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RESUMO - Sistema Único de Saúde - Componentes

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No Brasil, no início do século XX, as
instituições estatais de saúde pública –
motivadas, principalmente, pelos interesses
da cafeicultura exportadora – dedicaram-se
as tentativas de debelar as epidemias que
grassavam nas principais cidades brasileiras.
Durante o Estado Novo, com Getúlio Vargas,
foram criados órgãos encarregados pelo
atendimento aos trabalhadores formais.
Já em 1988, a Saúde passou a integrar o
sistema de seguridade social. Nesse mesmo
ano, a Constituição criou o Sistema Único de
Saúde (SUS). Os legisladores, acatando as
formulações do Movimento da Reforma
Sanitária, optaram por uma organização
sistêmica das ações e dos serviços de
saúde.
POPULAÇÃO
A população é o componente mais
importante de qualquer sistema ou rede de
saúde, pois, em última análise, a relevância
dos serviços de saúde é dada por sua
capacidade de resolver problemas de saúde
dos indivíduos e das coletividades.
As redes de saúde devem ter delimitadas
suas áreas de abrangência com as
populações pelas quais são sanitariamente
responsáveis.
A falta de delimitação da população é um dos
maiores problemas dos atuais sistemas de
saúde. A melhor estratégia para superar a
fragmentação e fazer com que o sistema de
saúde assuma efetivamente a
responsabilidade pela saúde da população, é
o fortalecimento da atenção primária. Um
exemplo disso é a Estratégia de Saúde da
Família.
INFRAESTRUTURA
Todo sistema de saúde necessita de pessoal
e recursos físicos, materiais e imateriais para
a prestação de serviços. Os recursos
essenciais são classificados em quatro
categorias:
a) Trabalhadores da saúde:
Pessoas que exercem atividades laborais
direta ou indiretamente relacionadas com a
saúde, são esses os profissionais de saúde e
os profissionais de outras áreas. O sucesso
das ações de saúde dependem de definições
sobre a quantidade, a combinação de
competências, a distribuição, o treinamento e
as condições de trabalho das pessoas que
realizam suas atividade laborais em
organização de saúde.
b) Estabelecimentos:
Os estabelecimentos representam a
infraestrutura física da rede de saúde. São
os locais destinados à realização de ações
de saúde, coletivas ou individuais. Há uma
grande variedade de estabelecimentos,
considerando os tipos de serviços, os portes
e as densidades tecnológicas.
O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde elenca 18 tipos de estabelecimentos
assistenciais: unidade de saúde da família,
posto de saúde, centro de saúde/unidade
básica, policlínica, consultório isolado,
unidade móvel (terrestre, fluvial e de
urgência/emergência), clínica
especializada/ambulatório de especialidade,
unidade de vigilância em saúde, farmácia,
unidade de apoio a diagnose e terapia,
laboratório central de saúde pública, centro
de parto normal, hospital-dia, unidade mista,
pronto-socorro geral, pronto-socorro
especializado, hospital geral e hospital
especializado. Relaciona também três tipos
de estabelecimentos administrativos:
secretaria de saúde, central de regulação de
serviços de saúde e cooperativa.
c) Medicamentos, equipamentos e outros
insumos:
Os insumos são essenciais para a
efetividade das ações de saúde. Além de
serem uma tecnologia de apoio às ações de
saúde, também assumem outras duas
funções: são instrumentos de garantia de um
direito e são bens de consumo.
Os medicamentos são os insumos que mais
têm sido objetos de políticas públicas no
Brasil. A Política Nacional de Assistência
Farmacêutica assegura o acesso universal
aos medicamentos essenciais, garante a
qualidade, eficácia e segurança dos
medicamentos, além de propor o uso
racional, intensificar a pesquisa e o
desenvolvimento tecnológico, expandir a
produção e orientar a prescrição e
dispensação dos medicamentos.
Em 1976, a Ceme desenvolveu a Rename
(Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais). Desde 1973, foi criado o
Programa Nacional de Imunização, que vem
ampliando o leque de vacinas e a cobertura
vacinal da população. Em 2001,
institucionalizou-se a Política Nacional de
Sangue, Componentes e Hemoderivados,
que passou a orientar a estruturação da
Rede Nacional de Serviços de Hemoterapia
e Laboratórios de Referência para controle
de qualidade. No que concerne aos
equipamentos, existe um total de 1.230.755,
com apenas 18,4% disponíveis para o SUS –
chama a atenção a concentração de
equipamentos no setor privado.
d) Conhecimento:
O conhecimento acerca do estado de saúde
das pessoas, das tecnologias de intervenção
sobre a saúde e a doença e do próprio
funcionamento dos serviços de saúde é um
importante recurso de todo sistema de
saúde. A maior parte do conhecimento
relevante para profissionais e gestores da
saúde está presente no senso comum, mas
parte significativa tem origem na prática
científica.
A pesquisa científica e tecnológica em saúde
pode ser dividida em quatro categorias:
a pesquisa biomédica, a pesquisa clínica, a
pesquisa em Saúde Coletiva e a pesquisa
tecnológica.
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE
SAÚDE
Disposição dos recursos humanos e
tecnológicos mobilizados para a realização
das ações de saúde. Na maioria dos países,
o Ministério da Saúde é o responsável pela
organização geral dos serviços, embora seja
comum a coexistência de outros organismos
ordenadores de recursos, como a
Previdência Social, o Ministério da
Educação, o Ministério da Defesa e o setor
privado filantrópico ou lucrativo.
Descentralização da gestão – secretariais
estaduais e municipais têm papel importante
na organização.
O SUS, a organização dos serviços pode ser
esquematizada em quatro grandes
categorias: (a) assistência à saúde, (b)
vigilância em saúde, (c) políticas e
programas especiais e (d) política de
humanização da atenção.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS OU MODELO
DE ATENÇÃO
Conjunto dos processos de trabalho por meio
dos quais os trabalhadores de saúde
atendem às demandas e às necessidades
dos usuários e da população. Envolve a
interface imediata entre os profissionais de
saúde e as pessoas que buscam ou
precisam de cuidados. Nesse componente
encontram-se todas as ações finalísticas do
sistema de saúde: ações de promoção da
saúde; de prevenção, diagnóstico e
tratamento de doenças e agravos; e de
reabilitação da saúde.
O modelo de atenção dominante na prática
tem sido a demanda espontânea. Esse
modelo apresenta como características
principais: individualismo, biologismo,
curativismo, mercantilismo, anistoricidade da
prática médica, medicalização de problemas
sociais, consumismo de produtos e serviços
diagnósticos e terapêuticos e participação
passiva e subordinada dos consumidores.
Ao lado do modelo médico hegemônico
temos também o modelo sanitarista. Este
último se caracteriza por intervenções
dirigidas a problemas de saúde inalcançáveis
pela atenção médica individual. Trata-se das
campanhas (vacinação, enfretamento de
epidemias, etc.) e dos programas tradicionais
(controle de tuberculose, saúde mental, etc.)
de saúde pública. Esses modelos de atenção
são alvo de críticas e modelos alternativos
têm sido sugeridos. Os modelos alternativos
acrescentam a oferta organizada, a
organização de distritos sanitários ou a
distritalização e o acolhimento, objetivando o
desenvolvimento articulado de intervenções
que alcancem todo o processo saúde-
doença: da promoção até a reabilitação da
saúde, passando pela prevenção e pelo
tratamento de doenças.
FINANCIAMENTO
A prestação de serviços de saúde depende
de financiamento, assim como tudo o mais.
O SUS brasileiro é financiado por meio do
Orçamento da Seguridade Social que
engloba a Saúde, Previdência e a
Assistência social. A parte da saúde tem
como principais fontes de recursos a
Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e
a Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins), paga pelas
empresas à União. Vale destacar que a
destinação ao SUS de recursos advindos dos
impostos gerais é irrisória. A proporção de
gastos públicos está emtorno de 45% do
total de gastos em saúde, diferente do que
acontece em outros países com sistemas
universais (sempre mais que 70%).
A baixa participação dos gastos públicos no
financiamento da saúde explica o
subfinanciamento do SUS. O Brasil investe
apenas 3,7% do PIB no SUS.
A gestão financeira se organiza por meio dos
fundos – nacional, estaduais e municipais –
de saúde. Ocorre repasse automático de
recursos do Fundo Nacional de Saúde para
os fundos estaduais e municipais. Os
recursos financeiros atravessam um ciclo
orçamentário. O orçamento é o documento
que prevê o montante de recursos que deve
entrar e sair dos cofres públicos em um
determinado período. O ciclo se inicia com a
elaboração pelo Poder Executivo do Plano
Plurianual, da Lei de Diretrizes
Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.
Posteriormente, as peças serão submetidas,
uma a uma, ao Poder Legislativo e quando
aprovadas retornam ao Executivo para a
elaboração da programação financeira e sua
execução. O ciclo se fecha com o controle da
gestão orçamentária e financeira, por meio
de julgamento das contas pelo Poder
Legislativo, após apreciação do Tribunal de
Contas. Os recursos federais representam
50% do total de recursos destinados ao SUS,
sendo os outros 50% assumidos por estados
e municípios em proporções semelhantes.
GESTÃO OU GOVERNAÇA E
REGULAÇÃO
Segundo a OMS, a gestão é definida como:
“um processo integrado de formulação de
políticas de saúde, de definição de
programas prioritários que permitam pôs em
prática essas políticas, de reserva de
recursos financeiros nos orçamentos para
esses programas, de execução desses
programas por meio do sistema de saúde, de
vigilância, fiscalização e avaliação desses
programas de saúde e dos serviços e das
instituições que o executam, e a contribuição
de uma base adequada de informação para o
processo em geral e cada um de seus
elementos”.
A gestão inclui desde a elaboração de
políticas até a execução das ações,
passando pela definição de programas.
Pode ser categorizada em três níveis:
macrogestão, atinente à formulação de
políticas gerais; mesogestão, relacionada a
condução de instituições e serviços; e
microgestão, referida à coordenação dos
processos de trabalho dos profissionais de
saúde.
Em cada um desses três níveis, as ações de
gestão se desenvolvem em três dimensões:
• Política: decisões sobre alocação de
recursos para a saúde, comando das
instituições gestoras da saúde e a
organização do processo de trabalho;
• Técnica: formação de políticas e
programas tecnicamente consistentes,
incorporação das ações programadas e o
fortalecimento das atividades de
planejamento e avaliação;
• Administrativa: mobilização e do uso
eficiente dos recursos humanos,
financeiros e materiais.
Governança designa o ato de bem governar
– com responsabilidade, estabilidade,
efetividade, qualidade, legalidade e
honestidade – as relações entre a população,
os recursos e os serviços de saúde, com o
objetivo de cuidar da saúde. Se refere a
macrogestão e à dimensão política da
gestão.
A regulação são as disposições (em geral,
legais) que criam direitos e deveres,
definindo responsabilidades. Abarca tanto a
elaboração de leis, regras, normas e
instruções como as ações que visam garantir
seu cumprimento, como a fiscalização e a
auditoria. Atua nos 3 níveis e nas 3
dimensões da gestão.
Ao todo, a gestão tem 11 funções essenciais:
a. Monitoramento, análise e avaliação de
situações de saúde;
b. Vigilância, investigação, controle de
riscos e danos à saúde;
c. Promoção da saúde;
d. Participação social em saúde;
e. Desenvolvimento de políticas,
planejamento e gestão pública;
f. Capacidade de regulação, fiscalização,
controle e auditoria em saúde;
g. Promoção e garantia do acesso universal
e equitativo;
h. Administração, desenvolvimento e
formação de recursos humanos em
saúde;
i. Promoção e garantia da qualidade dos
serviços de saúde;
j. Pesquisa e incorporação tecnológica em
saúde;
k. Condução da mudança do modelo de
atenção.
REFERÊNCIAS
Teixeira, C.F., Souza, L.E.P.F., Paim, J.S.
Cap. 9. Sistema Único de Saúde (SUS): a
difícil construção de um sistema universal na
sociedade brasileira. In.: Paim, J.S., Almeida
Filho, N., 2014. Cap. 9, p. 121-137

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