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Dislipidemias

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1 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
Dislipidemias: É a elevação de colesterol e 
triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de 
HDL que contribuem para a aterosclerose. 
A doença ateromatosa é subjacente às causas mais 
comuns de morte (IAM causado por trombose na 
placa ateromatosa rompida em uma artéria coronária) 
e de incapacidade (AVE, insuficiência cardíaca) em 
sociedades industrializadas. 
A hipertensão e a dislipidemia são importantes fatores 
de risco para o processo ateromatoso. 
 
O transporte de lipoproteínas forma a base para a 
compreensão dos fármacos utilizados para o 
tratamento de dislipidemia. 
 
ATEROGÊNESE: 
O ateroma é uma doença focal da íntima das artérias 
de tamanhos médio e grande. 
As lesões evoluem durante décadas e são 
clinicamente silenciosas – a ocorrência de sintomas 
sinaliza doença avançada. 
A USG é útil em artérias acessíveis (carótidas). 
Alterações correlatadas, como redução da 
complacência aórtica e a deposição de cálcio arterial, 
podem ser detectadas determinando-se, 
respectivamente, a velocidade da onda de pulso 
aórtico e a calcificação das artérias coronárias. 
 
Fatores de risco para a doença ateromatosa: 
• Não podem ser alterados – história familiar de 
cardiopatia isquêmica por exemplo 
• Modificáveis – constituem alvos potenciais para 
medicamentos. 
 
 
Muitos fatores de risco (p. ex., diabetes do tipo 2, 
dislipidemia, tabagismo) causam disfunção 
endotelial, o que é evidenciado pela redução das 
respostas vasodilatadoras à acetilcolina ou pelo 
aumento do fluxo sanguíneo (a chamada dilatação 
mediada pelo fluxo), respostas que são inibidas por 
fármacos que bloqueiam a síntese de óxido nítrico 
(NO). O endotélio sadio produz NO e outros 
mediadores que protegem contra ateroma, de modo 
que é provável que os fatores metabólicos de risco 
cardiovascular atuem causando disfunção epitelial. 
 
A aterogênese envolve: 
• Disfunção endotelial, com alteração na 
biossíntese de NO, predispõe à aterosclerose 
• A lesão do endotélio disfuncional leva à 
expressão de moléculas de adesão. Isso promove 
a fixação e a migração de monócitos do lúmen 
para a íntima. As lesões têm predileção por 
regiões com distúrbios de fluxo, como os pontos 
de origem dos ramos aórticos. 
• O colesterol com lipoproteína de baixa densidade 
(LDL) é transportado para a parede do vaso. As 
células endoteliais e monócitos/macrófagos 
geram radicais livres que oxidam o LDL (oxLDL), 
resultando em peroxidação lipídica. 
• O oxLDL é captado por macrófagos por meio de 
receptores “depuradores” (scavenger). Tais 
macrófagos são chamados de células espumosas 
em virtude de seu aspecto histológico 
“espumoso”, decorrente do acúmulo de lipídios 
no citoplasma, e são característicos de ateroma. A 
captação de oxLDL ativa os macrófagos que 
liberam citocinas pró-inflamatórias. 
• Acumulação subendotelial de células espumosas 
e de linfócitos T formam estrias gordurosas. 
• Mecanismos protetores, por exemplo, a 
mobilização do colesterol da parede da artéria e 
o seu transporte no plasma sob a forma de 
colesterol com lipoproteína de alta densidade 
(HDL), denominado “transporte reverso de 
colesterol”. 
• Liberação de citocinas e fator de crescimento por 
plaquetas ativadas, macrófagos e células 
endoteliais, causando proliferação da 
musculatura lisa e deposição de componentes do 
tecido conjuntivo. Essa resposta inflamatória 
fibroproliferativa leva a uma densa capa fibrosa 
sobre um centro rico em lipídios, e essa estrutura 
inteira compõe a placa ateromatosa. 
• Ruptura da placa, formando um substrato para a 
trombose. A presença de grande número de 
macrófagos predispõe à ruptura da placa, 
enquanto o músculo liso vascular e as proteínas 
da matriz estabilizam a placa. 
 
TRANSPORTE DE LIPOPROTEÍNAS: 
Os lipídeos e o colesterol são transportados na 
corrente sanguínea como complexos de lipídeo e 
proteína – lipoproteínas. 
Esse complexo consiste em um núcleo central de 
lipídios hidrofóbicos (incluindo os triglicerídios e os 
ésteres de colesteril) envoltos por uma capa de 
 
2 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
fosfolipídios polares, colesterol livre e 
apoproteína. 
 
• Existem quatro principais classes de 
lipoproteínas – diferem quanto à proporção 
relativa dos lipídios no núcleo e no tipo de 
apoproteína (apoA e apoB). 
• As apoproteínas ligam-se a receptores 
específicos que medeiam a captação de 
partículas lipoproteicas no fígado, sangue e 
outros tecidos. 
 
As lipoproteínas diferem em tamanho e densidade, 
que é a base para sua classificação em: 
• Partículas HDL (contêm apoA1 e apoA2) – 
diâmetro de 7 a 20 nm 
• Partículas LDL (apoB-100) – diâmetro de 20 a 30 
nm 
• Partículas de lipoproteínas de densidade muito 
baixa (VLDL) (apoB-100) – diâmetro de 30 a 80 nm 
• Quilomícrons (apoB-48) – diâmetro de 100 a 
1.000nm. 
 
Cada classe de lipoproteína desempenha um papel 
específico no transporte lipídico, e existem diferentes 
vias para os lipídios exógenos e endógenos, assim 
como vias para o transporte reverso de colesterol. 
 
 
Figura 24.1 Diagrama esquemático do transporte de 
colesterol nos tecidos, com os pontos de ação dos 
principias fármacos que afetam o metabolismo das 
lipoproteínas. C, colesterol; CETP, proteína de 
transporte de ésteres de colesteril; HDL, lipoproteína 
de alta densidade; HMG-CoA, 3-hidroxi-3-
metilglutaril-coenzima A; LDL, lipoproteína de baixa 
densidade; MVA, mevalonato; NPC1L1, um 
transportador de colesterol em microvilosidades de 
enterócitos; PCSK9, pró-proteína convertase 
subtilisina/quexina 9; VLDL, lipoproteína de muito 
baixa densidade. 
 
Via exógena: 
O colesterol e os triglicerídios absorvidos pelo íleo 
são transportados como quilomícrons na linfa e 
depois no sangue, para os capilares nos músculos e 
tecido adiposo. 
Nesses locais, os triglicerídios são hidrolisados pela 
lipoproteína lipase, e os tecidos captam os ácidos 
graxos livres e o glicerol resultantes. 
Os quilomícrons remanescentes, ainda contendo 
seu complemento de ésteres de colesteril completo, 
passam para o fígado, ligam-se a receptores 
presentes nos hepatócitos e sofrem exocitose. 
O colesterol liberado nos hepatócitos é 
armazenado, oxidado a ácidos biliares, secretado 
inalterado na bile ou pode ingressar na via 
endógena. 
 
Via endógena: 
O colesterol e os triglicerídios recém-sintetizados 
são transportados do fígado na forma de VLDL 
para o músculo e o tecido adiposo, onde os 
triglicerídios são hidrolisados originando ácidos 
graxos e glicerol – estes passam para os tecidos. 
Durante esse processo, as partículas lipoproteicas 
tornam-se menores, porém retêm um complemento 
total de ésteres de colesteril e se tornam partículas 
LDL. 
O LDL fornece a fonte de colesterol para incorporação 
em membranas celulares e para a síntese de 
esteroides, mas também é essencial para a 
aterogênese. 
As células captam o LDL por endocitose por meio dos 
receptores LDL que reconhecem a apoB-100. Os 
receptores LDL são essenciais na determinação da 
concentração de LDL circulante e, 
consequentemente, para o desenvolvimento e 
progressão da doença ateromatosa. 
 
As estatinas atuam ao bloquear a síntese de 
colesterol nos hepatócitos, que respondem 
aumentando a expressão dos receptores LDL na 
superfície membranar. 
 
Os inibidores PCSK9, também influencia a 
densidade dos receptores LDL, mas por um 
mecanismo diferente, designadamente reduzindo a 
degradação lisossomal dos receptores LDL 
internalizados, levando a um aumento da reciclagem 
dos receptores LDL funcionais na superfície 
membranar. 
 
Dos tecidos, o colesterol pode retornar ao plasma na 
forma de partículas HDL (transporte reverso de 
colesterol). 
O colesterol é esterificado com ácidos graxos de 
cadeia longa em partículas HDL, e os ésteres de 
colesteril resultantes são transferidos para partículas 
VLDL ou LDL por intermédio de uma proteína de 
transferência presente no plasma conhecida como 
CETP (cholesteryl ester transferprotein). 
Uma espécie de LDL associada com aterosclerose 
que se localiza em lesões ateroscleróticas denomina-
se lipoproteína(a), ou Lp(a). A Lp(a) contém uma 
apoproteína única, a apo(a), que apresenta 
similaridades estruturais com o plasminogênio. 
 
3 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
A Lp(a) compete com o plasminogênio pelo seu 
receptor nas células endoteliais. O plasminogênio 
normalmente é o substrato para o ativador de 
plasminogênio, que é secretado pelas células 
endoteliais e a estas se liga, dando origem à enzima 
fibrinolítica plasmina. O efeito da ligação da Lp(a) é a 
diminuição de formação de plasmina, inibição de 
fibrinólise e promoção de trombose. 
 
As proteínas de transferência de lipídios foram 
associadas à aterogênese. 
A ACAT (acil coenzima A: colesterol aciltransferase) 
catalisa a síntese intracelular do ésteres de colesteril 
em macrófagos, córtex da suprarrenal, intestino e 
fígado. 
O tamoxifeno (usado no tto de CA mama) é um 
potente inibidor de ACAT. 
A CETP está envolvida na transferência de colesterol 
entre diferentes classes de partículas de lipoproteína 
no plasma. 
A proteína de transporte microssômico de 
triglicerídios (MTP) é uma proteína de transferência 
de lipídios presente no lúmen do retículo 
endoplasmático responsável pela ligação e 
transferência de lipídios entre membranas. 
A inibição da MTP interfere na secreção da apoB e na 
montagem do LDL, e a lomitapida, um desses 
inibidores, é utilizada em conjunto com a dieta e 
outras medidas na hipercolesterolemia familiar 
homozigótica. 
 
DISLIPIDEMIA: 
Pode ser primária ou secundária. 
As formas primárias ocorrem por uma combinação 
de dieta e genética (geralmente, mas nem sempre 
poligênicas). 
São classificadas em 6 fenótipos: 
 
 
Há um risco especialmente grande para doença 
cardíaca isquêmica em um subconjunto do tipo 
primário IIa de hiperlipoproteinemia causada por 
defeitos em um único gene dos receptores de LDL; é 
conhecido como hipercolesterolemia familiar (HF). 
A concentração plasmática de colesterol total, 
normalmente < 5 mmol/ℓ, em adultos afetados está 
acima de 8 mmol/ℓ em heterozigotos e é de 12 a 25 
mmol/ℓ em homozigotos. 
 
As formas secundárias de dislipidemia são 
consequência de outras condições, como diabetes 
melito, alcoolismo, síndrome nefrótica, insuficiência 
renal crônica, hipotireoidismo, doença hepática e 
administração de fármacos, por exemplo, 
isotretinoína (isômero da vitamina A usado para tto de 
acne grave), tamoxifeno, ciclosporina e inibidores de 
protease usados no tratamento de infecção pelo vírus 
da imunodeficiência humana. 
As formas secundárias são tratadas corrigindo a causa 
subjacente. 
 
 
 
PREVENÇÃO DE DOENÇA ATEROMATOSA: 
O tratamento farmacológico é complemento de 
hábitos saudáveis. 
O tratamento da hipertensão e do diabetes melito 
reduz a incidência de doença ateromatosa 
sintomática. 
Os antitrombóticos reduzem a trombose arterial. 
Reduzir o LDL também é eficaz, mas vários outros 
passos na aterogênese também são alvos em 
potencial para a ação de medicamentos. 
 
Inibidores da enzima conversora de angiotensina: 
melhoram a função endotelial e prolongam a vida em 
pcts com doença ateromatosa. Outros fármacos que 
também aumentam a biossíntese de NO ou sua 
disponibilidade estão em investigação. 
 
Medidas para elevar o HDL: 
• Ingestão moderada de álcool 
• Exercícios regulares 
• Tratamento medicamentoso é de benefício 
incerto. 
Os fibratos e derivados do ácido nicotínico 
aumentam discretamente o HDL e reduzem LDL e 
triglicerídios. 
Em indivíduos com HDL baixo, a inibição da CETP 
pode aumentar substancialmente o HDL circulante. 
No entanto, três desses fármacos falharam devido à 
falta de eficácia clínica ou a efeitos adversos. Um 
ensaio clínico de um quarto fármaco, anacetrapib, 
demonstrou que este aumenta o HDL e diminui o LDL, 
sendo associado a uma redução modesta de grandes 
eventos coronários, quando comparado com o 
 
4 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
placebo em pacientes em risco de eventos cardíacos 
já sob terapia com estatinas. No entanto, não se 
observou um efeito na mortalidade geral, e seu 
desenvolvimento foi descontinuado. 
Antioxidantes (p. ex., vitaminas C e E) são de 
interesse tanto pelos relatórios de que melhoram a 
função endotelial em pacientes com aumento do 
estresse oxidativo como pelas evidências 
epidemiológicas de que uma dieta rica em 
antioxidantes se associa à redução do risco de 
coronariopatia. Contudo, os resultados de ensaios 
clínicos têm sido negativos, e vários antioxidantes 
reduzem o HDL. 
Os estrógenos, usados em prevenção dos sintomas 
de menopausa e da osteoporose pós-menopausa, 
têm propriedades antioxidantes e exercem outros 
efeitos vasculares que poderiam ser benéficos. 
Evidências epidemiológicas sugerem que as 
mulheres que usam tal reposição hormonal podem 
apresentar redução no risco de doença ateromatosa, 
mas ensaios controlados mostraram efeitos adversos 
significativos sobre a mortalidade cardiovascular. 
Abordagens anti-inflamatórias: o tratamento 
medicamentoso para reduzir a proteína C reativa (PC-
R) tem sido discutido, mas é provável que, embora a 
PC-R elevada seja um marcador de inflamação 
vascular, ela não desempenha um papel direto na 
aterogênese. Outras medidas anti-inflamatórias estão 
sendo investigadas; por exemplo, inibidores da 
ACAT. 
 
FÁRMACOS REDUTORES DE LIPÍDIOS: 
Vários fármacos diminuem as concentrações de 
lipoproteínas plasmáticas. 
A terapia medicamentosa é usada 
complementarmente às medidas dietéticas e à 
correção de outros fatores de risco cardiovascular 
modificáveis. 
Os principais usados são: 
• Estatinas: inibidores da 3-hidroxi-3metilglutaril-
coenzima A (HMG-CoA) redutase 
• Inibidores PCSK9 
• Fibratos 
• Inibidores da absorção de colesterol 
• Ácido nicotínico e seus derivados 
 
ESTATINAS - INIBIDORES DA HMG-COA 
REDUTASE: 
A etapa enzimática limitante na síntese do colesterol 
é a HMG-CoA redutase, que catalisa a conversão de 
HMG-CoA a ácido mevalônico. 
Sinvastatina, lovastatina e pravastatina são 
inibidores competitivos, específicos e reversíveis da 
HMG-CoA redutase com valores de Ki de 
aproximadamente 1 nmol/ℓ. 
Atorvastatina e rosuvastatina são inibidores de ação 
prolongada. 
 
A diminuição da síntese hepática de colesterol 
suprarregula (upregulates) a síntese do receptor de 
LDL, aumentando a remoção de LDL do plasma 
para os hepatócitos. 
O principal efeito bioquímico das estatinas, portanto, 
é reduzir o LDL plasmático. Também há certa 
redução dos triglicerídios plasmáticos e aumento do 
HDL. 
 
Outras ações das estatinas: 
Produtos da via do mevalonato reagem com a 
proteína (“lipidação”, que é a adição de grupos 
hidrofóbicos como prenil ou farnesil a uma proteína). 
Algumas importantes enzimas ligadas à membrana (p. 
ex., NO sintase endotelial) são modificadas dessa 
maneira. 
Os ácidos graxos servem como âncoras, fixando a 
enzima em organelas como as cavéolas e o aparelho 
de Golgi. Consequentemente, há interesse nos 
efeitos das estatinas não relacionados ou 
indiretamente relacionados com seu efeito sobre o 
LDL plasmático (algumas vezes denominados efeitos 
pleiotrópicos). 
Algumas dessas ações são indesejáveis (p. ex., a 
HMG-CoA redutase orienta as células germinativas 
primordiais em migração, estando contraindicado o 
uso de estatinas durante a gravidez), mas algumas 
oferecem promessa terapêutica. Tais ações 
potencialmente benéficas incluem: 
• Melhora da função endotelial 
• Redução da inflamação vascular 
• Redução da agregação plaquetária 
• Aumento da neovascularização em tecido 
isquêmico 
• Aumento de células progenitoras endoteliais 
circulantes 
• Estabilização da placa aterosclerótica 
• Efeitos antitrombóticos 
• Aumento da fibrinólise 
Não se sabe em que grau tais efeitos contribuem para 
as ações antiateromatosas das estatinas. 
 
Farmacocinética: 
• De ação curta são administradas por via oral, à 
noite parareduzir o pico matinal de síntese de 
colesterol. 
• Bem absorvidas e extraídas pelo fígado, seu local 
de ação, e sofrem extenso metabolismo pré-
sistêmico por meio das vias citocromo P450 e 
glicuronidação. 
• A sinvastatina é um profármaco inativo de lactona; 
é metabolizada no fígado dando origem à sua 
forma ativa, o ácido graxo beta-hidroxilado 
correspondente. 
 
Efeitos adversos: 
São bem toleradas. 
• Dor muscular (mialgia) 
• Desconforto gastrointestinal 
• Elevação das concentrações plasmáticas de 
enzimas hepáticas 
• Insônia 
• Rash cutâneo 
 
5 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
Efeitos adversos mais sérios são raros, mas incluem 
dano do músculo estriado (miosite que, quando é 
grave, é descrita como rabdomiólise) e angioedema. 
A miosite é um efeito das estatinas como classe, e 
também ocorre com outros redutores de lipídios 
(especialmente os fibratos) e está relacionada com a 
dose. É mais comum nos pacientes com baixa massa 
corporal magra ou hipotireoidismo não controlado. 
 
 
 
INIBIDORES DA PRÓ-PROTEÍNA 
CONVERTASE SUBTILISINA/QUEXINA 
TIPO 9: 
A PCSK9 é sintetizada na forma inativa por muitos 
tecidos (cérebro, fígado). 
É ativada de forma autocatalítica pela quebra 
proteolítica, que remove uma seção da cadeia 
peptídica que bloqueia a sua atividade. 
Quando ativada, liga-se aos receptores de LDL e 
promove a sua degradação lisossomal após a 
internalização do LDL no citoplasma dos hepatócitos, 
prevenindo, assim, a reciclagem dos receptores LDL 
na superfície membranar e diminuindo sua 
capacidade para sequestrar LDL. 
Os membros da família que herdam uma forma 
hiperativa do gene PCSK9 sofrem de 
hipercolesterolemia grave. Por sua vez, os indivíduos 
com mutações inativas nesse gene apresentam baixas 
concentrações de LDL circulante e baixa incidência de 
doença ateromatosa. Aqueles com homozigose para 
PCSK9 inativado apresentam concentrações 
plasmáticas de LDL muito baixas e são saudáveis. 
Este fato encorajou o desenvolvimento de anticorpos 
monoclonais que bloqueiam a PCSK9, prevenindo a 
ligação aos receptores LDL e sinalizando-os para a 
destruição lisossomal. 
Evolocumabe e alirocumabe já estão aprovados nos 
EUA e na Europa para o tratamento de 
hipercolesterolemia primária em pacientes cujo LDL 
circulante não esteja devidamente controlado por 
uma estatina ou combinação de estatina/ezetimiba, 
como agentes adicionais (ou administrados de forma 
isolada aos pacientes que não toleram o tratamento 
com estatina). 
O evolocumabe é administrado por via subcutânea a 
cada 2 a 4 semanas e o alirocumabe, a cada 2 
semanas. Efeitos adversos comuns em ambos os 
agentes incluem nasofaringite e sintomas gripais. 
Estão sendo desenvolvidos outros agentes que 
funcionam por meio da inibição dessa via como, por 
exemplo, pequeno RNA de interferência que provoca 
a inibição prolongada da síntese de PCSK9. 
 
FIBRATOS: 
Derivados do– bezafibrato, ciprofibrato, genfibrozila, 
ácido fíbrico fenofibrato e clofibrato. 
Reduzem acentuadamente o VLDL circulante e os 
triglicerídios, com redução modesta (cerca de 10%) 
do LDL e aumento de aproximadamente 10% do HDL. 
Mecanismo de ação complexo. 
São agonistas dos receptores nucleares PPARα5; 
em seres humanos, os principais efeitos são de 
aumento da transcrição dos genes de lipoproteína 
lipase, apoA1 e apoA5. 
Aumentam a captação hepática de LDL. Além dos 
efeitos sobre lipoproteínas, os fibratos reduzem a PC-
R e o fibrinogênio plasmáticos, aumentam a tolerância 
à glicose e inibem a inflamação da musculatura lisa 
vascular por inibição da expressão do fator de 
transcrição nuclear NFκB. 
Desconhece-se a importância relativa desses efeitos, 
não tendo sido demonstrado o aumento da sobrevida 
com a utilização de fibratos. 
 
Efeitos adversos: 
• Rabdomiólise é incomum mas grave, originando 
insuficiência renal aguda associada à excreção de 
proteínas musculares pelos rins, especialmente a 
mioglobina. 
• Ocorre particularmente em pacientes com 
comprometimento renal, devido a redução da 
ligação proteica e eliminação deficiente de 
fármacos. 
• Os fibratos devem ser evitados em tais pacientes 
e também em alcoólatras, que possuem 
predisposição à hipertrigliceridemia, porém com 
risco de rabdomiólise. 
• Em raros casos, as estatinas podem também 
causar rabdomiólise e, portanto, o uso 
combinado de fibratos com essa classe de 
fármacos é desaconselhável (embora às vezes 
alguns especialistas o façam). 
• Os sintomas gastrintestinais, prurido e rash são 
mais comuns do que com as estatinas. 
• O clofibrato predispõe a cálculos biliares e, 
portanto, seu uso está restrito a pacientes que 
sofreram colecistectomia (p. ex., remoção da 
vesícula biliar). 
 
 
 
FÁRMACOS QUE INIBEM A ABSORÇÃO 
DO COLESTEROL: 
 
6 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
As resinas de ligação a sais biliares (p. ex., 
colestiramina, colestipol) eram os únicos agentes 
disponíveis para reduzir a absorção do colesterol e 
estavam entre os poucos meios para redução do 
colesterol plasmático. 
Administrados VO, sequestram sais biliares no 
intestino e previnem sua reabsorção e recirculação 
êntero-hepática. 
A concentração de HDL não se altera, e eles causam 
aumento indesejado de triglicerídios. 
A redução na absorção de colesterol exógeno e o 
aumento do metabolismo do colesterol endógeno 
em sais biliares no fígado elevam a expressão de 
receptores de LDL nos hepatócitos e, portanto, 
aumentam a depuração de LDL do sangue, com 
redução da concentração plasmática de LDL. 
As resinas são viscosas, de gosto desagradável e 
muitas vezes causam diarreia. Interferem na absorção 
de vitaminas lipossolúveis e de diuréticos tiazídicos, 
digoxina e varfarina. Esses fármacos devem, portanto, 
ser administrados 1 h antes ou 4 a 6 h após a resina. 
Com a introdução das estatinas, seu uso no 
tratamento de dislipidemia foi amplamente relegado 
a tratamento adicional em casos de pacientes com 
doença grave (p. ex., HF) e (um uso separado) para o 
tratamento de sintomas associados aos sais biliares 
como prurido e diarreia. 
O colesevelam está disponível na forma de 
comprimido e é menos viscoso (a dose diária é de até 
4 g, em comparação com a dose de até 36 g da 
colestiramina), porém mais caro. Subsequentemente, 
esteróis e estanóis de plantas estão sendo 
comercializados; estes são isolados da polpa da 
madeira e usados na fabricação de margarinas e 
iogurtes. Causam discreta redução do colesterol 
plasmático e possuem sabor melhor do que as 
resinas. 
Os ésteres de fitosterol e o fitostanol interferem na 
apresentação micelar dos esteróis à superfície do 
enterócito, reduzindo a absorção de colesterol e, 
portanto, a via exógena. 
 
EZETIMIBA: 
Pertence ao grupo de azetidinonas inibidoras da 
absorção de colesterol e é usada como coadjuvante à 
dieta e ao uso de estatinas na hipercolesterolemia. No 
duodeno, inibe a absorção de colesterol (e de 
estanóis vegetais) por bloqueio de uma proteína 
transportadora (NPC1L1) nas microvilosidades (borda 
em escova) dos enterócitos, sem afetar a absorção de 
vitaminas lipossolúveis, triglicerídios ou ácidos 
biliares. Em virtude de sua alta potência em 
comparação com as resinas (uma dose diária de 10 
mg), esta representa um avanço útil como substituta 
das resinas na complementação do tratamento com 
estatinas em pacientes com dislipidemia grave. 
 
A ezetimiba é administrada por via oral e absorvida 
nas células epiteliais do intestino, onde se localiza nas 
microvilosidades, que se presume serem seu ponto 
de ação. 
Também é extensamente (> 80%) metabolizada, 
originando um metabólito ativo. 
A recirculação êntero-hepática faz com que sua 
eliminação seja lenta. 
A meia-vida terminal é de aproximadamente 22 h. 
Passa para o leite (pelo menos em estudos animais) e 
está contraindicada para lactantes. 
É em geral bem tolerada, mas pode causar diarreia, 
dor abdominal ou cefaleia; foram relatados rash e 
angioedema. 
 
 
ÁCIDO NICOTÍNICO: 
É umavitamina essencial para muitos processos 
metabólicos importantes. 
Tem sido usado em quantidades de gramas como 
agente redutor de lipídios. 
É convertido em nicotinamida, que inibe a secreção 
hepática de VLDL, com consequente redução de 
triglicerídios e LDL circulantes, incluindo Lp(a) e 
aumento do HDL. 
Acredita-se que o mecanismo seja iniciado por um 
efeito sobre a lipólise por intermédio de um receptor 
da niacina acoplado à proteína G, denominado 
HM74A e presente nas membranas de adipócitos. 
Os efeitos adversos incluem rubores, palpitações e 
distúrbios gastrintestinais. Infelizmente, a adição de 
ácido nicotínico a uma estatina não melhora o 
desempenho cardiovascular, mas aumenta os efeitos 
adversos graves (estudo HSP2-THRIVE), e a sua 
utilização clínica vem diminuindo. 
 
DERIVADOS DE ÓLEO DE PEIXE: 
Os triglicerídios ômega-3 de origem marinha 
reduzem as concentrações de triglicerídios no 
plasma, mas aumentam o colesterol. Já não são 
recomendados na prática clínica em decorrência da 
ausência de benefício clínico. 
 
MIPOMERSENO: 
Está aprovado nos EUA para uma única indicação, a 
HF homozigótica. É um oligonucleotídio antissenso 
complementar à região do mRNA, que codifica a 
apoB-100 que, por sua vez, inibe a síntese de apoB-
100 e de LDL. Modificações químicas conferem ao 
mipomerseno resistência à degradação por 
nucleases, permitindo que seja administrado 1 
vez/semana, como adjunto de outro tratamento para 
a HF homozigótica. 
Este se acumula no fígado, que é o local da sua ação, 
mas também da sua toxicidade – a hepatotoxicidade 
é um problema grave que limita a sua utilização, 
requerendo monitoramento cuidadoso. Outros 
efeitos adversos incluem sintomas gripais e edema. 
 
7 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 6°P MEDICINA 
 
LOMITAPIDA: 
Também foi recentemente aprovada como adjunto 
de outro tratamento para a HF homozigótica. 
É uma pequena molécula inibidora da MTP. A MTP 
tem um papel-chave na montagem e liberação na 
circulação de lipoproteínas que contêm apoB, e a 
inibição dessa proteína reduz significativamente os 
níveis de lipídios no sangue. Esta ação contrasta com 
outros fármacos que diminuem os lipídios, mas que 
atuam principalmente por meio do aumento da 
captura de LDL em vez da redução da secreção 
hepática de lipoproteína. 
A lomitapida é administrada por via oral 1 vez/dia, e a 
dose é individualizada de acordo com a forma como 
é tolerada. Distúrbios gastrintestinais são comuns. 
 
 
 
Ritter, James M. Rang & Dale Farmacologia. 
Disponível em: Minha Biblioteca, (9th edição). Grupo 
GEN, 2020. 
https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/dist%C3%BArbios-
end%C3%B3crinos-e-
metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-
lip%C3%ADdicos/dislipidemia 
 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia
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