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Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Cardiomiopatia arritmogênica o VD do Boxer • Trata-se de uma enfermidade miocárdica hereditária comum em cães Boxer adultos. Similar a CAVD em humanos. • Observada em Dachshund, Bullmastiff, Husky Siberiano, Buldogue Inglês, Labrador Retriever, Dálamata, Pastor de Shetland e Weimaraner. • Humanos: 1 para 5000 mil • Prevalência em cães não estudada. • Em Boxers, a causa da morte costuma ser insuficiência cardíaca congestiva, morte súbita e eutanásia. • É uma infiltração do tecido fibroadiposo em substituição aos cardiomiócitos do VD com potencial arritmogênico. • A cicatriz fibroadiposa estende-se do epicárdio ao endocárdio, predominantemente na parede livre do VD. • Doença autossômica dominante: penetrância incompleta. • Mutações nos genes que codificam as proteínas desmossômicas, especialmente no gene estriatina, localizado no cromossomo 17. • Mutações em 4 proteínas de ligação dos demossomos: desmoplquina, placoglobina e placofilina e estriatina. • Mutações nos genes da Rianodina (principal canal do miocárdio) • Deficiência de calstabina-2 (proteína que modula fechamento e abertura dos canais de Rianodina) • Estriatina (deleção no gene da estriatina). A deficiência dessas proteínas, formam espaços que criam um espaço para preenchimento de tecido fibroadiposo. Cardiomiopatia Arritmogênica do Boxer Histórico Prevalência Fisiopatologia Etiopatogenia Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS • Instabilidade eletrofisiológica: infiltração fibroadiposa no miocárdio promove instabilidade eletrofisiológica predispondo circuitos elétrico reentrantes. • A CAVD no boxer é mais comumente diagnosticada entre 5 e 7 anos de idade, as vezes podem ser identificados precocemente com 1 a 3 anos. • Não está definido se as formas da doença representam alguma continuidade entre elas ou se são diferentes expressões genéticas distintas. • Boxers homozigotos para a mutação da deleção do gene estriatina sã mais propensos a manifestação da forma 3. • Alguns animais com grande número de eventos arrítmicos podem não progredir para a forma sintomática. • Outros com ectopia ventricular progridem gradualmente e desenvolvem sinais clínicos secundários às arritmias. • Histórico familiar • Arritmias • Identificação da mutação do gene da Estriatina comercialmente disponível nos EUA (serve para triagem). - Positivo X Negativo - Homozigoto X Heterozigoto • Ressonância magnética: na medicina humana muito usada, na Veterinária ainda pouco usada. Pode-se obter a fração de ejeção do VD. • TAPSE: excursão sistólica do plano anula tricuspídeo (índice de função sistólica do VD). • Avaliação miocárdica por speckle tracking: os resultados na literatura não são muito explicativos sobre a doença. Em outras doenças é uma forma interessante de estudo. Apresentação clínica Diagnóstico Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS • ECG das 12 derivações: duração do QRS, ramo ascendente da onda S, onda épsilon. • Variabilidade da FC: disfunção autonômica simpática. Ação simpática muito maior que parassimpática. É muito comum um animal com ECG normal tem CAVD. Caso de ECG sugestivo para CAVD; Extra-sístoles ventriculares e supra ventriculares: - Um único complexo ventricular prematuro é indicativo. • Holter - complexos prematuros Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS - As arritmias ventriculares são mais propensas de acontecer em maior número durante a noite. • Controle de arritmia • Protocolo 1: Sotalol 1,5 – 2 mg/kg, PO, q12h • Protocolo 2: Mexiletine 5 – 8 mg/kg, PO, q8h (não tem no Brasil) • Protocolo 3: Mexiletine + Atenolol 12,5 mg/cãos, PO, q12h • Protocolo 4: Procaínamida 20 – 26 mg/kg, PO, q8h • Protocolo 5: Atenolol • Ômega 3 2g/dia: redução do número e complexidade das arritmias em até 40%. 1. Registro do holter inicial 2. Sotalol 2mg/kg 3. Repetir holter após 15d de tratamento 4. Caso < 85% EV (arritmias menores em 85% do que era antes): repetir após 3m 5. Caso > 85% EV: aumentar dose de sotalol 6. Repetir após 2m: tratamento efetivo monitorar a cada 3 meses 7. Fazer controle semestral 8. Controle anual • Sempre risco de morte súbita nos Boxers acometidos. • Muitos cães são assintomáticos e vivem por anos, sem tratamento. • Cães sintomáticos podem ser tratados com antiarrítmicos por anos. • Alguns poucos podem desenvolver disfunção sistólica e dilatação ventricular com menor sobrevivência. Caso 1: • Macho, 6 anos. • Queixa: Animal hígido, irmão teve morte súbita recentemente. • Exame físico: NDN, ECG sem alteração. Tratamento Prognóstico Casos clínicos Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Estamos diante de uma cardiomiopatia arritmogênica e precisa ser avaliado. Nesse caso, com poucas arritmias, o única tratamento seria sotalol (pois não tem insuficiência). Caso 2: • Fêmea, 12 anos. • Queixa: avaliação de rotina • Exame físico: NDN, ECG encontrado complexos ventriculares prematuros típicos de VD. Com cardiomiopatia arritmogênica de grau 1. Assintomático, sem taquicardia. Tratamento com sotalol. Caso 3: • Macho, 10 anos • Queixa: síncopes (Importante! Chance de ter a doença é grande.) • Exame físico: NDN, ECG normal. Taquicardia leva à sincope. Pode evoluir para fibrilação. Forma sintomático/2. Tratamento com sotalol. Caso 4: • Macho, 11 anos • Queixa: hiporexia e apatia • Exame físico: sopro sistólico grau IV/IV em foco mitral, ECG com complexos ventriculares prematuros típicos de VD caracterizando CAVD. Rúbia Rogovski I Medicina Veterinária UFRGS Foi observado cardiomegalia evidente no Rx de tórax. Bastante arritmias. Possui disfunção sistólica e insuficiência cardíaca congestiva (grau 3 da CAVD). Devido à insuficiência se faz o uso de diuréticos e vasodilatadores (furosemida e enalapril), uso de ionotrópico positivo (pimobendam) e uso do sotalol para controlar arritmias. Sotalol pode ter ação ionotrópica negativa, o que não é bom em casos de cardiomiopatia.