Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IMUNOLOGIA – AULA 04 A imunologia é essencial para áreas da Medicina como doenças infecciosas. Consiste em compreender como nosso organismo responde a patógenos, como bactérias, vírus, helmintos, etc. Dificilmente a imunologia não será aplicada dentro da medicina. A área de transplantes na Medicina é imunologia pura. Na área da oncologia, por exemplo, a Sociedade de Oncologia Americana, e até mesmo a área de oncologia no mundo, tem visto na imunoterapia o uso de células dendríticas no tratamento de cânceres, com objetivo de o sistema imune reconhecer células como cancerosas e eliminá-las. A imunologia se faz presente também na área das imunodeficiências, como imunodeficiências secundárias (pacientes com HIV) ou imunodeficiências congênitas e em casos como choque séptico, anafilático ou processos inflamatórios. SISTEMA COMPLEMENTO O sistema complemento é um sistema composto por várias proteínas, que atuam complementando vários processos da resposta imune. Estas proteínas são ativadas em cascata. É um dos principais mecanismos efetores da imunidade humoral e é também um importante mecanismo efetor da imunidade inata Sistema complemento: descoberto em 1894 por Bordet. Foi observado que no soro fresco existia uma cascata capaz de lisar células, como microorganismos. Ao aquecer o soro a uma temperatura maior que 56graus, por 30min, a atividade era perdida. Portanto, essas proteínas são termolábeis, uma vez que degradam diante do aquecimento. Esta perda da capacidade lítica não era devida à perda da atividade dos anticorpos, porque estes são estáveis ao aquecimento, e mesmo o soro aquecido era capaz de aglutinar as bactérias. Haveria no soro outro componente termolábil que assistia, ou complementava, a função lítica dos anticorpos. Anticorpo: faz parte da imunidade adquirida - Adquirido e específico - termoestável Complemento: - Pré-existente e inespecífico - termolábil Um exemplo de cascata: As proteínas do sistema complemento estão presentes no plasma. Obs.: diferença entre plasma e soro: para se obter o plasma coloca-se anticoagulante no sangue no tubo, centrifuga e separa a fração líquida do sangue, que conterá todas as proteínas do sangue- inclusive as da coagulação. Para conseguir o soro, não se coloca anticoagulante no sangue do paciente, portanto, haverá a formação de coágulo. As proteínas do SC são produzidas principalmente no fígado. Há 3 maneiras para a ativação dessas cascatas: Via Clássica/ Via Alternativa /Via da Lectina Os elementos do sistema complemento são detectados no feto precocemente durante a gestação, mas os níveis dessas proteínas permanecem baixos até o último trimestre. Não há passagem transplacentária dos elementos do sistema complemento, mas o feto e o recém-nascido podem sintetizá-los, e esta capacidade aumenta com a idade gestacional. *O IgG atravessa a barreira transplacentária. IgM, não e são anticorpos caracterizados de fase aguda. NOMENCLATURA VIA CLÁSSICA Envolve a participação dos anticorpos. Existem duas classes de imunoglobulinas que podem ativar o complemento quando ligadas aos antígenos, pela via clássica: IgM e IgG. Uma das funções efetoras dos anticorpos é a ativação do complemento (+funções= neutralização de mircoorganismos, citotoxicidade mediada por anticorpo, opsonização). Estes se ligam aos epítopos da superfície do patógeno. A IgM é uma molécula pentamérica e tem a configuração planar quando é circulante. Quando interage com o epítopo do patógeno, muda sua confiormação, expondo um sítio para a ligação do complexo C1. A IgG é monomérica, por isso, são necessárias duas IgGs adjacentes para que o complexo C1 interaja com as duas IgGs de uma forma estável. *A ligação anticorpo-antígeno não é covalente. O complexo C1 possui uma subunidade q (que possui 6 cabeças globulares, que constituem sítio de ligação à imunoglobulina ligada ao organismo), duas subunidades r e duas subunidades s. Forma-se um complexo QRS. A subunidade q liga-se ao anticorpo, alterando a conformação de r, o que ativa a subunidade s, que é a subunidade catalítica. Todos nós apresentamos C1 livre no plasma. FIXAÇÃO DO COMPLEMENTO (VIA CLÁSSICA) 1o Passo: interação antígeno/anticorpo Ag + Ac <> AgAc Requisito: 1 IgM ou 2 IgG muito próximas Obs.: o C1q também pode, em alguns casos, ligar-se diretamente a superfície de certos patógenos (ausência de anticorpo). Ele pode também se ligar a PCR(Proteína C reativa) ligada a fosfocolina das bactérias. *A IgM solúvel, livre, não interage com C1. A IgM ligada a um patógeno interage com C1. Nas imunoglobulinas, as regiões hipervariáveis, que são os CDRs, presentes na região variável, interagem com os epítopos. E pela região Fc o C1 se liga ao anticorpo. A subunidade S do complexo C1 cliva outra proteína do complemento, a proteína C4, gerando C4A e C4B. A C4b exibe um sítio tioester ativo que faz com que tenha afinidade pela superfície do patógeno, enquanto que o C4A é solúvel e tem ações biológicas. A ligação do C4B faz ligação covalente com a superfície do patógeno. Ademais, o complexo c1 também tem a capacidade de clivar C2, gerando C2a e C2b. Com exceção do C2, todas as proteínas “B” ficam retidas. C2b é solúvel, e C2a forma um complexo com C4b. C4b2a forma uma enzima que cliva C3 (É uma C3-convertase). Todas as vias do complemento levam a clivagem de C3. A clivagem de C3 gera C3a e C3b. C3a é solúvel, C3b forma o complexo C4b2a3b, formando uma C5-convertase, ou se liga à superfície- C3b tem afinidade pela superfície microbiana. A C5-convertase cliva C5, gerando C5a (solúvel) e C5b. (A partir daqui é uma etapa comum a todas as vias) C5b se junta a C6 e C7, começa a fazer um processo de invaginação da membrana do microrganismo (C5b67 se liga à membrana através do C7); C8 também se liga ao complexo e se insere na membrana. As moléculas de C9 ligam-se ao complexo e se polimerizam. 10-16 moléculas de C9 se juntam para formar finalmente um poro na membrana do patógeno, através da formação do poli-c9. De C5b em diante, esse complexo chama-se COMPLEXO DE ATAQUE A MEMBRANA (MAC) –> C5b678poliC9. Aqui não ocorre clivagem, apenas interação. Um poro na membrana do patógeno promove a lise osmótica do patógeno. O MAC é crucial na Neisseria sp. VIA ALTERNATIVA Prescinde da presença de anticorpos Não necessita dos componentes inicias C1, C4 e C2 C3 é fator essencial nesta via Esta via é ativada por: Regiões pobres em ácido siálico Membranas ricas em polissacarídeos complexos Ausência de proteínas reguladoras/inibidoras do complemento. Os fatores exclusivos dessa via são o fator B, fator D e a properdina (fator P), além de C3, C5, C6, C7, C8 e C9. Há muito C3 circulante, ocorrendo hidrólise espontânea em baixos níveis da proteína C3, formando C3a e C3b. Se há membranas de patógenos próximos, o C3b se liga; se não houver, ele é inativado. Caso se ligue em células do hospedeiro, há mecanismos de inativação do C3b. O C3b interage com a superfície do patógeno, enquanto o C3a é solúvel. O C3b é depositado na superfície do patógeno. Depois, fator B circulante se liga não-covalentemente ao C3b (por possuir afinidade com este). O fator D, que é uma protease plasmática, cliva o fator B. Se o fator B é clivado, formam-se Ba e Bb. Portanto, o resultado final é C3bBb (é uma C3 convertase). A properdina interage com este complexo, estabilizando-o, mantendo-o ativo gerando grande quantidade de C3a e C3b. Portanto, inicialmente ocorre a hidrólise espontânea de C3 C3b se liga a superfície do patógeno fator B interage com C3b no patógeno fator D cliva fator B gera Ba solúvel e Bb, que forma o complexo C3bBb convertase de C3 C3a é solúvel, C3b interage com a superfície do patógeno, além de poder formar o complexo C3bBb3b (é c5 convertase) C5b678poliC9 a cascatacontinua. Esta geração de grande quantidade de C3 clivado é uma amplificação, que pode gerar C3 pra via clássica, por exemplo. O patógeno não possui proteínas reguladoras do complemento, como as células do hospedeiro possuem. Estas proteínas reguladoras evitam que o sistema complemento seja ativado na nossa célula. Obs: em um mesmo patógeno, várias vias do sistema complemento podem estar ativas. Obs².: A princípio acredita-se que Properdina fique ligada ao complexo até formar C5 convertase. VIA DA LECTINA Nesta via não há a fase inicial que envolve a participação do anticorpo e do complexo C1. A via da lectina se assemelha, exceto pelo inicio, à via clássica. Os componentes da primeira fase da via de lectinas ligantes de manose são o C4, C2, Masp1, Masp2 e MBL (lectina ligante de manose). A MBL é uma lectina que se liga à carboidratos. A MBL (lectina ligante de manose) liga-se aos resíduos de carboidratos na superfície de patógenos e passa por uma mudança conformacional. Possui duas subunidades: Masp1 e Masp2. A MBL se liga com alta afinidade a resíduos de manose e fucose da superfície do patógeno (os quais geralmente estão num posicionamento favorável) em um mecanismo semelhante à chave-fechadura. Quando o complexo MBL liga-se à superfície do patógeno, a MASP-2 é ativada para clivar o C4 e o C2. O papel da MASP-1 na ativação do complemento ainda não está bem determinado; in vitro está apta a clivar C2 eficientemente como a MASP-2 e, então, este papel pode aumentar a ativação do complemento – mesmo se for incapaz para iniciá-la. *Pacientes com deficiência de MBL tem maior susceptibilidade a infecções na infância, o que mostra a importância da via da MB-lectina na defesa do hospedeiro. Após a interação com os resíduos de fucose e manose, as subunidades Masp clivam c4 e c2, formando uma C3 convertase, depois uma C5 convertase, e continua como a via clássica. Recentemente foi descoberto que seres humanos apresentam 3 ficolinas: L-, M- e H- ficolina. Investiga-se que esta seja uma das novas vias do sistema complemento, a “via das ficolinas”. -Apresentam um domínio semelhante ao fibrinogênio -Se a liga carboidratos e concede às ficolinas sua especificidade por oligossacarídeos que contêm N-acetilglicosamina. -Sua concentração no plasma é maior que a da MBL. FUNÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO: PROPRIEDADES BIOLÓGICAS Lise de membranas; Quimiotaxia; Opsonização; Estimulação de reações inflamatórias; Remoção de imunocomplexos (complexos antígeno-anticorpo). Lise de Membranas: Ocorre pela formação do MAC, que causa a lise osmótica da membrana do organismo. Opsonização e fagocitose O C3b do complemento (também, em menor escala, o C4b), se liga ao patógeno. Fagócitos possuem receptor (CR1-receptor para complemento 1) para o C3b, facilitando a interação do fagócito com o microorganismo. Quimiotaxia (atração de células para determinado local devido à concentração de quimiocinas) C3a e C5a (fatores solúveis) são agentes quimiotáxicos para neutrófilos, monócitos e macrófagos, que tem receptores (C3aR e C5aR) para essas proteínas. Ativação e adesão de neutrófilos, ativação de monócitos, degranulação de mastócitos, favorecimento da diapedese. Remoção de imunocomplexos Estes imunocomplexos são removidos através de fragmentos C3b, que se liga a receptores presentes nas hemácias (CR1). As hemácias se ligam ao C3b ligado ao patógeno. Os eritrócitos levam esse complexo para fagócitos presentes no baço e no fígado, eliminando-os. *Quando não ocorre essa remoção pode causar danos. São situações em que a atividade do complemento é baixa devido à deficiência ou depleção ou os níveis de CR1 são baixos. Se isso ocorre em articulação, pequenos vasos... ativa-se complemento, recrutam-se células, inflamação > lesão tecidual. Doença por complexos imunes. Estimulo de reação inflamatória: C3a, C4a, C5a são importantes no recrutamento de leucócitos que acabarão por destruir esses microorganismos. Atividade de anafilatoxina Mastócitos e basófilos tem receptor para C3a e C5a, promovendo a liberação de Aminas Vasoativas, de histamina, facilitando a diapedese neutrófilos, etc. C3a, C5a, C4a promovem aumento de permeabilidade dos vasos, gerando extravasamento de proteínas como anticorpos e proteínas complemento para o espaço fora dos vasos. CONTROLE DA ATIVAÇÃO As células dos mamíferos, em condições normais, expressam proteínas reguladoras que inibem a ativação do complemento, impedindo, assim, uma lesão das células do hospedeiro mediada pelo complemento. Proteínas de controle das vias clássica e alternativa Estas proteínas podem estar na membrana de nossas células ou podem ser proteínas plasmáticas. Sua função é inibir a ativação do sistema complemento em nossas próprias células. Exemplo: C1inhibitor não permite a formação de um complexo proteico em nossas células. CD59, presente em células do sangue, endoteliais ou epiteliais: bloquei a ligação de c9, não formando o polic9. DAF está presente em células do sangue, endotélio e epiteliais: causa a dissociação da subunidade da c3-convertase. As proteínas param a via do sistema complemento em diferentes etapas, como exemplificado acima. Entre um paciente com deficiência de C1 e outro com deficiência de C3, em qual se espera um pior quadro? No segundo, já que todas as vias confluem para a clivagem de C3. As principais propriedades da resposta adquirida são: especificidade, memória, especialização e ausência de resposta contra auto-antígenos em condições normais (V) O linfócito T pode reconhecer os antígenos na sua forma nativa não necessitando de processamento e apresentação por MHC. (F) * o linfócito B pode reconhecer Proteínas extracelulares são internalizadas em vesículas pelas APC e processadas e apresentadas associadas às moléculas de MHC classe 2 aos linfócitos T CD4 (V). -Mhc classe 1 está expresso em células nucleadas (APC, macrófago, cél. dendrítica...) -Principal célula apresentadora de antígeno capaz de estimular linfócito T virgem>> cél. dendrítica. Toda célula nucleada pode apresentar antígenos aos T Cd8. A proteínas no citoplasma são processadas e apresentadas associadas a moléculas de MHC classe 1. (V) Durante a gestação, anticorpos da classe IgG atravessam a placenta e garantem a imunidade neonatal nos primeiros meses de vida do RN. (V) IgA>> Presença em bastante quantidade no leite materno Suponhamos uma mãe com uma doença auto-imune, ela desenvolveu anticorpos da classe IgG contra antígenos da tireoide. Isso pode causar problemas no RN? SIM -Se fosse da classe IgM, não causariam dano. -Anticorpos da classe IgA são encontrados principalmente nas secreções: saliva, leite, lágrima, mucosa; em sua forma dimérica, possuindo elemento secretor que tem como função secretar substâncias citotóxicas que lisam vírus e bactérias presentes no citoplasma. (F). Esse componente secretor na verdade protege a imunoglobulina da degradação na mucosa Um mecanismo importante envolvendo proteção contra helmintos consiste na citotoxicidade celular dependente de anticorpos ADCC. Nessa situação, níveis elevados de IgE e eosinófilos podem ser encontrados no paciente. (F) IgE se liga ao helminto e eosinófilo tem receptor para FC de IgE, dessa forma ele se ativa e libera suas substâncias tóxicas. Em uma infecção provocada por bactérias, os anticorpos atuam promovendo opsonização bacteriana, facilitando a fagocitose por macrófagos. (V) A ligação de anticorpos específicos pode levar a neutralização da toxina diftérica, para isso os anticorpos se ligam ao receptor da superfície celular para toxina, bloqueando a ligação da mesma. (F) Na verdade, o anticorpo se liga à toxina, bloqueando a ligação ao receptor; se se ligasse ao receptor na superfície, gerar-se-ia uma resposta auto- imune. Uma mulher grávida com uma doençaauto-imune produz anticorpos da classe IgM específicos para os hepatócitos. Com relação a esse quadro clínico, é possível que o feto tenha problemas hepáticos decorrentes dos anticorpos produzidos pela mãe. (F)
Compartilhar