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Síndrome metabólica obesidade e treinamento físico

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EXERCÍCIO FÍSICO 
PARA POPULAÇÕES 
ESPECIAIS 
Diego Santos Fagundes
Síndrome metabólica, 
obesidade e treinamento
físico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar os tipos de obesidade, incluindo a infantil e as comorbidades.
  Analisar as respostas fisiológicas e metabólicas em obesos.
  Definir os parâmetros de prescrição de exercícios para indivíduos 
obesos, as formas de controle e acompanhamento necessários.
Introdução
A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já 
atinge proporções epidêmicas. A essa pandemia mundial se atribui uma 
serie de comorbidades que impactam negativamente a qualidade de vida 
dos indivíduos obesos. E a obesidade não é apenas uma preocupação 
da população adulta, já que atinge atualmente ao redor do mundo um 
grande número crianças e adolescentes. Suas causas estão vinculadas 
a elementos genéticos, endócrino-metabólicos, ambientais farmacoló-
gicos, nutricionais e comportamentais (como o sedentarismo), que se 
inter-relacionam e se potencializam mutuamente. Nesse contexto, entre 
outras estratégias terapêuticas, os exercícios físicos quando bem prescritos 
podem ser utilizados para a prevenção e tratamento da obesidade.
Neste capítulo, você verá em detalhes a definição, os tipos de obe-
sidade e as comorbidades associadas a esta condição patológica, além 
de analisar as respostas fisiológicas e metabólicas em obesos a partir de 
substâncias orgânicas relacionadas ao tecido adiposo. Por fim, ficará a 
par dos parâmetros de frequência, intensidade, tempo e tipo de exercício 
recomendado, além das formas de controle necessárias para a prescrição 
de um programa de atividades físicas para indivíduos obesos.
Obesidade e as comorbidades associadas
A obesidade representa uma epidemia no mundo atual e, por estar associada 
a morbidades e mortalidade, um ônus à sociedade e ao sistema público de 
saúde. A obesidade pode ser defi nida como uma doença crônica vinculada ao 
acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo localizado ou generalizado, 
apresentando uma causa multifatorial e complexa da interação de estilos 
de vida, ambiente, genes e fatores emocionais. O índice de massa corporal 
(IMC) é o critério mais utilizado para defi nir obesidade. Contudo, esse índice 
retrata o grau de corpulência sem defi nir com exatidão as parcelas corporais 
de gordura e massa magra. Além disso, é importante ressaltar que o IMC 
não caracteriza o aspecto epidemiológico metabólico e cardiovascular, ou 
seja, a distribuição da adiposidade corporal. Nesse sentido, a concentração 
de adiposidade localizada na região central do corpo, em especial na região 
abdominal, está associada a um maior risco cardiometabólico; já a concen-
tração de adiposidade periférica, em especial nos membros inferiores, parece 
conotar um papel protetor. Sendo assim, torna-se essencial uma avaliação 
minuciosa das medidas antropométricas (IMC, circunferência da cintura e 
do quadril, peso e altura) (MANCINI et al., 2018).
Em crianças e adolescentes, a classificação de sobrepeso e obesidade 
utilizando o IMC não se correlaciona com os aspectos de morbidade e 
mortalidade tal como se percebe em adultos, já que existe uma variação 
da corpulência durante o crescimento. Nesse sentido, deve haver uma in-
terpretação diferenciada em relação ao sexo e à faixa etária de crianças e 
adolescentes, fazendo com que, para essa população, o limite da normalidade 
seja fundamentado mediante curvas de percentil do IMC de acordo com a 
idade e o sexo. Desde o ano de 2007, o Brasil utiliza as curvas estabelecidas 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ajustadas para a idade e sexo 
para diagnóstico de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. Nesse 
sistema de classificação, são considerados sobrepeso ou obesidade IMCs 
entre o percentil 85–95 e acima de 95, respectivamente. E, como para os 
adultos, é importante considerar as medidas antropométricas nas crianças 
e adolescentes para que se possa avaliar a distribuição de gordura corporal 
(NERI et al., 2017; MANCINI et al., 2018).
Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico2
O termo sobrepeso refere-se a valores de massa corporal que se encontram entre a 
massa considerada como normal e a obesa, podendo ocorrer em função de excesso 
de gordura corporal ou de valores elevados de massa magra (BARBOSA, 2009).
Em relação à perspectiva anatômica, as crianças, em geral, apresentam 
um tipo de obesidade classificada como tipo I, em que a gordura não está 
centralizada em determinado lugar do corpo. Além dessa categoria, existem 
outras três subdivisões. A seguir, são apresentados os quatro tipos de obesidade 
a partir de um prisma anatômico (BARBOSA, 2009):
  Tipo I: caracterizado pelo excesso de massa corporal ou porcentagem 
de gordura distribuída por todo o corpo.
  Tipo II: constitui a forma androide, caracterizada pelo acúmulo de 
gordura no tronco, em particular no abdômen. Tais características são 
encontradas principalmente em homens, e associam-se à hipertensão 
e ao diabetes melito.
  Tipo III: apresenta como característica o acúmulo excessivo de gordura 
na região visceral.
  Tipo IV: corresponde à forma feminina, em que o acúmulo de gordura 
concentra-se na parte inferior do corpo; esta forma de obesidade também 
é chamada de ginecoide.
A existência de comorbidades relacionadas à obesidade é uma preocupação 
que emerge com mais frequência por parte dos profissionais da área da saúde. 
É importante que tais profissionais tenham conhecimento das comorbidades 
mais frequentes relacionadas à obesidade para que, desta maneira, possam 
proferir um diagnóstico cada vez mais precoce, a fim de orientar e conduzir 
ações de prevenção e tratamento dessas condições. Nesse sentido, a partir deste 
conhecimento, também podem, é claro, identificar os indivíduos que possam 
se beneficiar de perda de peso. Atualmente, existe consenso quanto a uma 
3Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico
série de doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, caracterizando, desta 
maneira, comorbidades. As doenças associadas à obesidade afetam os sistemas 
cardiovascular, respiratório, endócrino-metabólico, gastrointestinal, reprodutivo, 
urinário, musculoesquelético e articular, imunológico, nervoso e cognitivo. A 
seguir, são apresentadas algumas dessas patologias associadas ao sobrepeso e 
à obesidade (CFM, 2016): hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardio-
vasculares (incluindo doença arterial coronariana), hipertensão intracraniana 
idiopática (pseudotumor cerebral), esteatose hepática, infarto do miocárdio, 
incontinência urinária de esforço na mulher, colecistopatia calculosa, angina, 
pancreatites agudas de repetição, estigmatização social e depressão, hipertensão 
e fibrilação atrial, acidente vascular cerebral, infertilidade masculina e feminina, 
insuficiência cardíaca congestiva, síndrome dos ovários policísticos, asma grave 
não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofagiano, cardio-
miopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação, disfunção erétil, 
veias varicosas e doença hemorroidal, diabetes melito tipo 2 e apneia do sono.
O que são comorbidades no âmbito da obesidade? São doenças que acabam sendo 
agravadas pelo excesso de gordura corporal. E o inverso também é válido: seus sintomas 
melhoram quando a obesidade é tratada de maneira eficaz.
Respostas fisiológicas e metabólicas em obesos
A obesidade é um fenômeno complexo e multifatorial que vai além apenas 
do aumento de peso, pois o acúmulo de gordura no tecido adiposo promove 
ações no organismo ainda não compreendidas em sua totalidade. Esse acúmulo 
causa não somente o aumento do volume corporal como também o aumento 
das funções do tecido adiposo, confi gurando, desta maneira, o principal fator 
das respostas e desordens fi siológicas e metabólicas relacionadas ao sobrepeso 
e à obesidade em indivíduos com tais características.
Diversosestudos identificam as adipocinas (substâncias relacionadas ao 
tecido adiposo) como mediadoras de reações que interferem na homeostasia 
do organismo, levando a disfunções orgânicas, contribuindo para cenários 
patológicos e evidenciando as comorbidades associadas ao excesso de gor-
Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico4
dura corporal. Um exemplo disso é que o excesso de adipocinas na infância 
atrasa o desenvolvimento psicomotor e cognitivo da criança, ocasionado um 
atraso global do desenvolvimento neurológico com repercussão no sistema 
imunológico e, desta maneira, propiciando cenários patológicos mentais, além 
de contribuir para a suscetibilidade infectocontagiosa e aumentar as chances 
de obesidade futura nessa população.
Alguns pesquisadores suportam a ideia de que a obesidade futura está relacionada 
ao tecido adiposo “armazenado” na infância e sua capacidade de multiplicar-se na 
vida adulta a partir de novas células, chamadas pré-adipócitos, tornando, desta forma, 
a obesidade infantil um elemento desencadeador de obesidade entre os adultos.
 Na adolescência, níveis elevados de adipocinas interferem de maneira 
direta na puberdade, em especial no que tange a definição dos caracteres 
sexuais secundários, em razão de competirem com os mediadores da síntese de 
hormônios esteroides e de apresentarem interferência na expressão e transporte 
de outros hormônios secundários.
Nos adultos, o excesso de gordura em tecidos e órgãos proporciona uma lenta 
substituição lipofílica, apresentando efeitos compressivos que se relacionam 
a uma redução da qualidade de vida, em razão de causarem interferência em 
aspectos psicológicos, precipitando a tendência a transtornos depressivos e 
emocionais entre os obesos.
Já na chamada terceira idade, em razão do turnover fisiológico, a cons-
tituição morfológica é caracterizada de maneira lenta e gradual por tecido 
adiposo, acarretando em substituição de diversas estruturas por adipócitos. 
Cabe ressaltar que este cenário integra o envelhecimento e que o “desgaste 
natural” é potencializado pelas adipocinas, intensificando as comorbidades 
(POWERS; HOWLEY, 2017; LIMA et al., 2018)
A obesidade promove o desajuste dos mecanismos de ação das adipocinas, 
e um exemplo disso é a adipocina grelina (sintetizada no estômago). Essa 
adipocina está relacionada à ingestão alimentar, atuando no centro da fome 
que regula o apetite. No indivíduo obeso, os mecanismos relacionados à 
grelina são potencializados, sensibilizando as vias de apetite e estimulando 
o consumo alimentar (LIMA et al., 2018).
5Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico
As adipocinas são peptídeos bioativos secretados pelos adipócitos e apresentam 
importante papel na resposta inflamatória, na resposta imunológica e na regulação 
energética, capazes de desenvolver diversos mecanismos e estimular vias metabólicas. 
As adipocinas mais conhecidas e estudadas são adiponectina, resistina, omentina, 
leptina, apelina, proteína estimuladora de acilação, vaspina, grelina, proteína G, visfatina 
e interleucina 6. As substâncias sintetizadas pelos adipócitos atuam em diversas vias 
metabólicas, promovendo ações e respostas fisiológicas necessárias para o balanço 
energético do organismo. Cabe ressaltar que a síntese em excesso das substâncias 
sintetizadas pelos adipócitos promove e propicia a falha da homeostase orgânica, 
desencadeando um processo de resposta inflamatória contínuo e controlado, apon-
tado como o principal fator nocivo do sobrepeso e da obesidade, pois o aumento da 
expressão contínua das substâncias sintetizadas pelos adipócitos causa interferência 
nos diversos sistemas orgânicos (POWERS; HOWLEY, 2017; LIMA et al., 2018; MANCINI 
et al., 2018).
Existe uma adipocina naturalmente antagônica à grelina, chamada leptina, 
que atua no hipotálamo para controlar a fome. Neste sentido, o indivíduo obeso 
apresenta grandes concentrações de grelina e, para antagonizar os efeitos desta 
adipocina, a leptina atua ativamente, estimulando as vias metabólicas de controle 
da fome e saciedade. Acontece que essa ação vigorosa da leptina produz radicais 
livres derivados da estimulação das vias metabólicas no hipotálamo, o que pro-
gressivamente leva à oxidação do tecido nervoso no hipotálamo, promovendo 
um processo inflamatório hipotalâmico irreversível, com perda do controle dos 
mecanismos da fome e saciedade, e, desta maneira, propiciando o acúmulo de 
tecido adiposo. Neste contexto, o excesso de leptina é danoso ao sistema nervoso 
e, devido ao sinergismo da leptina com a insulina (insulina promove maior ex-
pressão dos receptores de leptina), há uma retroalimentação positiva que promove 
progressivamente mais oxidação do tecido nervoso, o que, por sua vez, desencadeia 
importantes alterações inflamatórias irreversíveis, já que o estado de obesidade 
cursa com hiperinsulinemia (LIMA et al., 2018; MANCINI et al., 2018). 
Nesta mesma linha de oxidação do tecido nervoso, a adipocina denominada 
proteína estimuladora de acilação acaba ativando, em ambientes hiperlipídicos, 
a via do receptor Toll-like 4 (TLR4), promovendo a ativação de mecanismos 
de apoptose de neurônios do hipocampo, o que ocasiona dano nas áreas neuro-
cognitivas, podendo levar a cenários de demência precoce. Além de afetarem o 
sistema nervoso, os estados hiperlipídicos associados à obesidade promovem a 
hiperestimulação do sistema simpático e da via renina-angiotensina-aldosterona, 
Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico6
promovendo uma maior retenção de sódio, o que leva a uma tamanha retenção 
hídrica que propicia uma sobrecarga do sistema vascular. O aumento do débito 
cardíaco associado à resistência vascular periférica leva a um quadro de hiper-
tensão arterial sistêmica que pode, com o decorrer do tempo, ocasionar uma 
hipertrofia ventricular esquerda, predispondo o indivíduo obeso a um maior 
risco de arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva.
Ainda em relação ao sistema cardiovascular, estudos apontam que o excesso 
de leptina promove o desencadeamento do cenário de calcificação arterial 
coronariana, o que explicaria o estado de “pró-aterosclerose” comumente 
encontrado em obesos. A adipocina resistina contribui para os eventos de 
alteração da dinâmica circulatória, promovendo disfunção vascular e aumen-
tando os riscos de acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio, 
bem como outros distúrbios cardiovasculares. Estes distúrbios ocasionados 
pela resistina parecem estar ligados ao aumento de expressão de moléculas de 
adesão intercelular-1 e antivascular-1 e do fator nuclear kappa beta (NFkB) nas 
células do endotélio, propiciando o avanço da gênese aterogênica (BARONA 
et al., 2011; LIMA et al., 2018; MANCINI et al., 2018). 
É importante ressaltar que muitas alterações cardiovasculares também 
afetam o sistema respiratório, devido à estreita relação entre ambos os sistemas. 
Além disso, em quadros de obesidade, o sistema respiratório é comprometido 
pela diminuição da complacência torácica e infiltrações de tecido adiposo nas 
estruturas que compõem o sistema ventilatório. Esta situação de diminuição 
de complacência torácica contribui para o desencadeamento de pneumonias 
(restritivas e inflamatórias). Como se não bastasse, a adipocina resistina in-
terfere no epitélio respiratório, tornando-o hiper-responsivo, como ocorre na 
doença asmática. Isso pode levar a um déficit das trocas gasosas e a hematose, 
afetando diretamente os tecidos que necessitam de oxidação energética, como, 
por exemplo, o sistema muscular (LIMA et al., 2018; MANCINI et al., 2018).
A obesidade interfere na fisiologia articular e musculoesquelética não 
somente pela contínua pressão exercida sobre o sistema articular em razão do 
sobrepeso, com consequente desgaste articular, mas também pela atuação em 
mecanismos de remodelamento ósseo através do excesso típico de leptina em 
obesos, o que diminui a osteocalcina (responsável pelo remodelamento ósseo). 
A fisiologiado sistema muscular em obesos apresenta-se comprometida, uma 
vez que as adipocinas antagonizam a ação das miocinas, promovendo uma 
diminuição dos principais receptores de insulina no músculo (GLUT 4). Por 
sua vez, a diminuição destes receptores promove uma diminuição da atividade 
muscular e aumenta o estado de hiperinsulinemia dos obesos (LIMA et al., 
2018; MANCINI et al., 2018).
7Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico
A obesidade também é caracterizada por um estado de “inflamação crônica”, 
devido ao estímulo excessivo de substâncias, fatores e mediadores inflamatórios 
pelas adipocinas. Mesmo considerada de baixa intensidade, este estado de in-
flamação crônica da obesidade colabora para o incremento do risco de diabetes 
melito, doenças cardiovasculares, doenças osteomusculotendinosas, entre outras 
comorbidades associadas à obesidade. A obesidade ocasiona múltiplas variações 
nos mecanismos fisiológicos, o que afeta direta e indiretamente a manutenção da 
homeostasia, promovendo ao longo do tempo cenários deletérios ao organismo 
humano (LIMA et al., 2018; MANCINI et al., 2018).
Parâmetros de prescrição de exercícios
para indivíduos obesos
Para a manutenção do peso corporal, é essencial o equilíbrio energético entre 
o consumo e o gasto energéticos. Neste sentido, para que um indivíduo com 
sobrepeso ou obeso diminua seu peso corporal, seu gasto enérgico deve ser 
maior que seu consumo. É importante salientar que existem evidências cientí-
fi cas de que uma perda de apenas 5% do peso corporal propicia uma redução 
clínica signifi cativa de diversos fatores de risco relacionados à obesidade. 
Em razão do benefício da perda de peso para indivíduos com sobrepeso e 
obesos, mudanças no estilo de vida se fazem necessárias, sobretudo aquelas 
que diminuem o consumo e aumentam o gasto enérgico. Uma das opções de 
aumento do gasto energético é a realização de exercícios orientados por um 
programa de atividade física. 
Segundo diretrizes do American College of Sports Medicine (ACSM), existe 
uma íntima relação entre dose e resposta da atividade física e a proporção de 
perda de peso, conforme apresentado no Quadro 1.
 Fonte: Adaptado de Riebe et al. (2018). 
Tempo de atividade física/semana Perda de peso
< 150 minutos Perda de peso mínima
> 150 minutos Perda de peso modesta (2 a 3 kg)
225 a 420 minutos Perda de peso de 5 a 7,5 kg
 Quadro 1. Relação entre tempo de atividade física semanal e perda de peso 
Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico8
O ACSM faz recomendações à prescrição de exercícios para indivíduos 
com sobrepeso ou obesidade, exaltando que, durante a fase de perda de peso, 
o objetivo dos exercícios é aumentar o gasto calórico e consequentemente au-
mentar a perda de peso; já para uma fase de manutenção de peso, os exercícios 
devem integrar o estilo de vida do indivíduo. Em relação aos parâmetros de 
exercício físico para indivíduos com sobrepeso ou obesos, o ACSM propõe 
algumas recomendações sobre os parâmetros de frequência, intensidade, 
tempo e tipo, resumidas no Quadro 2.
Fonte: Adaptado de Riebe et al. (2018).
Aeróbico Resistência Flexibilidade
Frequência ≥ 5 dias/semana 2 a 3 dias/semana ≥ 2 a 3 dias/semana
Intensidade
A intensidade inicial 
deve ser moderada 
(40 a 59% VO2R e de 
FCR); progredir para 
intensidade vigorosa 
(≥ 60% de VO2R ou 
FCR) para melhores 
resultados
60 a 70% de 1–RM; 
aumentar gra-
dualmente para 
melhorar a força e 
a massa muscular
Alongamento até 
o ponto de estira-
mento muscular ou 
leve desconforto
Tempo
30 min/dia (150 min/
semana); aumentar 
para 60 min/dia ou 
mais (250 a 300 min/
semana)
2 a 4 séries de 8 
a 12 repetições 
para cada um dos 
grandes grupos 
musculares
Manter o alonga-
mento estático por 
10 a 30 segundos; 
de 2 a 4 repetições 
para cada exercício
Tipo
Atividades ritmadas 
e prolongadas que 
recrutem grandes 
grupos musculares (p. 
ex., caminhar, pedalar 
ou nadar)
Equipamentos de 
resistência, pesos 
livres e/ou peso 
corporal (p.ex., 
calistenia entre 
outros.)
Alongamentos 
estáticos, dinâmicos 
e/ou FNP
VO2R — porcentagem da reserva do consumo de oxigênio; 
FCR — frequência cardíaca de reserva; RM — repetição máxima; 
FNP — facilitação neuromuscular proprioceptiva.
Quadro 2. Recomendações de parâmetros de frequência, intensidade, tempo e tipo para 
indivíduos com sobrepeso e obesidade
9Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico
Ao considerar a prescrição de exercícios em um programa de atividade 
física para obesos, existem algumas considerações a serem observadas além 
dos parâmetros. Tais considerações estão centradas em atividade física, dieta, 
motivação, entre outras. Assim, devemos considerar inicialmente que a atividade 
física deve progredir para um mínimo de 30 minutos por dia; para a manutenção 
a longo prazo da perda de peso, deve-se incrementar a quantidade de exercícios 
de intensidade moderada a vigorosa para pelo menos 250 minutos por semana 
(ou 2.000 kcal/semana), divididos em 5 a 7 dias; pode-se adotar inicialmente 
uma metodologia intermitente de realização de exercícios físicos até que se 
contabilize um tempo mínimo de 30 minutos por dia (tal como 3 sessões de 
10 minutos de exercícios), com o objetivo de vencer o sedentarismo e integrar 
os exercícios ao estilo de vida e à rotina do indivíduo, de modo que ele possa 
progredir futuramente; integrar ao longo do tempo exercícios de resistência 
para aumentar a força muscular e as condições de equilíbrio e estabilidade 
musculoesquelética, além de beneficiar o indivíduo com a diminuição de al-
guns fatores de risco a saúde (como diabetes melito, doenças cardiovasculares 
e doenças crônicas); definir metas alcançáveis a curto, médio e longo prazos; 
orientar a busca por um profissional da área da saúde que forneça um programa 
de nutrição adequado aos objetivos (nutricionista, endocrinologista ou nutrólogo); 
orientar a procura de profissional que contribua com a saúde mental do indivíduo 
obeso (psicólogo ou psiquiatra). O ACSM ainda recomenda que durante a fase 
de perda ou manutenção de peso, o paciente seja orientado por informações e 
recomendações fundamentadas em evidências para a realização de exercícios 
aeróbicos (DIAS; MONTENEGRO; MONTEIRO, 2014; RIEBE et al., 2018).
A obesidade é uma patologia que atinge boa parcela da população mundial, 
sendo considerada uma pandemia mundial. Além disso, a obesidade atinge não 
somente os adultos, mas também crianças, adolescentes e idosos, existindo estudos 
que corroboram que crianças com sobrepeso ou obesas apresentam tendência a 
desenvolverem obesidade quando adultos. A obesidade promove uma série de 
alterações e disfunções nos sistemas fisiológicos orgânicos, o que propicia o 
aparecimento de patologias ou disfunções associadas, chamadas de comorbidades. 
Neste contexto, a prevenção e o tratamento adequado são de suma importância para 
que o indivíduo obeso possa ter qualidade de vida e uma adequada funcionalidade, 
seja orgânica ou relacionada às atividades de vida diária. Para isso, a inclusão 
regular de exercícios físicos com parâmetros adequados e uma dieta personalizada 
e balanceada pode contribuir para a perda de peso e sua manutenção em um 
patamar mais baixo. Outras estratégias de tratamento não conservador, como os 
tratamentos cirúrgicos, muitas vezes são indicadas, mas não suprimem a indicação 
da realização de atividade física regular e alimentação saudável e equilibrada.
Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico10
BARBOSA, V. L. P. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercícios, 
nutrição e psicologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2009.
BARONA I. et al. Role of TLR4 and MAPK in the local effect of LPS on intestinal contrac-
tility. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 63, n. 5, p. 657–62, 2011. Disponível em: 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21492167. Acesso em: 5 ago. 2019.
CFM. Resolução no. 2.131, de 12 de novembro de 2015. Altera o anexo da Resolução 
CFM nº1.942/10, publicadano DOU de 12 de fevereiro de 2010, Seção 1, pág. 266. Diário 
Oficial da União, 13 jan. 2016. Disponível em: http://www.in.gov.br/web/guest/materia/-/
asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/22175085/do1-2016-01-13-resolucao-n-2-
-131-de-12-de-novembro-de-2015-22174970. Acesso em: 5 ago. 2019.
DIAS, I. B. F.; MONTENEGRO, R. A.; MONTEIRO, W. D. Exercícios físicos como estratégia 
de prevenção e tratamento da obesidade: aspectos fisiológicos e metodológicos. 
Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 13, n. 1, p. 70–79, 2014. Disponível em: 
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistahupe/article/view/9808. Acesso 
em: 5 ago. 2019.
LIMA, R. C. A. et al. Principais alterações fisiológicas decorrentes da obesidade: um estudo 
teórico. Sanare, v. 17, n. 2, p. 56–65, 2018. Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.
br/sanare/article/viewFile/1262/670. Acesso em: 5 ago. 2019.
MANCINI, M. C. et al. Tratado de obesidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
NERI L. C. L. et al. (org.). Obesidade infantil. Barueri: Manole, 2017.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condiciona-
mento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017.
RIEBE, D. et al. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 10. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
Leitura recomendada
BUSSE, S. (org.). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri: Manole, 2004.
11Síndrome metabólica, obesidade e treinamento físico

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