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COLELITÍASE • Presença de pedras (cálculo) no interior da vesícula biliar; • Quando o colesterol, os sais biliares ou os bilirrubinatos são produzidos em excesso pelo fígado, há precipitação formando pequenos grânulos - estes grânulos iniciam a formação dos cálculos biliares o Relacionada a fatores metabólicos, hereditários e orgânicos do que à ingestão alimentar; • Em países desenvolvidos, 10% dos adultos e 20% das pessoas com idade > 65 anos têm cálculos; • A dor costuma aparecer 30 min a 2 horas após a refeição (depois da refeição que ocorre liberação de CCK, estimulando a vesícula a se contrair – a vesícula se contrai, mas está impactada e não consegue liberar o conteúdo); FATORES DE RISCO • Anemia hemolítica crônica; • Emagrecimento acentuado: aumenta a perda de colesterol na bile; • Gravidez; • Idade avançada; • Mulheres em idade fértil, principalmente por volta dos 40 anos; • Mulheres que tiveram múltiplas gestações; • Obesidade; • Pacientes submetidos a cirurgias gástricas; • Sedentarismo; • Uso de contraceptivos orais; • Úlceras duodenais; • Uso de dieta parenteral. • Algumas etnias (índios americanos); • Dieta de padrão ocidental; FISIOPATOLOGIA • Formação do cálculo: o Desequilíbrio entre soluto e solvente (mais soluto que solvente); o Reduz a atividade motora da vesícula – favorece a formação de cristais; o Estase: favorece a proliferação bacteriana – bactérias podem desconjugar a bilirrubina; • Barro biliar: precursor de cálculos - bilirrubinato de cálcio + colesterol em microcristais + mucina; o Desenvolve-se durante o “repouso ou estase” da vesícula biliar; TIPOS DE CÁLCULOS Cálculos de colesterol (amarelos): • Formados exclusivamente dentro da vesícula; • > 85% dos cálculos biliares nos países ocidentais; • Bile: supersaturada de colesterol - resulta da secreção excessiva de colesterol (obesidade ou diabetes) ou da diminuição da secreção de sais biliares (fibrose cística por causa da má absorção de sais biliares) ou da deficiência de lecitina (doença genética que cause colestase hepática familiar); • O excesso de colesterol precipita em microcristais sólidos - processo acelerado por mucina; • Os microcristais agregam-se - facilitada pela mucina, pela diminuição da contratilidade da vesícula biliar (que resulta do próprio excesso de colesterol na bile) e pelo alentecimento do trânsito intestinal, o que permite a transformação, por bactérias, do ácido cólico em ácido desoxicólico. • Sexo feminino e multiparidade; Obesidade; Diabetes; Doença ileal; Cálculos pigmentados pretos: • Pequenos, duros e compostos de bilirrubinato de cálcio e sais de cálcio inorgânicos; • Fatores de risco: doença hepática alcoólica, hemólise crônica e idade avançada; • Único tipo de cálculo identificável em raio-X (cálcio); Cálculos de pigmentos marrons: • Amolecidos, engordurados e são formados por bilirrubinato e ácidos graxos; • Formam-se durante processos infecciosos, inflamações e infestações parasitárias - infecção crônica biliar; • A maioria dos cálculos forma-se no interior da vesícula biliar, mas os pigmentados amarronzados se formam dentro dos ductos; colelitíase https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-nutricionais/obesidade-e-s%C3%ADndrome-metab%C3%B3lica/obesidade https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/diabetes-melito-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/fibrose-c%C3%ADstica-fc/fibrose-c%C3%ADstica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica-alco%C3%B3lica/doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica-alco%C3%B3lica QUADRO CLÍNICO • Maioria assintomáticos; • Pacientes sintomáticos: intolerância quando ingerem alimentos gordurosos, dor na parte superior e central do abdômen ou no quadrante superior direito, mal-estar, náuseas, vômitos; • Cólica biliar é o sintoma mais comum - obstrução transitória do ducto cístico geralmente causa a dor; o Começa no hipocôndrio direito; o Pode irradiar ao membro superior ou às costas; • Náuseas e vômitos associados; febre e calafrios raramente; • Dor à palpação do hipocôndrio direito e da região epigástrica, mas não há irritação peritoneal e os exames laboratoriais geralmente encontram-se normais; • Se o episódio de cólica durar > 12 h e for acompanhado de febre ou vômitos: colecistite ou pancreatite; DIAGNÓSTICO • Ultrassonografia: sensibilidade e especificidade de 95%; o barro biliar pode ser detectado; • Tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e a colecistografia oral (pouco disponível atualmente, apesar de sua grande precisão) são as alternativas; • Ultrassonografia endoscópica: detecção de cálculos < 3 mm; quando outros exames não confirmam o diagnóstico; • Exames laboratoriais geralmente não auxiliam no diagnóstico; TRATAMENTO • Cálculos sintomáticos: colecistectomia laparoscópica ou dissolução de cálculos usando ácido ursodesoxicólico; • Cálculos assintomáticos: tratamento expectante; • Se houver sintomas, há indicação formal de remoção da vesícula (colecistectomia) - probabilidade do retorno; • Colecistectomia profilática: pacientes assintomáticos com colelitíase com cálculos biliares grandes (> 3 cm) ou vesícula calcificada (vesícula de porcelana) - aumenta o risco de carcinoma da vesícula biliar; • Dissolução de cálculos: o Ácido ursodesoxicólico: 4 a 5 mg/kg VO bid ou 3 mg/kg tid (8 a 10 mg/kg/dia) - dissolve 80% dos cálculos < 0,5 cm de diâmetro em 6 meses; ▪ 300 mg VO bid de ácido ursodesoxicólico previnem a formação de litíase em obesos mórbidos que estão apresentando perda ponderal intensa e rápida após cirurgias bariátricas ou durante dieta com baixíssimos conteúdos de carboidrato; COMPLICAÇÕES • Cólica biliar: a pedra fica presa na saída da vesícula impedindo o fluxo de bile; • Colicistite aguda: a pedra fica presa na saída da vesícula por um período prolongado, é uma inflamação aguda da vesícula biliar com dor intensa e constante, geralmente acompanhada de febre; • Coledocolitíase: resultado da migração de uma pedra da vesícula biliar para o colédoco, que é o principal canal responsável por levar a bile do fígado até o intestino, obstruindo-o; o Paciente ictérico; • Colangite: infecção dos canais biliares por bactérias após a obstrução - a bile parada favorece a proliferação de bactérias; • Pancreatite biliar: inflamação do pâncreas - o canal que leva a bile da vesícula para o intestino passa dentro do pâncreas e se junta com o canal principal que drena o suco pancreático, quando o cálculo obstrui esses ductos, o suco pancreático fica retido e acaba agredindo o próprio pâncreas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dani, Renato. Gastroenterologia essencial I. 4. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Clínica Médica: Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais. Medicina USP. Vol.4. São Paulo: Manole. Vol.4, Tratado de gastroenterologia: da graduação à pós- graduação 2. ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2016. • Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. - Rio de Janeiro: Koogan, 2014. • Robbins & Cotran, Patologia: Bases Patologicas das Doenças, 8º. ed. Editora Elsevier. • Cecil. Medicina Interna. 24. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/dist%C3%BArbios-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-ductos-biliares/tumores-da-ves%C3%ADcula-biliar-e-de-ductos-biliares