Descrição de atividades laborais e elaboração de ordens de serviço

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Segurança do trabalho
Descrição de atividades laborais e
elaboração de ordens de serviço
Introdução
Para realizar alguns procedimentos na área de segurança do trabalho, é
necessário conhecer as rotinas dos trabalhadores, os processos e a forma como
estes são realizados. Essas informações podem servir de base para conduzir
uma análise de risco, construir procedimentos de trabalho, definir estratégias de
controle e até mesmo propor novas formas de execução das tarefas.
Mesmo que o técnico em segurança do trabalho já esteja habituado ou já
conheça as rotinas de trabalho dos colaboradores, elas devem ser
documentadas para garantir que os requisitos normativos sejam atendidos e
realizados sobre uma base comum.
Um dos requisitos normativos de caráter fundamental é a ordem de serviço
de segurança e saúde no trabalho. Ela é um documento que contém as
principais orientações ao trabalhador para evitar a ocorrência de acidentes e o
desenvolvimento de doenças ocupacionais.
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Descrição de atividades laborais
Para elaborar ou revisar documentos que contenham a descrição das
atividades laborais de um trabalhador, é imprescindível fazer um levantamento
de campo. Tal levantamento envolve uma etapa de entrevistas com o
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Ainda, quando alguma alteração importante ocorre, como mudança de função
do trabalhador, inserção e operação de novas máquinas, mudança dos sistemas de
proteção e das formas de controle, uma revisão da documentação é necessária.
Sempre que houver uma atualização, é importante manter alguma forma de
controle sobre os documentos (por exemplo, controle de versão, forma de
arquivamento e divulgação).
Para realizar as entrevistas e o levantamento de campo, alguns pontos
importantes devem ser revisados. São eles:
Atividades desempenhadas
Todas as atividades que são realizadas pelo trabalhador, inclusive as não
rotineiras, tais como manutenção, devem ser descritas.
Como as atividades são desempenhadas
Quando o processo de trabalho é complexo e envolve um risco substancial,
como na manutenção de rede elétrica energizada, pode ser interessante descrever o
processo por etapas. Para outros casos, de menor complexidade, como nas
trabalhador para obter informações sobre a rotina deste – mesmo quando já
existe um documento com essas informações –, pois o trabalho prescrito pode
diferir do trabalho real e ainda ser uma consequência natural devido às
mudanças de equipamentos ou de tecnologia de produção, por exemplo.
Não há uma frequência para a realização das entrevistas ou das revisões.
Contudo, pode-se determinar algum padrão de gestão da empresa que exija
uma revisão com intervalos de tempo fixos.
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atividades desempenhadas por um pintor (que não envolvam trabalho em altura), às
vezes uma descrição geral é suficiente.
Indicação ou não de uso de equipamentos e máquinas, forma como a atividade
é realizada (manualmente, por exemplo), postura de trabalho, entre outros, são
exemplos de informações importantes para o levantamento.
Perigos envolvidos
Todos os perigos associados à atividade ou pelo menos os riscos ocupacionais
envolvidos devem ser descritos. Em uma etapa posterior, é necessário identificar as
consequências para a segurança e para a saúde que decorrem da exposição aos
riscos ocupacionais.
Ambiente de trabalho
Eventualmente, o ambiente de trabalho pode oferecer perigos adicionais aos
trabalhadores. Por exemplo, uma atividade de inspeção de peças automotivas que
ocorre em área de produção pode expor o trabalhador ao ruído de máquinas.
Outros exemplos de situações que podem envolver perigos adicionais são
trabalho em ambientes alagadiços, trabalho em áreas classificadas (áreas com
potencial de formação de atmosferas explosivas), atividades com exposição à carga
solar, à radiação ultravioleta (como em atividades realizadas na presença de solda
elétrica).
Os perigos adicionais exemplificados podem ser tratados diretamente na etapa
de identificação de perigos, desde que o responsável pelo levantamento considere o
ambiente onde ocorre a atividade.
Controles existentes
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Durante o levantamento das demais informações, devem-se coletar dados
sobre as medidas de proteção empregadas. Tais medidas são aquelas já aplicadas
para controle na fonte, controle na trajetória e controle no receptor.
Quando existentes, as medidas de controle devem ser verificadas em campo e
depois confrontadas com os documentos ou as análises que definiram o tipo e as
formas de uso dessas medidas, incluindo limitações ou restrições de emprego. Em
atividades que envolvam diferentes riscos ou níveis diferentes de riscos, é
necessário relacionar cada etapa com os controles empregados.
O número de informações a serem coletadas depende do propósito de uso dos
dados obtidos. Quando a empresa não conta com uma cultura de segurança ou
quando existem pontos falhos no gerenciamento desta, um número maior de
informações deve ser coletado visando a atender às normas regulamentadoras
(NRs), mantendo a empresa dentro de um nível aceitável de gestão de segurança.
Esses dados são utilizados na elaboração de programas, na definição de
procedimentos e treinamentos e em análises de risco.
Caso haja a necessidade de um trabalho que abranja toda a empresa ou um
grande número de atividades e trabalhadores, é preciso, antes do início do
levantamento, fazer um planejamento que priorize aquelas atividades de caráter
crítico.
As atividades críticas envolvem perigo imediato à vida ou à saúde (por
exemplo, atividades com movimentação de grandes cargas; em espaços confinados
e em altura; em rede elétrica energizada; com manuseio de substâncias
carcinogênicas; com exposição a fontes radioativas; em ambientes hiperbáricos).
Independentemente dos objetivos do levantamento de informações, a
identificação de perigos ou riscos ocupacionais deve ser realizada separadamente
da avaliação do nível de risco.
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O nível de risco deve ser definido em etapa posterior, pois poderão existir
condições para que determinado risco, considerado inicialmente irrelevante, seja,
após uma análise mais detalhada, considerado importante.
Eventualmente, para fazer os levantamentos, não é possível dispor de um
equipamento eletrônico, como um computador, para realizar as anotações. Sendo
assim, é interessante ter um modelo (figura 1) para uso em campo. O uso de um
modelo auxilia a manter uma organização nos dados e também ajuda a não
esquecer alguma informação.
Além disso, na descrição das atividades laborais, a linguagem utilizada deve
ser clara. Embora não seja obrigatório, é preferível utilizar verbos no infinitivo,
conforme exemplos a seguir.
Figura 1 – Exemplo de planilha de campo
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Clique para baixar o conteúdo em PDF.
(objetos/levantamento_campo.pdf)
Exemplo 1
Empresa: clínica odontológica.
Função: clínica odontológica.
Descrição das atividades: auxiliar em cirurgias odontológicas; recolher material de
uso odontológico (instrumentação) e resíduos originados no processo; esterilizar
material odontológico por meio de higienização com produto de limpeza (detergente
enzimático) e passagem em autoclave; operar equipamento manual do tipo seladora;
operar equipamento de raios X móvel, para radiografias da arcada dentária; revelar
as imagens dos raios X com revelador e fixador específicos.
Exemplo 2
Empresa: hotel.
Função: auxiliar de manutenção.
Descrição das atividades: auxiliar na execução das atividades de manutenção
preventiva, baseando-se em check list; verificar e inspecionar o funcionamento de
bombas e caixa d’água, iluminação, caldeira; ler e registrar o consumo de gás, água
e energia elétrica; executar manutenção corretiva nos apartamentos envolvendo
elétrica e hidráulica; realizar pequenos reparosde alvenaria e marcenaria;
inspecionar os equipamentos de combate a incêndio.
Ordem de serviço de segurança e saúde no
trabalho
https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-5965003-dt-content-rid-180620231_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC02/conteudo/18_descricao_atividades/objetos/levantamento_campo.pdf
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A ordem de serviço é um documento fundamental na área de segurança do
trabalho e tem como objetivo principal organizar as informações sobre aspectos
relacionados à segurança dos trabalhadores, visando a prevenir as ocorrências de
acidentes e as doenças ocupacionais.
A exigência legal de tal documento está na NR-1, item 1.4.1, subitem c. A
norma permite que a ordem de serviço seja substituída por procedimentos de
trabalho ou outras instruções relativas à segurança e à saúde no trabalho. Embora a
norma exija o documento, ela não definiu um modelo ou um conteúdo mínimo,
ficando a critério da área técnica definir o melhor formato.
Como a ordem de serviço agrega informações, a construção dela depende de
outros dados. O início da elaboração desse documento – e de muitos documentos
de segurança e saúde no trabalho – requer o conhecimento das atividades que
serão desenvolvidas e dos perigos à segurança e à saúde associados à atividade.
Após a etapa de mapeamento das atividades (figura 1), prossegue-se para
uma análise preliminar de riscos (APR), a qual leva em conta três parâmetros:
gravidade da lesão ou da doença relativa ao risco; frequência de exposição ao risco;
e probabilidade de ocorrência da lesão ou da doença.
Quando um risco é classificado como relevante na APR, medidas para
controlá-lo são propostas. Caso já haja um conjunto de medidas de controle, estas
são avaliadas no momento em que o parâmetro “probabilidade de ocorrência da
lesão ou da doença” é avaliado.
Quando a APR estiver concluída, em alguns casos é preciso, para as
atividades críticas, elaborar permissões de trabalho. A permissão de trabalho
(PT) é um documento estruturado como uma check list, no qual todos os
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Os requisitos da PT também podem ser oriundos das NRs que determinam
certas condições obrigatórias para a atividade. Por exemplo, a NR-33, que trata de
espaços confinados, exige a disponibilidade de equipe de resgate de emergência.
Portanto, um dos pontos da PT é a disponibilidade da equipe.
Na NR-33, tal permissão é chamada de PET (permissão de entrada e trabalho).
Independentemente da exigência de uma PT (ou PET), os requisitos normativos que
se relacionam às atividades ou aos riscos ocupacionais devem ser considerados
para a elaboração das ordens de serviço.
Concluídas tais etapas, um treinamento deve ser estruturado com base na
análise de riscos e em algumas NRs. Nesse momento, a ordem de serviço de
segurança e saúde no trabalho já pode ser desenvolvida ou atualizada. Assim,
quando o trabalhador ingressar em suas rotinas, ele já terá recebido as instruções
de segurança e uma via da ordem de serviço. Aliás, quando o trabalhador receber a
sua via da ordem de serviço, é fundamental que ela possa ser rastreada.
Se a empresa não conta com um padrão estabelecido para a ordem de serviço,
um modelo inicial (figura 2) pode auxiliar na elaboração desse documento. Os
seguintes campos podem estar presentes:
Atividades desenvolvidas
Todas as atividades que são desenvolvidas em determinada função devem ser
descritas. Aqui também podem ser incluídas as atividades que o trabalhador não
está apto a executar, mas que guardam alguma relação com as rotinas dele. Se
forem incluídas, é importante ficar clara a diferenciação no texto. Um campo
adicional pode ser criado, caso haja necessidade.
requisitos devem ser atendidos para que a execução da atividade seja liberada.
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Riscos na atividade
Os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes inerentes à
atividade e ainda aqueles oriundos do ambiente de trabalho devem ser descritos.
Quando vários riscos se apresentam, é útil separá-los por tipo de atividade
desenvolvida.
Medidas preventivas gerais
As formas de proteção existentes para prevenção de acidentes e doenças
ocupacionais devem ser mencionadas. As medidas preventivas gerais contemplam
as medidas de ordem e de organização do trabalho. Quando é preciso utilizar outros
documentos, eles podem ser referenciados aqui. Equipamentos de proteção
individual (EPIs) não são descritos neste campo.
EPIs
Os EPIs a serem utilizados em cada etapa das atividades devem ser citados.
Como os EPIs podem variar em função do tipo de risco ou da intensidade deste, um
campo exclusivo é mais adequado.
Normas internas
Algum padrão determinado pela empresa e que deve ser seguido pelo
trabalhador precisa ser estipulado e descrito neste campo. Inclusive, quando este
campo existir, pode fazer referência a outros documentos.
Treinamentos recebidos
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Aqui devem ser listados os treinamentos recebidos pelo funcionário até a data
de emissão da ordem de serviço. Tal menção não substitui os registros de
treinamentos.
Procedimento em caso de acidente
Em caso de acidente de trabalho, deve ser descrito o que trabalhador deve
fazer. Uma informação básica deste campo é o setor da empresa ou quem deve ser
comunicado em caso de ocorrência do acidente.
A estrutura da ordem de serviço pode incluir um campo de termo de
responsabilidade, no qual o trabalhador é advertido sobre as consequências do
descumprimento do estabelecido no documento.
Embora esse documento seja um guia para a adoção de práticas seguras pelos
trabalhadores, ele não elimina as inspeções de campo realizadas pelo técnico em
segurança do trabalho.
As inspeções têm caráter preventivo e não punitivo. Assim, se algum desvio é
constatado, deve ser verificado se as instruções foram passadas em linguagem
adequada para os trabalhadores, se eles entendem a importância das proteções
empregadas e se os equipamentos de proteção são substituídos com a frequência
determinada.
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Figura 2 – Exemplo de ordem de serviço
(objetos/ordem_servico.pdf)
Considerações finais
O conhecimento das atividades desempenhadas por um trabalhador,
considerando os perigos envolvidos e o ambiente de trabalho, constitui uma
etapa fundamental na prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais e que
deve ser documentada.
https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/pid-5965003-dt-content-rid-180620231_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC02/conteudo/18_descricao_atividades/objetos/ordem_servico.pdf
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Conhecer as atividades é a base para a elaboração de uma série de
documentos na área de segurança, tais como a ordem de serviço de segurança
e saúde no trabalho, já trabalhada neste conteúdo.
(#booklet)