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05/09/2019 – AFECÇÕES DE COTOVELO Articulação úmero-rádio-ulnar · Articulação composta por várias estruturas que ligam os ossos: úmero, rádio e ulna · Membro flexionado: olecrano fora da fossa do olecrano · Membro estendido: encaixe do olecrano na fossa do olecrano · É a articulação mais complexa da ortopedia (poucos sabem mexer) *Radio recebe 70% e ulna 30 % da carga LUXAÇÃO DE COTOVELO Causa / Histórico: SEMPRE traumática!!! Não existe possibilidade de nascer com o cotovelo luxado, por isso PRECISA ter histórico confirmado ou suspeita de trauma. No trauma há destruição de estruturas que compõem a articulação: ligamentos colaterais mediais, laterais, tendões, avulsão de osso, ligamentos. · Trauma no cotovelo que resulta em destruição de um ou ambos os ligamentos colaterais · Pode haver ruptura muscular · Pode ocorrer dano cartilagíneo no momento da lesão Sempre apresentam impotência funcional do membro afetado (não apoia o membro no chão) e abdução com giro externo, pois úmero luxa para medial e rádio e ulna luxam para lateral, fazendo com que aparente estar abduzido. Dói MUITO, por isso animal tem incapacidade de extensão · Rádio e ulna luxam lateralmente · Incapacidade de extensão Exame físico: Ao examinar o membro afetado, SEMPRE começar com a avaliação ortopédica de distal para proximal, olhando unhas, coxins, espaços interdigitais... O importante é atentar as crepitações ósseas e a reação de dor do animal Diferenciais: fratura distal de úmero (apresentação muito semelhante) Diagnóstico confirmatório: Além do exame físico, é preciso confirmar a suspeita com a radiografia de 2 projeções perpendiculares (crânio-caudal e médio-lateral) Tratamento: Pode ser realizado o tratamento fechado ou o aberto, a depender do quadro REDUÇÃO FECHADA Casos recentes - de imediato até no máximo 48h e quando o dano não é tão extenso · 48h porque o organismo reage produzindo fibrose ao redor da articulação: Conforme o tempo passa há acumulo de fibrina, o que causa fibrose da articulação e não permite a movimentação ideal do membro e nem a sua redução através da manobra fechada - Fica rígido Manobra: Flexiona o membro a 100 graus; gira e empurra rádio e ulna para medial; encaixa e estica. Na hora que encaixar ele volta a ter movimento Bandagem: É necessário realizar uma bandagem que impeça a flexão da articulação · Bandagem Robert Jones – feita com animal em posição anatômica e o ideal é que se imobilize 2 articulações (normalmente de rádio cárpica até metade do úmero). Manter durante 30 dias · Pode usar a linha da Scott Quest, que molha e endurece, mantendo a bandagem muito firme Faz RX imediatamente após a bandagem para ter certeza de que não houve nova luxação durante a bandagem Outra opção, melhor que a bandagem, é colocar fixador externo temporário por 30 dias, dando mais garantia de que o animal não movimentará a articulação REDUÇÃO ABERTA Casos tardios ou quando é recente e lesão extensa Manobras: As manobras a serem realizadas dependem da lesão, portanto é feito o que for necessário. Também é recomendado fazer a bandagem Robert Jones ao término da cirurgia · Suturar cápsula articular, músculos tendões · Substituir ligamento colateral por parafuso e cerclagem em 8 se necessário · Parafuso compressivo – comprime 2 fragmentos · Osteotomia de olecrano (contratura do m. tríceps braquial) para possibilitar a redução se necessário · Cerra o olecrano, reduz a luxação, traz o tríceps de novo e fixa ele ali · Em contraturas os cotos ficam cada vez mais distantes e por isso é difícil esticar novamente – mexer em tendão é mais difícil e muito mais doloroso do que mexer em osso, fora que a cicatrização é mais rápida · Fixação externa temporária Possível questão de prova: Politraumatizados - pneumotórax e fraturas de membros > Resolve pulmão antes Dia a dia: caixas de cirurgia de 1.5, 2.7e 3.5 milímetros (diâmetro do parafuso) o cumprimento varia. Parafuso tem a cabeça, a crista, o espaço entre as cristas chama passo de rosca, alma do parafuso. Broca sempre do tamanho da alma do parafuso. Entra sis e sai trans. O mastiador do tamanho do parafuso desenha a crista no buraco. Quando compressivo faz furos com tamanhos diferentes para que o parafuso faça cristas só em um e assim ele puxa o osso ATRODESE Último caso! Somente quando nada deu certo - Medida extrema apenas para que o animal não perca o membro · Quando há falha na redução aberta · Lesões articulares extensas que não são passíveis de sutura · Luxações muito antigas Usa o membro (apenas apoia), mas perde o movimento da articulação Destrói toda a superfície cartilagínea para que os ossos se fundam. Se não fundir a placa fadiga, isso porque a carga precisa estar no osso. Faz sangramento ósseo para acelerar a cicatrização P.O.: Imediato após os procedimentos, é necessário prescrever AINES, ATB e muito analgésico Independente de qual medida foi tomada, o acompanhamento é semelhante · RX seriados de acordo com a necessidade de avaliação, mas imprescindível que seja feito após 30 dias · Ver atividade óssea, aposição, implantes e avaliar se está apto para alta médica · Avaliar deambulação do paciente · Manter bandagem Robert Jones nas reduções fechadas e nas abertas quando não houver utilização de fixadores externos temporários Alta geralmente: Fechada 30 dias; Aberta de 60 a 90 dias, mas pode chegar a 6 meses DISPLASIA DE COTOVELO Patologia hereditária/congênita que envolve um conjunto de alterações na articulação úmero-rádio-ulnar International Elbow Work Group (IEWG, 1993): Grupo de especialistas que definiram as alterações que estão envolvidas na displasia do cotovelo, sendo que o animal pode apresentar apenas uma ou mais de uma associadas, portanto é uma afecção que apresenta um conjunto de fatores · Incongruência do cotovelo · Osteocondrose de úmero · Não união do processo ancôneo (NUPA) · Fragmentação do processo coronóide (FPC) · Lesões de cartilagem articular A FPC não acontece junto a NUPA, pois ambas ocorrem por comprimentos rádio-ulnares discrepantes, sendo uma o oposto da outra Etiologia · Ocorre como resultado de uma predisposição genética com influência de fatores ambientais · Dieta de alta energia que acelera o crescimento. Epidemiologia · Raças grandes e gigantes – Labrador, Bernesse Mountain Dog · Raças pequenas – Condrodistróficos Daschund, Buldogue Francês · A condrodistrofia presente nas raças condrodistróficas não é considerada uma displasia, apesar de se apresentar de forma semelhante · Machos somam o dobro de fêmeas (Meyer-Lindberg et al. 2006) - IRRELEVANTE NA CLINICA Sintomas Claudicação de MT’s – 6-12 meses · Quando bem jovens e pode estar associada a não união do processo ancôneo · Muito difícil apresentarem impotência de membro Sintomas tardios >6 anos – manifestações relacionadas à FPC (Fragmentação do processo coronoide) · Comum aparecer aos 2 anos Claudicação secundária à osteoartrose Claudicação relacionada à NUPA Sobre a articulação Existem 3 articulações no cotovelo: 1. Radio-ulnar 2. Úmero-ulnar: Medial 3. Radio-umeral: Lateral COMPRIMENTOS DISCREPANTES NUPA - Não união do processo ancôneo Ulna curta: Radio normal e ulna muito menor Essa diferença de tamanho provoca sobrecarga no centro de ossificação do processo ancôneo, causando não-união do mesmo Raramente causa displasia FPC - Fragmentação do processo coronóide Radio curto: Ulna cresce muito, fazendo com que o rádio pareça menor Essa diferença de tamanho provoca sobrecarga do processo coronóide Grande maioria dos casos de displasia é por FPC Por isso NUPA e FPC não ocorrem juntos! Um é o oposto do outro Doença do compartimento medial Ocorre em 85% dos casos de displasia de cotovelo (Grondalen and Grondalen, 1981) É caracterizada pelo crescimento discrepante de úmero e ulna Nessa afecção a incongruência articular pode ou não aparecer na vida adulta – raro · Discrepâncias no crescimento radio-ulnar, que se normalizam na vida adulta Apoia mais na ulna e lesa · Microfratura/fissura/fragmentação do processo coronóide· Esclerose medial do processo coronóide · Lesão cartilagínea na tróclea e/ou processo coronóide (levecondromalácia) · Lesão de osso subcondral Diagnóstico Radiografias de triagem: Feitos na ortopedia pediátrica para um diagnóstico precoce! 2 Projeções: MEMBRO ESTENDIDO ML E LL + MEMBRO FLEXIONADO LL (para ver o processo ancôneo) · Avaliações ainda na pediatria, mas a FPC só aparece aos 2 anos · Tem limitações, pois não mostra tudo que é necessário ver *Coronóide tem 1,5mm · NUPA é melhor de ver no RX, mas é menos frequente · RX – baixa sensibilidade/especificidade · TC – 90% de sensibilidade/especificidade · Artroscopia - É o melhor, porém não é rotina Tratamento Quando ulna mais alta faz o tratamento paliativo · Artrose severa onde a IC não surtirá efeitos benéficos · Condroitina · AINES · Analgésicos Cirurgia bioblíqua (de tras para frente, reto e inclinado. Ela desliza e “diminui”. O resultado é dinâmico, pois quando o animal anda ela fica na posição melhor que der. É possível por pino também. Só indicado quando a diferença é maior de 1mm Quando tem osteocondrose · Curetar osso subcondral · Remover a cartilagem – flap · Perfurar osso subcondral para induzir formação de novo tecido cartilagíneo Resumidamente, remove-se o flap da cartilagem através de uma artroscopia e faz furos no osso em direção ao canal medular para induzir a regeneração Quando FPC faz a osteotomia ulnar e remove o processo coronoide (coronoidectomia subtotal) · Remoção do processo coronóide · Osteotomia ulnar proximal · Coronoidectomia subtotal Quando NUPA pode fixar o processo ancôneo e fazer a osteotomia ulnar quando tardio. As vezes remove o processo ancôneo · Remoção/fixação do processo ancôneo · Osteotomia ulnar proximal Quando Doença do compartimento medial Quando não tem a fragmentação usa uma placa que empurra e endireita a articulação · Lesões decorrentes do crescimento assincrônico entre rádio e ulna · Membros podem estar radiograficamente normais na vida adulta; Tem opção do uso de próteses, mas não tem BR: Paul plate, TATE, ... DESVIO ANGULAR RADIO ULNAR Fechamento precoce do disco epifisário: parece com a NUPA · Relativamente raro · Acomete rádio proximal e distal, mas é pouco frequente · Mais comum acometer distal de ulna QUANDO NO RÁDIO O fechamento da epífise radial pode ser simétrica ou assimétrica, o que altera a sua apresentação · Simétrica: Encurtamento de membro e subluxação da cabeça radial · Não apresenta tanta tortuosidade óssea · Assimétrica: Encurtamento de membro e subluxação da cabeça radial, fechamento da epífise lateral e valgus carpal · O osso se apresenta com tortuosidade óssea - valgus QUANDO NA ULNA DISTAL · O fechamento precoce é mais comum que o rádio · Age como corda e arco · Procurvatum radial – se deforma e faz pata pra frente · Rotação externa do membro · Subluxação de cotovelo · Valgo carpal · Doença articular degenerativa dorso carpal e cotovelo *Recurvatum - se deforma na parte distal e leva a pata pra trás Tratamento do desvio angular pela Ulna distal O tratamento cirúrgico precoce pode restaurar a posição anatômica · Se não tratadas precocemente irão desenvolver deformidades angulares que só poderão ser corrigidas com osteotomias · Depende da expectativa de crescimento X idade Osteotomia separando ulna de rádio e em alguns casos é necessário ostectomia · Cora: não cai em prova.
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