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1 2 SUMÁRIO 1 BACTERIOLOGIA ....................................................................................... 3 2 MICROBIOLOGIA ESPECIAL - BACTERIOLOGIA .................................... 5 3 FISIOLOGIA BACTERIANA / NUTRIÇÃO BACTERIANA .......................... 7 4 CONJUGAÇÃO BACTERIANA ................................................................... 9 5 ANTIBIOGRAMA ...................................................................................... 12 6 PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS .............................................. 19 7 BACILOS GRAM-POSITIVOS .................................................................. 20 8 IDENTIFICAÇÃO DE ENTEROBACTÉRIAS ............................................ 28 9 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN ........................................................ 32 10 DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS ..................................................... 34 11 EXAME DE URINA ................................................................................ 43 12 INFECÇÕES DE OSSOS E ARTICULAÇÕES ...................................... 49 13 INFECÇÕES DA PELE E TECIDO SUBCUTÂNEO .............................. 52 14 INFECÇÕES INTESTINAIS ................................................................... 69 15 PRINCIPAIS CAUSAS INFECCIOSAS DE DESINTERIA ..................... 71 16 RELATÓRIO DE RESULTADOS ........................................................... 82 17 INFECÇÕES ABDOMINAIS .................................................................. 84 18 INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .............................. 86 19 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E ETIOLOGIA DE PROCESSOS INFECCIOSOS DO SNC ........................................................................................... 89 20 INFECÇÕES SISTÊMICAS ................................................................... 98 21 DIAGNÓSTICO EM HEMOCULTURAS .............................................. 101 22 INFECÇÕES GENITAIS ...................................................................... 107 23 INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR ..................... 122 24 INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR ...................... 126 25 PNEUMONIA HOSPITALAR ............................................................... 129 26 PACIENTES NEUTROPÊNICOS E IMUNOSSUPRIMIDOS ............... 140 27 BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 142 3 1 BACTERIOLOGIA Fonte: www.laced.com.py Bacteriologia é o nome que recebe a parte da biologia e da ciência responsável por estudar, elucidar e documentar todas as informações em torno da morfologia, bioquímica, genética, comportamento, fisiologia, ecologia e muito mais sobre as bactérias. Esse segmento científico tem importância única para o homem em seus envolvimentos médicos. O nome possui origem na língua grega, “bakteria” que significa “pequeno bastão” e “logos”, que significa estudo. História Somente no século XIX, após muitas doenças disseminadas sem conhecimento, as bactérias começaram a ser profundamente estudadas. Entre os mais importantes bacteriologistas, podemos citar os dessa época, Robert Koch e Louis Pasteur, pois fizeram muitos estudos importantes para a medicina atual em torno da ação nociva das bactérias e das formas de combate a elas. O que estuda? As principais áreas e temas estudados por essa área quanto às bactérias são a taxonomia, ou seja, a classificação destes seres; a sistemática, que descreve as 4 relações entre os organismos e a biodiversidade; morfologia, que estuda as formas ou partes das bactérias; bioquímica, que envolve estudos relacionados aos processos químicos das bactérias; o estudo destes seres para a produção de medicamentos, as propriedades nocivas das bactérias, além de sua genética de suas diversas espécies. Tipos de bactérias Pertencentes ao Reino Monera, as bactérias podem ser divididas em três tipos principais: Tiobactérias ou sulfobactérias, que utilizam compostos à base de enxofre para que sua síntese de compostos orgânicos seja possível; Vibrião: o organismo bacteriano conhecido como vibrião apresenta coloração Gram-negativa e o formado aproximado de uma vírgula. É móvel e possui apenas um flagelo, podendo ser aeróbias ou anaeróbias. Destes, o mais conhecido é o Vibrio cholerae, causador da cólera; Espiroquetas: as espiroquetas, por fim, constituem um filo chamado Spirochaetes, nome que, provavelmente, deriva de sua estrutura corporal com formado espiralado. Seus movimentos são ondulatórios circulatórios, normalmente isso ocorre em torno de seu próprio corpo -, e existem alguns gêneros importantes neste grupo. A Borrelia burgdorferi, que é causadora da Doença de Lime; a Leptspira interrogans que causa a leptospirose, a Troponema pallidum, causadora da sífilis e Spirillum minus, causadora da Febre da Mordida do Rato. Doenças comuns As doenças mais conhecidas que são causadas por bactérias são o botulismo, causado pela Clostridium botulinum, a bronquite, causada pelos pneumococos, e o Cancro mole, DST causada pela Haemophilus ducreyi. 5 1 MICROBIOLOGIA ESPECIAL - BACTERIOLOGIA Fonte:caisdamemoria.files.wordpress.com Coloração de Gram. Observações das principais formas e estruturas bacterianas. A coloração de Gram recebeu este nome em homenagem a seu descobridor, o médico dinamarquês Hans Cristian Joaquim Gram. Em 1884, Gram observou que as bactérias adquiriram cores diferentes, quando tratadas com diferentes corantes. Isso permitiu classificá-las em dois grupos distintos: as que ficavam roxas, que foram chamadas de Gram-positivas, e as que ficavam vermelhas, chamadas de Gram- negativas. Após descrição do método, inúmeras propostas de modificação foram feitas. O método tintorial predominante utilizado em bacteriologia é o método de Gram. A bacterioscopia, após coloração pelo método de Gram com diagnóstico presuntivo, de triagem, ou até mesmo confirmatório em alguns casos, constituindo-se uma peça importante e fundamental. Essa técnica é simples, rápida e tem capacidade de resolução, permitindo o correto diagnóstico em cerca de 80% dos pacientes em caráter de pronto atendimento em nível local. Os custos com investimento e manutenção são consideravelmente baixos diante da eficácia alcançada com os resultados imediatos dos testes. Essa técnica requer instalação simples, necessitando apenas de uma sala pequena com 6 disponibilidade de água e gás, onde deverá ser instalado um balcão com pia e um bico de Bunsen, eventualmente substituído por uma lamparina ou espiriteira. São ainda necessários: microscópio com objetiva de imersão e bateria para a coloração de Gram. Os corantes devem ser preparados pelo próprio laboratório ou por um laboratório habitado que assegure a qualidade do produto. Finalmente, e mais importante, são necessários técnicos de laboratório treinados, responsáveis e conscientes do valor do seu trabalho. Princípio Nas bactérias Gram-positivas a parede celular é formada principalmente por ácidos teicóicos e nas bactérias Gram-negativas, é formada principalmente por lipídeos. Por possuírem grande quantidade de ácidos teicóicos, após a coloração, as Gram-positivas formam um complexo corado azul intenso, que não é removido facilmente com álcool-acetona. As Gram-negativas não retêm a coloração após o tratamento com álcool-acetona e são reveladas posteriormente com solução de fucsina ou safranina, apresentando-se na coloração avermelhada. Variações A técnica de coloração de Gram geralmente respeita um protocolo de ações que a padroniza. Contudo, há variantes nesse procedimento relacionadas aos tempos de execução da coloração e à utilização de lavagem com água em dadas etapas quepodem ou não interferir na visualização das estruturas coradas. Como exemplo, o método original utiliza violeta-de-genciana. Hoje se utiliza um outro tipo de cristal violeta, a violeta-de-metila. É importante ressaltar que a solução de violeta-de-metila, em sua preparação, já contém fixador químico. Entretanto, a modificação mais importante foi a do corante secundário, também chamado de corante de fundo. A fucsina fenicada de Gram foi substituída pela safranina baseado no espectro de cores, já que esta última se mantém mais distante da violeta no espectro de cor, diferenciando com maior nitidez as bactérias Gram-negativas. Procedimento 1. Cubra o esfregaço com cristal violeta e deixe por aproximadamente 1 minuto; 2. Escorra o corante e lave em um filete de água corrente; 7 3. Cubra a lâmina com lugol e deixe agir por aproximadamente 1 minuto; 4. Escorra o lugol e lave em um filete de água corrente; 5. Adicione álcool-acetona sobre a lâmina; descorando-a, até que não desprenda mais corante; 6. Lave em um filete de água corrente; 7. Cubra a lâmina com safranina e deixe agir por aproximadamente 30 segundos; 8. Lave em um filete de água corrente; 9. Deixe secar ao ar livre; 10. Coloque uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço; 11. Leia em objetiva de imersão (100x). Fonte:ebon.maszbiznes.info Interpretação: Bactérias Gram-positivas: coradas em roxo. Bactérias Gram-negativas: coradas em vermelho. 2 FISIOLOGIA BACTERIANA / NUTRIÇÃO BACTERIANA Bactérias são capazes de crescer em diferentes ambientes e utilizar diversas fontes de nutrientes. Em condições de laboratório, o cultivo de bactérias pode ser feito em meios ricos ou complexos que possuem uma grande diversidade de nutrientes, em geral de composição específica desconhecida em função da adição de materiais 8 como extrato de carne, leveduras ou sangue. Bactérias cultiváveis apenas nestes meios são exigentes nutricionalmente e incapazes de sintetizar alguns componentes obtidos diretamente do meio de cultura. Por outro lado, existem bactérias capazes de crescer em meios muito simples constituídos por uma única fonte de carbono (em geral, um açúcar) e sais minerais. Estes meios denominados meios mínimos ou sintéticos permitem o crescimento apenas de bactérias capazes de sintetizar todos os seus precursores metabólicos e obter energia a partir de carboidratos. Bactérias cultiváveis em meio mínimo são denominadas protróficas enquanto que as auxotróficas dependem da adição de componentes adicionais ao meio de cultura, como aminoácidos e vitaminas. Um outro método de avaliar a capacidade de uma bactéria utilizar um determinado substrato como fonte de carbono e energia emprega meios de cultura especiais denominados meios indicadores. Estes meios possuem na sua composição, um revelador cromogênico específico que muda de cor quando a bactéria semeada é capaz de utilizar um substrato específico. Objetivo Avaliar o crescimento de algumas bactérias em diferentes meios de cultura para analisar as exigências nutricionais das bactérias e empregar um meio indicador para determinar a capacidade de fermentação da lactose. Material 3 tubos de ensaio contendo culturas bacterianas de: Escherichia coli K12 (linhagem J53 e linhagem BB) e Salmonella dublin. Três tubos de ensaio com meios de cultura: (a) meio mínimo sem adição de leucina; (b) meio mínimo com adição de leucina; (c) meio rico feito com extrato de levedura. Placa com ágar MacConkey acrescida de lactose. Alças para inoculação. Procedimento 1. Flambar a alça de platina e efetuar a coleta de uma amostra (uma alçada) para cada um dos tubos com meios diferenciais. Repetir o procedimento com as outras 2 bactérias. 9 2. Dividir a placa com Meio McConkey em 3 e semear por esgotamento, uma bactéria em cada uma das 3 áreas marcadas da placa. 3. Incubar os tubos e as placas em estufa bacteriológica a 37C por 24 horas. 4. Avaliar o crescimento das bactérias. Resultados 1. Anotar o crescimento de cada uma das bactérias fornecidas nos três meios de cultura líquidos. 2. Verificar a coloração das colônias cultivadas nas placas de ágar MacConkey. 3 CONJUGAÇÃO BACTERIANA Fonte: canaldescubra.files.wordpress.com A conjugação bacteriana é processo “sexual" de transferência de genes de uma bactéria doadora para outra receptora. Este processo foi descoberto por Lederberg e Tatum em 1946. Para que uma linhagem bacteriana seja doadora ela deve conter um plasmídio conjugativo (elemento extracromossômico). O processo de conjugação foi descoberto em E. coli K12, e o elemento extracromossômico responsável foi chamado de fator F (de fertilidade) ou plasmídio F. Há dois tipos de plasmídios conjugativos: os plasmídios auto-transmissíveis e os mobilizáveis. Esse plasmídio pode estar ou não integrado ao cromossomo bacteriano. 10 No primeiro caso, a linhagem bacteriana é chamada de Hfr (grande frequência de recombinação) e, no segundo caso, de F+. A célula F+, após contato com células F-, transfere para esta última, em alta frequência, uma réplica do plasmídio F, tornando-a F+. Por outro lado, a linhagem Hfr (alta frequência de transferência), cujo fator F está integrado, transfere sequencialmente marcadores localizados no cromossomo, sendo o F raramente transferido. Após a descoberta do fator F, outros plasmídios conjugativos foram descobertos, como é o caso dos fatores ou plasmídios R. Esses plasmídios contêm marcadores para resistência a drogas antibacterianas e não reintegram normalmente no cromossomo bacteriano. Alguns plasmídios não promovem conjugação, mas podem ser mobilizados por outros conjugativos. Neste experimento será utilizada como doadora uma linhagem portadora de plasmídio R. Objetivo Demonstrar a transferência genética da resistência bacteriana à tetraciclina através da conjugação entre uma bactéria doadora (linhagem de Salmonella typhimurium MG031 lac- tetr) e uma bactéria receptora (linhagem de Escherichia coli K12 lac+ nalr). O aluno terá a oportunidade de conferir a importância da resistência aos antibióticos e sua disseminação entre bactérias de relevância clínica. Material 1. Linhagens: 1.1 Doadora: Linhagem de Salmonella typhimurium MG031 (lac-, Tetor). Hospeda um plasmídio que carrega o marcador que confere resistência a Tetraciclina (Tcr ). 1.2 Receptora: Linhagem de Escherichia coli K12 (lac+, nalr). O fenótipo de resistência ao ácido Nalidíxico deve-se a uma mutação cromossomal. 2. Antibióticos 11 2.1 Ácido Nalidíxico (Nal) usar a concentração de 50g/ml 2.2 Tetraciclina (Tet) usar a concentração de 25 g/ml 3 Procedimento Dia anterior: 1. Fazer os pré-inóculos das linhagens doadoras e receptoras em 4,0ml de meio TSB mais antibióticos. Incubar à temperatura de 37C por uma noite. Dia 1: Lavar as culturas com salina para remover os antibióticos. Ressuspender as células em TSB; Semear as culturas de K12 e MG031 nos espaços destinados em meio sólido Mac Conkey contendo os diversos antibióticos (conforme indicado abaixo); 3. Adicionar em um tubo de ensaio contendo 1,0ml de TSB as seguintes culturas: 1,0 ml da linhagem S. typhimurium MG031 (doadora) e 1,0 ml da linhagem E. coli K12 (receptora) 4. Agitar bem e incubar por 1 hora sem agitação à temperatura de 37C; 5. Semear a mistura de conjugação em meio sólido Mac Conkey contendo os diversos antibióticos (conforme a figura acima); 6. Incubar em estufa à temperatura de 37C por 16-24 horas (durante uma noite). 4) Análise dos resultados Verificar o crescimento de colônias, vermelhas ou brancas, nas placas de ágar MacConkey sem antibiótico, com tetraciclina, com ácido nalidíxico ou com ambos os antibióticos. Registrar os resultados observados na tabela como indicado: 12Propriedades de crescimento (R/S e Lac+/ Lac-) Meio seletivo Cultura A (MG031) Cultura B (K12) Cultura C (mist.conj.) MacConkey sem antibiótico MacConkey com tetraciclina MacConkey com ác. Nalidíxico MacConkey com tetraciclina e ácido nalidíxico - Crescimento: R - presença de colônias / S - ausência de colônias. ** - fermentação da lactose: Lac+ - colônia vermelha / Lac- - colônia branca. 4 ANTIBIOGRAMA Fonte: www.las.org.br http://Fonte:%20www.las.org.br 13 Texto adaptado do Manual para Antibiograma da Laborclin Definição Técnica destinada à determinação da sensibilidade bacteriana in vitro frente a agentes antimicrobianos, também conhecido por Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos (TSA). Introdução A realização do antibiograma e sua interpretação não é uma tarefa fácil, por suas limitações e principalmente pela crescente descoberta de novos mecanismos de resistência, o que exige cada vez mais atualização e treinamento dos profissionais. A metodologia de Kirby e Bauer para antibiograma é a mais difundida e utilizada até hoje na rotina de análises clínicas, devido a sua praticidade de execução, baixo custo e confiabilidade de seus resultados. Apesar de sua relativa simplicidade de execução, a técnica de Kirby e Bauer exige que as instruções sejam seguidas rigorosamente de forma que os resultados obtidos correspondam à realidade e possam ser comparados com as tabelas internacionais. Fatores determinantes para realização do TSA: - Material clínico – cuidado no isolamento de microbiota normal de determinado sítio anatômico, pois não é indicada a realização do TSA neste tipo de amostra; - Realização da técnica – verificar se todos os passos estão sendo seguidos rigorosamente conforme prescrito; - Escolha dos antimicrobianos – a escolha dos antimicrobianos deve ser adequado a realidade da instituição ou hospital; - Resistência intrínseca – cuidado ao reportar resultados errôneos; - Pesquisa e confirmação de mecanismos de resistência. - Atualização das recomendações dos grupos de antimicrobianos para cada grupo de micro-organismo e de seus halos de interpretação conforme indicado nas 14 atualizações anuais das organizações internacionais (CLSI ou EUCAST). No Brasil a ANVISA padroniza a utilização do CLSI para os laboratórios. Amostra Tipo de amostra Colônias puras de bactérias gram-positivas ou gram-negativas. Colônias provenientes de cultivo bacteriano recente de 18 a 24 horas, isoladas a partir de meios de cultura não seletivos. Armazenamento e estabilidade As amostras mantem-se viáveis para a execução das análises até cerca de 24 horas de cultivo em meio não seletivo. Além deste prazo, deve-se fazer novo repique da cepa, cultivar por mais 24 horas em meio não seletivo para depois proceder ao exame. Critério para rejeição As amostras que já ultrapassaram o prazo máximo de estabilidade devem ser rejeitadas para a análise, devendo ser repicadas em meio apropriado, e usadas colônias recentes. Outro cuidado importante consiste em verificar a pureza do inóculo, e na dúvida, sugere-se o repique da cepa. Em caso de contaminação, deve-se reisolar o micro-organismo a ser testado para evitar erros na medição dos halos. Informações Sobre Os Produtos A- Princípio da técnica O procedimento consiste no preparo de uma suspensão de bactérias de cultivo recente, inoculação desta suspensão na superfície de uma placa de Agar Mueller Hinton, e adição dos discos de papel impregnados com antimicrobianos. Após a incubação em estufa, é analisado o padrão de crescimento ou inibição ao redor de cada disco, sendo então medido o tamanho de cada halo e o resultado pesquisado em tabelas apropriadas segundo a espécie bacteriana em análise. B- Reagentes 15 Discos de papel impregnados com antibióticos de forma a cada disco apresentar uma concentração padronizada. Cada disco possui impresso em uma de suas faces seu código e o valor numérico de sua concentração. O frasco contém um disco agente indicador de umidade, que consiste em um disco de coloração azul, que caso modifique para rósea indica impregnação por umidade. Neste caso, os discos devem ser inutilizados. Os multidiscos constituem uma boa alternativa para laboratórios com pequenas rotinas de antibiograma. As combinações disponíveis foram estabelecidas de forma a aproximar aos critérios de escolha do CLSI, 2011. Na forma de multidiscos, estão disponíveis as seguintes combinações: GRAM NEGATIVO GRAM POSITIVO URINA Ampicilina Cefepime Ac. Nalidíxico Amicacina Ciprofloxacin Ampicilina Amoxicilina +Ac. Clavulânico Cloranfenicol Cefalotina Ceftazidima Clindamicina Cefepime Cefalotina Eritromicina Ciprofloxacin Cefepime Gentamicina Cloranfenicol Cefoxitina Oxacilina Moxifloxacin Cefuroxima Penicilina-G Gentamicina Ciprofloxacina Rifampicina Norfloxacin Gentamicina Sulfazotrim Nitrofurantoína Meropenem Tetraciclina Sulfazotrim Sulfazotrim Vancomicina Tetraciclina Fonte: Laborclin C- Armazenamento e estabilidade Os monodiscos e multidiscos podem permanecer em temperatura ambiente por um prazo máximo de 3 dias para fins de transporte. No laboratório ao se receber o material, colocar imediatamente nas condições indicadas de armazenamento, em geladeira (2-8 °C) ou freezer (abaixo de -10 °C), condição em que não ocorrendo 16 contaminação microbiana ou umidificação, o produto se manterá estável até a data de validade expressa em rótulo. D- Precauções e cuidados especiais Deixar que os discos atinjam a temperatura ambiente antes do uso (a abertura precoce dos mesmos, causa condensação de água no interior do frasco, aumento da umidade e consequente inativação do antibiótico com queda em sua atividade); Usar pinças estéreis para manipulação dos discos, nunca as mãos. Cuidar para não utilizar pinça quente, pois os antimicrobianos são termosensíveis; Não deixar o frasco desnecessariamente aberto ou por longos períodos em temperatura ambiente (pode haver inativação do produto); A validade do produto expressa em rótulo refere-se ao frasco fechado e com o vácuo intacto. Após sua abertura, a validade do produto fica condicionada às boas condições de armazenamento e manipulação. Recomenda-se a execução do controle de qualidade com cepas padrão, e detectados desvios referentes aos discos, estes deverão ser descartados e substituídos (esta regra aplica-se principalmente aos discos de conservação em freezer). O produto destina-se ao uso diagnóstico in vitro; - O material usado deverá ser descartado após sua esterilização pelo calor úmido a 121 °C (autoclave) por 20 minutos. Para acondicionamento do material usado, recomendamos o uso do Detrilab (códigos 570668 ou 570670); Não usar materiais com o prazo de validade expirado, ou que apresentem selo de qualidade rompido ou violado no momento do recebimento. Materiais e Equipamentos necessários - Estufa bacteriológica (códigos 570700 ou 570701); - Alças bacteriológicas em platina ou descartáveis (códigos 570659, 570660 e 570657); - Agar Mueller Hinton em placas 90X15mm (código 540145) ou 140X15mm (código 542518); - Tubo com escala 0,5 Mac Farland ou tubidímetro 17 - Solução salina estéril (NaCl 0,85%); - Termômetro de máxima e mínima para controle da estufa; - Swabs estéreis para espalhamento da suspensão; - Tabelas com os valores esperados de halos inibitórios; - Bico de Bunsen. Procedimento Técnico Retirar as placas e os frascos com os discos da geladeira cerca de 20-30 minutos para que adquiram a temperatura ambiente antes da execução da prova. A) Com uma alça bacteriológica em platina devidamente flambada e resfriada, tocar na colônia recente (18-24h); Fonte: Laborclin B- Suspender as colônias em solução salinaestéril (NaCl 0,85%) até se obter uma turvação compatível com o grau 0,5 da escala Mac Farland (1x106 UFC/mL). Para este passo deve ser utilizado um tubo aferido na escala 0,5 de Mac Farland como comparativo (solicite ao seu vendedor) ou um turbidímetro. C- Embeber um swab estéril na suspensão bacteriana, comprimindo-o contra as paredes do tubo para tirar o excesso da suspensão, e semear em seguida de forma 18 suave em todas direções na placa (cinco direções), procurando abranger toda a superfície; Fonte: Laborclin E- Aguardar (não mais que 15 minutos) a superfície do agar secar; Fonte: Laborclin E- Com auxílio de uma pinça flambada e resfriada, colocar os monodiscos ou multidiscos, sobre a superfície do meio inoculado, exercendo uma leve pressão com a ponta da pinça para uma boa adesão dos discos; 19 F- Incubar a placa com os discos em estufa bacteriológica a 36o C por 18 a 24 horas; G- Resultados: Com o auxílio de uma régua, paquímetro ou dispositivo semelhante, medir o diâmetro dos halos inibitórios de cada disco, e consultar uma tabela apropriada para determinar se a bactéria em análise é sensível, intermediário ou resistente ao antimicrobiano testado. Fonte: Laborclin 5 PRECAUÇÕES E CUIDADOS ESPECIAIS Seguir padronização técnica para execução da prova (CLSI, 2011); O meio de Mueller Hinton utilizado deve estar com pH, composição química (íons cálcio, íons magnésio, timina e timidina) e espessura do agar adequados; As placas devem ter espessura média de 4 mm não podendo ser inferiores a 3 mm ou superiores a 5 mm (respectivamente provocam resultados falsamente aumentados ou diminuídos); Inóculos mais carregados (acima do padrão 0,5 da escala Mac Farland) fornecem resultados falsamente diminuídos e inóculos mais fracos resultados falsamente aumentados; 20 A pré-incubação da placa em estufa por 5 minutos após a inoculação com o swab é importante para remover o excesso de umidade, que pode causar a difusão errática do antibiótico após a implantação dos discos; Observar critérios para escolha dos antibióticos apropriados para a bactéria em análise e suas resistências intrínsecas; Aguardar para que os materiais atinjam a temperatura ambiente no momento do uso; O uso de swabs com base de algodão e haste de madeira não são recomendados. Vários trabalhos mostraram que os ácidos graxos naturais presentes no material interferirem no crescimento bacteriano; A temperatura de incubação deve ser rigorosamente controlada; O tempo de incubação indicado não deve ser nem abreviado nem aumentado, sob risco de se obterem resultados falsamente diminuídos (pouco tempo) ou falsamente aumentados (mais tempo); Para as placas com tamanho 90x15 mm recomenda-se a colocação de no máximo 5 discos, já para a placa com 140x15 mm podem ser colocados até 12 discos. Esta sugestão visa impedir que o contato entre os antimicrobianos difundidos no meio, podendo fornecer distorções ligadas a sinergismo ou outros tipos de interação. 6 BACILOS GRAM-POSITIVOS No gênero Clostridium, representado por bactérias Gram-positivas, anaeróbias estritas, esporuladas, encontramos pelo menos 4 espécies de importância médica: Cl. tetani, Cl. botulinum, Cl. perfringens e Cl. difficile. Todas elas fazem parte da microbiota normal das fezes, sendo encontradas no meio ambiente contaminado por estas (solo, vegetais, água) na sua forma esporulada, podendo, em condições especiais, produzir doenças bastante graves no homem e nos animais. O Cl. tetani é responsável pelo desenvolvimento do tétano que, nos indivíduos susceptíveis, (não vacinados), vítimas de contusões traumáticas que favoreçam um ambiente de anaerobiose, se caracteriza por contrações espástica da musculatura, 21 ocasionada por uma toxina denominada tetanoespasmina. Esta toxina inibe a liberação da glicina que é responsável pela inibição da neurotransmissão, fazendo com que exista uma constante ação da acetilcolina, causando uma contração espástica dos músculos extensores e flexores simultaneamente. Fonte:www.ipn.mx A espécie Cl. botulinum é compreendida por vários subtipos, sendo que, somente os dos grupos A, B, E e F ocorrem no homem. As vias de transmissão destas bactérias são alimentos enlatados, embutidos, ou conservas caseiras feitas, mormente com carne e vegetais. Os esporos do Cl. botulinum são bastante resistentes à fervura e, quando tais alimentos são preparados e estocados, os mesmos germinam e produzem uma toxina que tem ação inibidora da liberação de acetilcolina, que é a mediadora da contração muscular, causando uma paralisia flácida. Em ambos os casos, a morte se dá por paralisia respiratória. O Cl. perfringes tem vários tipos, sendo os dos tipos A e C, os patogênicos para o homem. Estão envolvidos em casos de gangrena gasosa no homem, sempre como consequência de ferimentos profundos, que comprometam a circulação local, contribuindo para uma anoxia tecidual que favorece a germinação dos esporos. A bactéria produzirá várias toxinas, entre elas, a toxina α, que é uma lecitinase. Em mulheres que provocam o aborto em condições precárias de higiene, pode ocorrer o 22 chamado aborto séptico, que se trata de uma mionecrose do útero, sempre rápida e fatal. Os tipos A e C produzem uma enterotoxina responsável por intoxicações alimentares. O Cl. difficile ocorre somente em casos de indivíduos submetidos a uma antibioticoterapia intensa e demorada, em especial quando se usa a clindamicina, embora possa ocorrer com qualquer antibiótico de largo espectro. Todos os clostrídios são Gram-positivos, porém as células bacterianas são Gram-negativas na fase de esporulação. Dentre as Corinebactérias que merecem destaque, encontramos o C. diphterae, causador do chamado “crupe”, ou difteria. Esta enfermidade se deve à produção por amostras da bactéria que estão lisogenizadas por um fago (β), sendo este o responsável pela produção da toxina diftérica que inativa o fator de elongamento EF2. As Corinebactérias se caracterizam por serem bactérias Gram- positivas, com grânulos de metafosfato em seu interior, denominados de granulações metacromáticas. Estas granulações são visíveis por colorações especiais, ou até mesmo com azul de metileno, e se coram em vermelho, daí o nome derivado de metacromasia. A bactéria não é invasora, e a lesão que é caracterizada por uma pseudomembrana fica, geralmente, restrita ao trato aéreo superior, a partir de onde a toxina invade a corrente circulatória causando lesões graves em vários órgãos, em especial coração (miocardite), rins e nervos (neurite). No gênero Bacillus, encontramos várias bactérias que têm como habitat o solo, o ar e a água. Entre os patogênicos para os animais e para o homem se destaca o B. anthracis causador no gado do carbúnculo hemático e, no homem do antrax, ou anthrax (antraz não é a denominação correta). A importância deste agente aumentou consideravelmente nos dias atuais, devido às ameaças do bioterrorismo. Outra bactéria do gênero que pode causar intoxicações alimentares no homem é o B. cereus. A maioria dos bacilos cresce rapidamente em meios simples formando colônias grandes em meio sólido. Geralmente, quando se observam as bactérias coradas pelo método de Gram, é possível visualizar-se estruturas intracelulares arredondadas que não se coram correspondentes aos esporos. Material 23 Em cada laboratório serão colocados dois grupos de materiais constituídos por: 1. Uma jarra do tipo Gaspak para demonstração de como se proceder para cultivos de bactérias anaeróbias. Acompanham dois envelopes de ANAEROGEN. 2. Placas de TSA (Tryptic Soy Agar) semeadas com Bacillus subtilis. 3. Dois grupos de 3 tubos contendo meio de tioglicolato. 4. Culturas de Escherichia coli (anaeróbio facultativo), Pseudomonas aeruginosa (aeróbio estrito)e Clostridium perfringens. Procedimento 1. Demonstração de como se incuba para anerobiose com jarra Gaspak; 2. Fazer esfregaços das culturas de B. subtilis semeada no meio TSA e realizar a coloração de Gram, procurando verificar se existem esporos (zonas não coradas dentro do corpo bacteriano); 3. Semear como indicado pelo professor os meios de tioglicolato, com cada uma das 3 bactérias (Cl. perfringens, P. aeruginosa e. coli). Identificação de Cocos Gram-Positivos Este grupo de bactérias é formado, entre outras, por estafilococos e estreptococos, bactérias patogênicas para o homem. Os estafilococos são pequenos (0,8- -positivos e se apresentam reunidos em agrupamentos com forma de cachos de uva. Dentre as espécies potencialmente patogênicas para o homem temos: Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus epidermidis. O estafilococo é um germe piogênico por excelência, podendo ser agente em certos processos supurativos como, por exemplo, a osteomielite, a furunculose, o terçol, o impetigo, infecções urinárias, além de causar toxiinfecções alimentares. Os estreptococos são cocos pequenos (0,8 m diâmetro), Gram-positivos que, no pus ou nas culturas em caldo, se apresentam em forma de cadeias. Podem ser os agentes primários de doenças supurativas como erisipella, faringite, otite média, pneumonia, meningite, septicemia puerperal, endocardite ou doenças não supurativas como glomerulonefrite e febre reumática. 24 A catalase é uma enzima produzida por certas bactérias e que desdobra o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio livre (2 H2O2 → 2 H2O + O2) e que se traduz pela formação de bolhas quando se adiciona água oxigenada à cultura. A prova da catalase é utilizada para diferenciar estafilococos de estreptococos. A prova da coagulase serve para se observar a capacidade que determinados microrganismos possuem de coagular o plasma pela ação da enzima coagulase. Esta prova é utilizada especificamente para diferenciar espécies dentro do gênero Staphylococcus. As hemolisinas são enzimas ou toxinas que destroem os glóbulos vermelhos. Existem muitas hemolisinas, com diferentes propriedades, que são produzidas não somente pelas bactérias patogênicas como também pelas não patogênicas. Dentre as bactérias que comumente produzem hemolisinas estão os Streptococcus. Quando semeadas em ágar sangue, estas bactérias produzem halos claros em torno da colônia (halo de hemólise). No que diz respeito aos estreptococos, quando o halo é totalmente claro, transparente, diz que a hemólise é beta (destruição total das hemácias); quando parcialmente claro ou esverdeado, diz hemólise alfa (destruição parcial das hemácias) e, quando não há hemólise, esta é chamada do tipo gama. Esta prova é denominada prova da hemolisina. Na prova da optoquina (cloreto de etil-hidrocupreina), discos de papel de filtro embebidos com reativo, são colocados na superfície de placas de ágar sangue semeado com o estreptococo alfa-hemolítico. Se o germe em estudo for pneumococo, uma zona de inibição de crescimento de 15 a 30 mm irá se formar. A prova da bacitracina serve para diferenciar os estreptococos beta- hemolíticos do grupo A dos demais grupos. Um disco contendo 0,05 unidades de bacitracina é depositado na superfície de placas de ágar sangue semeado com a bactéria em estudo. Os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A apresentam zona de inibição de 12 a 17 mm enquanto que os outros grupos de estreptococos geralmente não são inibidos. Princípio do teste 25 Os cocos gram positivos de importância médica estão divididos em estafilococos, estreptococos e enterococos. Diversas são as provas que vão diferenciar estes 3 grupos e suas diferentes espécies. A identificação dos estreptococos e estafilococos é baseada na morfologia que apresentam em meios líquidos. Sendo os estreptococos uma cadeia normalmente longa e os estafilococos mostrando-se em forma de cocos aos pares, em cachos de uva ou agrupados. A identificação presuntiva começa com a inoculação primária na placa de Agar sangue de carneiro. As colônias de estafilococos são geralmente maiores, convexas, de coloração variando do branco-porcelana a amarelo podendo apresentar hemólise ou não. Nota-se que o desenvolvimento da cor amarela no Staphylococcus aureus ocorre somente após incubação prolongada (72 horas). As colônias de estreptococos tendem a serem menores (puntiformes), e com halos de hemólise total ou parcial. A diferenciação entre estreptococos e estafilococos se dá, seguramente, pela prova da catalase. Material requerido Alça bacteriológica de platina. Geladeira de 2 a 8ºC Luva Máscara Bico de busen Óculos de proteção Tubo de ensaio estéril Pipeta Estufa bacteriológica Lâmina Reagentes Ágar sangue ATCC Staphylococcus aureus Água oxigenada 26 Plasma citratado Colônias do microrganismo Solução fisiológica estéril Bacitracina Optoquina Novobiocina Procedimento detalhado Prova da catalase Com a alça bacteriológica ou canudo coleta-se o centro de uma colônia suspeita e esfrega-se em uma lâmina de vidro. Colocar sobre este esfregaço uma gota de água oxigenada a 3% e observar a formação de bolhas (como descrito no pop da catalase). Para os Staphylococcus esta prova é positiva, enquanto para os Streptococcus é negativa. Identificação dos estafilococos Então a primeira prova de diferenciação dentre estafilococos e estreptococos é a catalase, sendo assim, após o resultado da catalase positiva, os estafilococos são divididos em duas categorias: coagulase negativa e coagulase positiva de acordo com a resposta ao teste do plasma coagulase, descrito no pop da coagulase. Staphylococcus coagulase positiva, considerar Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativa existem cerca de 31 espécies conhecidas, das quais os mais frequentes são: Staphylococcus epidermidis Causador de infecções de cateteres e próteses e o mais frequente microrganismo encontrado em hemoculturas. Staphylococcus saprophyticus Causador de infecção urinária em mulheres jovens. 27 Staphylococcus haemolyticus Importante devido à resistência aumentada aos antimicrobianos, e por ser comumente confundido com o S. aureus, pois apresenta hemólise na placa de ágar sangue de carneiro. Teste de resistência a novobiocina A cepa é semeada de maneira semelhante ao antibiograma em placa de Muller Hinton acrescida de um disco teste de novobiocina contendo 5 μg. As amostras resistentes mostram zonas de inibição de 6 a 12 mm, enquanto as susceptíveis apresentam halos de 16 mm ou mais. As cepas de Staphylococcus saprophyticus são resistentes Identificação do Staphylococcus aureus A forma mais simples de identifica o Staphylococcus aureus é a prova da coagulase que pode ser efetuada em tubo ou em lamina (como descrito no pop coagulase) O Staphylococcus aureus tem a capacidade de fermentar o manitol em meio contendo 7,5 % de cloreto de sódio, denominado ágar manitol salgado ou Meio de Chapman. O indicador de pH é o vermelho de fenol, que indica uma reação positiva quando o meio ao redor das colônias se torna amarelo, e negativa quando permanece avermelhado. Existem também testes de aglutinação em látex ou em hemácias de carneiro (sorologia). Estes testes geralmente detectam a coagulase livre e alguns apresentam também uma imunoglobulina antiproteína. A presente da parede do Staphylococcus aureus. Como são disponíveis comercialmente, deve-se seguir as instruções do fabricante. Identificação dos Estreptococos Os estreptococos podem ser diferenciados de acordo com sua aparência na placa de ágar sangue após incubação a 35°C em presença de 5% de CO2, 28 podendo apresentar: hemólise total (beta), parcial (alfa, de cor esverdeada) ou nenhuma (gama). Testeda Bacitracina É importante notar que as identificações devem ser feitas em ágar sangue sem tensão de CO2 ou os resultados podem ser conflitantes. •Semear meia placa de ágar sangue com o estreptococo a ser identificado, como para um antibiograma; •Colocar o disco de bacitracina 0,004 u como indicado; •Incubar por uma noite a 35ºC sem CO2; •Observar qualquer zona de inibição como resultado de sensibilidade. O Streptococcus pyogenes (grupo A) é assim rapidamente identificado. Teste do Sulfametoxazol Trimetoprim (Sxt) •Adicionar na mesma placa de ágar sangue o disco de SXT; •Incubar por uma noite a 35°C sem CO2. A sensibilidade a esta droga significa, em conjunto com as outras leituras, que o estreptococo não pertence ao grupo A, B ou D de Lancefield. •Colocar um disco de Bacitracina 0,004 UI à direita e um de Sulfametoxazol trimetoprim à esquerda. 7 IDENTIFICAÇÃO DE ENTEROBACTÉRIAS Sabemos que vários agentes são capazes de causar doenças no aparelho digestivo, normalmente através de infecções exógenas. Dentre estes agentes, com exceção das espécies Campylobacter jejuni, Aeromonas hydrophila, Vibrio cholerae, víbrios não-coléricos Pseudomonas aeruginosa entre os Gram-negativos e Clostridium perfringens, Clostridium difficile entre os Gram-positivos, os mais frequentes enteropatógenos encontrados no Brasil, pertencem à família Enterobacteriaceae, que se caracterizam por serem bastonetes Gram-negativos, anaeróbios facultativos, móveis ou imóveis, sendo, quando móveis, portadores 29 de flagelos peritríquios, oxidase positivos, fermentativos (Prova de OF), e reduzem nitratos a nitritos. O objetivo desta aula é a identificação de um destes agentes conhecidos (Shigella, Salmonella, Yersinia e Escherichia coli, além de outras enterobactérias), através de provas bioquímicas, que deverão ser classificadas utilizando tabelas de identificação. Fonte: 4.bp.blogspot.coms1600 Outras provas complementares (sorológicas, testes biológicos) são utilizadas na prática, para complementação destas provas, principalmente no que diz respeito à identificação de uma das cinco categorias de E. coli enteropatogênicas para o homem: EPEC, EIEC, ETEC, EHEC e EAEC. Material Para cada grupo: 1. Uma cultura pura para (Culturas 1, 2, 3 ou 4) em placa contendo meio sólido MacConkey (haverá: E. coli, Salmonella sp, Shigella sp e Proteus sp); 2. Série Bioquímica (EPM, MILi, CITRATO ); 3. Alças e agulhas. Procedimento https://4.bp.blogspot.com/-2AXck-9PFWI/Vxpnds50fvI/AAAAAAAADNw/wAhXYsGVDPQ7hMb9A2vCjUuO4Fjl8_ugQCLcB/s1600/bacterias.jpg 30 1. Leitura da placa de MacConkey. Anotar morfologia e fermentação da lactose (+ ou -); 2. Com a agulha, tocar a colônia bacteriana isolada e inocular na série bioquímica: meios EPM, MILi e citrato. Incubar a 37oC por 24 horas; 3. Leitura das séries Bioquímicas e identificação dos microrganismos, conforme TABELA abaixo. Leitura das Provas Ágar MacConkey: colônias Lactose positiva: coloração vermelha. Colônias Lactose negativa: coloração transparente. Meio EPM (Escola Paulista de Medicina): os testes de produção de gás, na fermentação da glicose, H2S e produção da enzima urease, são verificados na base. O teste da enzima L-triptofano desaminase, na superfície do meio. Obs: Todas as enterobactérias fermentam a glicose. a) GLICOSE - Fermentação desse açúcar, com produção de gás. Prova positiva: base amarela, com presença de bolhas de ar. Prova negativa: base amarelada, sem bolhas de ar. b) H2S Prova positiva: base preta. Prova negativa: base amarela, azul ou inalterada. c) UREASE Prova positiva: base azul. Prova negativa: base amarela ou inalterada. d) TRIPTOFANO DESAMINASE Prova positiva: superfície verde escuro. Prova negativa: superfície azulada, amarela ou inalterada. Meio de MILi (Motilidade, Indol e Lisina-descarboxilase): os testes de Motilidade e L- Lisina descarboxilase são verificados na base e o teste do Indol é feito, adicionando-se algumas gotas do reativo de Kovacs (dietilaminobenzaldeído) na superfície do meio, retirando-se o tampão de algodão. a) MOTILIDADE 31 Prova positiva: meio turvo. Prova negativa: meio límpido ou crescimento só no local do inoculo. b) INDOL Prova positiva: coloração vermelha. Prova negativa: coloração amarela. c) L-LISINA Prova positiva: coloração roxa. Prova negativa: coloração amarela. Ágar CITRATO DE SIMMONS Prova positiva: coloração azul Prova negativa: coloração do meio inalterada Observe que quando não ocorre utilização do citrato, na prova negativa, não temos crescimento bacteriano. TABELA PARA IDENTIFICAÇÃO BIOQUÍMICA DAS ENTEROBACTÉRIAS EPM MILI CITRATO Bactérias Lactose Glicose com Produção de gás H2S Urease -TD Motilidade indol Lisina Descarbo- xilase Citrato Escherichia coli + + - - - - /+ + + - Klebsiella pneumoniae + + - + - - - + + Enterobacter cloacae + + - - /+ - + - - /+ + Citrobacter freundii - /+ + - /+ - /+ - + - / + - + Arizona + + + - - + - + + Shigella sp - - - - - - - /+ - - Edwardsiella tarda - + - /+ - - + + + - Salmonella sp - + + - - + - + + Serratia marcescens - + - - /+ - + - + + Proteus mirabilis - + -/+ + + + - /+ - - /+ Providencia rettgeri - + - - + + + - + Yersinia enterocolitica - - - + - - /+ / + - - /+ 32 L-TD: L-triptofano desaminase Reações sorológicas para identificação de sorogrupo de Escherichia coli: Suspensões densas de culturas semeadas em ágar nutriente às quais foram adicionados 3 ml de solução salina. Depois de obtidas as suspensões, estas foram submetidas à fervura, para destruição do antígeno K (que impede a aglutinação O). Procedimento 1. Com o auxílio de uma alça, colocar um pouco de uma das suspensões bacteriana formalizadas sobre uma lâmina limpa e desengordurada. Sobre esta suspensão colocada na lâmina, pingar uma gota de um dos antissoros específicos e homogeneizar com o auxílio de um palito estéril. Em outra região da mesma lâmina, colocar a suspensão como descrito acima e, ao invés de antissoro, pingar uma gota de solução fisiológica estéril. Repetir a mesma conduta com o outro antissoro recebido. 2. Esperar aproximadamente um minuto e verificar se ocorre ou não aglutinação com algum dos antissoros. Em não ocorrendo aglutinação com solução fisiológica (cultura rugosa), identificar o sorogrupo da suspensão da cultura recebida. 8 COLORAÇÃO DE ZIEHL-NEELSEN Fonte: www.uff.br 33 As microbactérias são bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR), ou seja, são bactérias na forma de bacilos que, após terem sido coradas pela fucsina, não se deixam descorar por uma mistura de álcool e ácido clorídrico. Esta propriedade parece decorrer da firme fixação da fucsina a certos lipídeos presentes na parede das microbactérias. Esta coloração foi desenvolvida por Ziehl-Neelsen. Os BAAR são agentes etiológicos de enfermidades que ocorrem em homens e animais. Neste último caso também podem ser consideradas zoonoses. As espécies de maior importância são: Mycobacterium tuberculosis (agente causal da tuberculose humana); Mycobacterium bovis, (tuberculose bovina, que pode ser transmitida ao homem pelo leite in natura) e Mycobacterium leprae (agente causal da Hanseníase ou Lepra). Dentro deste gênero, existem outras espécies que são consideradas oportunistas, ou atípicas, ou ainda MOTT (Mycobacterium Other than Turbecle Bacilli). Geralmente, só causam doenças quando existe uma imunodepressão ou outras moléstias intercorrentes afetando os pulmões, tais como: silicose, asbetose, ou qualquer outra patologia pulmonar. Atualmente, por causa da AIDS tem ocorrido um aumento significante de casos de tuberculose em pacientes HIV+, causados pelo M. tuberculosis e as Micobactérias oportunistas, em especial as do complexo MAIS (ou M. avium, M. scrofulaceum e M. intracellulare).O diagnóstico, em qualquer dos casos de origem pulmonar, se faz pelo exame do escarro, corando-se pela técnica de Ziehl-Neelsen, seguido de cultivo em meios específicos como Löwenstein- Jensen, ou Middlebrook 7H10 e identificação por métodos bioquímicos especiais. Recentemente, também está sendo empregado o PCR. Material 1.Lâminas sabidamente positivas para BAAR (M. tuberculosis) para serem coradas pelo método de Ziehl-Neelsen (vide método abaixo). 2.Várias culturas de BAAR, em especial M. tuberculosis, e algumas microbactérias oportunistas. Bactérias com pigmentação como: M. kansasii, M. gordonae; e, outras não cromogênicas como: M. avium e/ou M. intracellulare; 3.Bateria de corante para coloração de Ziehl-Neelsen. Procedimento 34 1. Esfregaço, já fixado, de secreção pulmonar (escarro); 2. Realizar a coloração pela técnica de Ziehl-Neelsen para observar os BAAR; 3. Coloração de Ziehl Neelsen: a) Cobrir os esfregaço com fucsina de Ziehl. Aquecer até a emissão de vapores (Não deixar o corante secar). Esperar 5 minutos; b) Lavar com água corrente; c) Descorar com álcool (97%), ácido clorídrico (1%); d) Lavar em água corrente; e) Corar com azul de metileno por 1 minuto; f) Lavar e secar; g) Observar ao microscópio as lâminas coradas; h) Como se apresentam os BAAR. 9 DIAGNÓSTICOS LABORATORIAIS Fonte: www.estudopratico.com.br Infecções do Trato Urinário Introdução 35 Na infância, as infecções do trato urinário (ITUs) podem ser encontradas em qualquer idade, podendo ter início no período neonatal. A incidência de infecções do trato urinário em lactantes, até seis meses, é de 2 casos por 1.000 nascidos vivos. Muitas vezes ocorrem bacteremias. Durante o período pré-escolar as infecções do trato urinário são mais comuns no sexo feminino. Quando ocorre em meninos, habitualmente está associada a anomalias congênitas. As ITUs na infância, principalmente nas meninas, comumente são assintomáticas e podem ser recidivantes. Na idade adulta, a prevalência de bacteriúria aumenta na população feminina. A prevalência de ITUs em mulheres jovens não grávidas é de aproximadamente 1 a 3%. Estima-se que cerca de 10 a 20% da população feminina apresenta, pelo menos, uma ITU em algum momento da vida. A relação sexual e o uso de diafragma são fatores de risco para ITU. Quadro clínico A infecção do trato urinário pode afetar apenas o trato urinário inferior ou o trato urinário superior, comprometendo um dos rins. O termo cistite tem sido utilizado para descrever uma síndrome que compreende: disúria, polaciúria, dificuldade de micção e, ocasionalmente, dor à palpação da região supra púbica. Entretanto, estes sintomas também podem estar associados à inflamação do trato urinário inferior, produzidos por uretrites, como a gonorreia ou a infecção por clamídias. A pielonefrite aguda é uma síndrome clínica que envolve o rim, caracterizada por dor e/ou sensibilidade à palpação no flanco, febre e frequentemente bacteriúria, sendo que, por vezes, ocorre disúria, polaciúria, dificuldade à micção e elevação das proteínas de fase aguda. Entretanto, 10 a 20% das infecções do trato urinário não podem ser classificadas como inferiores ou superiores. Bacteriúria assintomática A bacteriúria assintomática é frequentemente identificada em exames de triagem, pois não é acompanhada da sintomatologia comum à cistite ou à pielonefrite. A definição de bacteriúria assintomática para homens sem uso de cateter vesical corresponde ao isolamento bacteriano quantitativo em uma única amostra de urina, colhida de forma adequada, de ≥ 105 UFC/mL. No caso de uso de cateter vesical, o isolamento em uma única amostra valores ≥ 102 UFC/mL define bacteriúria 36 assintomática. Para mulheres, são necessárias duas amostras de urina com isolamento bacteriano ≥ 105 UFC/mL. Recidiva: recaída ou reinfecção? As infecções do trato urinário podem ser recidivantes. Nestes casos, é importante diferenciar se estamos diante de uma recaída ou uma reinfecção. A recaída de uma infecção se refere ao isolamento do mesmo microrganismo que estava presente antes de iniciar o tratamento. Esta situação frequentemente está associada à falha da terapêutica antimicrobiana, devido à resistência ou à dificuldade de penetração do antimicrobiano no foco de infecção. A reinfecção é uma infecção por um microrganismo diferente do inicial. É, de fato, uma nova infecção. Ocasionalmente, pode ocorrer reinfecção com o mesmo microrganismo, que pode ter persistido, principalmente na vagina. O termo pielonefrite crônica geralmente refere-se a alterações patológicas dos rins decorrentes de infecções de repetição ou recidivas. Entretanto, diversas entidades podem determinar alterações renais crônicas, como a nefropatia por anti- inflamatórios, as doenças vasculares e a nefropatia por ácido úrico. Muitas vezes, é difícil diferenciar as alterações ocasionadas por infecção das produzidas por outras complicações não infecciosas. Tipos de infecção urinária A infecção urinária pode ser sintomática ou assintomática, recebendo na ausência de sintomas a denominação de bacteriúria assintomática. Quanto à localização, é classificada como baixa ou alta. A ITU pode comprometer somente o trato urinário baixo, caracterizando o diagnóstico de cistite, ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o superior, configurando infecção urinária alta, também denominada de pielonefrite. A ITU baixa (cistite) apresenta-se habitualmente com disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor supra púbica. A febre nas infecções baixas não é um sintoma usual. O antecedente de episódios prévios de cistite deve sempre ser valorizado na história clínica. A urina pode se apresentar turva, pela presença de piúria, e/ou avermelhada, pela presença de sangue, causada pela presença de litíase e/ou pelo próprio processo inflamatório. A ITU alta (pielonefrite) se inicia habitualmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre elevada, geralmente superior a 38°C, 37 associada a calafrios e dor lombar uni ou bilateral. Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando presentes na maioria dos casos. A dor lombar pode se irradiar para o abdômen ou para os flancos ou ainda, para a virilha, situação que sugere mais fortemente a presença de litíase renal associada. Os sintomas gerais de um processo infeccioso agudo podem também estar presentes, e sua intensidade é diretamente proporcional à gravidade da pielonefrite. As infecções do trato urinário podem ser complicadas ou não complicadas, as primeiras têm maior risco de falha terapêutica e são associadas a fatores que favorecem a ocorrência da infecção. A infecção urinária é complicada quando ocorre em um aparelho urinário com alterações estruturais ou funcionais ou quando se desenvolve em ambiente hospitalar. Habitualmente, as cistites são infecções não complicadas enquanto as pielonefrites, ao contrário, são mais frequentemente complicadas, pois em geral resultam da ascensão de microrganismos do trato urinário inferior e estão frequentemente associadas à presença de fatores complicadores. Um paciente é considerado portador de ITU de repetição quando acometido por 3 ou mais episódios de ITU no período de doze meses. Quanto a presença de fatores predisponentes ou agravantes as Itus são classificadas em dois grupos: ITU não complicada: ocorre primariamente em mulheres jovens sexualmente ativas sem anormalidade anatômica ou funcional do aparelho geniturinário. ITU complicada: ocorre em indivíduos que já possuem alguma anormalidade estrutural ou funcional do processo de diurese, presença de cálculos renais ou prostáticos, doenças subjacentes em que haja predisposição a infecção renal (diabetes delitos, anemia falciforme, doençapolicística renal, transplante renal) ou na vigência de cateterismo vesical, instrumentação ou procedimentos cirúrgicos do trato urinário. Pelo maior risco, as Itus em crianças, gestantes, homens e infecções do trato urinário alto são consideradas infecções complicadas. Patogênese 38 As três possibilidades de um microrganismo alcançar o trato urinário e causar infecção são: Via ascendente: o microrganismo poderá atingir através da uretra, a bexiga, ureter e o rim. Esta via é a mais frequente, principalmente em mulheres (pela menor extensão da uretra) e em pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário. Via teratogênica: ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser comprometido em qualquer infecção sistêmica; é a via de eleição para ITU (s) por alguns microrganismos como Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculoses, Citoplasma spp., sendo também a principal via das ITU (s) em neonatos. Via linfática: é rara embora haja a possibilidade de microrganismos alcançarem o rim pelas conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o trato urinário inferior e superior. Após o microrganismo atingir o trato urinário poderá ocorrer ou não infecção na dependência dos seguintes fatores: Adequação dos mecanismos de defesa do hospedeiro Propriedades antibacterianas da urina (elevada osmolalidade e baixo ph) e da mucosa do trato urinário (citocinas, mecanismos antiaderência). Efeito mecânico da micção. Resposta imune e inflamatória. Integridade anatômica e funcional das vias urinárias. Tamanho do inóculo (quanto maior o inóculo que alcança o rim, maior a chance de infecção). A medula renal é altamente susceptível a infecção por baixas contagens bacterianas, ocorrendo o inverso no córtex renal. Virulência do microrganismo Aderência às células uroepiteliais e vaginais Resistência à atividade bactericida do soro Produção de hemolisina e fator citotóxico necrotizante tipo i. Nos pacientes com cateterismo vesical, os microrganismos atingem a bexiga através de três caminhos: - no momento da inserção do cateter - através da luz do cateter - através da interface mucosa-cateter 39 Por outro lado, os fatores envolvidos na fisiopatogênese das infecções urinárias associadas ao uso de cateteres vesicais são: - fenômenos inflamatórios locais (corpo estranho). - eliminação dos mecanismos habituais de defesa (esvaziamento incompleto da bexiga, alterações da imunidade local, via aberta de passagem até a bexiga). - obstrução mecânica das glândulas periuretrais (facilitando quadros de uretrites e epididimites). Nos pacientes com prostatite ou epididimite, os microrganismos atuam, principalmente, através do refluxo da urina infectada nos ductos prostáticos e ejaculatórios. Diagnóstico O termo bacteriúria refere-se à presença de bactérias na urina, sem invasão tecidual. Na ITU ocorre invasão tecidual por estes microrganismos, causando inflamação local, que gera sinais e sintomas característicos desta infecção. O diagnóstico de ITU baseia-se na presença de bacteriúria associada aos sinais e sintomas que denotem inflamação de segmentos do trato urinário. A infecção urinária é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 100.000 unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 ufc/mL) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, infecção crônica, uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 10000 colônias (10.000 ufc/mL). Para pacientes cateterizados e mediante realização de assepsia rigorosa contagem superiores a 100 UFC/mL podem ser consideradas significativas. O nível de bacteriúria significativa pode variar de acordo com a forma de coleta da amostra de urina, o fluxo urinário, a presença e o tempo de permanência do cateter urinário e até com o microrganismo isolado. Microrganismos com crescimento mais lento, como Enterococcus sp e Candida sp, podem requerer mais tempo para atingir contagem mais elevada de colônias. A coleta de urina para cultura pela micção deve ser realizada após limpeza genital externa e rigor de antissepsia. Nos pacientes cateterizados, é recomendada a coleta por meio da punção do sistema de drenagem no local especialmente designado, após rigorosa desinfecção com álcool a 70% deste local, mantendo-se o sistema fechado. 40 No ambiente hospitalar o diagnóstico de ITU é complicado por diversos fatores. A presença de cateter urinário dificulta ou impede a verificação dos sinais e sintomas associados à ITU. A sensação de disúria, de urgência miccional ou de desconforto supra púbico podem estar relacionados à presença do cateter urinário, independentemente da existência de ITU. Tendo em vista as dificuldades diagnósticas é comum encontrar disparidade das taxas de infecção urinária nosocomial entre diferentes instituições. A identificação de sintomas de infecção urinária em idosos e pacientes em estado confusional agudo representa dificuldade adicional. Importante ressaltar que a ausência dos sintomas clássicos não exclui o diagnóstico de ITU. É comum que em pacientes idosos a única manifestação clínica presente seja a alteração do nível de consciência associada à confusão mental. Por outro lado, a ocorrência de bacteriúria assintomática em idosos é muito frequente. Estima-se que a bacteriúria assintomática acometa cerca de 11 a 25% dos pacientes idosos sem cateterismo vesical intermitente, com resolução espontânea na maioria das vezes. Em virtude desta dificuldade diagnóstica e com o objetivo de manutenção de vigilância epidemiológica adequada recomenda-se a utilização do desenvolvimento de bacteriúria como critério definidor da ITU. A infecção urinária deve ser classificada em ITU sintomática ou bacteriúria assintomática. A maioria dos casos de ITU hospitalar ocorre após cateterização do trato urinário. Cerca de 80% das ITUs hospitalares são associadas ao uso de cateter vesical e 5 a 10% a outras manipulações do trato urinário. Aproximadamente 10% dos pacientes são cateterizados durante internação hospitalar, com duração média de 4 dias. Entre 10 a 20% dos pacientes cateterizados desenvolvem bacteriúria e 2 a 6 % desenvolvem sintomas de ITU. Sondagem urinária por período superior a sete dias é associada ao desenvolvimento de ITU em até 25% dos pacientes, com risco diário de 5%. Os exames complementares que podem ser úteis para o diagnóstico de ITU incluem: (1) Urina rotina, (2) Urocultura (Exame definidor do diagnóstico), (3) Antibiograma; e em casos selecionados, (4) Hemocultura (Em casos de pielonefrite) e (5) Exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia com putadorizada Ressonância Magnética). 41 Sinais e sintomas clínicos específicos Neonatos e crianças até dois anos de idade com ITU (s) podem ser totalmente assintomáticos ou apresentarem sintomas inespecíficos como: irritabilidade; diminuição da amamentação; menor desenvolvimento pondero-estatural; diarreia e vômitos; febre e apatia, etc. Cerca de 7% dos casos podem estar acompanhados de icterícia e de hepato-esplenomegalia. Crianças maiores já podem relatar sintomas como: disúria, frequência e dor abdominal. No diagnóstico de ITU em crianças menores de dois anos, pode ser feita apenas uma triagem com a urina obtida por coletor, se negativa tem valor diagnóstico de exclusão, mas se positiva, com ou sem leucocitúria, o diagnóstico final depende de coleta por punção supra púbica ou de urina obtida por sondagem vesical. Em crianças maiores de dois anos com controle esfincteriano, pode-se utilizar a urina de jato médio. Adultos com ITU baixa, limitada a uretra e bexiga, geralmente apresentam disúria frequente, urgência miccional e ocasionalmente dor na região particularmente pielonefrite, são frequentemente acompanhadas pelos mesmossintomas das infecções baixas, além supra púbica. As ITUs altas, particularmente pielonefrite, são frequentemente acompanhadas pelos mesmos sintomas das infecções baixas, além de dor nos flancos e febre. Bacteremia quando presente poderá confirmar um diagnóstico de pielonefrite ou prostatite. Agentes etiológicos das infecções do trato urinário A flora normal da região periuretral é definida de acordo com a faixa etária e condições do paciente e, raramente, causam ITUs apresentando em geral contagem de colônias menor que 1000 UFC/ml, sendo constituída de: Streptococcus viridans, Corynebacterium spp. (difteróides), Staphylococcus spp. (exceto Staphylococcus aureus e S. saprophyticus), Lactobacillus spp. Manifestações clínicas e microrganismos frequentemente associados com os vários tipos de ITUs. T ra to U ri n á ri o A lt o Tipo de Infecção Manifestação clínica Microrganismo isolado Diagnóstico e contagem de colônias (UFC/ml) 42 Pielonefite Aguda: febre, náusea, calafrios, vômito, dor no flanco Crônica: assintomática Enterobactérias: E. coli e outros grams negativos, Enterococcus e Staphylococcus aureus ≥ 105 T ra to i n á ri o B a ix o Cistite Disúria e frequência Escherischia coli e outros grams negativos, S. saprophyticus, Enterococcus ≥ 105 Uretrite Disúria, frequência, corrimento uretral Chlamydia Trachomatis (a) Mycoplasma hominis (b) Ureaplasma urealyticum (c) Neisseria gonorrhoeae (d) Trichomonas vaginalis (e) Cândida albicans e spp. (f) Urocultura negativa a) Diagnóstico por IFD b) e c) secreção uretral semeada em meios de cultura específicos. Alguns kits permitem contagem de colônias - ≥ 104 ucf/ml d) cresce em ACH e TM e) exame direto de jato inicial de urina centrifugada f) podem crescer em ágar sangue ou CLED Prostatite Aguda: febre, calafrios, dor lombar Crônica: assintomática ou semelhante aos sintomas da aguda N. gonorrhoeae, E. coli, Proteus spp. e outras enterobactérias Menos frequente: Enterococcus spp. P. aeruginosa e Chlamydia trachomatis* Questionável: micoplasmas Urocultura ou cultura da secreção prostática ≥ 103 ucf/ml *diagnóstico por IFD 43 In fe c ç ã o H o s p it a la r d o a to U ri n á ri o Cistite Pielonefrite Disúria e frequência urinária na presença de SVD pode ser assintomático Escherischia coli e outras enterobactérias P. aeruginosa Acinetobacter spp., Enterococos Cândida albicans, C. glabrata e Cândida spp. Staphylococcus coag. Neg ≥ 105 10 EXAME DE URINA Indicação: Orientar a investigação de alterações relacionadas ao trato urinário, como na suspeita de lesão renal primária ou secundária, proteinúria, infecção do trato urinário, nefrolitíase e, em alguns casos, estabelecer o diagnóstico. Método do exame Material Biológico: Amostra urinária recente; A primeira urina da manhã é a melhor amostra para o exame de rotina; As amostras de jato médio são as mais utilizadas, o paciente deve ser instruído para iniciar a micção e, após a emissão de metade da urina presente na bexiga (cerca de 200 ml), coletar a amostra subsequente (15- 50 ml) no recipiente, desprezando o restante da micção; A amostra urinária deve ser encaminhada ao laboratório idealmente até 2 h ou, no máximo, 4h. Metodologia Exame físico Análise visual (cor e aspecto) Exame do sedimento Microscopia direta 44 Citometria de fluxo Exame químico Leitura de tiras (visual e refletometria) Interpretação Características físicas Aspecto e cor A cor normal da urina provém da presença de urocromos (que são pigmentos excretados na urina), concentração e pH. A cor ou o aspecto anormais da urina podem ser explicados por diversas condições. Densidade Os limites fisiológicos variam de 1.003 – 1.030. A densidade da urina pode ser elevada pela presença aumentada de solutos ou por moléculas com elevado peso molecular, como glicose, meios de contraste, manitol e alguns antibióticos. Há uma redução da densidade urinária com a idade e queda da função renal com o uso de diuréticos. Uma densidade fixa de 1.010 é característica da doença renal crônica. Pacientes com história de cálculo urinário se beneficiam com a manutenção de uma urina mais diluída, podendo ser útil o monitoramento da densidade urinária. Tabela 1 Aspecto macroscópico da urina: Aspecto Causa Leitoso Urina ácida-cristais de urato-fosfatos insolúveis; infecção- pus; espermatozoides; quilúria. Rosa esfumaçado Hematúria (> 0,54 ml de sangue/L de urina). Espumosa Proteinúria Azul ou verde Infecção do trato urinário por Pseudomonas; bilirrubina; azul de metileno. Rosa ou vermelho Corante de anilina em doces; porfirinas (em repouso); sangue; hemoglobina; mioglobina; fármacos; fenindiona e fenolftaleína; antocinaniúria (beterraba). 45 Laranja Fármacos; antracnonas (laxativos) e rifampicina; urobilinogenúria. Amarelo Mepacrina, bilirrubina conjugada; fenacetina; riboflavina. Castanho ou preto Melanina (em repouso); mioglobina (em repouso); alcaptonúria. Verde ou preto Fenol; Lisol. Castanho Fármacos; fenazopiridina, furazolidona, L-dopa e niridazol; hemoglobina e mioglobina (em repouso); bilirrubina. Características químicas pH- O pH urinário pode variar de 4,5 a 7,8 Hemoglobina- A fita de teste para hemoglobina não é específica para eritrócitos e deve ser utilizada apenas como triagem da hematúria; se positiva na ausência de células vermelhas na análise microscópica do sedimento urinário, pode dever-se à mioglobinúria. Falso-positivo: fenazopiridina ou contaminação bacteriana na amostra. Falso-negativo: infecção por Enterococcus, Streptococcus faecalis, Neisseria gonorrhoeae, Mycobacterium tuberculosis ou outros microorganismos que não convertem nitrato em nitrito, ácido ascórbico, armazenamento na bexiga por tempo insuficiente previamente à coleta (< 4 h). Estearase Leucocitária- Utilizada como teste de rastreamento para infecção urinária. Falso-positivo: contaminação vaginal Falso-negativo: ácido ascórbico, ácido clavulânico, tetraciclina, cefalotina, cefalexina, imipenem, meropenem, albumina, glicosúria, e excreção de oxalato. Sedimento urinário Cilindros São precipitados proteicos moldados na luz do túbulo, podendo conter ou não inclusões de células, de bactérias e de lipoides. Na maioria dos casos, não são detectados no sedimento urinário normal, e, portanto, sua presença geralmente indica doença renal intrínseca. 46 Urocultura Indicações: Diagnóstico laboratorial de infecção urinária inferior e/ou superior. Definição da etiologia da infecção e realização do teste de sensibilidade aos antibióticos com subsídio para a conduta terapêutica. Controle pós-tratamento antibiótico. Método do exame Material biológico: Amostra de jato médio de urina coletada assepticamente: após a higiene da região genital, desprezar-se o 1º jato de urina e coletar-se o jato médio em frasco estéril. Amostra de urina coletada por punção suprapúbica (PSP): coletada com seringa e agulha diretamente por punção vesical. Indicada especialmente em crianças < 2 anos. Amostra de urina coletada por sondagem vesical. Após desinfecção com álcool 70%, pinçar-se e puncionar-se a cânula, retirando-se até 10 ml de urina. Amostra de urina coletada por saco coletor: Após higiene da região genital, fixar-se o saco coletor, que deverá ser trocado a cada 45 min. Assim que obtida a amostra, deve-se retirar o saco cuidadosamente, fechá-lo e enviá-lo imediatamente ao laboratório. Volume da amostra: Volume mínimo para urocultura: 2 ml Estabilidade da amostra: Amostras de urina devem ser processadas em, no máximo, 2 h após a coleta e em até 24 h, se mantidas sob refrigeração (2a 8 ºC). Realização da urocultura: Homogeneizar a urina. Com o auxílio de uma alça bacteriológica calibrada, inocular volume-padrão (0,01 ml ou 0,0001 ml de urina) em meio de cultura adequado. Incubar a amostra por 18-24h em estufa a 35 +- 1 ºC. Aplicar o fator de multiplicação conforme volume inoculado. Identificar potenciais patógenos. Realizar o teste de sensibilidade aos antibióticos quando pertinente. Interpretação 47 O crescimento de 105 UFC (unidades formadoras de colônia) por mililitro de urina coletada assepticamente sugere a presença de infecção do trato urinário, desde que acompanhado por achados clínicos e/ou laboratoriais (exame qualitativo ou comum de urina- EQU) que corroborem o diagnóstico. O mesmo resultado possui uma alta especificidade para o diagnóstico etiológico da infecção. Lembretes Infecções do trato urinário adquiridas na comunidade têm como principais agentes etiológicos: Escherichia coli, Staphilococcus saprophyticus, Proteus spp., Klebsiella spp. e Enterococcus faecalis, sendo a E. coli a responsável por mais de 85% das infecções comunitárias. No entanto, quando as infecções são adquiridas no hospital, a etiologia é bastante diversa, com um decréscimo na participação da E. coli e aumento na participação de outros agentes, como: outras enterobactérias, especialmente Proteus spp. e Klebisiella spp.; bacilos Gram-negaticos não fermentadores da glicose, como a Pseudomonas aeruginosa e o Acinetobacter baumannii; cocos gram-positivos, como Staphylococcus aureus e E. faecalis; e, ainda, a participação de leveduras, especialmente do gênero Candida. Na maioria das vezes, em imunocompetentes, a urina de pacientes com infecção urinária apresenta uma resposta inflamatória intensa, com um grande número de leucócitos no sedimento urinário. A microscopia direta da amostra evidenciando a presença de um ou mais microorganismos por campo examinando em lâmina corado pelo método de Gram é indicativa de contagens > 10 5 UFC/ml. A combinação da presença de microrganismos na microscopia com a presença de leucócito esterase e nitrito na análise química da urina apresenta um bom valor preditivo de infecção, devendo, portanto, acompanhar a realização da urocultura. Mesmo quando a coleta é executada seguindo recomendação- padrão, a urina está sujeita à contaminação com microbiota genital e/ou epitelial. Sendo assim, o crescimento de 3 ou mais microrganismos indica a necessidade de nova coleta após rigorosa assepsia. Configuram exceção as urinas coletadas por sondagem, uma vez que, nestes pacientes, as infecções urinárias por múltiplos microrganismos (polimicrobianas) são mais frequentes. 48 O uso de meios cromogênicos facilitou muito a rotina dos laboratórios de microbiologia, permitindo a identificação presuntiva de bactérias de modo mais rápido. Dosagem de proteinúria Indicações: Avaliação de doença renal na população em geral e principalmente em populações de risco para nefropatia, como indivíduos diabéticos, hipertensos, com doença vascular ou com doença vascular ou com histórico familiar de doença renal. O método semiquantitativo da fita reagente, utilizado no exame qualitativo de urina (EQU), é o mais utilizado para fins de triagem. Método do exame Material biológico: Amostra de urina coletada- preferencialmente a primeira urina da manhã- para a realização do exame comum de urina (fita reagente) ou do índice proteína/creatina. Coleta de urina durante 6,12 ou 24 h para a realização da dosagem da proteinúria em um tempo determinado. Metodologia Fita reagente (multisticks): reação colorimétrica entre a albumina e o tetrabromofenol azul, produzindo uma coloração tanto mais intensa quanto maior for a concentração de proteínas urinárias. Detecta apenas a perda de proteínas à custa de albumina. Método turbidimétrico (teste do ácido sulfossalicílico): reação das proteínas presentes na amostra com ácido sulfossalicílico. Quantifica a proteinúria entre 0 e 4+, conforme o grau de turbidez da amostra. Esse exame detecta todos os tipos de proteínas, inclusive as de cadeias leves. Dosagem de proteína ou albumina: emprega o método de nefelometria. Dosagem de creatinina: frequentemente realizada pelo método de Jaffé. A classificação da proteinúria conforme o método diagnóstico empregado está descrito na tabela abaixo: 49 Tabela 1 Classificação da proteinúria conforme o método utilizado Normal Microalbuminúria Albuminúria Proteinúria Fita reagente Negativo Negativo (1+ a 4+) * (1+ a 4+) Amostra isolada < 20 mg/g 30 a 300 mg/g > 300 mg/g > 200 a 300 mg/g Urina de 24 h 15-150 mg/dia 30 a 300 mg/dia > 300 mg/dia > 150 mg/dia *Deve-se utilizar fita específica para medir albumina 11 INFECÇÕES DE OSSOS E ARTICULAÇÕES Fonte: www.fcnoticias.com.br Introdução O tecido ósseo normal apresenta resistência natural às infecções, que, no entanto, podem ocorrer quando este tecido é traumatizado, sua nutrição comprometida, pela presença de inóculo microbiano significativo e/ou presença de corpo estranho. Um processo infeccioso agudo do tecido ósseo caracteriza a 50 osteomielite aguda, que na ausência de tratamento ou tratada de forma inadequada evolui a partir de 10 dias para osteomielite crônica, com necrose tecidual, processo inflamatório, presença de pus, sequestro ósseo, podendo comprometer partes moles e podendo drenar através de fístula, com evolução lenta por semanas meses ou anos. O inóculo bacteriano comumente é introduzido pelo trauma, contiguidade (úlceras), via hematogênica (bacteremia ou êmbolo), introdução de corpo estranho (próteses) e quebra de barreiras (procedimentos cirúrgicos), etc. A correta identificação do agente etiológico e seu teste de sensibilidade aos antimicrobianos é de fundamental importância para as perspectivas de sucesso terapêutico. Não se recomenda fazer avaliação microbiológica com base em material obtido com swab do orifício de drenagem de fístula, de ferida, úlcera, etc. A amostra clínica para o isolamento do agente deve ser obtida por procedimento cirúrgico ou por punção biópsia aspirativa com técnica asséptica e material suficiente para: Bacterioscopia pelo Gram, e quando indicado coloração de Ziehl Neelsen Exame histopatológico (recomendável) Cultura para bactérias aeróbias e facultativas Caso indicado cultura para fungos, microbactérias e anaeróbios. Microrganismos Mais Frequentes Osteomielite Hematogênica – Staphylococcus aureus, Staphylococcus spp., S. agalactiae (recém-nascido), Salmonella spp., Pseudomonas aeruginosa, Cândida spp. (cateter). Artrite séptica Neisseria gonorrhoeae Staphylococcus aureus Streptococcus pyogenes Streptococcus pneumoniae Exame do Líquido Sinovial 51 Indicações: Diagnóstico diferencial de monoartrites e oligoartrites. Artrite séptica. Artrite induzida por cristais (gota e pseudogota). Contraindicações: Absoluta: infecções de partes moles no sítio da punção; risco de introdução de germes na cavidade sinovial e indução de artrite séptica. Relativa: anticoagulação: pacientes com hemofilia e CIVD devem receber fatores de coagulação/ plasma antes da artrocentese. Método do exame Material biológico: Líquido sinovial (através de punção), frasco com heparina ou EDTA, 4 ºC, analisar prontamente. Metodologia: Avaliação macroscópica. Microscopia óptica simples e com luz polarizada. Contagem de células e diferencial (Wright) Gram e cultura (ágar chocolate sem preservantes) Testes especiais Suspeita de ombro de Milaukee: pesquisa de cristais de hidroxipatita com vermelho de alizarina. Monoartrite subaguda e oligoartrites refratárias: culturas especiais para fungos e Microbactérias, PCR de líquido sinovial ou, preferencialmente, de biópsia sinovial.
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