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Samara Tessari Pires P03 de Bioquímica Médica I 1. O que são polissacarídeos e como são classificados de acordo com a sua função biológica e composição? Cite exemplos. Os polissacarídeos podem ser definidos como aquelas moléculas de carboidratos que, quando hidrolisadas, originam mais de 10 unidades monoméricas, que são os monossacarídeos. Eles são classificados como polissacarídeos de reserva ou de armazenamento e estruturais no quesito função biológica. Já no quesito composição, podem ser diferenciados os homopolissacarídeos, que contêm somente uma espécie monomérica, e os heteropolissacarídeos, que possuem mais de um tipo distinto. Dentre os exemplos, há o amido (homopolissacarídeo de reserva), o glicogênio (homopolissacarídeo de reserva), a celulose (homopolissacarídeo estrutural) e os peptideoglicanos (heteropolissacarídeos estruturais). 2. Qual a estrutura, fonte e função metabólica do amido? O amido é um homopolissacarídeo de glicose formado por uma cadeia α- glicosídica. Sua constituição envolve uma cadeia não ramificada (amilose) de formato helicoidal, com ligações α1→4 e que corresponde a 20% da estrutura total do polissacarídeo e uma cadeia ramificada (amilopectina) que apresenta ligações α1→4 nas cadeias e ligações α1→6 nos pontos de ramificação, a qual corresponde a cerca de 80% da estrutura do polímero. Como fontes de amido, podem ser citadas a batata, os cereais, os legumes e outros vegetais. A função metabólica desse polissacarídeo é a de armazenamento, uma vez que é uma reserva para os vegetais e, quando ingerido pelos seres humanos, serve de fonte de glicose ao ser hidrolisado. 3. Qual a estrutura, local de armazenamento e função metabólica do glicogênio? Qual a diferença estrutural entre o glicogênio e o amido? O glicogênio é um polímero de resíduos de glicose ligados por ligações α1→4, com ligações α1→6 nas ramificações, assim como a amilopectina. Ele é abundante no fígado, onde é armazenado nos hepatócitos na forma de grânulos, mas também está presente nos músculos esqueléticos. Sua função metabólica é constituir uma reserva para as células animais, uma vez que consegue compactar grande quantidade de moléculas de glicose sem aumentar a osmolaridade do citosol. O glicogênio difere do amido por ser mais ramificado, já que o intervalo entre as ramificações é menor que o da amilopectina do amido, além de ser mais compacto e mais solúvel. 4. Qual a estrutura e função metabólica da celulose? Por que a celulose não pode ser digerida pelos seres humanos? A celulose é um homopolissacarídeo linear não ramificado formado por unidades de D- glicose com configuração β unidas por ligações glicosídicas β1→4, o que difere das ligações α1→4 da amilose. Sua função é estrutural, uma vez que ela constitui a parede celular das plantas, principalmente nas partes amadeiradas, como caules e troncos. A celulose não pode ser digerida devido ao tipo de ligação que ela apresenta em sua estrutura (β1→4), o que exige a presença de uma enzima que hidrolise esse tipo de ligação, a celulase, a qual é ausente nos animais, com exceção dos ruminantes. 5. Qual a estrutura, fonte e função da quitina e quitosana? A quitina é um homopolissacarídeo linear composto por resíduos de N- acetilglicosamina unidos em ligações β1→4. Embora semelhante estruturalmente à celulose, principalmente no que tange à formação de fibras longas, é possível diferir ambas pela substituição de um grupo hidroxila em C-2 por um grupo amina acetilado no caso da quitina. Esse polissacarídeo está presente no exoesqueleto dos artrópodes, como insetos, lagostas e caranguejos, e na parede celular de fungos, apresentando, portanto, função estrutural. A quitosana é um polissacarídeo produzido a partir da desacetilação da quitina. É encontrada no exoesqueleto dos artrópodes e, além da constituição estrutural dos animais desse filo, apresenta diversas funções comprovadas no corpo humano, como a cicatrização de ferimentos, a remoção de proteínas de alergênicos, a liberação controlada de drogas no organismo por meio de nanopartículas e a utilização como suplemento alimentar. Embora não haja comprovação, verificou-se a capacidade de emagrecimento mediante a ingestão de quitosana, porque ela atua como uma esponja, retardando a função das lipases e contribuindo para a eliminação de gorduras nas fezes. 6. O que são dextranas? Fale sobre a função das mesmas. As dextranas são polissacarídeos de bactérias e de leveduras, constituídas por α-D-glicose em ligações α1→6, sendo que todas têm ramificações α1→3 e algumas também têm ramificações α1→2 ou α1→4. Elas desempenham uma importante função na saúde bucal, uma vez que a placa dentária precursora do processo carioso contém dextranas, as quais são moléculas adesivas e permitem às bactérias grudarem nos dentes e umas às outras, além de, para as bactérias, serem uma fonte de glicose. Ademais, as dextranas sintéticas são usadas em laboratório para separar proteínas por meio de cromatografia de peneira molecular e de exclusão pelo tamanho. 7. O que são glicosaminoglicanos? Cite suas características estruturais e suas funções. Dê exemplos. Os glicosaminoglicanos constituem uma classe de carboidratos complexos formados por unidades dissacarídicas repetidas, sendo um dos monossacarídeos obrigatoriamente a N-acetilglicosamina ou a N- acetilgalactosamina e o outro, geralmente, um ácido urônico. A combinação dos grupos sulfato com os grupos carboxila dos resíduos de ácido urônico gera uma densidade muito grande de cargas negativas, o que os permite deter água. Eles podem se unir a proteínas para formar proteoglicanos. Suas principais funções são a de acolchoar e a de lubrificar estruturas e articulações, a de promover reconhecimento celular, a de constituir a matriz extracelular dos tecidos e a lâmina basal, a de preencher espaços e a de resistir à tensão de cartilagens e de tendões. Exemplos: ácido hialurônico, sulfato de condroitina, heparina, queratan sulfato, dermatan sulfato. 8. O que se entende por glicoconjugados e qual sua função no nosso organismo? Os glicoconjugados são moléculas biologicamente ativas formadas pela ligação covalente de um carboidrato a uma proteína ou a um lipídeo. Eles apresentam diversas funções nos processos celulares, como a coagulação, a cicatrização, o reconhecimento, a adesão e a migração das células, bem como a resposta imune. 9. Qual a estrutura e função metabólica dos proteoglicanos? Como são classificados? Descreva cada família. Os proteoglicanos são constituídos por um cerne proteico ou proteína central ligada covalentemente a glicosaminoglicanos. O ponto de ligação é um resíduo de serina, ao qual o glicosaminoglicano é unido por meio de uma ponte tetrassacarídica. O resíduo apresenta a sequência - Ser-Gly-X-Gly- na maior parte das vezes, em que X é um resíduo de aminoácido. Como há um cerne proteico em formato semelhante a um bastão ligado a uma série de cadeias de glicosaminoglicanos ao redor, morfologicamente, os proteoglicanos se assemelham aos limpadores de tubo de ensaio usados em laboratório. Suas funções são variadas, mas envolvem, basicamente, o reconhecimento celular, o preenchimento de espaços, a conferência de resistência à matriz, a ativação e a regulação de fatores de coagulação e de crescimento, por exemplo, a adesão e a movimentação das células na matriz extracelular. Os proteoglicanos são divididos em duas famílias: a) Sindecanos: são proteínas transmembrana que se fixam à membrana plasmática por meio de interações hidrofóbicas com os lipídeos lá existentes. Em um sindecano típico, o domínio aminoterminal extracelular está unido covalentemente a três cadeias de heparan- sulfato e a duas cadeias de condroitin-sulfato. Como os sindecanos atravessam a membrana, uma protease da matriz extracelular capaz de clivar proteínas próximas à superfíciemembranosa apenas liberará os ectodomínios dos sindecanos. Sua função principal é a de diferenciação celular e a de ativação de fatores mediante a formação da ligação destes com seus receptores (exemplo: trombina e antitrombina). b) Glipicanos: ao contrário dos sindecanos, os glipicanos são unidos à membrana plasmática por meio de uma âncora de GPI (glicosilfosfatidilinositol), por isso, a clivagem por uma fosfolipase é capaz de desprendê-los. Todos os glipicanos têm 14 resíduos de cisteína conservados, os quais formam ligações dissulfeto que estabilizam a porção proteica, além dos glicosaminoglicanos ligados próximos à membrana e no cerne proteico. Sua principal função é a mesma da dos sindecanos, pois eles também modulam a interação entre ligante e receptor. 10. Qual a estrutura e função metabólica das glicoproteínas? As glicoproteínas são formadas, assim como os glicosaminoglicanos, por carboidratos e proteínas conjugados, porém a diferença consiste na maior ramificação e no menor tamanho daquelas em relação a estes. A estrutura básica consiste em um oligossacarídeo ligado, por meio de seu carbono anomérico, a um resíduo de serina ou de treonina por uma ligação glicosídica com o – OH dele (O-ligado) ou por uma ligação N-glicosil com o nitrogênio da amida de um resíduo de asparagina (N-ligado). As glicoproteínas são importantes para a sinalização e o destino de proteínas recém sintetizadas pelo retículo endoplasmático, a composição de hormônios secretados por glândulas endócrinas, a proteção de algumas proteínas do ataque de enzimas proteolíticas e a composição de proteínas do leite, de proteínas secretadas pelo pâncreas e de proteínas contidas nos lisossomos. 11. Como os tipos sanguíneos do sistema A, B e O são diferenciados? Os tipos sanguíneos do sistema ABO dependem de oligossacarídeos complexos ligados a lipídeos ou a proteínas na superfície de membranas, além de estarem presentes em algumas secreções, como leite e saliva. Nas hemácias, os oligossacarídeos de membrana, que determinam as naturezas específicas das substâncias ABO, parecem ocorrer, em sua maior parte, nos glicosfingolipídeos, ao passo que, nas secreções, os mesmos oligossacarídeos estão presentes nas glicoproteínas. Isso depende dos genes de glicosiltransferases específicas codificadas no locus ABO, as quais sintetizarão e depositarão os resíduos do oligossacarídeo específico ao substrato H, que é geneticamente diferente do locus ABO. O tipo sanguíneo O, por exemplo, apresenta grande quantidade de substrato H, mas não possui atividade de nenhuma das transferases, enquanto o tipo AB revela atividade das transferases A e B. 12. O que são lectinas? Dê exemplos descrevendo a sua função no organismo humano. As lectinas são importantes proteínas do corpo humano que se ligam a carboidratos, principalmente oligossacarídeos, da superfície celular com alta especificidade e com afinidade que varia de média a alta. Elas participam de processos de reconhecimento celular, da sinalização e da adesão de células e do endereçamento intracelular de proteínas recém sintetizadas. Portanto, controlam as respostas inflamatórias na artrite reumatoide, na asma, na psoríase, na esclerose múltipla e na rejeição de órgãos transplantados. Além disso, estão presentes nos processos de invasão por micro- organismos, como a infecção pelos vírus influenza, em que a proteína HA ou hemaglutinina (lectina) do vírus se liga aos oligossacarídeos da membrana plasmática para atingir e infectar as células. Outro exemplo é o da selectina no corpo humano, que auxilia a movimentação dos leucócitos em direção ao local de uma infecção. Mediante a quimiotaxia, o leucócito percorre o trajeto a fim de chegar no local e as selectinas P da membrana plasmática das células do endotélio dos capilares ligam-se a oligossacarídeos específicos na superfície celular dos leucócitos. Como consequência, ele desacelera e uma nova adesão entre as integrinas dos linfócitos e uma proteína receptora do endotélio se forma, permitindo que ele atravesse a parede do capilar (diapedese) e chegue até a infecção.
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