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Psicofarmacologia: Transtorno Depressivo e Hipnosedativos

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Psicofarmacologia 
1. Transtorno depressivo maior 
Primeiramente, para fechar diagnóstico de transtorno depressivo maior precisa 
de cinco ou mais dos seguintes sintomas durante duas semanas, sendo que um deles 
deve ser humor deprimido ou perda de prazer nas atividades. 
-perda ou ganho de peso 
-sentimento de inutilidade 
-capacidade diminuída para pensar e se concentrar 
-insônia 
-fadiga ou perda de energia constante 
-sentimento de inutilidade 
-pensamentos recorrentes sobre a morte 
A base neurobiológica da depressão é a hipótese monoaminérgica, que considera 
que o humor sofre influencia de dopamina, serotonina e noradrenalina, de acordo com 
essa teoria, quando aumenta a quantidade de monoaminas, melhoria o humor da pessoa. 
Somado a essa hipótese monoaminérigica, tem-se a hipótese da desregulação de 
receptores, explicando que com pouco neurotransmissor o organismo desenvolveria 
mais receptores na membrana sináptica para aproveitar o máximo possível a ligação 
com os neurotransmissores, e aí com esse aumento de receptores cria um desbalanço 
entre receptores e neurotransmissores que contribui também para o desequilíbrio no 
humor. É por essa desregulação dos receptores que se consegue explicar o motivo pelo 
qual o remédio age imediatamente aumentando a quantidade de neurotransmissor, mas 
demora um tempo até gerar efeitos clínicos, a ideia é que com o tempo reduziria a 
quantidade de receptores e com isso reduziria os sintomas. Na hipótese da atrofia 
neuronal existiriam regiões, como hipocampo e córtex pré-frontal, que passam por 
atrofia, ficam com menos neurônios e menos comunicação entre eles. 
O BNDF é uma substância que promove a sobrevivência neuronal. O estresse 
eleva o cortisol, e o cortisol altera a transcrição do BDNF, provocando, em última 
instância uma redução na atividade neuronal, contribuindo para a atrofia. 
 
Sobre a terapia farmacológica: 
 Tricícilos – boa eficácia, inibe a recaptação de noradranalina e serotonina 
de modo não seletivo, possui também efeitos anti muscarínicos (gerando 
boca seca, efeitos sedativos, efeitos anti-histamínicos, retenção urinária, 
perda de libido, arritmias cardíacas...) amitriptilina, clomipramina, 
nortriptilina, imipramina 
 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) – é baseado na 
teoria monoaminérgica; atuam impedindo a recaptação de serotonina, 
como complicação pode-se ter náusea e vômito, disfunção sexual, 
redução na libido, retardo na ejaculação, cefaleia; possui efeito 
estimulante, logo deve ser usado na parte da manhã; pode usar esse 
remédio aqui para paciente com ejaculação precoce; fluoxetina, 
paroxetina, escitalopram; 
Obs: vonal é antagonista do receptor 5ht3 e por isso evita náusea 
 Inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina – aumentam 
recaptação especifica de serotonina e noraadrenalina; Venlafaxina, 
Desvenlafaxina 
 Inibidor da recaptação de noradrenalina – 
 Inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina – dos fármacos para 
depressão é o que menos causa disfunção sexual; age mais sobre a 
noradrenalina; bupropiona 
 Inibidores da MAO – levam a restrição alimentar e possuem muitos 
efeitos adversos, são pouco usados na prática 
 Antidepressivos polimodais – age em diversos aspectos, inibe a 
recaptação de serotonina e tem efeito agonista em alguns receptores de 
serotonina e antagonista em outros, de modo a melhorar os sintomas da 
depressão; teoricamente é muito bom, mas na prática não tem grande 
superioridade em relação aos outros; útil em casos refratários; 
Vortioxetina; 
 Agonista de receptor melatoninérgico – possui ação não 
monoaminérgica; induz o sono, ajuda a regular o ciclo circadiano; tem 
mecanismos secundário em receptores serotoninérgicos, pouca influencia 
na questão sexual; agomelatina (Valdoxan) 
 Escetamina/ Cetamina – bloqueia receptores NMDA, com isso o 
glutamato irá para outro receptor e acaba estimulando a via mTOR, que 
acaba por promover sinaptogênese; era usada como anestésico e agora 
usa em depressão refratária e ideação suicida; é um spray nasal que usa 1 
vez por semana (Spravato); não usa em monoterapia; o uso é assitido 
pelo psiquiatra 
 
A sequência geral do tratamento de depressão é primeiro selecionar o fármaco 
de alguma das classes, ao longo do tratamento, caso a resposta ao remédio escolhido 
seja positiva, mantém o remédio e a dose. Caso não funcione, deve-se aumentar a dose, 
e caso não tenha funcionado, troca a classe de medicamento ou adiciona um fármaco de 
outra classe no tratamento. Em última hipótese usa o inibidor da MAO. 
O tratamento é potencializado quando se utiliza psicoterapia e farmacologia. 
 
2. Hipnosedativos 
GABA é um receptor de cloreto que quando recebe o neurotransmissor GABA 
faz hiperpolarização por influxo de cloreto. Gaba é um neurotransmissor inibitório. O 
benzodiazepínico é um fármaco que age nesse recpetor GABA e aumenta a 
sensibilidade, de modo que aumenta a probabilidade de hiperpolarização da via 
neuronal. 
Utiliza-se para tratamento de insônia, para desordens de ansiedade, para 
medicação pré-anestésica, anticonvulsivante. Como efeitos indesejáveis tem-se os 
efeitos tóxicos (superdosagem), pode ocorrer coma com sinais vitais estáveis na 
ausência de ingestão de outros fármacos depressores do SNC. Outros efeitos causados 
por doses normais são sonolência, amnésia, ataxia (equilíbrio ou coordenação motora 
prejudicados), diminuição do reflexo. É possível ainda que o paciente desenvolva 
tolerância e dependência após 2 semanas de uso desse fármaco. A síndrome de 
abstinência causa aumento de ansiedade, sono agitado, irritabilidade e até convulsão. 
Os benzodiazepínicos atrapalham o sono REM, e isso é muito perigoso em longo 
prazo. Estudos indicam que o sono REM está associado com metabolismo de proteínas 
ruins para o corpo produzidas ao longo do dia, e isso é complicado por que pode gerar, 
por exemplo, acumulo de beta amiloide, que quando acumula é dos princípios 
fisiopatológicos do Alzheimer. 
Para antídoto utiliza-se Flumazenil IM, usa uma dose e vigia o paciente para 
checar se foi suficiente. 
Outros tipos de hipnosedativos são as drogas Z (Zolpidem, Zaleplon). Eles agem 
também aumentando a sensibilidade do receptor GABA, mas age especificamente na 
subunidade alfa 1, por isso são mais especificas para a insônia e possuem menos efeitos 
adversos e menor probabilidade de gerar dependência. Não trata ansiedade, é realmente 
mais focado no sono. Afeta menos os estágios do sono, atrapalha menos o sono REM. 
Zaleplon ajuda a iniciar o sono, não a manter; dura aproximadamente 6 horas e a 
pessoa não acorda se sentindo sedada. 
3. Transtornos ansiosos 
A ansiedade em si não é um transtorno, é uma emoção básica, mas passa a ser 
um transtorno quando está desregulada. Do ponto de vista neurobiológico a ansiedade 
está relacionada com a amígdala. No transtorno de ansiedade ocorre uma alteração no 
equilíbrio neurobiológico e a pessoa passa a ver como ameaça coisas que não são 
realmente ameaças, passa a interpretar de modo ansioso diversas coisas no seu cotidiano 
e disparar respostas de fuga ou luta. 
O transtorno de ansiedade é uma resposta de ansiedade desproporcional a 
realidade. Nos circuitos neuronais existe a via curta, na qual o tálamo passa o estimulo 
para amígdala, e existe a via mais longa que passa pelo córtex antes. O córtex pré 
frontal vai avisar para o cérebro que aquilo foi um estimulo não ameaçador, mas na 
pessoa com ansiedade ele não funciona bem e a pessoa ativa a amígdala (e com isso 
sinais sistêmicos) por conta de estímulos que não são ameaçadores na realizade.
 
A serotonina também está envolvida nesse processo, pois possui uma ação dual 
nos circuitos neuronais promovendo o desenvolvimento do medo aprendido com a vida 
e reduzindo o medo inato (inibe a via que desenvolve a luta/fuga). Desse modo, os 
fármacos inibidores da recaptaçãode serotonina podem também ser usados aqui na 
ansiedade. 
O tratamento agudo para ansiedade é fármaco da classe dos benzodiazepínicos, 
uma vez que a ideia é reduzir a estimulação do SNC, e o tratamento em longo prazo é 
uso de antidepressivos que agem nas monoaminas. 
Transtorno de pânico: 
1° linha: inibidor seletivo da recaptação de serotonina 
(Fluoxetina, Paroxetina...). 
Benzodiazepínico é para alívio rápido dos sintomas. 
Fobias específicas: 
1° linha: psicoterapia 
Benzodiazepínico para alívio rápido. Propanolol para controle de 
sintomas (por ser betabloqueador). 
D-cicloserina – o paciente vai na psicoterapia e usa esse fármaco 
para solidificar melhor os aprendizados da psicoterapia (modalidade nova 
de tratamento) 
Transtorno de estresse agudo pós traumático: 
Só fecha diagnóstico disso quando passa de 1 mês de sintomas. 
De 2-4 dias após o trauma chama de reação aguda ao estresse, entre 4 dias e 1 
mês chama de Transtorno de estresse agudo, após 1 mês recebe o nome de Transtorno 
de estresse pós traumático. 
Nas primeiras horas após o trauma não se deve prescrever benzodiazepínico. 
Transtorno obsessivo-compulsivo (toc): 
Psicoterapia é fundamental. 
1° linha: ISRS, antidepressivo tricíclico (apenas clomipramina); 
junto com psicoterapia. 
Transtorno de ansiedade generalizada (tag): 
Psicoterapia é fundamental, estimular o paciente a focar no momento presente. 
1° linha: ISRS, ISRN, TRICÍCLICO 
Benzodiazepínico para crises; 
BUSPIRONA (fármaco específico para ansiedade, não é para 
depressão nem é sedativo - só tem eficácia no TAG) 
4. Transtorno bipolar 
Transtorno bipolar tipo 1 é necessário ter depressão e mania, no transtorno 
bipolar tipo 2 ocorre depressão e hipomania, não chega ao ponto da mania. 
A mania é um episódio de humor anormal, persistentemente elevado, no qual o 
paciente está expansivo, irritável, com autoestima exacerbada, com menos necessidade 
de sono, falando muito, não consegue ficar em silêncio, fica distraída e se envolve mais 
em atividades arriscadas, com alto potencial para consequências negativas. É bem 
perigoso esse episódio de mania acabar mal, uma vez que o paciente não está 
entendendo os riscos envolvidos nas situações, pode envolver um risco físico, de a 
pessoa se machucar, ou até um risco financeiro, a pessoa pode ir e comprar algo muito 
caro sem ter dinheiro. Pode ocorrer inclusive psicose nesse caso de mania. 
A hipomania, por sua vez, caracteriza-se por uma mudança clara no 
comportamento, mas não suficientemente grave para causar prejuízo grave a pessoa. Se 
começar com psicose, considera um episódio maníaco. Então, basicamente, a hipomania 
é um quadro mais leve de mania. 
Esses estados de mania/hipomania alternados com episódio depressivo é o 
transtorno bipolar. O episódio depressivo o no transtorno bipolar é bem parecido com a 
depressão do transtorno depressivo maior, para distinguir entre as duas o médico precisa 
fazer uma boa anamnese e investigar se esse paciente teve mania/hipomania na vida 
prévia. 
 
Para tratamento utiliza-se os estabilizadores de humor. 
 
Existem dois tipos de funções dos estabilizadores do humor, “tratar de cima” 
seria tirar o paciente da mania e trazer para a eutimia (humor normal), e “estabilizar de 
cima” seria colocar esse paciente em eutimia, sendo que ele está com o humor 
levemente alterado. 
Lítio: age inibindo a hiperatividade de neurônios monoaminérgicos do sistema 
límbico e possui efeito neuroprotetor impedindo a progressão da doença, uma vez que 
episódios repetidos de mania alteram o funcionamento do cérebro. Impede a formação 
de inositol trifosfato, com isso reduz a quantidade de cálcio extracelular e possivelmente 
isso tem efeito nos sintomas de transtorno bipolar. 
Existe um componente genético envolvido no transtorno bipolar, existem 
estudos que indicam a possibilidade de alterações no neurodesenvolvimento. Além 
disso, é uma doença neuroprogressiva, por isso é fundamental o tratamento precoce. 
1° linha: estabilizador de humor – Lítio (é bem tóxico, por isso precisa 
fazer litemia e checar função renal), possui efeitos adversos leves, 
principalmente no TGI, efeitos moderados cardíacos e musculares e efeitos 
graves envolvem convulsão. O tratamento para esses efeitos adversos é parar o 
tratamento, em casos mais graves pode-se fazer lavagem gástrica e hemodiálise. 
O lítio pode causar ainda o hipotireoidismo, por isso pede-se o TSH para ver se 
está aumentado. 
2° linha: anticonvulsivante: Cabrbamazepina, Valproato (tratam bem 
casos de mania), Lamotrigina (é melhor para estabilizar os casos – pode causar 
síndrome Stevens Johnson - necrólise epidérmica tóxica). 
3° linha: antipsicótico atípico: muitas vezes são associadas com o Lítio. 
-Poderia usar também antidepressivo, mas é bem perigoso isso causar mania ou 
hipomania. O ideal seria usar inicialmente um estabilizador de humor e depois associar 
com antidepressivo. 
Obs: se você for dosar lítio do paciente e der resultado baixo, não significa que o 
paciente está com transtorno bipolar. Só prescreve lítio se definiu clinicamente o 
transtorno bipolar, e aí pedimos exame de litemia apenas para checar, já que tem risco 
de toxicidade. 
 
5. Esquizofrenia 
Para fechar diagnostico precisa ter dois ou mais dos sintomas a seguir pelo 
período de 1 mês, sendo que um deles deve ser delírio, alucinação ou discurso 
desorganizado. 
Delírio 
Alucinação 
Discurso desorganizado 
Comportamento desorganizado ou catatônico 
Sintomas negativos 
Os sintomas devem alterar o funcionamento da vida do paciente. 
Sintomas positivos são os delírios (crença desconexa com a realidade), 
alucinação (experiência sensorial na ausência de estimulo – na maioria das vezes é 
alucinação auditiva). Os sintomas negativos envolvem embotamento emocional, falta de 
comunicação, falta de motivação, ausência de expressões faciais. 
A fisiopatologia da esquizofrenia está relacionada com os níveis altos de 
dopamina, principalmente na via mesolímbica. Por isso o tratamento é realizado com o 
uso de antipsicóticos, cujo mecanismo consiste em bloquear os receptores D2 de 
dopamina. Então eles vão à via mesolimbica e bloqueiam os receptores D2 pós 
sinapticos, com isso reduzem a hiperatividade e controlam os sintomas positivos, mas 
podem diminuir ainda mais a atividade na via mesocortical e com isso provocar mais 
sintomas negativos, ou pela ação na via dopaminérgica tuberoinfundibular causar 
ginecomastia e pela ação na via Nnigro estriatal alterar a movimentação. Os 
antipsicóticos atípicos eles bloqueiam os receptores D2 também, porém esse bloqueio 
pode ser revertido e atuam ainda bloqueando receptores serotoninérgicos. 
É possível que algumas drogas desencadeiem psicose e podem gerar 
esquizofrenia caso o individuo já possua fatores de risco. 
Entre os antipsicóticos típicos tem-se Clorpromazina (Amplictil), Haloperidol 
(Haldol) e Pimozida (Orap), como efeito adverso tem-se tremore, sedação, hipotensão 
ortostática, retenção urinária, constipação. Entre os psicóticos atípicos tem-se 
Clozapina, Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Aripiprazol, como efeitos adversos 
eles podem causar ganho de peso e alteração no sono. 
Os atípicos por bloquear receptor de serotonina reduzem efeitos adversos 
causados pela alteração da dopamina em outras vias neuronais não relacionadas com a 
esquizofrenia. 
O Aripiprazol é um agonista parcial, quando não tem neutrotransmissor ligando, 
ele estimula o receptor, quando tem um neurotransmissor ligando no receptor, ele age 
como antagonista. Isso é muito bom por que age como antagonista nas vias neuronais 
que estão com muita dopamina (causando a esquizofrenia) e não impactam nas outras 
vias gerando os efeitos adversos. 
6. TDAH 
Causado por alteração de dopamina e noradrenalina no córtex pré-frontal. 
O tratamento é baseado em aumentar dopamina e noradrenalina. Utiliza-se o 
Metilfenidato (ritalina)que age inibindo a recaptação de noradrenalina e dopamina; 
outra possibilidade de tratamento são as anfetaminas, que agem impedindo a recaptação 
e favorece liberação de noradrenalina e dopamina, dessa classe de fármacos utiliza-se a 
Lisdexanfetamina (Venvanse). Esses fármacos são de baixa dose e ação prolongada, por 
isso não geram dependência como as drogas de abuso.

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