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ANEMIAS GENETICAMENTE DETERMINADAS ERITROPOESE ▪ Quando precisa de oxigênio, é preciso produzir eritrócito, que é a célula que vai carregar oxigênio e voltar com CO2. ▪ Precursor eritroide se encontra na medula óssea, e se chama proeritroblasto que é estimulado pela eritropoetina. - Eritropoetina vai se diferenciando até formar o eritrócito. ▪ O reticulócito também é um precursor muito importante. -Quando se suspeitar de anemia hemolítica, a dosagem de reticulócitos será essencial. ▪ Para que se tenha uma eritropoiese eficaz, vai ser preciso de eritropoetina e de fatores essenciais. ▪ Fatores essenciais: - Ferro (síntese de Hb) → Ferro serve para síntese de hemoglobina - Folato (síntese de DNA) - Vitamina B12 (síntese de DNA) - Medula óssea sadia ▪ Vitamina B12 e Folato servem para síntese de DNA, e para diferenciação desse precursor na medula óssea, para que ele vire um dia um eritrócito. → Então, é essencial que se tenha todos esses fatores presentes e de uma medula saudável. ▪ Reticulócitos: Eritrócitos recém-lançados na circulação. ▪ EPO regula o delivery de O2 através da produção de eritrócitos, sendo ativado por hipóxia. ▪ Condição de hipóxia: Na falta de O2, ocorre estimulação da eritropoetina que é produzida no rim e será lançada na circulação até a medula que vai estimular precursor eritropoiético a produzir eritrócitos, e os eritrócitos vão fazer a oxigenação, melhorando o estado de hipóxia. 1. Baixa de eritrócitos 2. Hipóxia 3. Rins libera EPO 4. Maturação de precursores eritróides na medula 5. Aumenta produção de eritrócitos 6. Melhora o estado de hipóxia ERITRÓCITOS ▪ Discos bicôncavos, anucleados, com centro pálido que ocupa ⅓ do seu diâmetro. - Isso é importante ao avaliar eritrócitos hipocrômicos. ▪ Transportam oxigênio para os tecidos ▪ Capacidade de deformabilidade e elasticidade que permitem viajarem pela circulação por até 120 dias. → E para que ela caminhe na circulação, atravesse canais estreitos do baço e se mantenha ideal para continuar carreando oxigênio. ▪ Hemoglobina fetal (HbF) =α2 γ2 ▪ Hemoglobina mais presente no corpo humano: Hemoglobina A → formada por duas cadeias alfas e duas cadeias betas. -Aproximadamente 97% de HbA e o resto é de hemoglobina fetal. - É importante saber a proporção por causa das talassemias, pois haverá diferenças. ANEMIA ➢ É um estado caracterizado pela diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue com ou sem diminuição do hematócrito de acordo com a idade, sexo e altitude para indivíduos normovolêmicos. ➢ A redução da capacidade de transporte de oxigênio do sangue, que geralmente provém de uma redução da massa total de eritrócitos abaixo dos limites normais. ▪ Haverá baixa de hemoglobina associada a outros parâmetros. ▪ O hematócrito pode estar normal e a hemoglobina baixa que o indivíduo estará anêmico. ▪ Tem que estar no estado de normovolemia -Ex: Individuo sofreu acidente e perdeu muito sangue, ele estará anêmico, porém, o hematócrito dele estará normal, ou seja, precisa repor a volemia. Então, só se relaciona anemia com a redução dos níveis de hemoglobina. ▪ Diagnóstico de anemia -Parte-se de dados clínicos e morfológico- laboratoriais, confrontando-os com a possível etiologia. - Não se faz diagnostico de anemia só pelos indices hematimetricos Ex: Anemia ferropriva -Somente o hemograma não é suficiente para definir. É preciso confirmar utilizando outras análises. ▪ Na anemia por perda sanguínea -Em situações de perda crônica de sangue, os reservatórios de ferro são gradualmente esgotados, sendo o ferro essencial para a síntese de hemoglobina e eritropoese, sua deficiência resultará em anemia crônica de subprodução HEMOGRAMA ➢ Corresponde ao conjunto de testes laboratoriais que estabelecemos aspectos qualitativos e quantitativos dos eritrócitos (eritrograma), leucócitos (leucograma) e das plaquetas (plaquetograma). ➢ Eritrograma -Testes que determinam o perfil hematológico da série vermelha no sangue periférico. - É relativo aos eritrócitos - Vai avaliar a contagem de eritrócitos -Dosagem de hemoglobina: O hematócrito que é o percentual de eritrócitos quando comparados ao plasma, ou seja, quanto de eritrócitos há ali, qual a massa eritrocitária com relação ao plasma total. - Volume corpuscular médio: Tamanho da população dos eritrócitos -HCM: o peso da hemoglobina dentro do eritrócito, é o conteúdo -CHCM: a concentração média da população de eritrócitos. É um parâmetro mais fidedigno para avaliação de anemia. -RDW: Variação de tamanho dos eritrócitos ➢ Avaliação morfológica tem que estar associado quando for avaliar condição de anemia ➢ Contagem de reticulócitos também é muito importante para avaliar anemias hemolíticas. -Reticulócitos é uma célula que vem antes dos eritrócitos. Está avaliando função medular, ou seja, se a medula está funcionando corretamente. CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS ▪ Macrocítica hipercrômica, é um termo incorreto, só se chama macrocítica. → Em um eritrócito grande (macrocítico) não há mais hemoglobina, a concentração dele de hemoglobina não necessariamente será maior, ele não será hipercorado por causa disso, então o termo hipercrômico é errôneo. ▪ Índices eritrocitários (hematimetricos) quando se fala em microcítica hipocrômica é porque o VCM e CHCM estão reduzidos. -Foi colocado CHCM e não HCM, é importante sempre usar esse parâmetro. Concentração de hemoglobina e não só da hemoglobina corpuscular média. ▪ Exemplo de normocrômica vai ser na perda de sangue, como no acidente. O indivíduo vai estar anêmico, mas não quer dizer que as hemácias dele diminuíram ou aumentaram de tamanho, ele perdeu sangue, volume. ▪ Quando tem deficiência nutricional, como de ferro, b12 e folato, haverá redução da produção de eritrócitos, pois está faltando componentes iniciais para produção. -Pode haver também aumento da destruição, no caso das anemias hemolíticas → Eritrócitos com defeitos sofrem hemólise extravascular ou intravascular que vai gerar também quadro de anemia. Ex: anemias falciformes, talassemias, etc. TERMOS IMPORTANTES • Normocítica- Eritrócitos de tamanho e forma normais • Microcítica- Eritrócitos de tamanho diminuído • Macrocítica- Eritrócitos de tamanho aumentado • Hipocrômica - Eritrócitos de com aumento de hemoglobina • Hipercrômica - Eritrócitos de com aumento de hemoglobina - da cor • Anisocitose- Termo que caracteriza alterações de tamanho • Poiquilocitose - Avaliação da forma dos eritrócitos • Anisocitose - termo que caracteriza diferença de tamanho) CONTAGEM DE ERITRÓCITOS • Situação 1- Se houver uma queda de hemoglobina, haverá também queda de CHCM→ É diretamente proporcional -Haverá eritrócitos menores, então o VCM diminui. Já o número de eritrócitos estará aumentado. Muito número, para baixo volume. → Índices inversamente proporcionais, quando o volume diminui, o número de eritrócitos aumenta. • Se houver uma situação, de um indivíduo com anemia microcítica hipocrômica, provavelmente ele terá o número de eritrócitos elevado. -Deficiência de ferro: O que define que o eritoblasto na medula óssea vai se dividir e se diferenciar em uma hemácia normal é a concentração de hemoglobina e ferro. Quando há baixa quantidade de ferro o precursor na medula vai multiplicar muito, para compensar o decréscimo de hemoglobina, por isso haverá muito número, porque está querendo compensar uma deficiência. • Situação 2- Níveis normais. • Situação 3- Ocorre aumento do volume (tamanho do eritrócito), devido a isso, o “E” vai diminuir. O índice hematimetrico será o VCM aumentando e o número de eritrócito diminuído. MORFOLOGIAERITROCITÁRIA • Poderoso recurso para o diagnóstico das anemias, traduz os valores numéricos dos índices hematimétricos. • Critérios: -Sistemas de escore são utilizados: Sistema de cruzes de 1+ a 3+ ou 4+ -Critérios descritivos: Alterações leves, moderadas ou acentuadas. • Cuidados: Não deve ser realizada de forma isolada, pois tornará a análise subjetiva e de limitada reprodutibilidade. Na segunda imagem: Célula apontada pela seta é chamada de hipocrômica ANEMIA HEMOLÍTICA -Hemolíticas porque as hemácias sofrem hemólise. -Anemias causadas pela destruição acelerada dos eritrócitos -A destruição pode ser resultante tanto de defeitos intrínsecos, que são geralmente herdados, como de fatores extrínsecos, que são geralmente adquiridos. 1-Esferocitose hereditária 2. Anemia Falciforme 3. Talassemias • Anemias hemolíticas compartilham características. -Vai ter elevado nível de eritropoetina, pois devido ao fato de o indivíduo perder muita célula, o nível de hemoglobina estará caindo, significando que a pessoa está sofrendo hipóxia, desse modo eritropoetina vai subir. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA • Distúrbio hereditário, caracterizado por defeitos intrínsecos da membrana eritrocitária, que torna os eritrócitos esféricos, células não deformáveis altamente vulneráveis à sequestração e destruição no baço. • -Hemólise extravascular: Condição de esferocitose hereditária → quando uma hemácia perde capacidade de deformabilidade. Então quando ela passeia pela circulação, especialmente pelo baço, ela não consegue passar, desse modo a hemácia lisa. → Todas as anemias hemolíticas vão sofrer uma hemólise extravascular. • Distúrbio causado por defeitos intrínsecos do esqueleto da membrana eritrocitária, tornando os eritrócitos esferóides. - São vulneráveis ao sequestro e destruição pelo baço. - Achado morfológico mais característico = esferócito • Baço é o órgão que faz reciclagem de células defeituosas. -A hemácia normal precisa ter elasticidade e se deformar para passar em canais mais estreitos, se ela não tem isso, fica exposta a fagócitos. → No baço acontece hemólise extravascular, fagocita a hemácia. -Nas situações de anemias hemolíticas, ocorre uma hiperplasia macrocitária, ou seja, aumento do número de macrócitos. -Se tem hemólise, ocorre anemia, e se o baço trabalha muito, ocorre esplenomegalia. - Quando há suspeita de anemia hemolítica, é essencial avaliação clínica e física do paciente. • O eritrócito ao sofrer hemólise, gera acumulo de vários produtos da hemoglobina, incluindo acumulo de ferro. → Hemossiderina. -Paciente também pode ter cálculos. -Também ocorre encurtamento da vida das hemácias. -Medula vai trabalhar mais e vai liberar reticulócitos na circulação, reticulocitose no sangue periférico. • A destruição dos eritrócitos pode ocorrer no compartimento vascular (hemólise intravascular) ou no compartimento tecidual por macrófagos (hemólise extravascular). ETIOPATOGENIA DA ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA -Mutações que provocam deficiência nos componentes do esqueleto de membrana. - Causada por anormalidades no esqueleto da membrana. - Mutações que envolvem a espectrina, anquirina e a banda 3, componentes do citoesqueleto. - Uma característica compartilhada entre as mutações patogênicas consiste no enfraquecimento das interações “verticais” entre o citoesqueleto da membrana e as proteínas membranares intrínsecas. Defeito este, que de algum modo vai desestabilizar a bicamada lipídica dos eritrócitos que vão lançar vesículas membranares na circulação a medida que vão envelhecendo. ▪ Se tem um novo formato do eritrócito por causa da instabilidade da membrana. ▪ Hemácia normal tem formato côncavo, esferócito é redondo e não tem capacidade de maleabilidade. O eritrócito normal se deformaria e passaria. ▪ Esferócito é facilmente reconhecido e sofre sequestro esplênico. ▪ Há um defeito primário no citoesqueleto, mutação nas proteínas. Enquanto o eritrócito passa pela circulação ele vai perdendo membrana, gerando o formato esferoide, causando redução de volume. Diagnóstico 1. História Clínica 2. Achados hematológicos 3. Evidências laboratoriais 4. Aumento de CHCM (desidratação) -Haverá aumento do CHCM nessa situação porque o esferócito tem hemoglobina concentrada. 5. Clínicos: Esplenomegalia, anemia e icterícia Icterícia - excessivas de bilirrubina Cor amarelada da pele e da parte branca dos olhos ANEMIA FALCIFORME • Doença falciforme é resultante de uma mutação pontual da β-globina, provocando a substituição de um resíduo de GLUTAMATO por VALINA. → Isso vai fazer com que essa hemoglobina se polimerize e as hemácias fiquem em formato de foice. • A hemoglobina falciforme é responsável pela patogênese da doença. • A polimerização da HbS ocorre em desoxigenação (Traço). • O traço HbAS tem quantidade de hemoglobina A:S de 60:40. • A presença de SS (homozigose para mutação) produz doença típica. • Em homozigotos, todas as HbA são substituídas pela HbS, enquanto em heterozigotos somente cerca da metade é substituída. • Haverá hemácias em formato de foice. • Indivíduo que possui homozigose, terá uma grande quantidade de drepanócitos (eritrócito em formato de foice). Mas individuo traço também tem proporção de hemoglobina S e em condições extremas, como em situação de hipóxia, os eritrócitos podem ficar falcizados. -Carrega oxigênio, porém quando essa hemácia desoxigena, ela pode ficar no formato fixo. • Traço falciforme: individuo é HbAs • A anemia falciforme é a anemia hemolítica familiar mais comum no mundo Fisiopatologia: 1. Polimerização da hemoglobina desoxigenada 2. Distorção das hemácias 3. Anemia por hemólise 4. Obstrução na microvasculatura 5. Lesão isquêmica tecidual 6. Crises vaso oclusivas – Dores Ocorre uma mutação pontuação, gerando produção da hemoglobina S, essa hemoglobina continua carregando oxigênio, porém ela pode ficar no formato fixo, falcizada, e ser recolhida pelo baço. -O afoiçamento dos eritrócitos é inicialmente um fenômeno reversível após a reoxigenação. Entretanto, a distorção da membrana produzida após repetidos episódios de afoiçamento leva a um influxo de cálcio, que causa a perda de potássio e água, como também danos ao esqueleto da membrana. Ao longo do tempo, esses danos cumulativos criam células afoiçadas irreversíveis, que são rapidamente hemolisadas. Eritrócitos falciformes na circulação Quando há drepanócitos na circulação: Caso um drepanócito pare na bifurcação, começa a acumular outros drepanócitos, bloqueando o fluxo do sangue. Isso pode gerar uma região de infarto. Irá aumentar a viscosidade do sangue. Uma estase sanguínea. Triade de virchow: Alteração de fluxo, alteração de viscosidade, hipercoagulabilidade. Se houver dois desses fatores pode promover a formação de trombos, ou seja, o individuo fica propenso a formação de trombos. - Muitos drepanócitos no baço, tentam passar, mas não tem deformabilidade que o eritrócito normal possui. Esses drepanócitos serão fagocitados, e para isso será preciso de muitos fagócitos, causando uma hiperplasia de fagócitos. O baço irá crescer, causando esplenomegalia. A longo prazo pode ocorrer uma autoesplenomegalia. -Baço e medula óssea são os dois tecidos principais afetados pela anemia falciforme. Duas consequências principais surgem do afoiçamento dos eritrócitos: 1- Os danos nas membranas dos eritrócitos e a desidratação causada por episódios repetidos de afoiçamento produzem anemia crônica hemolítica. 2- O afoiçamento dos eritrócitos produz oclusões microvasculares generalizadas, que resultam em dano tecidual isquêmico e crises de dor Diagnóstico / Achados/Evolução1. História Clínica 2. Achados hematológicos 3. Evidências laboratoriais 4. Aumento de CHCM (desidratação) 5. Oclusão vascular (dor)/ Infartos 6. Clínicos: Esplenomegalia, anemia e Icterícia PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As mais sérias dentre as crises são as do tipo vaso- oclusivas, ou crises de dor. Local mais afetado pelos episódios de vaso-oclusão: Medula óssea. Uma complicação: síndrome torácica aguda → pode ser desencadeada por infecções pulmonares ou êmbolos gordurosos da medula infartada. Outra grave complicação inclui o acidente vascular encefálico (AVC), que algumas vezes ocorre durante o estabelecimento da síndrome torácica aguda. Apesar de qualquer órgão poder ser afetado pela injúria isquêmica, a síndrome torácica aguda e o AVC são as duas principais causas de morte relacionada com a isquemia. Pacientes com anemia falciforme são suscetíveis a infecções → Tanto adultos quanto crianças com anemia falciforme são funcionalmente asplênicos, tornando-os suscetíveis a infecções causadas por bactérias encapsuladas, como os pneumococos. ANEMIA FALCIFORME E DOENÇA CÉREBRO VASCULAR Manifestações neurológicas Decréscimo progressivo das funções cognitivas (ou AVC silencioso) Déficit neurológico focal de início súbito (AVC) Acidentes vasculares seriam a causa do óbito em 1/10 dos casos de anemia falciforme Crianças sadias da mesma faixa etária, têm aumento de 221 vezes no risco de sofrer um AVC, e de 410 vezes de sofrer um infarto cerebral. TALASSEMIAS • Talassemia deriva da combinação das palavras gregas thalassa (mar), e emas (sangue). Regiões de prevalência de hemoglobinopatias. No entanto, a talassemia já foi disseminada para outras regiões do mundo. • Constituem um grupo heterogêneo de distúrbios causados por mutações hereditárias que diminuem a síntese de cadeias α e β globinas. - Como resultado, observa-se deficiência de Hb e alterações adicionais dos eritrócitos devido ao excesso relativo da cadeia de globina não afetada • É uma hemoglobinopatia quantitativa. ❖ β-Talassemias -Causada pela síntese deficiente de cadeias β (reduções variáveis). -Mutações heterogêneas que afetam o locus da cadeia da beta-globina. -Na β + talassemia, até a ausência completa, como na βo talassemia. ❖ α -Talassemias -Causada pela síntese deficiente de cadeias α. -Baixa produção das cadeias-alfa da globina, levando a um aumento das cadeias-gama no feto e no recém-nascido e das cadeias-beta em crianças e adultos. ΒETA-TALASSEMIAS As β-talassemias são causadas por mutações que diminuem a síntese das cadeias de β-globina. A gravidade clínica varia em função da heterogeneidade nas mutações causais. A síntese da cadeia alfa (α) é normal. • O prejuízo da síntese de β-globina resulta em anemia por dois mecanismos: 1. O déficit na síntese de HbA produz hemácias “sub-hemoglobinizadas”, hipocrômicas, microcíticas, com capacidade subnormal de transporte de oxigênio. -Redução da hemoglobina A gera essas hemácias. -Hemograma de paciente talassemico pode se confundir com anemia ferropriva. - Há uma produção reduzida de cadeia beta. Cadeia alfa não estará pareada. Cadeias alfas não pareadas vão se precipitar. 2. As cadeias α não pareadas se precipitam no interior dos precursores eritróides, formando inclusões insolúveis provocando lesão da membrana. - O precursor fica doente devido a essa precipitação. Então o que vai derivar dele não será um eritrócito normal e sim um eritrócito microcítico e hipocrômico. - O paciente terá anemia, pois ele terá uma eritropoiese ineficaz. Paciente terá um aumento da absorção de ferro por outros órgãos para tentar compensar a redução. Terá uma sobrecarga de ferro, pois anemia é hemolítica, terá hemólise, liberando ferro, causando sobrecarga sistêmica de ferro. - O paciente com talassemia beta pode ter uma eritropoiese extra-medular, por isso que o individuo pode ter deformações esqueléticas. - É possível ver no hemograma hemácias em alvo. Hemácias em alvo: Acumulo de hemoglobina no centro. ALFA-TALASSEMIAS • São causadas por deleções hereditárias que resultam na síntese reduzida ou ausente de cadeias α-globina. A gravidade da α-talassemia depende de quantos genes de α-globina foram afetados. - Há 4 genes. - Não haverá hemoglobina adequada, por isso esse indivíduo é anêmico. • Anemia -Tem origem da ausência de hemoglobina adequada quando do defeito do excesso de hemoglobina β- não pareadas. -As hemoglobinas β são mais solúveis que as hemoglobinas α, apresentando efeitos menos deletérios que nas β-talassemias. • Essa talassemia é menos importante do que a beta, porque na beta haverá precipitação de cadeia alfa, sendo que na talassemia alfa será solúvel. • 1. Alfa-talassemia mínima: Perda de 1 dos 4 genes da alfa-globina. 2. Alfa-talassemia minor: Perda de 2 dos 4 genes da alfa-globina. 3. Doença da Hb H: Disfunção de 3 dos 4 genes da alfa-globina. 4. Hidropsia fetal com Hb Bart: Disfunção de todos os genes da alfa-globina (incompatível com a vida). Ht elevado VCM < 80fL CHCM e HCM baixos RDW pouco elevado em relação às anemias ferroprivas A eletroforese de hemoglobina e exames moleculares são essenciais para definição do diagnóstico. A gravidade clínica está relacionada ao número dos 4 genes da α-globina ausentes ou inativos. Perda de todos os quatro genes suprimem completamente a síntese da cadeia α. CASOS CLÍNICOS CASO 1 Mulher, 17 anos com dor crônica nas articulações apresenta o seguinte eritrograma: E: 2.250.000 Hb: 7,6 g/dL Ht: 20,9% VCM: 92,5 fL HCM: 33,6 pg CHCM: 36,4 g/dL RDW: 21,9% Reticulócitos: 10,1 % (0,5% a 1,5%) Morfologia: Micrócitos, Macrócitos, anisocitose, Hipocromia; Eritroblastos (+), Poiquilocitose (drepanócitos 3+, células em alvo, eritroblastos ortocromáticos. 1. Qual a suspeita diagnóstica? Anemia falciforme. 2. Justifique a dosagem de hemoglobina. Anemia hemolítica grave devido ao encurtamento da vida dos eritrócitos que por sua novo formato (eritrócito em foice ou falciforme) são prontamente destruídos pelo sistema monocítico macrofágico (baço), por isso a hemoglobina apresenta níveis bem diminuídos. 3. Justifique a presença de Eritroblastos e eritroblastos ortocromáticos. Efeito compensatório para repor a celularidade no sangue periférico devido à hemólise excessiva. 4. Quais exames complementares poderiam ser solicitados para paciente? O principal é a eletroforese de proteínas para definir qual é a alteração principal que causou a doença falciforme. CASO 2 Mulher, 15 anos, com histórico de anemia crônica, icterícia e melhora após esplenectomia apresenta o seguinte eritrograma: E: 3.930.000 Hb: 12,7, g/dL Ht: 32,8% VCM: 83,5 fL HCM: 32,3 pg CHCM: 38,7 g/dL RDW: 18,5 % Reticulócitos: 8,7 % (0,5% a 1,5%) Morfologia: Micrócitos, Alguns macrócitos, anisocitose (++), Hipercromia; Poiquilocitose (esferócitos 3+). 1. A paciente encontra-se anêmica? No momento, não. Os níveis de hemoglobina foram normalizados. 2. Por que o percentual de reticulócitos está aumentado? Por se tratar de uma anemia hemolítica, a medula óssea acaba compensando com a liberação de células mais jovens (reticulócitos) que os eritrócitos para corrente sanguínea. 3. Porque a paciente apresenta melhora após esplenectomia? O baço é o principal órgão que faz a retirada de eritrócitos senescentes ou defeituosos, portanto na anemia falciforme como há grande quantidade de eritrócitos em foice, o baço é superestimulado tornando-se um “vilão” para manutenção dos níveis de hemoglobina circulante. CASO 3 Mulher, 28 anos, com histórico de talassemia beta menor, apresenta o seguinte eritrograma: E: 5.370.000 Hb:11,3g/dL VCM: 66,5 fL HCM: 21 pg CHCM: 31,4 g/dL RDW: 14,7 % Morfologia: Micrócitos, Hipocromia; sem anisocitose. *População uniforme de eritrócitos no histograma 1. Diferencie esse eritrograma de uma possível anemia ferropriva. Na anemia ferropriva os índices de CHCM são mais baixos, acompanhando a redução da Hb. Além disso, a deficiência de ferro acarreta na produção de muitos tipos de eritrócitos, em tamanho e forma (competição por ferro pelos precursores da medula óssea) resultando numa população heterogênea, aumentando muito o RDW (anisocitose). 2. Qual índice ficaria aumentado nas anemias ferroprivas em relação à talassemia? RDW (anisocitose).
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