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Os principais microrganismos residentes da cavidade oral associados a EB são membros do grupo dos estreptococos viridans e do grupo HACEK. O grupo viridans é formado por diferentes espécies de Streptococcus, entre elas S. sanguinis, S. oralis, S. gordonii, S. mitis, S. mutans, S. salivarius e S. anginosus. Esse é um grupo diverso de estreptococos que não crescem em altas concentrações de sais nem em bile e cuja maioria causa hemólise incompleta de hemácias (alfa-hemólise). A espécie Aggregatibacter actinomycetemcomitans, associada à periodontite agressiva, é a mais prevalente em casos de EB entre os membros do grupo HACEK. Esse grupo (Haemophillus spp., Aggregatibacter spp., Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella spp.) é formado por bacilos gram-negativos fastidiosos, e é responsável por 3% dos casos de EB. Um antibacteriano pode ser bacteriostático, ou seja, a concentração que atinge o sítio de infecção é capaz de inibir a multiplicação do agente infeccioso, mas não de causar a morte do patógeno. Outros podem ser bactericidas e são capazes de causar danos irreversíveis no agente infeccioso, levando-o à morte. O tratamento com um agente bacteriostático interrompe o crescimento bacteriano, permitindo que as defesas do hospedeiro eliminem o agente. Agentes bactericidas são preferidos em caso de infecção grave na profilaxia nos pacientes imunodeprimidos. A determinação do agente patogênico e seu perfil de suscetibilidade aos antibacterianos são testes laboratoriais recomendados para guiar a terapia, pois evitam o uso de antibacterianos aos quais o agente infeccioso não apresenta sensibilidade. Porém, tais testes não garantem o sucesso do tratamento e ao se estabelecer uma terapia antimicrobiana outros pontos devem ser levados em consideração, como o mecanismo de ação do fármaco, se esse é bacteriostático ou bactericida, a frequência de emergência de resistência na espécie do patógeno, o espectro de ação do fármaco (já que os de amplo espectro induzem maior alteração da flora residente, podendo levar a superinfecções como candidose), as propriedades farmacológicas que influenciam a via de administração, o tempo de terapia exigida, a toxicidade, a biodisponibilidade do fármaco no sítio de infecção, além dos fatores gerais do hospedeiro como idade, presença de condições sistêmicas debilitantes, como diabetes melito e imunodeficiências, e fatores locais, como presença de corpos estranhos, pus e tecido necrosado. O uso dos antibióticos pode ser realizado de duas formas distintas: específica, se o microrganismo é conhecido e sua sensibilidade já foi identificada, ou empírica, quando se sabe o provável microrganismo causador da patologia, tomando por base a prevalência em causar infecção em determinado local. • Pequeno espectro: é um medicamento que depende de mecanismos específicos de cada espécie do microrganismo para que sua ação seja efetivada, o que significa dizer que este antibiótico é altamente específico e deve ser empregado em casos de patologias mais graves e raras. Penicilinas naturais, Penicilinas biossintéticas e semissintéticas. • Amplo espectro: Antibiótico de amplo espectro é um medicamento que possui a capacidade de eliminar grande parte dos micro organismos presentes, mas que em contrapartida não tem especificidade o que significa dizer que a sua forma de atuação é mais abrangente e atinge grande parte dos microrganismo. Gram positivos: Penicilinas, Cefalosporinas, Cloranfenicol, Tetraciclina2. A prescrição de antibióticos é indispensável na prática odontológica. Na Odontologia, o antibiótico é indicado para o tratamento de infecções já estabelecidas e a profilaxia ou prevenção de infecções. Nos casos das infecções dentais, o uso de antibióticos é indicado quando há comprometimento sistêmico diante de trismo, febre, calafrios, fraqueza, vertigem, taquipneia, celulite. De acordo com o mecanismo de ação, os antibióticos podem atuar sobre a parede celular, a membrana citoplasmática, na síntese de proteínas e na síntese de ácidos nucleicos: 1. Antibióticos que atuam na síntese da parede celular: A parede celular é uma estrutura exclusiva da bactéria que a envolve externamente, dando-lhe forma, permitindo proteção, sustentação, manutenção da sua hipertonicidade interna e ainda desempenha importante papel no momento da reprodução. O antibiótico que atua sobre a parede celular age no momento da formação dessa cápsula, ou seja, na fase de crescimento da bactéria. O efeito produzido é bactericida. Exemplo: Penicilina e Cefalosporina. 2. Antibióticos que atuam impedindo a permeabilidade da membrana citoplasmática: A membrana citoplasmática está localizada abaixo da parede celular e atua regulando as trocas metabólicas da bactéria com o meio extracelular, funcionando como barreira osmótica. Os antibióticos que assim atuam desorganizam a sua estrutura e alteram a sua permeabilidade. O efeito produzido é bactericida. NÃO SÃO DE USO NA ODONTOLOGIA. 3. Antibióticos que atuam impedindo a elaboração e síntese de proteínas: Podem atuar por meio de dois mecanismos: • Dificultando a tradução da informação genética, como o cloranfenicol, tetraciclina e eritromicina. O efeito é bacteriostático. • Induzindo à formação de proteínas defeituosas, como a estrepto- micina e gentamicina. O efeito é bactericida. 4. Antibióticos que atuam na síntese de ácido nucleico Esses podem atuar: • Na síntese de DNA, interferindo na replicação da informação genética, como os antibióticos utilizados nas neoplasias malignas da cavidade bucal (Sistema ABC: Atriamicina, Bleomicina e Cisplatina). O efeito é bactericida. • Na síntese de RNA, impedindo a transcrição da informação genética por bloqueio da enzima RNA - Polimerase. O efeito é bactericida. Exemplo: mitomicina, que é indicado para neoplasias malignas. Há três indicações principais em odontologia para uso dos antibióticos: A) Tratamento das infecções dentais agudas e/ou crônicas; B) Profilática em pacientes de risco para desenvolvimento de endocardite bacteriana; C) Profilática para pacientes com algum grau de comprometimento do sistema imunitário e de defesas. De forma geral, a profilaxia é indicada para procedimentos que requerem a manipulação da região gengival, periapical ou perfuração da mucosa oral em pacientes que tenham maior risco de desenvolver endocardite após um procedimento odontológico, tais como aqueles com história prévia de endocardite, lesões congênitas valvares ou cardíacas importantes, e portadores de próteses cardíacas, vasculares, ortopédicas ou neurológicas. Vale mencionar que a mortalidade por EB associada a estreptococos do grupo viridans em valvas saudáveis naturais é de 5% e em valvas protéticas chega a 20%. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a profilaxia antibiótica para prevenir EB em pacientes com cardiopatias com condições cardíacas subjacentes associadas a maior risco de desfecho desfavorável de endocardite infecciosa. Esse grupo inclui pacientes com substituição articular total realizada nos últimos 2 anos e com imunodepressão (diabéticos, desnutridos, em tratamento com imunossupressores, entre outros). A profilaxia é indicada previamente a procedimentos como extrações dentárias, procedimentos periodontais que incluam cirurgia, raspagem e aplanamento radicular, colocação de implante dentário ou reimplante de dentes avulsos, instrumentação ou cirurgia endodôntica além do ápice, colocação de bandas ortodônticas (mas não colagem de “brackets”), injeções intraligamentares de anestésico local, limpeza profilática de dentes ou implantes, e em todo procedimento que ocasione sangramento. Obs: A forma de profilaxia antibiótica mais utilizada em Odontologia é a profilaxia metástática, ou seja, profilaxia à distância do local da cirurgia. O exemplo clássico é a profilaxia da endocardite infecciosa. Essa profilaxia deve ser realizada em pacientes com doenças cardiovasculares que representam alto risco para o desenvolvimento de endocardite infecciosa.
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