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Distúrbio no metabolismo de lipídios: - Elevação do colesterol total (CT), - Elevação do colesterol ligado a lipoproteína de baixa densidade - Elevação dos triglicerídeos (TG), e/ou - Diminuição do colesterol ligado a lipoproteína de alta densidade A dislipidemia aumenta a chance de entupimento das artérias (aterosclerose) e de ataques cardíacos, acidente vascular cerebral ou outros problemas circulatórios, especialmente em fumantes. Lipoproteínas As lipoproteínas possuem regiões centrais hidrofóbicas contendo ésteres de colesterol e triglicerídeos, circundadas por colesterol não esterificado, fosfolipídeos e apoproteínas. A síntese se inicia com os quilomícrons, que são formados no intestino e transportam triglicerídeos de origem nutricional, colesterol não esterificado e ésteres de colesterol. Eles percorrem o ducto torácico e dirigem-se para a corrente sanguínea edistribuem ácidos graxos livres para o tecido adiposo e músculos. Os remanescentes de quilomícrons assim formados são captados nos hepatócitos por endocitose mediada por receptores. No fígado, além da captação de colesterol da dieta, também ocorre produção, sendo que esse colesterol vai compor a formação de lipoproteínas do tipo VLDL. Hidrólise pelo sistema da lipoproteína lipase (LPL) O diâmetro das partículas diminui à medida que ocorre depleção dos triglicerídeos: 1. As VLDL são secretadas pelo fígado e exportam triglicerídeos para os tecidos periféricos. Os triglicerídeos das VLDL são hidrolisados pela LPL, produzindo ácidos graxos li-vres para armazenamento no tecido adiposo e para oxidação em tecidos como o músculo cardíaco e o músculo esquelético. A depleção de triglicerídeos produz remanescentes IDL. 2. Alguns dos IDL sofrem endocitose diretamente nos hepatócitos. O restante é convertido em LDL pela redução adicional de triglicerídeos, em um processo mediado pela lipase hepática. 3. As LDL são catabolizadas principalmente nos hepatócitos e em outras células por meio de endocitose mediada por receptores. Os ésteres de colesterol das LDL são hidrolisados, produzindo colesterol livre para a síntese de membranas celulares. 4. A lipoproteína Lp(a) é formada a partir das LDL e da proteína (a), ligadas por uma ponte de dissulfeto. A proteína (a) é altamente homóloga ao plasminogênio, porém não é ativada pelo ativador do plasminogênio tecidual. Pode ser encontrada em placas ateroscleróticas. 5. As apoproteínas das HDL são secretadas pelo fígado e pelo intestino. Grande parte do lipídeo provém das monocamadas superficiais de quilomícrons e VLDL durante a lipólise. A HDL também adquire colesterol a partir dos tecidos periféricos capta o lipídio que não é utilizado pelo tecido periférico e manda de volta para o fígado. A distribuição anormal das lipoproteínas leva à dislipidemia. (adultos com mais de 20 anos) Lípides C/ jejum (mg/dl) S/ jejum Cat. referencial Colesterol total < 190 < 190 Desejável HDL-c > 40 > 40 Desejável Triglicérides <150 <175 Desejável Categoria de risco LDL-c < 130 < 130 Baixo < 100 < 100 Intermediário < 70 < 70 Alto <50 <50 Muito alto Não HDL-c < 160 < 160 Baixo < 130 < 130 Intermediário < 100 < 100 Alto < 80 < 80 Muito alto Depende do risco cardiovascular do paciente: →Risco cardiovascular muito alto ou alto: medicamentos + modificações do estilo de vida →Risco moderado ou baixo: modificações do estilo de vida 2ª etapa: medicamentos. Fármacos no tratamento da @waleska112 Med IX - UFOB Além dessas, outras doenças causadas por distribuição anormal das lipoproteínas são: Defeito familiar do ligante da apo B, que leva ao aumento de LDL. Hiperlipoproteinemia Lp(a), que leva ao aumento de Lp(a). Antes que se possa estabelecer o diagnóstico de distúrbios primários, é preciso considerar as causas secundárias do fenótipo. As condições mais comuns estão resumidas na tabela. Em geral, a anormalidade das lipoproteínas regride quando o distúrbio subjacente pode ser tratado com sucesso. WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada [recurso eletrônico]. Tradução e revisão técnica de Augusto Langeloh. 6. ed. Porto Alegre : Artmed, 2016. ◦ Estatinas ◦ Resinas ◦ Ezetimiba ◦ Niacina ◦ Fibratos ◦ Ácidos graxos ômega 3 * Conforme V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclose. Medicamento segundo o tipo de dislipidemia presente Hipercolesterolemia: 1ª opção: Estatinas ◦ Estatinas + ezetimiba ◦ Estatinas + colestiramina ◦ Eventualmente: Estatinas + fibratos ou Estatinas + ácido nicotínico Hipertrigliceridemia isolada 1ª opção: Fibratos 2ª opção: Ácido nicotínico ou a associação de ambos Mista TG < 500 mg/dL → Estatina TG > 500 mg/dL → Fibrato Lovastatina, sinvastatina, pravastatina, atorvastatina, fluvastatina, pitavastatina e rosuvastatina Os inibidores da HMG-CoA redutase (mais conhecidos como estatinas) reduzem os níveis elevados de LDL-C, resultando em redução substancial de eventos coronarianos e de morte por DCC. Eles são considerados o tratamento de primeira escolha para pacientes com risco elevado de DCVAS. As vantagens terapêuticas incluem estabilização das placas, melhora da função endotelial coronariana, aumenta a neovascularização em tecido isquêmico inibição da formação do trombo plaquetário e atividade anti-inflamatória. Mecanismo de ação: são inibidores competitivos de HMG-CoA redutase, a etapa limitante da síntese de colesterol. Inibindo a síntese do colesterol, elas esgotam o seu estoque intracelular. O esgotamento do colesterol intracelular leva a célula a aumentar, na superfície, o número de receptores específicos de LDL-C que podem ligar o LDL-C circulante e internalizá-lo. Assim, reduz os níveis de triglicerídeos plasmáticos e aumenta o HDL. A ezetimiba inibe seletivamente a absorção de colesterol da dieta e da bile no intestino delgado, diminuindo a oferta de colesterol intestinal para o fígado. Isso reduz as reservas de colesterol hepático e aumenta a remoção de colesterol do sangue. A ezetimiba diminui o LDL-C em cerca de 17%. Devido a esse efeito modesto, a ezetimiba frequentemente é usada como adjunto no tratamento com estatinas ou em pacientes intolerantes a estatinas. Efeitos: ↓ absorção de colesterol ↓ sua incorporação em VLDL ↓ concentrações plasmáticas de colesterol LDL A ezetimiba é empregada na dose única de 10 mg ao dia. Em geral bem tolerada, mas pode causar diarreia, dor abdominal, cefaleia. Rash e angioedema já relatados. Colestiramina, colestipol e colesevelam Os sequestradores de ácidos biliares (resinas fixadoras de ácidos biliares) têm efeito redutor do LDL-C significativo, embora seus benefícios sejam menores do que os obtidos com as estatinas. Efeito: ↓ absorção enteral de ácidos biliares (depleção do colesterol celular hepático) ↑ síntese de LDLR e de colesterol endógeno ↑ VLDL e, consequentemente, de TG plasmáticos A posologia inicial é de 4 g ao dia, podendo-se atingir, no máximo, 24 g ao dia. As resinas que ligam ácidos graxos são úteis (frequentemente combinados a dieta ou niacina) no tratamento das hiperlipidemias tipo IIA e tipo IIB. A colestiramina também pode aliviar o prurido causado pelo acúmulo de ácidos biliares em pacientes com obstrução biliar. O colesevelam também é indicado para o diabetes tipo 2 devido a seu efeito de diminuição de glicose. Os efeitos adversos mais comuns são distúrbios GI, como constipação, náuseas e flatulência. O fenofibrato e a genfibrozila sãoderivados do ácido fíbrico que reduzem os triglicerídeos séricos e aumentam os níveis de HDL-C. Mecanismo de ação: Os receptores ativados pelo proliferador de peroxissomo (RAPPs) são membros da família de receptores nucleares que regulam o metabolismo lipídico. Os RAPPs funcionam como fatores de transcrição ativados pelo ligante. Eles são ativados ao ligarem os seus ligandos naturais (ácidos graxos ou eicosanoides) ou a anti- hiperlipêmicos. Então eles ligam a elementos de resposta proliferador de peroxissoma, o que finalmente leva à diminuição da concentração de triglicerídeos por meio do aumento da expressão da lipoproteína lipase e diminuindo a concentração de apo CII. O fenofibrato é mais eficaz do que a genfibrozila na redução dos níveis de triglicerídeos. Os fibratos também aumentam o nível de HDL-C pelo aumento da expressão de apo AI e apo AII, aumentam a captação de ácidos graxos nas células musculares e aumentam a oxidação de dos ácidos graxos nas células musculares. Efeito adversos: desconforto gastrintestinal, raros: miopatia e arritmias. Adição de fibrato, o fenofibrato, em diabéticos tipo 2: não se observou benefício CV, mas observou redução de eventos microvasculares como amputação, retinopatia e nefropatia. Os fibratos podem: -potencializar os efeitos de dicumarínicos, requerendo monitorização da anticoagulação após introdução deste fármaco; - aumentar a miopatia das estatinas. -aumentar os efeitos da varfarina. Não devem ser usados em pacientes com disfunção renal ou hepática grave ou em pacientes com doença preexistente na vesícula biliar. A niacina pode reduzir o LDL-C entre 10 e 20% e é o fármaco mais eficaz para aumentar HDL-C. Mecanismo de ação: Com doses na faixa de gramas, a niacina inibe fortemente a lipólise no tecido adiposo, reduzindo assim a produção de ácidos graxos livres. O fígado normalmente usa os ácidos graxos livres circulantes como principais precursores na síntese de triglicerídeos. Níveis reduzidos de triglicerídeos no fígado diminuem a produção de VLDL-C hepático, o que, por sua vez, diminui a concentração de LDL-C no plasma. Recomenda-se dose inicial de 500 mg ao dia com aumento gradual - em geral para 750 mg e, depois, para 1.000 mg, com intervalos de 4 semanas a cada titulação de dose, buscando-se atingir 1 a 2 g diárias. Efeitos adversos: rubor cutâneo e prurido (prostaglandinas), hiperuricemia, o comprometimento da sensibilidade à insulina e a miopatia. Ácidos graxos poli-insaturados (AGPIs) ômega-3 são ácidos graxos essenciais usados predominantemente para reduzir triglicerídeos. Os ácidos graxos essenciais inibem a síntese de VLDL-C e triglicerídeos no fígado. Pode aumentar o risco de sangramentos naqueles que estão tomando simultaneamente anticoagulantes ou antiplaquetários. Alirocumabe e o evolocumabe A PCSK9 é uma proteína que promove a degradação de receptores hepáticos de LDL, levando à hipercolesterolemia. Os inibidores dessa proteína consistem em anticorpos monoclonais que aumentam a disponibilidade dos receptores de LDL. Quando a PCSK9 é inibida, ocorre uma maior captação de LDL por seus respectivos receptores presentes nos hepatócitos, com redução de níveis séricos e plasmáticos de LDL. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017: Dois inibidores da PCSK9 totalmente humanos foram aprovados no Brasil para comercialização em 2016, o alirocumabe e o evolocumabe. Ambos são aplicados por meio de injeção subcutânea − o alirocumabe a cada 2 semanas, na dose de 75 mg ou 150 mg, enquanto o evolucumab com injeção de 140 mg, a cada 2 semanas, ou 420 mg, uma vez ao mês. Quanto à indicação dos inibidores da PCSK9 (evolocumabe e alirocumabe) no tratamento das dislipidemias, esta atualização recomenda a utilização somente em pacientes com risco cardiovascular elevado, em tratamento otimizado com estatinas na maior dose tolerada, associado ou não à ezetimiba, e que não tenham alcançado as metas de LDL-c ou não HDL-c recomendadas. O uso dos inibidores da PCSK9 em geral é seguro e bem tolerado. É descrita a ocorrência de nasofaringite, náuseas, fadiga e aumento da incidência de reações no local da injeção (vermelhidão, prurido, edema ou sensibilidade/dor).
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