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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: A moldagem funcional/final/de trabalho realiza a cópia dos detalhes da boca do paciente (dos tecidos próximos) em movimento (contraídos), e por isso é chamada de moldagem dinâmica. É realizada a manipulação dos tecidos do paciente, o mesmo também pode realizar algumas mímicas faciais, para que haja a contração desses tecidos inseridos próximos a prótese. “Trata-se de uma moldagem dinâmica, que registra todos os detalhes anatômicos da área chapeável e também as inserções musculares que, pelos seus movimentos, interessam à dentadura.” Tamaki, 1983. • A moldagem funcional é uma das etapas essenciais do tratamento protético em edentulismo total. • Para tanto, é necessária a análise e o registro correto das estruturas de suporte, visando a determinação da extensão da prótese. • A moldagem funcional inclui duas etapas, o selamento periférico e a moldagem funcional propriamente dita e tem o objetivo de registrar fielmente a área chapeável. Moldeira individual: • São confeccionados especialmente para o paciente a partir do modelo preliminar obtido na primeira moldagem (moldagem anatômica). Tamaki. T. 1983. • O principal objetivo de uma moldeira individual está na determinação dos limites da área chapeável. Dessa forma, obtêm-se um vedamento em toda periferia da base da prótese, que promove o confinamento da película de saliva, gerando a retenção da prótese à mucosa por ação das forças de coesão, atração e pressão atmosférica. • Normalmente é feita em um laboratório (por um técnico em prótese dentária). • A borda da moldeira deve ter aproximadamente 2mm de espessura. • Confeccionadas geralmente com resina acrílica ativada quimicamente (RAAQ). • A resina incolor apresenta a vantagem de permitir a visualização de áreas de compressão da mucosa. • Deve ser lisa e uniforme. • Devem ser bem adaptadas – para isso, sempre é necessário realizar ajustes na boca do paciente (depois que a moldeira chega do laboratório). Limites da área chapeável de uma prótese total: Arcada superior: • Zona de selamento posterior/dicagem posterior fica na transição do palato duro para o palato mole. Para identificar essa área, basta pedir para o paciente emitir o som de uma letra (A ou O) – será possível visualizar o palato mole vibrar. A prótese deve se assentar dessa linha para a região anterior da maxila. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • O delineamento do modelo deve ser feito preferencialmente pelo dentista. Utiliza-se lápis/grafite para delimitar o contorno no modelo. • A moldeira individual não deve chegar até o final da prótese. O modelo de gesso deve ser contornado de 2 a 3 mm aquém da delimitação da área chapeável, pois esse espaço servirá para o material de moldagem copiar corretamente o fundo de vestíbulo. • Apenas na parte posterior, o limite fica igual, não é diminuído. O limite da moldeira já é o limite da área chapeável. Modelo pronto para a confecção da moldeira individual. • O técnico em prótese dentária deve observar se há áreas retentivas (fundo de vestíbulo – mais fundo que a crista do rebordo) e áreas que não podem sofrer compressão (rafe palatina e rugosidades palatinas) no modelo e deve aliviar essas áreas, colocando cera. Arcada inferior: 1. Chanfradura do masseter; 2. Fundo de vestíbulo Bucal (linha oblíqua externa); 3. Fundo de vestíbulo labial; 4. Fossa distolabial ou retroalveolar; 5. Flange Sublingual (linha oblíqua interna); 6. Freio lingual. A prótese na arcada inferior deve abranger 2/3 da papila retromolar ou papila piriforme. • É realizado o alívio do rebordo residual – para pacientes que possuem o rebordo em lâmina de faca (bem fino) e esse tecido não pode ser comprimido. O alívio é realizado para que haja mais espaço para o material de moldagem. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto 1. Delimitação da máxima extensão da área chapeada – contornar fundo de sulco, túber, freios e palato; 2. Bloqueio das áreas de retenções; 3. Alívio com cera na região anterior da maxila (rugosidades palatinas); 4. Aplicação do isolante para resina acrílica – aplicar em toda a superfície do modelo de gesso, com excessão do alívio de cera na região anterior da maxila) – para que a resina acrílica não fique grudada no modelo; 5. Umidificação das placas de vidro (água/vaselina/ambas) – para deixar a resina acrílica uniforme; 6. Manipulação da resina acrílica; 7. Prensagem gradual da resina acrílica com as placas de vidro – para deixar na espessura correta para a moldeira individual; 8. Inserção e adaptação da resina acrílica na área chapeável; 9. Avaliação da resina acrílica após a polimerização; 10. Confecção do cabo da moldeira individual; 11. Avaliação dos limites da moldeira antes do acabamento; 12. Avaliação dos limites da moldeira após o acabamento – a moldeira deve estar com suas bordas arredondadas e posicionadas cerca de 2 mm abaixo do fundo de sulco, freios, túber e palato. Depois de pronta, a moldeira individual deve ser ajustada na cavidade oral do paciente (a moldeira de resina pode ser desgastada e pode-se também acrescentar – é de fácil manipulação): • Superior: alívio do freio labial (a moldeira não pode cobri- lo), casos de sobreextensão das bordas do fundo de vestíbulo labial e bucal (deve-se realizar um desgaste na moldeira) e na região posterior – marcar o limite do palato duro e palato mole com um lápis cópia na boca do paciente, que deve ser copiado na moldeira individual. Limite da moldeira • A moldeira não deve ultrapassar esse limite, pois depois dessa linha está o palato mole. Quando a prótese toca o palato mole, pelo fato dele vibrar (por conta da ausência de osso), a prótese se movimenta e sai facilmente de posição. Já o palato duro, por possuir osso, apresenta um suporte para a prótese. • Inferior: verificar os limites (aliviar as regiões de sobreextensão), aliviar os locais de inserções musculares e deixar 2/3 na extensão da papila piriforme. Moldagem funcional: • A ação dos músculos têm grande influência para a retenção adicional das próteses totais. • A moldagem deve ser realizada com pressão seletiva – etapa com maior pressão (vedamento periférico) e etapa com menos pressão (moldagem propriamente dita). 1. (Utiliza-se godiva de baixa fusão em bastão ou silicone de consistência pesada); 2. (utiliza-se pasta zincoenólica, poliéter, silicone de adição leve e polissulfetos). Vedamento periférico: • O selamento/vedamento periférico tem por finalidade proporcionar uma relação íntima da borda da moldeira com o fundo de vestíbulo, impedindo a passagem de ar entre a base da prótese e a mucosa. As moldeiras devem possuir cabos que facilitem a sua manipulação durante os procedimentos de moldagem. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • A godiva de baixa fusão em bastão é o material mais utilizado no vedamento periférico, pois apresenta as seguintes propriedades: 1. Fluidez adequada para exercer mínima pressão sobre os tecidos, quando plastificada; 2. Boa adesividade à moldeira – não precisa aplicar um adesivo; 3. Rigidez adequada após resfriada, o que permite a verificação do grau de retenção obtido na moldagem; 4. Boa estabilidade dimensional à temperatura bucal; 5. Resistência suficiente para ser colocada e retirada em rebordos com áreas retentivas em mucosa; 6. Facilidade para o operador realizar acréscimos ou subtrações de material, à medida que cada regiãovai sendo moldada. É um material termoplástico, precisa ser aquecido para derreter e posteriormente ser colocado na moldeira. Em seguida, é levado a boca do paciente (pode-se molhar a moldeira com a godiva em um recipiente com água morna – a água gelada pode endurecer a godiva, para não ir muito quente à cavidade oral). Geralmente esse processo é realizado por hemiarcadas. • Após a moldagem, deve-se observar a aparência fosca do material, com espessura adequada, contorno arredondado e com ausência de dobras (com dobras: sugnifica que a godiva está amassada e sem contorno). • Também deve-se remover o excesso de godiva que escoou para dentro da moldeira -> para evitar áreas de compressão. Moldagem propriamente dita: • A moldagem propriamente dita deve ser realizada com materiais que apresentem boa estabilidade dimensional, excelente capacidade de cópia, gosto e odor agradável e facilidade de manipulação. • Material anelástico: pasta zincoenólica; • Materiais elastômeros: poliéter, polissulfetos (mercaptana) e silicones de adição. Uma lamparina ideal para esse procedimento seria a lamparina Hannau. Ela possui uma chama direcionada, o que facilita a manipulação, pois as vezes é necessário esquentar apenas uma região específica, e essa lamparina permite o direcionamento da chama para essa área, sem deformar as demais regiões do vedamento periférico. OBS: a godiva aquecida fica brilhosa e após a moldagem ela fica fosca (pois o material tocou o tecido para fazer a cópia e perdeu o brilho). Nessa moldagem, deve-se realizar o movimento dos tecidos e o paciente também deve fazer mímicas na face. No caso da arcada inferior, também deve-se pedir ao paciente que ele movimente a língua. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Esses materiais possuem excelente estabilidade dimensional – o vazamento do gesso pode ser feito até 7 dias depois da moldagem. – • Precisa da aplicação de um adesivo; Aplicação de adesivo. Depois da manipulação do material, a moldeira deve ser carregada. Depois de levada à boca do paciente, o molde está pronto. • O ideal é que haja dificuldade na hora de retirar a moldeira da boca do paciente, pois indica que ela está bem retida (significa que está bem vedada), sugerindo um ótimo prognóstico para a futura prótese. • Avaliação do molde- o molde deve ser analisado quanto: 1. A presença de detalhes nítidos das características anatômicas; 2. Espessura adequada do material; 3. Presença de retenção e estabilidade; 4. Ausência de falhas, bolhas e fraturas. • Esquentar a godiva e colocar sobre a moldeira individual, realizando o selamento periférico; • Realizar a moldagem por hemiarcada; • Durante a moldagem, deve-se realizar movimentos com a mucosa jugal para copiar freios e inserções musculares; • Silicita-se ao paciente que pronuncie sons que façam vibrar a região do palato, como A e O; • Plastifica novamente a godiva, mergulha na água e repete os movimentos na próxima hemiarcada; • Também pode-se realizar a moldagem com a godiva na parte posterior da moldeira; • Ao realizar a moldagem da parte posterior, deve-se pressionar bastante a região; • Depois de estar pronto o selado periférico, deve-se fazer a moldagem final com pasta zincoenólica; Boa estabilidade dimensional e ótimo escoamento. Boa estabilidade dimensional e bom escoamento. Anelástico rígido é contra- indicado para rebordo muito retentivo. Elástico – é indicado para rebordo muito retentivo. Não necessita de adesivo para moldeira. Necessita de adesivo para moldeira. Baixo custo. Alto custo Difícil limpeza Fácil limpeza Permite o reembasamento O polissulfeto possui odor e gosto desagradáveis, pois apresenta enxofre na sua composição Na arcada inferior, também deve-se pedir para que o paciente movimente a língua. Quando a godiva fica com um perfil afilado, é um indicativo de quantidade insuficiente de material e significa que há pouco espaço para a godiva. Pode-se desgastar a região onde a resina está exposta, para que haja mais espaço para o material de moldagem. Quando a godiva escorre para o interior da moldeira, é considerado um excesso, ela só deve estar na borda da moldeira. Nesses casos, é necessário remover os excessos. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • A moldagem também pode ser feita com o uso de elastômeros, como poliéteres e siliconas; • Ao utilizar a pasta zincoenólica, deve-se passar vaselina nos lábios do paciente e em torno deles -> por ser um material difícil de limpar; • Manipular a pasta com uma espátula 36 em uma placa de vidro (espalhando o material por toda a placa). A proporção usada é 1:1, comprimentos iguais de pasta base e catalisadora; • A pasta deve ser espalhada por toda a extensão da moldeira, inclusive nas bordas com godiva; • Ao levar na cavidade oral do paciente, fazer pressão sobre a moldeira e fazer a manipulação dos tecidos. O paciente também pode fazer contrações ou falar a vogal A ou O. • Pode-se realizar o vedamento posterior com a godiva, por ser um material mais fluido do que a silicona pesada (que é muito densa e dura); • Aplicar adesivo na moldeira para permitir a adesão da silicona; • Utilizar a silicona pesada para o vedamento periférico; • Levar à boca do paciente, realizar a manipulação dos tecidos e pedir que o paciente faça mímicas; • Realizar alívio do excesso do material pesado que escoou pra o interior da moldeira; • Aplicar adesivo para permitir que o silicone fique preso à moldeira; • Carregar a moldeira com o silicone leve (a manipulação é feita através de uma pistola); • Levar a moldeira à boca do paciente, executar a manipulação dos tecidos (tracionando e movimentando esses tecidos); • Depois de tomar presa, deve ser removida da boca do paciente. Os excessos devem ser recortados. É indicado para auxiliar a retenção da prótese no arco maxilar, pois é possível ocorrer uma compressão nesta região, pela presença de estruturas resilientes, com a vedação da entrada de ar durante a ação dos músculos tenso e elevador do véu palatino em situações fisiológicas. • Pode-se colocar cera fluida aquecida nessa região de dicagem posterior (zona de transição entre palato mole e duro) e levar à boca do paciente, para copiar melhor a região. • Essa técnica pode ser realizada ao final da moldagem, quando observa-se que não ocorreu uma retenção adequada. • Essa técnica é feita por conta da forma do palato do paciente, que as vezes a moldagem não copia adequadamente. Então o ideal é realizar a cópia novamente com um outro material (que geralmente é a cera). • Nessa moldagem, pode-se utilizar a técnica de realizar um alívio na região anterior da moldeira e também fazer furos nessa região anterior, para que o material de moldagem escoe e não realize compressão na mucosa flácida do paciente. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Confecção do molde de trabalho: Após obter os moldes, eles são enviados para a confecção do modelo de trabalho (que é realizada por um técnico em prótese dentária). • As bordas do molde representam as bordas da futura prótese - deve ser copiada integralmente; • É muito importante a correta reprodução do modelo; • Para que essa borda seja corretamente copiada no vazamento dos modelos, é necessário realizar um técnica chamada de encaixotamento.• Utiliza-se uma cera, que é colocada na borda da prótese, em cima dela coloca-se uma outra cera, formando uma caixa ao redor do molde. Em seguida, o gesso é vazado em cima desse molde, para a confecção do modelo. OBS: esse procedimento é realizado pelo técnico em laboratório. Resumindo a aula: 1. Confecção da moldeira individual, a partir do modelo obtido através da primeira moldagem (anatômica/de estudo). Essa moldeira é feita pelo técnico em prótese dentária. 2. Antes de realizar a moldagem, deve ser feita a prova da moldeira na boca do paciente. Se for necessário, alguns ajustes devem ser feitos. 3. Deve ser feito o vedamento periférico da moldeira com a godiva em bastão ou silicone pesada. Nas regiões de fundo de vestíbulo a godiva é colocada em cima da moldeira e na região posterior também. 4. Realiza-se a moldagem propriamente dita, que pode ser feita com poliéter, pasta zincoenólica, silicone leve e etc. Lembrar de usar materiais elásticos em rebordos muito retentivos. Esse passo inclui a manipulação do material, carregamento da moldeira e colocação na boca do paciente até tomar presa. 5. Enviar o molde finalizado para o laboratório. O técnico em prótese dentária irá realizar um encaixotamento do molde e confeccionar o modelo de trabalho. Em cima desse modelo de trabalho será confeccionada a prótese total. Referências: Tamaki, 1983. TELLES, Daniel. Prótese Total: convencional e sobre implantes. São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda, 2009. Aula teórica de Reabilitação Oral (fundamentos da prótese). Professora Luana Maria Martins de Aquino. Faculdade Maurício de Nassau, Odontologia, 2021
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