Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS campus Poços de Caldas Camila Aparecida Silva Martins CASO CLÍNICO Lesch Nyhan Poços de Caldas 2021 Atividade exclusiva para alunos G1, referente a aula prática do dia 12/05. Valor: 4 pontos A ser feita de forma individual, digitada e postada no Canvas, até 14/05, às 19 hs. Você deverá consultar as bibliografias recomendadas no pano de ensino ou de fontes confiáveis para responder as questões. a) Apresentação do caso clínico O paciente I.A.S., 6 anos, acompanhado por sua mãe, procurou atendimento no CRPD (Centro de reabilitação e prevenção das deficiências) do Hospital Santo Antônio/Obras Sociais Irmã Dulce, com diagnóstico comprovado de síndrome de Lesch Nyhan, associado a presença de retardo mental. Apresentava-se com amputações traumáticas em falanges distais das mãos por auto mordidas (Figuras 2 e 3) bem como também lesões oculares provocadas pelo próprio paciente. As automutilações estavam progredindo e a mãe referiu que não conseguia o controle dos hábitos deletérios, e que o uso de protetores bucais não mostrou-se eficiente, quando foi discutido com a mesma sobre a possibilidade de remoção de todos os dentes decíduos presentes. O procedimento odontológico foi realizado sob uso de anestesia local em três tempos cirúrgicos, após concordância dos responsáveis legais. A conduta adotada solucionou o problema do paciente em relação a auto-mutilação dos dedos polegares, porém o mesmo continuou a traumatizar a área dos olhos, exigindo vigilância constante por parte dos responsáveis. Permanece em acompanhamento com equipes médica e odontológica, e caso o comportamento mutilante perdure na dentição permanente, será discutida a possibilidade de novas exodontias múltiplas com os familiares responsáveis. Figura 2 – Paciente com a falange distal mutilada por auto mordida. Figura 3 – Paciente com falanges distais mutiladas por auto mordida QUESTÕES 1. O que é a síndrome de Lesch Nyhan? R: É uma patologia metabólica rara, hereditária que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino, sendo caracterizada pela superprodução de ácido úrico, causando disfunção motora que se assemelha a paralisia cerebral, distúrbios cognitivos e comportamentais. Além disso, é a forma mais grave da deficiência de hipoxantina-guanina fosforibosiltransferase (HPRT), uma patologia hereditária do metabolismo das purinas. 2. Qual é sua causa genética primária? R: É um erro congênito do metabolismo das purinas, causado pela mutação de um gene estrutural localizado no cromossomo X, de herança recessiva. 3. Qual é a enzima alterada pela mutação na síndrome e qual sua função para a célula? R: A enzima relacionada com a patologia denomina-se hipoxantina-guanina fosforibosiltransferase (HPRT) que é responsável pelo metabolismo das purinas. A deficiência dessa enzima causa diminuição no reaproveitamento de bases de purinas e maior produção na síntese de purinas. 4. Qual é a consequência bioquímica da não produção enzimática? Correlacione com a sintomatologia típica da doença verificada nos sistemas nervoso e urinário. R: A manifestação bioquímica imediata desse defeito enzimático é o aumento da síntese de ácido úrico, que se distribui em quantidades excessivas por todos os fluidos corporais, favorecendo a precipitação de uratos no sistema excretor renal, o que causa cristais, nefrolitíase ou nefropatias obstrutivas. Assim, podemos dizer que a SAU (sobreprodução de ácido úrico) é causada pela reciclagem deficiente e síntese aumentada de bases purínicas. Já no que tange aos problemas neurológicos, concluímos que a deficiência de HPRT condiciona uma anormalidade cerebral de natureza funcional e não estrutural, em que o desequilíbrio entre as funções gabérgica, dopaminérgica e colinérgica no sistema extrapiramidal poderia ser responsável pelas manifestações neurológicas características da síndrome. 5. Como se faz o diagnóstico dessa alteração metabólica? R: O diagnóstico é suspeitado quando ocorre atraso psicomotor num doente com ácido úrico elevado no sangue e na urina. Uma atividade da enzima HPRT indetectável no sangue periférico ou em células intactas (fibroblastos, eritrócitos) e teste genético molecular confirmam o diagnóstico. Todavia, durante o pré-natal também pode detectar a patologia através da amniocentese ou biópsia de vilosidades coriónicas se a mutação tiver sido identificada na família. 6. Qual o possível tratamento recomendado ao paciente, que não o acima citado? R: A abordagem terapêutica é baseada no manejo multidisciplinar, onde o dentista pode contribuir significativamente para prevenir a progressão do dano tecidual. Nesse caso clínico, existe a possibilidade de extrair todos os dentes da criança a fim de garantir à recuperação dos tecidos lesados e do estado nutricional do paciente. Além disso, o tratamento medicamentoso é implantado desde o início do diagnóstico. Referências: CAMPOLO GONZALEZ, Andrés et al. Síndrome de Lesch-Nyhan y automutilación oral. Reporte de un caso. Rev. chil. pediatr. Santiago , v. 89, n. 1, p. 86-91, feb. 2018 . MONROY DELGADILLO, Manuel Antonio; FLORES SAAVEDRA, Sthephany; ROJAS SALAZAR, Enrique Gonzalo. Síndrome de Lesch- Nyhan, reporte de un caso clínico. Gac Med Bol, Cochabamba, v. 35, n. 2, p. 90-92, dic. 2012 .
Compartilhar