia fibrosa, causada pela deficiência de cálcio ou excesso de fósforo.
Equinos adultos passam de 60 a 70% do tempo no pasto, e esse tempo difere entre os animais criados em baias e em piquetes. Por erro de manejo, alguns cavalos passam até 12 horas sem se alimentar à noite, o que acarreta em vícios por estresse, como aerofagia e cropofagia, podendo desenvolver gastrite. Para que isso não ocorra, o ideal é oferecer ração e feno em períodos intervalados de 2 horas, para que não haja cólicas e excreção exacerbada de nutrientes nas fezes. Além disso, um adulto ingere cerca de 2 a 3 litros de água para cada quilo de matéria seca consumida (PRIMIANO, 2010). Os alimentos volumosos devem fazer parte de, no mínimo, 50% da dieta, podendo chegar a 70%, visto que as particularidades do sistema digestivo dos equinos pedem um alto teor de fibras para seu bom funcionamento.
4.1. NUTRIÇÃO PARA EQINOS DE CORRIDA
Para equinos atletas, a energia é de suma importância, e deve ser oferecida de forma facilmente absorvível. Durante a corrida, o metabolismo entra em estado altamente catabólico, e como cavalos de corrida utilizam esforço intenso no esporte, a quantidade de energia dobra, comparada a quantidade de energia necessária para mantença. A utilização de concentrados para substituir a forragem deve ser bem pensada, nunca ultrapassando 50% da dieta, para que não haja o desenvolvimento de cólicas. Para isso, pode-se utilizar extrato etéreo 6% juntamente ao concentrado. Além disso, caso a quantidade de concentrado oferecida não supra as necessidades fisiológicasdo animal, pode-se oferecer rações mais energéticas que aumentam o desempenho atlético, diminui a produção de ácido lático e, com isso, a incidência de problemas musculares (PRIMIANO, 2010). Essas dietas altamente energéticas fazem com que o animal tenha uma maior demanda vitamínica para melhor absorção dos ácidos graxos do alimento. Também há diminuição da absorção principalmente de magnésio e potássio que, em deficiência, causam rigidez muscular, acarretando em queda do desempenho atlético.
As proteínas são as últimas utilizadas como fonte energética, apenas em situações de emergência em que carboidratos e lipídeos estejam em falta. Um cavalo atleta apresenta uma necessidade de 1000 a 1400 g/dia. Os fenos oferecidos devem ser de alta qualidade, para que não haja a necessidade de complementar com proteínas advindas da ração. Pode-se oferecer alfafa mesclada com tifton, por exemplo. Com relação aos minerais, a suplementação é feita controladamente, para que não haja ingestão em excesso, levando à deficiência de outros. É importante que a dieta não ultrapasse os 14% de proteína bruta no total.
Além do oferecimento de volumosos e concentrados, visando maior energia, e suplementação de minerais, os equinos atletas também precisam repor os eletrólitos perdidos durante a corrida através do suor. Para isso, deve-se suplementar sal mineral, deixando disponível em cochos, pois além de perderem eletrólitos nas corridas, as pastagens em diferentes regiões do Brasil são deficientes em magnésio, potássio, cloro, entre outros.
A água também é importante para o desempenho atlético, pois uma perda de 15% da reserva hídrica pode levar o animal à óbito. No entanto, não é indicado oferecer água para o animal que acabou de se exercitar, principalmente gelada, devendo esperar um tempo para que seja oferecida água à vontade, limpa e fresca, sem permitir que o cavalo beba rápido demais.
Segundo DE OLIVEIRA, 2010, um animal atleta, pesando entre 450 e 500kg, deve consumir 6kg de ração por dia e de 7 a 8kg de feno. No entanto, não é indicado o oferecimento de grãos em horários próximos das competições, pois há uma queda no desempenho atlético por baixa resistência e velocidade. Diminuindo a disponibilidade de volumosos, diminui-se o preenchimento intestinal, o que auxilia o animal a apresentar uma melhor performance, já que está sustentando menos peso.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É sabido que os animais atletas demandam gastos e cuidados especiais. A alimentação desses animais é de suma importância para uma melhor qualidade de vida e um bom desempenho atlético. É importante conscientizar os criadores de que somente o melhoramento genético não é o suficiente para dar origem a um animal com ótima performance, pois a alimentação é a maior responsável pelo crescimento, desenvolvimento e desempenho dos animais, principalmente os que são destinados à esportes.
Para isso, deve-se estar atento às particularidades anatômicas e fisiológicas do trato digestivo dos equinos, levando em consideração suas exigências nutricionais em cada fase fisiológica e suas demandas necessárias para cada tipo de esporte ao qual é submetido. Feito isso, diminui-se os riscos de problemas no trato gastrointestinal – como cólicas e úlceras –, os vícios por estresse, problemas secundários causados por deficiências ou excessos de minerais, além do animal apresentar um desempenho esportivo cada vez melhor.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CENTINI, Tiago. Nutrição do cavalo atleta. [S. l.], 3 jan. 2014. Disponível em: https://www.portaldoagronegocio.com.br/pecuaria/nutricao/artigos/nutricao-do-cavalo-atleta-3583#:~:text=A%20alimenta%C3%A7%C3%A3o%20do%20cavalo%20atleta,mais%20saud%C3%A1vel%20para%20o%20animal. Acesso em: 30 abr. 2021.
MICELLI PRIMIANO, Flávia. Manejo e Nutrição do Cavalo Atleta. PetFood, [s. l.], ed. 11, p. 16-18, 2010. Disponível em: http://www.ferrazmaquinas.com.br/en/uploads/conteudo/conteudo/2016/09/161JK/manejo-e-nutricao-do-cavalo-atleta.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.
SCHIAVO, Santiago Duglio. Nutrição de equinos atletas. 2011. 29 f. Trabalho de Conclusão (Graduação) – Curso de Bacharelado em Zootecnia, Universidade Federal do Pampa, Dom Pedrito, RS. 2012. Acesso em: 01 Maio 2021
LAIS PONTES GOMES, Pâmela; NARDI JUNIOR, Geraldo. Manejo Nutricional do Cavalo Atleta. 4ª Jornada Científica e Tecnológica, Botucatu - SP, p. 1-6, 7 out. 2016. Disponível em: http://www.jornacitec.fatecbt.edu.br/index.php/VJTC/VJTC/paper/viewFile/596/870. Acesso em: 30 abr. 2021.
ANTONELLO, Thais; F. ARALDI, Daniele. Suplementação Mineral em Cavalos Atletas. XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, [s. l.], p. 1-3, 2011. Disponível em: https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2011/saude/SUPLEMENTA%C3%83%E2%80%A1%C3%83%C6%92O%20MINERAL%20EM%20CAVALOS%20ATLETAS.pdf. Acesso em: 30 abr. 2021.

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