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Endocrinologia pediátrica

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1 Fernanda E. Bocutti T6 
 
 
Pâncreas 
- O pâncreas é uma glândula retroperitoneal de 
aproximadamente 15 cm fazendo parte do sistema digestivo 
e endócrino 
- Se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. 
Ele é tanto exócrino (secretando suco pancreático) quanto 
endócrino (produzindo hormônios como insulina, glucagon) 
 
 
 
 
Tireoide 
 
- A tireoide é uma glândula endócrina. Consiste em dois lobos 
conectados. 
- A glândula tireoide secreta três hormônios: os dois 
hormônios da tireoide – T3 e T4 – e um hormônio peptídico, 
a calcitonina. Os hormônios tireoidianos influenciam a taxa 
metabólica e a síntese protéica e, em crianças, o 
crescimento e o desenvolvimento. 
- A calcitonina desempenha um papel na homeostase do 
cálcio 
Os hormônios da tireoide tem uma ampla gama de efeitos no 
corpo humano. Esses incluem: 
- Metabólico: aumentam a taxa metabólica basal e tem 
efeitos em quase todos os tecidos do corpo. O apetite, a 
absorção de substância e a motilidade intestinal são todos 
influenciados pelos hormônios da tireoide. 
- Cardiovascular: aumentam a taxa e a força dos batimentos 
cardíacos. Aumentam o fluxo sanguíneo e a temperatura do 
corpo. 
- De desenvolvimento: são importantes para o 
desenvolvimento normal. Eles aumentam a taxa de 
crescimento dos jovens, desempenham um papel na 
maturação do cérebro durante o desenvolvimento fetal e 
nos primeiros anos de vida pós-natal. 
- Outro: desempenham um papel na manutenção da função 
sexual, do sono e dos padrões de pensamento normais. 
 
 
 
Endocrinologia pediátrica 
 
2 Fernanda E. Bocutti T6 
Hipoglicemia 
- Peptídeo C é obtido quando a pró-insulina é clivada em 
insulina. Pode ser usado para dosar a produção endógena de 
insulina, não sofrendo efeito das administrações de insulina 
subcutânea 
Diabetes 
DM tipo 1 
É uma doença autoimune, decorrente de destruição das 
células B pancreáticas ocasionando deficiência completa na 
produção de insulina 
É mais frequentemente diagnosticado em crianças, 
adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens, 
afetando igualmente homens e mulheres. 
- Forma mais frequente de DM1, confirmada pela 
positividade de um ou mais autoanticorpos 
- Sua fisiopatologia não é totalmente conhecida, envolve, 
além da predisposição genética, fatores ambientais que 
desencadeiam a resposta autoimune 
- Entre as principais exposições ambientais associadas ao 
DM1 estão as infecções virais e componentes dietéticos. 
- O início é abrupto, podendo ser a cetoacidose diabética a 
primeira manifestação 
- A maioria dos pacientes tem peso normal 
- Os critérios diagnósticos para DM1 são semelhantes aos 
utilizados no DM2. No tipo 1 a sintomatologia é mais intensa. 
DM diagnóstico 
- A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos 
exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em 
segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas 
inequívocos de hiperglicemia 
- Pacientes com sintomas clássicos, como poliúria, polidipsia, 
polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à 
dosagem de glicemia ao acaso e independentemente do 
jejum, não havendo necessidade de confirmação se glicemia 
aleatória > 200mg/dl. 
HbA1c 
Reflete níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao 
sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado 
de jejum para sua determinação 
A HbA1c é o melhor parâmetro preditor de complicações 
crônicas. 
DM 2 
- Corresponde a 90-95% de todos os casos de DM 
- Etiologia complexa e multifatorial, envolvendo componentes 
genéticos e ambientais 
- Geralmente acomete indivíduos a partir da quarta década 
de vida 
- A hiperglicemia ocorre concomitantemente com 
hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à 
ação da insulina, aumento da produção hepática de glicose, 
aumento de lipólise e consequente aumento de ácidos graxos 
livres circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose e 
graus variados de deficiência na síntese e na secreção de 
insulina pela célula B pancreática. 
- Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou 
oligossintomática, sendo o diagnóstico realizado por dosagens 
laboratoriais de rotina ou manifestações das complicações 
crônicas. 
- Com menor frequência, apresentam sintomas clássicos de 
hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento 
inexplicado). 
Raramente a cetoacidose diabética consiste na 
manifestação inicial do DM2 
 
3 Fernanda E. Bocutti T6 
 
Cetoacidose 
- A cetoacidose diabética é uma complicação grave que pode 
ocorrer durante a evolução do diabetes mellitus tipo 1 e 2. 
Está presente em cerca de 25% dos casos no momento do 
diagnóstico do DM1 e 2. Está presente em cerca de 25% 
dos casos no momento do diagnóstico do DM1 e é a causa 
mais comum de morte entre crianças e adolescentes com 
DM1 
- Ocorre redução na concentração de insulina circulante 
associada à liberação excessiva de hormônios 
contrarreguladores. A deficiência de insulina pode ser 
absoluta, ou relativa. 
- Essas alterações hormonais desencadeiam o aumento da 
produção hepática de glicose e a redução de sua captação 
pelos tecidos periféricos, resultando em hiperglicemia e 
hiperosmolalidade no espaço extracelular 
- A hiperglicemia é resultante de três mecanismos: ativação 
da gliconeogênese e da glicogenólise e redução da utilização 
periférica de glicose, principalmente nos músculos. 
- A combinação de deficiência de insulina com aumento de 
hormônios contrarreguladores provoca a liberação excessiva 
de ácidos graxos livres do tecido adiposo (lipólise), os quais, 
no fígado, serão oxidados em corpos cetônicos 
- Assim, todo esse processo culmina em cetonemia e a 
acidose metabólica; na CAD, observam-se desidratação e 
glicosúria de graus variáveis, diurese osmótica e perda de 
fluidos e eletrólitos. 
Quadro clínico 
- Poliúria, polidipsia, perda de peso, náuseas, vômitos, 
sonolência, torpor e coma. 
Ao exame físico podem-se observar hiperpneia e, em 
situações mais graves, respiração de Kussmaul. Desidratação 
com pele seca e fria, língua seca, hipotonia muscular e até o 
choque hipovolêmico podem ocorrer 
- Os critérios bioquímicos para o manejo da CAD em 
crianças e adolescentes são: glicemia sanguínea >200 mg/dl, 
PH de sangue <7,3 e ou bicarbonato sérico <15mmol/L. além 
de cetonemia e cetonuria e presença de ânion Gap elevado 
- A CAD é definida como grave quando evolui com PH de 
sangue <7, moderada entre 7 e 7,24 e leve entre 7,25 e 
7,3 
A maioria dos pacientes com CAD apresentam-se com 
leucocitose 
- O sódio sérico mostra-se abaixo do normal 
- O potássio sérico pode estar elevado secundário à acidose 
- A elevação da ureia e creatinina reflete a depleção de 
volume intravascular. 
Tratamento 
As metas do tratamento são: 
- Manutenção das vias respiratórias 
- Correção da desidratação 
- Correção dos distúrbios eletrolíticos e acidobásicos 
- Redução da hiperglicemia e da osmolalidade: inicia-se a 
terapia com insulina. A insulina somente deve ser iniciada se 
o potássio for superior a 3,3mEq/L devido ao risco de 
arritmias associado à hipopotassemia 
- Identificação e tratamento do fator precipitante 
- A recomendação do uso de bicarbonato de sódio se 
reserva a casos graves de pacientes adultos com acidose 
com pH<6,9 
Puberdade 
 
4 Fernanda E. Bocutti T6 
- A puberdade feminina inicia-se em média aos 9,7 anos, 
mais precocemente quando comparada aos meninos (10,9 
anos) 
- A primeira manifestação clínica na menina é o 
aparecimento do broto mamário (telarca). No menino 
observa-se como primeira manifestação o aumento de 
volume testicular atingindo 4mL ou cm3. 
- A menarca ocorre cerca de 2 anos após o início da 
puberdade (M2), geralmente no estágio M4 (época de 
desaceleração do crescimento). 
- O crescimento é limitado 4 a 6cm nos anos subsequentes. 
Os ciclos iniciais da adolescente podem apresentar certa 
irregularidade nos primeiros 2 a 4 anos (ciclos anovulatórios) 
- Por definição clássica, puberdade precoceocorre quando o 
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários 
acontece antes dos 8 anos em meninas e antes dos 9 anos 
em meninos 
- A dosagem de LH basal, a radiografia de punho e mão não 
dominantes para avaliação da idade óssea em ambos os 
sexos e, nas meninas, a ultrassonografia pélvica para 
avaliação do volume ovariano uterino e, nos meninos a 
dosagem de testosterona, são exames indicados para 
complementar a avaliação. 
- Considera-se como atraso puberal a falta de 
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários aos 13 
anos de idade nas meninas e 14 anos nos meninos, ou seja, 
ausência de broto mamário e testículo menor que 4mL, 
respectivamente. 
- Tanto puberdade quanto a maturação e o crescimento 
estão atrasados por falta de ativação do eixo HHO. O exame 
clínico deve ser normal para a idade óssea. 
 
 
 
Crescimento 
O crescimento de uma criança depende de fatores 
intrínsecos e extrínsecos e pode ser dividido em duas fases: 
a pré-natal e a pós-natal. Durante o crescimento pré-natal, 
fatores associados à saúde materna e à placenta 
constituem os fatores extrínsecos ao feto. A carga 
 
5 Fernanda E. Bocutti T6 
genética e a integridade do sistema endócrino são os 
fatores intrínsecos. 
- No período pós-natal, os fatores extrínsecos são: o 
acesso a nutrientes, o ambiente psicossocial e o acesso a 
medidas preventivas de saúde. Os aspectos intrínsecos são 
semelhantes do período pré-natal, sendo que, nessa fase, o 
crescimento depende do hormônio do crescimento (GH) 
- Ser saudável é uma condição mínima para um crescimento 
dentro do esperado geneticamente. A falta de saúde, seja 
ela física ou mental por convívio em um ambiente hostil, 
pode afetar o crescimento. Medidas gerais devem ser 
estimuladas por meio de uma nutrição adequada, da prática 
de esportes e da obtenção de um sono restaurador. 
- Uma alimentação equilibrada, garantindo a presença de 
micro e macronutrientes, e a prática regular de esportes 
colaboram para que a criança seja saudável, e 
consequentemente, atinja seu potencial de crescimento. 
- A carga genética individual de cada criança tem dois 
aspectos importantes. O primeiro é que não haja anomalias 
estruturais ou numéricas ou mutações capazes de 
influenciar a integridade dos sistemas necessários para um 
crescimento normal. O segundo aspecto genético importante 
é o histórico familiar, que pode ser avaliado pela simples 
observação da altura dos pais. Por meio da altura dos pais, 
sendo eles não portadores de doença que tenham afetado o 
seu crescimento, é possível calcular o “alvo genético”. 
- A idade óssea é calculada pela avaliação de um RX da mão 
e do punho esquerdos e é o modo pelo qual os pediatras 
podem acompanhar o grau de maturação corporal. O cálculo 
da idade óssea é feito comparando-se os centros de 
ossificação visíveis da mão ESQUERDA de uma criança com 
padrões previamente estabelecidos 
- O desenvolvimento corporal de uma criança está muito 
mais relacionado à idade óssea do que à idade cronológica 
 
Hipotireoidismo 
- Estado clínico decorrente da produção insuficiente dos 
hormônios tireoidianos ou, mais raramente, da diminuição da 
ação desses hormônios nos diversos tecidos do organismo 
Considerando a época do surgimento e a sua origem, pode-
se classifica-lo em: 
- congênito, quando as razões para seu desenvolvimento 
surgem durante a vida intrauterina 
- adquirido, quando essas razões aparecem mais 
tardiamente 
- O hipotireoidismo congênito é a principal causa evitável de 
deficiência mental, com incidência de 1 para cada 3000 a 
4000 recém-nascidos aproximadamente. Como prognóstico 
intelectual está intimamente relacionado ao início precoce do 
tratamento, a realização de testes de triagem neonatal é 
fundamental para seu diagnóstico, uma vez que 20% dos 
casos positivos não apresentam sintomas no período 
neonatal e, quando presentes, os sintomas são inicialmente 
pouco expressivos. 
Quadro clínico 
Depende da gravidade do hipotireoidismo e da idade em que 
for diagnosticado 
- No período neonatal a apresentação dos portadores pode 
variar de ausência completa de sintomas até o quadro clínico 
clássico de obstipação intestinal, pele fria e seca, sonolência, 
dificuldade para mamar. 
- Nos lactentes, é comum observar sintomas anteriores 
associados a atraso no desenvolvimento neuropsicomotor 
(DNPM), diminuição do ritmo de crescimento 
- Em crianças mais velhas, observam-se baixa estatura e 
retardo mental. 
- A observação clínica isolada é limitada para garantir um 
diagnóstico precoce 
- A realização da triagem neonatal para HC é obrigatória no 
Brasil para todos os recém-nascidos. 
- Atualmente, a dosagem de TSH em amostra de sangue 
coletado entre 3º e 5º dia de vida, é a rotina recomendada 
para triagem neonatal.

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