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ADENOMEGALIAS NA INFÂNCIA POR QUE ESTUDAR ISSO? • Queixa e achado muito comum; • A presença de um caroço no organismo pode manifestar uma condição, mas as características que a acompanham podem levantar suspeita de câncer infantil → principalmente linfomas; MECANISMOS ENVOLVIDOS • ÓRGÃOS PERTENCENTES AO SISTEMA RETÍCULO-ENDOTELIAL; o Drenagem linfa proveniente dos diversos tecidos; o Determinam uma barreira contra disseminação de agentes agressores; • São compostos por fibroblastos, macrófagos, células dendríticas e de Langerhans; o Reconhecem, apresentam antígenos e ativam os linfócitos T e B; • O tecido linfoide aumenta rapidamente na infância alcançando às dimensões de um adulto com 6 anos de idade, sendo o pico máximo no período pré-puberal, sofrendo involução após. Há um aumento rápido do tecido linfático, especialmente dos linfonodos, no período da vida de maior ganho de peso e altura, época em que as infecções ocorrem mais frequentemente. Os tecidos do sistema imune consistem nos órgãos linfoides primários, nos quais os linfócitos T e B amadurecem e tornam-se competentes para responder aos antígenos, e nos órgãos linfoides secundários, em que são iniciadas as respostas imunes adaptativas aos microrganismos. Os órgãos linfoides secundários, que consistem em nódulos linfáticos, baço e os sistemas imunes da mucosa e cutâneos, são organizados de forma que promovam o desenvolvimento de respostas imunes adaptativas. Em condições normais, os linfonodos desempenham silenciosamente suas funções, não sendo perceptíveis à palpação, exceto sob a forma de nódulos inferiores a 1,5 cm de diâmetro nas regiões do pescoço, axilas e, mais comumente, nas virilhas. Os mecanismos de aumento dos linfonodos são: 1. Proliferação de linfócitos e histiócitos próprios dos linfonodos por estímulos antigênicos inflamatórios, infecciosos, tumorais e de certas drogas (uma vez cessadas esses estímulos, o órgão tende a retornar ao estado de repouso); 2. Invasão dos linfonodos por células extrínsecas, como microrganismos e metástases celulares; 3. Proliferação inicial de células neoplásicas malignas em seu parênquima (linfadenopatia maligna primitiva); 4. Acúmulo de histiócitos, nas doenças de depósito lipídico e histiocitoses; 5. Proliferação local de células reticulares, na anemia hemolítica, na sarcoidose e em certas colagenoses, reticuloendotelioses, doenças endócrinas e carências metabólicas, mesmo na ausência dos fatores anteriores. Os histiócitos são grandes células mononucleares fagocíticas encontradas nos tecidos. Hoje, usam-se esses termos para se referir a todos os tipos de macrófagos derivados da medula óssea e demais células dendríticas relacionadas ao sistema imune. A histiocitose corresponde a um grupo de doenças que podem ser caracterizadas pela grande produção e presença de histiócitos circulantes no sangue. Erupções na pele são associadas com essa doença por atingirem macrófagos dessa região (células de langerhans). CÉLULAS DENDRÍTICAS CHEGAM CARREGADAS DE ANTÍGENOS ➔ PARACÓRTEX: SÃO APRESENTADOS OS AGs, OS LINFÓCITOS T SÃO ATIVADOS, DIFERENCIAM-SE E PROLIFERAM ➔ LT HELPER: ASSISTÊNCIA DO LB; LB (ATIVO → CÉLULAS PLASMÁTICAS → PRODUÇÃO DE ANTICORPOS) ➔ MÉDULA: CÉLULAS EFETORAS ATIVADAS: LYT CD4, LYTCD8, CÉLULAS PLASMÁTICAS VÃO PARA O TECIDO INFLAMADO! ETIOLOGIAS MAIS COMUNS • Infecciosas: o Reacional = em geral por conta de um processo infeccioso (resfriado?); o Adenite cervical bacteriana = acometimento bacteriano no linfonodo, tende a ser cervical e localizado; o Sd Mono-Like: EBV, CMV, HIV, toxoplasmose = levam ao quadro de “mononucleose”; o HIV deve ser usada como um diagnóstico diferencial de adenomegalia na infância; o Doença da Arranhadura do Gato = transmitido pelo gato, arranha e transmite a bactéria; o Tuberculose e micobacterioses atípicas = pode ter acometimento generalizado ou localizado; o Fungos endêmicos; • Não infecciosas: o Doença de Kawasaki; o LES, Sarcoidose, G. de Wegener; o Linfomas (Hodgkin e não-Hodgkin); o Síndrome DRESS; o Doença granulomatosa crônica; QUANDO VOU ME PREOCUPAR? • Sintomas sistêmicos (febre > 1 semana, sudorese noturna, perda ponderal maior que 10%); • Supraclavicular ou generalizada; • Ausência de sintomas ORL; • Linfonodos endurecidos, aderidos – neoplasia; • Linfonos > 1 cm (RN) ou > 2 cm (+ velhos) sem respostas a ATB; • Alteração de RXT, hemograma, provas inflamatórias; ABORDAGEM SEMIOLÓGICA - INTRODUÇÃO • Quando ele é normal? Quando ele é normal? • Aspectos anatômicos? • Localização? • Diagnóstico por segmento? Diagnósticos diferenciais? • Quais os exames físicos principais? Quais exames complementares pedir? Essa criança está com tumefação de ângulo de mandíbula, não tem sinais flogísticos → muitas vezes nesse caso, a dor associada está na crista mandibular (no movimento de abrir e fechar a boca para mastigar), quando há inflamação das parótidas, há inclusive dor ao secretar a saliva. Pode haver sim sinais flogísticos acompanhados (vermelhidão, por exemplo). Se você fizer um corte na hemiface direita, você observa que ela está com assimetria, o professor comentou que pediu para ela “fechar a boca”, buscando realizar o procedimento de mímica facial (avaliar o VII NC) para avaliar a sua paralisia facial periférica. A investigação do quadro se inicia com uma anamnese e exame físico completo, sendo de grande importância a classificação do grau de paralisia facial de acordo com House-Brackmann, tanto para diagnóstico como acompanhamento. Em recém-nascidos e lactentes a análise da motricidade facial é mais trabalhosa, sendo importante a observação das linhas em fronte e da assimetria de face durante o choro Essa criança possui dor ao mastigar por conta das estruturas comprimidas nesse local, o que ela tinha era um tumor no ouvido que, por continuidade, repercutiu no tecido linfoide. ➢ ADENOMEGALIA: mais comum entre crianças de 0-12 anos. São considerados anormais os linfonodos que apresentam alterações de tamanho, número e consistência, o que se denomina: LINFOADENOPATIA, LINFOADENOMEGALIA, HIPERTROFIA DOS LINFONODOS E ADENOMEGALIA. o Linfonodo maior que 10 mm no seu maior diâmetro na região cervical. o Maior que 15 mm na região inguinal. o Maior que 5 mm nas demais localizações. OBS: São considerados anormais os linfonodos palpáveis nas regiões SUPRACLAVICULARES, ILÍACA E POPLÍTEA. ➢ O anel de Waldeyer é uma das grandes regiões que costuma ser afetada, exatamente por estar associada a maior exposição de antígenos (estar em contato direto com a cavidade oral); ✓ LOCAL: quando há um nodo ou vários, responsáveis pela drenagem de uma região anatômica. ✓ GENERALIZADA: quando duas ou mais cadeias ganglionares não contíguas estão acometidas. o Se acompanhada de hepatoesplenomegalia, o exame clínico pode sugerir uma causa particular, não devendo ser protelada a investigação complementar. LINFADENOMEGALIA GENERALIZADA Geralmente são associadas com infecções sistêmicas virais (mononucleose infecciosa, CMV, rubéola, AIDS, varicela, sarampo, hepatite), pode ocorrer em infecções bacterianas (TB, sífilis, doença da arranhadura do gato, escarlatina), parasitárias (toxoplasmose, doença de chagas, esquistossomose aguda) e fúngicas (paracoccidioidomicose, Histoplasmose). Pode estar associada com doenças do colágeno (artrite reumatoide juvenil e LES) e nas neoplasias do sistema reticuloendotelial (linfomas e leucemias). LINFADENOPATIA pode preceder alterações articulares (AR, LES) e ser o primeiro sinal de neoplasias do tecido linfoide. • SINAIS ASSOCIADOS: Hepato e/ou esplenomegalia, anemia, sinais de comprometimento sistêmico (febre, perda de peso, astenia); • EVOLUÇÃO RÁPIDA OU PROLONGADA; EXEMPLO: MONONUCLEOSE INFECCIOSA → febre + hepatoesplenomegalia + exantema maculopapular + amigdalite com ou sem exsudato+ petéquias no palato + astenia + mialgias + artralgias. Pode ser causado pelo vírus Epstein-Barr (PRINCIPAL), CMV e Toxoplasma gondii, além de adenovírus, vírus da hepatite e herpevírus ✓ LINFOADENOMEGALIA + HEPATOESPLENOMEGALIA + FEBRE ➔ ENDOCARDITE BACTERIANA ✓ ESPLENOMEGALIA ACENTUADA E AFEBRIL ➔ DOENÇAS DE DEPÓSITO (Gaucher) LINFADENOMEGALIA LOCALIZADA • Geralmente associadas com inflamações da pele, vias aéreas superiores e vias aéreas de drenagem de locais de aplicação de vacinas; • Região mais frequente: CERVICAL; ➢ Onde você consegue palpar melhor o linfonodo? Região inguinal (*comentário do professor: o linfonodo inguinal aumentado nessa região ajuda no diagnóstico diferencial de algumas doenças). ANAMNESE • A maioria das doenças que cursam com linfadenopatias na infância ocorre caracteristicamente em determinadas idades: o HISTIOCITOSE X → MENORES DE 3 ANOS; o EXANTEMA SÚBITO → LACTENTES; o DOENÇA DE KAWASAKI, MICOBACTERIANA ATÍPICA E NEUROBLASTOMA → MENORES DE 5 ANOS; o PARACOCCIDIODOMICOSE → MAIOERS DE 2 ANOS; o LINFOMA DE HODKING → RARO EM CRIANÇAS, OCORRE EM MAIORES DE 7 ANOS E SEXO MASCULINO; o LINFOMA DE NÃO HODGKIN E DOENÇA GRANULOMATOSA CRÔNICA → OCORREM NO SEXO MASCULINO EM MAIS DE 75% DOS CASOS. • Sexo: pode acabar acometendo mais sexo masculino (origem genética?); • Quanto ao tempo de instalação: o Quadros agudos de instalação rápida e criança com estado geral preservados sugerem processo agudo, infeccioso e benigno. o Quadros arrastados, com linfadenopatia generalizada e comprometimento do estado geral sugerem processos sistêmicos graves. 1. AGUDO → TEMPO INFERIOR A 2 SEMANAS (ex: adenite cervical); 2. SUBAGUDO → ENTRE 2 E 6 SEMANAS (ex: mono-like, início de quadro crônico); 3. CRÔNICO → MAIOR QUE 6 SEMANAS (ex: neoplasias, doenças sistêmicas); • Antecedentes: o CONTATOS COM DEONÇAS INFECTOCONTAGIOSAS → a linfoadenopatia constitui manifestação clínica expressiva de doenças infectocontagiosas, como viroses e tuberculose, há contato com alguém próximo com essas doenças? o CONTATO COM ANIMAIS → alguns animais têm importância na transmissão de agentes infecciosos: gatos (toxoplasmose e doença da arranhadura do gato), cão (toxocaríase), carrapato (doença de Lyme e rickettsiose), cães e ratos ou água contaminada por enchentes (leptospirose), pulga (peste bubônica); o PROCEDÊNCIA DO PACIENTE E ANTECEDENTES DE VIAGENS → avaliação da nosologia prevalente das doenças e exposição ocupacional ou em recreação: paracoccidioidomicose, esquistossomose, doença de chagas (zona rural), brucelose (hábito de ingerir leite cru); • Antecedentes de imunização: História de vacinação recente. o LINFOADENOMEGALIA PÓS-VACINAÇÃO PODE OCORRE COM VACINAS: sarampo e rubéola (geralmente são agudas, generalizadas e benignas); vacina tríplice e de febre amarela (linfadenomegalia cervical); BCG (adenite axilar e/ou supraclavicular, do lado da vacinação, que pode persistir por até 6 meses após a vacinação e até ocorrer supuração). ▪ A imunização prévia contra determinadas doenças torna os respectivos diagnósticos menos prováveis. Contudo, deve-se considerar a possibilidade de alteração clínica da doença pela vacinação, assim como pela desnutrição e antibioticoterapia. Difteria e rubéola podem cursar com linfadenomegalia menos intensas se o paciente é vacinado. • Uso de medicamentos: Os medicamentos abaixo podem estar relacionados com linfadenomegaia generalizada. A hipersensibilidade medicamentosa e a doença do soro (infusão de soro heterólogo 1 a 3 semanas antes do desaparecimento dos sintomas) manifestam-se com linfadenomegalias, artralgia e erupção cutânea urticariforme pruriginosa. ✓ Difenil-hidantoína; ✓ Fenobarbital; ✓ Isoniazida (tratamento de TB); ✓ AAS; ✓ Carbamazepina; ✓ Pirimetamina; ✓ Sulfadiazina; ✓ Penicilina; ✓ Primidona; ✓ Iodeto de potássio; • História de doença endocrinometabólica: insuficiência corticossuprarrenal e hipopituitarismo podem cursar com linfadenomegaia generalizada, às vezes associada com esplenomegalia. • Infecção alimentar: leite não pausterizado (Brucelose), carne mal cozida (toxoplasmose); como é preparado os alimentos? ASSOCIAÇÃO ENTRE SINAIS, SINTOMAS E ALGUNS SINAIS FLOGÍSTICOS: 1. FEBRE: — < 1 semana: doenças viróticas e benignas; — > 1 semana: infecções bacterianas, doenças infecciosas, granulomatosas, colagenoses e doenças malignas; 2. SINTOMAS GERAIS: — Sudorese, perda de peso, astenia → doenças graves, como a granulomatosas, colagenoses, neoplasias e AIDS, especialmente se a evolução clínica é insidiosa; — Dispneia? 3. ANEMIA: — Doença sistêmica com linfadenomegalia generalizada e hepatoesplenomegalia, anemias hemolíticas e fenômenos hemorrágicos (leucemia). 4. INFECÇÕES DA CABEÇA, ORELHAS E PESCOÇO: — Infecções da cavidade oral e dos dentes, otites, amigdalites e infecções das vias aéreas superiores, em geral, são causas comuns de linfadenopatias cervicais que podem permanecer por dias, mesmo após a cura da infecção primária. 5. LESÕES DA PELE E MUCOSAS: — Rash cutâneo e exantema: doenças viróticas, estafilocócicas e estreptocócicas, toxoplasmose, rickettsioses, doença de Lyme e Kawasaki, infecções e reações medicamentosas. — Rash maculopapular, afetando palmas das mãos e plantas dos pés: sífilis secundária; — Nódulos e vasculites: micoses, sarcoidose e colagenose (artrite reumatoide) — Arranhaduras, lambeduras, pápulas ou pústula na pele ou conjuntiva (granuloma ocular) → doença da arranhadura do gato; — Edema palpebral ou saliência cutânea – doença de Chagas; ➢ PORTA DE ENTRADA para bactérias, úlceras, picadas de insetos, mordidas de animais, impetigo, eczemas e dermatite seborreica no presente ou em passado recente podem sugerir essas etiologias. 6. TRAUMATISMOS: — Pequenos traumatismos, comum em crianças, podem ser a causa de linfadenomegalia localizada; 7. SINTOMAS ARTICULARES (em algum momento da evolução da doença): — Hipersensibilidade a medicamentos, viroses graves, histiciose X, paracoccidioidomicose, leucemia, doenças de Kawasaki e Lyme e depósito lipídico; — Colagenoses: linfadenomegalias, geralmente estão ausentes ou são discretas na artrite reumatoide juvenil e no LES, mas podem ser a principal manifestação inicial do Lúpus. EXAME FÍSICO ✓ ESTADO GERAL; ✓ STATUS NUTRICIONAL = neoplasias, tuberculose pode levar à caquexia; possui diarreia crônica (+ de 30 dias); ✓ SISTEMA CARDIOVASCULAR; ✓ SISTEMA RESPIRATÓRIO; ✓ OROSCOPIA; ✓ OTOSCOPIA; ✓ ACHADOS CUTÂNEOS; ✓ CADEIAS LINFONODAIS = ver se há outras cadeias envolvidas; RN = o mais comum é não ter linfonodo palpável nessa idade. ❖ SUPERFICIAIS: mais ideal verificar por palpação ➢ Linfonodos da cabeça e pescoço: cervicais anteriores e posteriores, submentonianos, submandibulares, pré-auriculares, auriculares posteriores e occipitais; ➢ Linfonodos axilares, epitrocleares e infraclaviculares; ➢ Linfonodos inguinais; ❖ CADEIAS PROFUNDAS: mediastinal, abdominal e pélvica. ➢ Nas linfadenomegalias de cadeias profundas, o exame físico é pouco esclarecedor, sendo necessário exames de imagens; ✓ Deve envolver ectoscopia, palpação e, eventualmente, percussão e ausculta, na dependência da suspeita diagnóstica; ✓ PALPAÇÃO: Ponta dos dedos, aplicando pressão moderada sobre a região e movimentando os dedos para palpar os linfonodos, deslizando-os sob os dedos. o PALPAÇÃO DAS CADEIAS CERVICAIS: pode-se ficar à frente ou atrás da criança, essa deve estar preferencialmente sentada, sendo os lados direito e esquerdo do pescoço palpados simultaneamente. Palpam-se em sequência a partir dos submentonianos até os occipitais. Em seguida, os posteriores e, finalmente, os supraclaviculares; o PALPAÇÃO DAS CADEIAS AXILARES: deve-se ficar de frente para a criança, que pode estar sentada ou deitada. Se sentada,a criança pode repousar a mão do lado examinado sobre o ombro do examinador. Fazer uma pequena concha com a mão examinadora e palpar toda a axila à procura de gânglios. o PALPAÇÃO DOS LINFONODOS EPITROCLEARES: deve-se flexionar o cotovelo do paciente até um ângulo reto e palpar os dedos com os linfonodos que se encontram um sulco acima e posterior ao côndilo medial do úmero; o PALPAÇÃO DOS LINFONODOS INGUINAIS: criança deve estar deitada. Devem ser palpados horizontalmente (abaixo do ligamento inguinal) e verticalmente (ao longo da veia safena). o PALPAÇÃO DE CADEIA POPLÍTEA: explorar fossa poplítea após flexionar passivamente o joelho. ❖ CADEIA CERVICAL: a. Cervical anterior profunda: linfonodos localizados entre o ângulo da mandíbula (tonsilares), acompanham a veia jugular anterior, sob músculo esternocleidomastoídeo. b. Cervical inferior profunda: localizam-se inferiormente na região cervical, misturando com linfonodos supraclaviculares. c. Cervical posterior superficial: linfonodos localizam-se no triângulo occipital (ECM x trapézio x ventre posterior do omohioideo), ao longo da veia jugular externa. Algumas crianças nascem com torcicolo congênito, com encurtamento do ECM ➔ tem que fazer fisioterapia precoce + cirurgia para correção do músculo, esse problema pode gerar dificuldade na drenagem linfática. • LOCALIZAÇÃO: relacionando os gânglios com estruturas anatômicas fixas (proeminências ósseas, cartilaginosas), acidentes de pele (umbigo), músculos e vasos. LINFADENOPATIA LOCALIZADA → examinada a região drenada em busca de evidência (lesões de pele, mordeduras, tumores de partes moles). Cuidadosa palpação de linfonodos submandibulares, cervicais anteriores e posteriores, axilares e inguinais deve ser realizada para excluir a possibilidade de linfadenopatia generalizada. LINFOADENOPATIA LOCALIZADA (75%) X GENERALIZADA (25%) • TAMANHO: o Deve ser estabelecido em centímetros e, pelo menos, nos seus dois maiores diâmetros (largura e comprimento). o Linfonodos palpáveis, móveis, elásticos e indolores com até 1,5 cm de diâmetro são considerados normais. • DOR, SENSIBILIDADE E TEMPERATURA: o Preservar áreas dolorosas primeiro; o Por que ocorre a dor? Crescimento rápido gera distensão da cápsula, processo inflamatório, supuração e hemorragia por necrose em área central do linfonodo. o DOR NÃO PERMITE DIFERENCIAR BENIGNO DE MALIGNO Avaliar temperatura com dorso dos dedos da mão, cuja temperatura aproxima-se mais com a temperatura ambiente!! • CONSISTÊNCIA: o NORMAL = elástica (cede ligeiramente à compressão e, quando esta é interrompida, retorna rapidamente à forma original). o ANORMAL = endurecidos, fixos ou elásticos de bordas irregulares (sugerem processo maligno) Linfonodos amolecidos sugerem processo infeccioso ou inflamatório. Os linfonodos supurativos podem apresentar consistência variável e geralmente ocorrem em processos infecciosos crônicos. Linfonodos cervicais com aspecto de chumbo debaixo da pele, são observados em crianças com infecções virais. Legenda: Essa foto mostra uma criança com linfadenite micobacteriana submandibular direita não tuberculosa que se manifesta com um edema flutuante com extensa pigmentação cutânea característica. • RELAÇÃO COM ESTRUTURAS ADJACENTES: o aumento do tamanho dos linfonodos pode causar edema localizado e compressão de tecidos e órgãos vizinhos (disfagia, tosse, obstrução de vias aéreas, icterícia). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ✓ CONGÊNITAS: Cistos de ducto tireoglosso, cistos de arco branquial e higromas císticos (resquícios embrionários); ✓ ADQUIRIDAS: Neoplasias não linfoides, hérnias, testículos ectópicos, lipomas. • Testículo retrátil → você palpa a região inguinal e observa um aumento, pode simular uma adenomegalia; • Hérnia inguinal → pode ser direta (extravasa na parede), indireta (pega o conduto espermática), o paciente pode ter uma hérnia femoral; está associado ao enfraquecimento dessa parede pélvica; • Adenite mesentérica → um dos principais diagnóstico diferenciais para APENDICITE, observe que nesse caso irá simular um abdome agudo inflamatório, porém ocorreu não por causa do apêndice, mas por inflamação dos linfonodos abdominais, geralmente os mesentéricos. • Tuberculose → pode gerar compressão dos linfonodos em região cervical ou torácica e mascarar esse diagnóstico; • Cisto tireoglosso →ele é coalescente, não possui sinais flogísticos; QUAIS EXAMES PEDIR? • EXAMES LABORATORIAIS: o Hemograma ➔ leucocitose, neutrofilia, desvio à esquerda, pancitopenia (linfocitose + linfócitos atípicos → mononucleose infecciosa/ linfocitose ou pancitopenia ou leucocitose elevada + linfócitos atípicos → leucemia); o VHS (mais sensível ainda, aumenta bem no início) /PCR (aumenta, mas pode nem sempre aumentar muito) → avaliação de atividade inflamatória inespecífica (há doença ativa?); o Sorologia: mononucleose infecciosa (CMV, Esptein-barr, toxoplasmose), HIV, Prova tuberculínica; o LDH (desidrogenase láctica sérica) → aumento; • EXAMES DE IMAGEM: RXT, USG Abdominal, TC de tórax e abdome (TC DE ABDOME É PADRÃO-OURO PARA VERIFICAR PROCESSO INFLAMATÓRIO ABDOMINAL) → verificar se há linfadenopatia profunda, ajudar a distinguir entre gânglios e malformações congênitas; o A tomografia localiza muito bem os nodos; ➢ USG: estabelece dimensões da linfadenomegalia, suas relações com estruturas vizinhas, características do aumento do volume (líquido, sólido?) e vascularização do linfonodo (US doppler), auxílio na biopsia (verificar qual linfonodo é melhor ser puncionado); ▪ USG de Kawasaki, mononucleose = cachos de uva ▪ USG de adenite mesentérica (aumento dos linfonodos mesentéricos e um apêndice normal) • PUNÇÃO ASPIRATIVA: indolor, baixo custo e baixa especificidade; o Linfadenopatia regional, doença metastática, diagnóstico de doenças infeciosas. o Muito importante para diagnóstico diferencial → posso diferenciar de cisto; o PAAF (punção aspirativa por agulha fina) é biopsia!! Você consegue diferenciar o material, mas ela é invasiva ao contrário dessa. • BIOPSIA DO LINFONODO/GANGLIONAR (padrão-ouro): o Adenomegalia localizada com pesquisa clínico-laboratorial inconclusiva; o Apresentação de sinais de malignidade; o Quando não houver involução após tratamento adequado. Na maioria das vezes, o quadro é benigno e autolimitado. Como a adenopatia é, na maioria das vezes, um sinal não característico, pode-se optar por um período de observação de 2 a 3 semanas sem intervenção. Nesse período, a anamnese e exame físico devem ser refeitos periodicamente na tentativa de identificar fatos novos que auxiliem no diagnóstico. Acredita-se que nesse período as infecções agudas, virais (rubéola, sarampo, etc) ou bacterianas (linfadenite piogênica) evoluam para definição clínica ou resolução. Se houver qualquer sinal de malignidade, não se deve aguardar esse período. As neoplasias são responsáveis por até 1% das linfadenopatias. Deve-se destacar que uma linfoadenomegalia com duração inferior a 2 semanas ou maior que 1 não, sem aumento progressivo de tamanho, possui MUITO BAIXO risco de malignidade. Linfadenomegalia inexplicável, sem sinais ou sintomas sugestivos de doença grave ou maligna, pode ser observa durante 1 mês, ao final do qual devem ser feitos exames ou a biopsia. ADENOMEGALIA? ➔ PESQUISAR COM ANAMNESE E EXAME FÍSICO ➔ DIAGNÓSTICO DEFINIDO? DIAGNÓSTICO PROVÁVEL? QUADRO INEXPLICADO? Investigar! MALIGNIDADE? Exemplo: Adenite cervical bacteriana (hiperemia, dor, rubor) → relacionado com bactérias da orofaringe, quadro agudo, responde do ATB; Exemplo 2: Infecção de vias aéreas superiores → doloroso, mas não tende a ter muito flogismo (muito rubor, outros sinais), quadros agudos; Exemplo 3: Infecção cutânea adjacente → dermatite seborreica com infecção secundária → posso acabar gerando uma adenomegalia adjacenterejacional; Exemplo 4: Reação adversa locorregional à BCG → pode surgir a lesão, levar em conta a anamnese → geralmente axilar ou supraclavicular; Exemplo 5: Sd. Mono-Like → Criança amamenta? Procurar testes para essas doenças; Exemplo 6: Bartonelose (Doença da arranhadura do gato) → pesquisar hábitos de vida → adenomegalia próxima ao arranhado! Exemplo 7: Doença de Kawasaki → acometimento ocular, oral, exantemático, muitas coisas além da adenomegalia; Exemplo 8: Adenomegalia inexplicada ➔ Localizada? Considerar curso curto de atb e observar de 3 a 4 semnas ➔ sem melhora: considera generalizada. Generalizada? HMG, PCR, VHS, SOROLOGIAS (CMV, EBV, VDRL, TOXO, HIV, FUNGOS), EXCLUIR MICOBACTERIORES, RXT, PPD, USG DO LINFONODO, USG ABDOME, etc. ➔ SEM MELHORA? ➔ BIOPSIA. NÃO FAZER TESTE TERAPÊUTICO COM CORTICOIDE (EVITAR MASCARAMENTO COM TESTE NEOPLÁSICO)! TRATAMENTO • A nível comunitário, o uso da amoxicilina isoladamente não é errado, o teste com antibioticoterapia empírica inclui: 1. AZITROMICINA ➔ LINFOADENOPATIAS > 6 meses: dose inicial de 10 mg/kg, seguida de 5 mg/kg/dia por 3-4 dias; 2. CEFUROXIMA ➔ 20-30 mg/kg/dia, 12/12 horas; 3. CEFALEXINA ➔ 25-50 mg/kg/dia, 6/6 horas; 4. CLARITROMICINA ➔ 15 mg/kg/dia, 12/12 horas; 5. CLINDAMICINA ➔ 10-20 mg/kg/dia, 6/6 horas; 6. ERITROMICINA ➔ 30-50 mg/kg/dia, 6/6 horas; Reavaliar em 72 horas. É importante ressaltar que, antes do estabelecimento seguro da causa da linfoadenopatia, o tratamento empírico com glicocorticoides deve ser evitado a qualquer custo, uma vez que essas drogas podem mascarar causas mais graves como leucemia, linfoma ou histocitose. CONCLUSÃO – O QUE NÃO ESQUECER: Investigar a cronologia, observa se há fatores associadas, especifique localização e manifestação clínica. Observe os cartões de vacina, correlacione com a idade dessa criança (veja o que pode ser mais provável). Estabeleça o tratamento mais efetivo (não faça biopsia por qualquer coisa). QUESTÕES MONITORIA 01. (REVALIDA 2016). Uma criança do sexo masculino, com 10 anos de idade, previamente hígida, é levada pelos pais para consulta em Unidade Básica de Saúde. Eles relatam aparecimento de tumoração em região direita do pescoço da criança há 5 dias, de crescimento progressivo, associado a febre (até 38,5 ºC) e a dor local. Informam que, há dois dias, a criança reclamou de piora da dor e de aparecimento de calor e rubor na região, com dificuldade na lateralização do pescoço. Desde o início do quadro, a criança apresenta mal-estar generalizado e hiporexia. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, febril (38 ºC), corada, hidratada e eupneica, sem alterações ao exame de orofaringe. Identifica-se presença de tumoração única com 8 cm de diâmetro em região cervical direita, consistência fibroelástica, móvel, dolorosa à palpação, não aderida a tecido profundo, com hiperemia e calor local. Diante desse quadro, a hipótese diagnóstica é: a) Neoplasia. b) Linfadenite viral. c) Adenite bacteriana. d) Mononucleose infecciosa. • COMENTÁRIO: Criança previamente hígida com quadro agudo (2 dias) não nos norteia para o diagnóstico de neoplasia (podemos desconsiderar letra A), a mononucleose infecciosa também pode ser afastada, uma vez que o exame de orofaringe veio sem alterações, sobrando letra B ou C. Considerando que é quadro flogístico (rubor + calor + febre) e de cadeia cervical, a hipótese diagnóstica mais condizente é a adenite bacteriana que tende a surgir nessa cadeia. 02. Com relação a linfoadenomegalia em crianças, são sinais de alerta para a possibilidade de doença grave, exceto: a) Localização supraclavicular; b) Linfonodos endurecidos e aderidos aos planos profundos; c) Associação com febre persistente e de causa desconhecida; d) Linfonodomegalia de evolução maior que 2 semanas; e) Calor, rubor e dor local; • COMENTÁRIO: Sinais flogísticos não indicam sinais de alerta, a maior preocupação são neoplasias e doenças sistêmicas que podem gerar linfonodos endurecidos ou em localizações não esperadas (como região supraclavicular).
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