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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Noções Gerais e Modalidade das Obrigações
Livro Eletrônico
CARLOS ELIAS
Consultor Legislativo do Senado Federal em 
Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário 
(único aprovado no concurso de 2012). 
Advogado. Professor em cursos de graduação, 
de pós-graduação e de preparação para 
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São 
Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União 
(Advogado da União). Ex-Assessor de Ministro 
do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando 
e Mestre em Direito pela Universidade de 
Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º 
lugar em Direito no vestibular da UnB de 2002). 
Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. 
Pós-Graduado em Direito Público. Membro do 
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil 
Contemporâneo.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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DIREITO CIVIL
Noções Gerais e Modalidade das Obrigações
Prof. Carlos Elias
1. Noções Gerais ........................................................................................4
1.1. Definição ............................................................................................4
1.2. Elementos da Obrigação .......................................................................5
1.3. Obrigação quanto à Exigibilidade ............................................................7
1.4. Fim Primário e Secundário da Obrigação .................................................8
2. Modalidade das Obrigações ....................................................................13
2.1. Importância Prática das Classificações ..................................................13
2.2. Obrigação quanto ao Objeto ................................................................14
2.3. Obrigação de Dar Coisa Incerta ............................................................20
2.4. Obrigação de Fazer.............................................................................23
2.5. Obrigação de não Fazer ......................................................................25
2.6. Obrigação quanto à Pluralidade de Objetos ............................................26
2.7. Obrigação Simples .............................................................................26
2.8. Obrigação Composta: cumulativa e alternativa .......................................26
2.9. Obrigação Facultativa .........................................................................31
2.10. Obrigação quanto à Pluralidade de Sujeitos ..........................................32
2.11. Obrigação Divisível ...........................................................................33
2.12. Obrigação Indivisível.........................................................................33
2.13. Obrigação Solidária ..........................................................................38
Resumo ...................................................................................................45
Questões de Concurso – Lista I ..................................................................46
Gabarito ..................................................................................................68
Questões de Concurso – Lista II .................................................................69
Gabarito ................................................................................................ 100
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DIREITO CIVIL
Noções Gerais e Modalidade das Obrigações
Prof. Carlos Elias
Saudações, meu(minha) amigo(a)! Hoje é dia de Obrigações.
Focaremos no conteúdo que mais é cobrado em concurso. Entretanto, na linha 
do que já tenho feito nas aulas anteriores, irei aprofundar em temas mais comple-
xos para te garantir sucesso em questões que ninguém acerta.
Vamos juntos!
1. Noções Gerais
1.1. Definição
Obrigação é o vínculo jurídico temporário em virtude do qual o credor pode exi-
gir do devedor uma prestação patrimonial e agir judicialmente sobre o patrimônio 
deste no caso de não satisfação voluntária.
A disciplina da matéria no CC se aplica a todos os ramos do Direito, salvo regra 
específica em contrário. Assim, por exemplo, a obrigação tributária é regida pelo 
CTN e as obrigações administrativas – como as decorrentes de sanções aplicadas 
por órgãos públicos para infratores – são reguladas pela lei específico; todavia, em 
todos esses casos, o CC supre omissões.
A organização Livro das Obrigações do CC segue uma sequência lógica e, assim, 
começa por tratar do “nascimento das obrigações”, ou seja, das várias espécies de 
obrigações, como as de dar, de fazer, de não fazer (Arts. 233-285). Em seguida, o 
CC cuida de Transmissão das Obrigações, regulando as formas de, durante a “vida 
das obrigações”, mudar o credor e o devedor, ou seja, regulando a cessão de crédi-
to e assunção de dívida (Arts. 286-303). Prossegue o CC para falar da “morte das 
obrigações”, ou melhor, dos casos de extinção das obrigações, como o pagamento 
direto e os casos de pagamento indireto (Arts. 304-388). Para encerrar, o CC fala 
das “doenças” que acometeram a obrigação, ou seja, cuida de inadimplemento, 
dispondo, por exemplo, sobre encargos moratórios (Arts. 389-420).
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Noções Gerais e Modalidade das Obrigações
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É comum os juristas sentirem dificuldades ao ler o Livro das Obrigações diante 
da pouca hospitalidade decorrente da abstração do texto legal. Recomendamos que 
sempre se busque saber a lógica de justiça que inspirou a redação do CC, pois ela 
não apenas elucida a leitura do CC, mas também fornece versatilidade ao jurista 
para enfrentar casos concretos peculiares. E, considerando que os demais livros do 
CC e as leis extravagantes se assentam também nas mesmas lógicas de justiça, o 
conhecimento destas amplia a compreensão de todo o sistema jurídico-civil. Assim, 
por exemplo, a lógica de justiça do res perit domino (a coisa perece para o dano) 
inspira não apenas o tratamento das regras de obrigação de dar coisa certa (Arts. 
233 e seguintes), mas também o livro de Contratos (ex.: locador é obrigado a con-
servar a coisa em condições de uso para o locatário – Art. 566, I), o livro de Direito 
das Coisas (ex.: o possuidor tem direito a indenização por benfeitorias necessárias 
– Arts. 1.219 e 1.220), as leis extravagantes (como o Art. 35 da Lei de Inquilinato). 
Já cuidamos de diversas lógicas de justiça ao tratarmos da Parte Geral e exporemos 
outras mais a frente.
1.2. Elementos da Obrigação
A relação obrigacional compõe-se de três elementos: subjetivo, abstrato 
e objetivo.
O elemento subjetivo refere-se aos sujeitos envolvidos: credor (titular do direi-
to subjetivo) e devedor (titular do dever jurídico). Terceiros podem eventualmente 
interferir na relação obrigacional, como na hipótese de pagamento por terceiros 
(Art. 304, CC) e de aplicação da doutrina do terceiro cúmplice. Em nome da boa-fé 
objetiva, terceiros que aparentem ser credores podem ser admitidos como tal para 
alguns efeitos,a exemplo do sucede com a figura do credor putativo (Art. 309, CC).
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O elemento abstrato ou espiritual é o vínculo obrigacional, assim entendido o 
vínculo jurídico que sujeita o devedor ao cumprimento voluntário da obrigação, sob 
pena de sofrer punições e coerções por via judicial ou extrajudicial.1 O vínculo ju-
rídico pode ser vários fatos jurídicos, como o contrato, os atos ilícitos – que geram 
a obrigação de indenizar (Arts. 186 e 927 do CC) –, os negócios unilaterais etc. 
Metaforicamente, ao assinar um contrato, as extremidades de uma corda invisível 
são amarradas nas cinturas do credor e do devedor, expondo este ao dever de cum-
prir a obrigação. Para que o devedor se libere da obrigação, essa “corda” (que é o 
vínculo ou o liame jurídicos) precisa ser rompida, o que só acontece nas hipóteses 
legais, como o pagamento, a resilição contratual (Arts. 472 e 473, CC), a resolução 
por inadimplemento (Art. 474, CC) etc.
O elemento objetivo diz respeito ao objeto da obrigação. O objeto pode ser clas-
sificado como: i) objeto imediato, próximo ou direto: a prestação, que pode ser de 
dar, fazer ou não fazer; e ii) objeto mediato, distante ou indireto: o bem da vida.
Ao assinar um contrato de compra e venda de um apartamento, o compra-
dor, com esse ato jurídico, objetiva adquirir, imediatamente, um direito de crédito 
juridicamente reconhecido (prestação) para, a partir da satisfação desse crédito 
(mediatamente), obter o bem da vida (o apartamento). Isso explica por que os 
vendedores fazem questão de que o comprador assine logo um contrato, ainda que 
o pagamento do preço seja prorrogado. É que o objetivo imediato deles é obter a 
prestação, ou seja, o dever jurídico (objeto imediato). Essa prestação jurídica já 
representa um aumento patrimonial para o credor, ainda que ele não tenha rece-
bido o bem da vida indiretamente almejado (objeto mediato). O direito já um bem 
móvel ou imóvel (Arts. 80 e 83, CC). Vários vendedores costumam “vender” essas 
1 Exemplo de execução extrajudicial é a execução hipotecária do DL 70/66 e o procedimento de consolidação 
da propriedade fiduciária sobre imóveis previsto na Lei n. 9.514/1997.
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prestações por meio de cessões de créditos, de factoring, de desconto antecipado 
de recebíveis etc.
Como se vê, o bem da vida é apenas o objeto indireto da obrigação, pois o ob-
jeto imediato é a aquisição de um direito de crédito, ou melhor, da prestação.
1.3. Obrigação quanto à Exigibilidade
Quanto à exigibilidade, a obrigação pode ser classificada como civil ou natural.
A obrigação civil é a exigível, ou seja, aquela cujo descumprimento credencia o 
credor a valer-se de meios executivos para obter a satisfação forçada da obrigação 
ou uma indenização de perdas e danos.
A obrigação natural ou moral é a obrigação não exigível, embora seja devida. O 
devedor não pode ser constrangido a pagar por meios de coerção judiciais ou extra-
judiciais de coerção. Ele pode satisfazer a obrigação apenas se quiser por questão 
de foro íntimo ou de moral própria (daí o nome obrigação moral). E, nesse caso, 
como o pagamento é de uma dívida devida, não há falar em repetição de indébito, 
ou seja, de devolução do valor pago (Art. 882, CC). É o que sucede com a obrigação 
prescrita e a dívida de jogo não disciplinado em lei (Art. 814, CC).
Uma das lógicas de justiça que justifica a criação de obrigações naturais consis-
te na necessidade de a estrutura coercitiva mantida pelo Estado (que é dispendio-
sa, como o Poder Judiciário) não ser utilizada para débitos de pouca importância 
à luz da função social. Afinal de contas, como ensinavam os romanos, de minimus 
non curat praetor (de coisas pequenas não cuida o jurista).
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1.4. Fim Primário e Secundário da Obrigação
O fim primário da obrigação é o débito (schuld) e o fim secundário é a respon-
sabilidade (haftung).2 O débito é o dever de prestar, ao passo que a responsabili-
dade corresponde ao cabimento de meios executivos para forçar o cumprimento do 
débito no caso de inadimplemento. A responsabilidade se refere ao direito de exigir 
o cumprimento da prestação e à possibilidade de o credor invadir o patrimônio do 
devedor para garantir o cumprimento da obrigação ou o pagamento das indeniza-
ções por perdas e danos. Esses dois elementos são independentes.3
Quando vendedor insiste para o comprador assinar um contrato, o seu 
primeiro objetivo é criar a obrigação jurídica, ou melhor, criar uma dívida ju-
ridicamente devida contra o comprador. Nascida essa dívida, o credor passa 
a ter um direito de crédito que, por exemplo, pode ser cedido para o banco 
em troca de um dinheiro (como nos negócios conhecidos como factoring).4 O 
objetivo primário da obrigação é criar um débito, ou seja, um dever jurídico. 
De modo secundário, objetiva-se garantir que, caso o devedor descumpra a 
obrigação, o credor possa responsabilizá-lo civilmente, buscando indenização 
pelos prejuízos causados. A responsabilidade é um fim secundário da obri-
gação, pois – em palavras curtas – ninguém assina um contrato pensando, 
primariamente, em receber indenização (responsabilidade), e sim em obter a 
prestação pactuada (débito).
2 A doutrina alemã fala em schuld e haftung, o que corresponde, no direito anglo-saxão, respectivamente ao 
duty e ao liability e, no direito francês, ao devoir e ao engagement.
3 Trata-se da teoria da relação complexa Schuld und Haftung, nascida na Alemanha e que inspirou o Brasil. 
Ela se contrapõe a teoria da relação unitária, que não separa a obrigação em schuld e em haftung.
4 Há inúmeras hipóteses de tráfegos de créditos, seja por meio de cessões de crédito, seja por meio da 
emissão de títulos mobiliários, como a Letra de Crédito Imobiliário – LCI (Art. 12, Lei n. 10.931/2004), a 
Letra de Crédito Agrário – LCA (Art. 23, II, Lei n. 11.076/2004), os Certificados de Recebíveis Imobiliários – 
CRI (Art. 3º, Lei n. 9.514/1997) etc.
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Na doutrina, costuma-se dizer que o ordenamento tem casos de débito sem 
responsabilidade, como no caso da obrigação natural: a dívida existe, mas o seu 
descumprimento não autoriza a responsabilização do devedor. Diz-se também que 
há responsabilidade sem débito, como no caso do fiador,o qual pode ser responsa-
bilizado por dívida de outrem (o afiançado), ou no caso de terceiro que adquire um 
imóvel hipotecado em garantia de uma dívida do alienante.5
Isso, a nosso sentir, é atécnico. Na fiança, o fiador tem um débito (acessório, 
mas é débito!) e uma responsabilidade. Em concurso público, porém, recomendo 
que seja levado em conta a doutrina tradicional, de modo que haveria débitos sem 
responsabilidade, assim como responsabilidade sem débito.
Concepção moderna de obrigação: obrigação como processo e deveres anexos
A concepção de obrigação na modernidade deve ser lida à luz da Constituciona-
lização do Direito Civil, da função social, da boa-fé, da vedação ao abuso de direito 
e das diretrizes teóricas do Código Civil (eticidade, socialidade e operabilidade). 
Peço que vocês se recordem da primeira aula nossa de Parte Geral do Código Civil, 
quando tratamos da constitucionalização do Direito Civil, dos corolários da boa-fé 
objetiva, da substantial performance e da teoria do inadimplemento mínimo. Isso 
dá margem de manobra ao jurista para resolver os casos concretos de modo a fazer 
5 Há críticas a essa abordagem da teoria da relação complexa, pois, no caso do fiador, por exemplo, ele tem sim 
um débito, que é acessório, além de ter responsabilidade. E, no caso da obrigação natural, esta não seria um 
débito jurídico, e sim uma dívida meramente moral. Sob essa perspectiva, não há necessidade de desmem-
brar a obrigação em duas relações distintas (schuld e haftung), pois elas se confundem, conforme exposto 
na teoria unitária. Ao nosso sentir, a teoria da relação complexa é mais a adequada, com uma adaptação: no 
caso do fiador, ele tem um débito sim, que é acessório. O exemplo de responsabilidade sem débito é indevido, 
a nosso sentir. Não há responsabilidade sem débito, aidna que este seja acessório. Todavia, pode haver débito 
sem responsabilidade, como sucede na obrigação natural. Temos que a obrigação natural só pode ser expli-
cada pela teoria da relação complexa, pois ela não é um dever meramente moral, e sim jurídico. É jurídico, 
porque gera efeitos jurídicos: o seu pagamento voluntário nõ autoriza repetição de indébito.
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Noções Gerais e Modalidade das Obrigações
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as obrigações serem instrumentos de promoção social. E é nesse contexto que se 
insere o conceito de “obrigação como processo”.
O saudoso professor Clóvis Veríssimo do Couto e Silva desenvolveu, no Brasil, 
o conceito de “obrigação como processo” (expressão emprestada ao título de sua 
clássica obra). Para ele, a obrigação não implica a mera prestação do objeto, como 
concebia a doutrina tradicional e liberal do século XIX. Obrigação não se resumo a 
um mero ato. No mundo contemporâneo, ela é um processo, ou seja, um conjunto 
de atos a serem praticados por ambas as partes com o objetivo de prestar o objeto 
de modo compatível com os valores da boa-fé, da função social, dos bons costu-
mes e da razoabilidade. Em suma, obrigação é impõe um processo a ser seguido 
por ambas as partes de modo a obter estes objetivos: o adimplemento mediante a 
ausência de danos às partes, a mínima onerosidade ao devedor e a máxima satis-
fação do credor.
Ao lado dessa noção de obrigação como processo, há a do princípio da concre-
tude no adimplemento do programa obrigacional, assim entendida a necessidade 
de que a obrigação implique concretamente benefícios para ambas as partes à luz 
dos valores do ordenamento jurídico.
É à luz do conceito de obrigação como processo e do princípio da concretude 
que se justifica a noção de violação positiva do contrato.
Conforme lembra o ministro Paulo de Tarso Sanseverino (1997, p. 285-314), há 
três espécies de deveres decorrentes de uma obrigação: o principal, o secundário 
e o anexo.
O dever principal ou primário da obrigação é o núcleo dominante da obrigação, 
é a prestação que representa a razão de ser do negócio. Por exemplo, na compra e 
venda, os deveres principais é a entrega do bem e o pagamento do preço.
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O dever secundário ou acidental da obrigação está dentro do dever principal e 
consiste em condutas que se destinem a garantir o correto cumprimento da pres-
tação principal (ex.: conservar a coisa vendida até a sua entrega) e, se for o caso, 
das consequências da impossibilidade desse cumprimento (ex.: indenização pelo 
perecimento culposo da prestação). Ex.: quem vende gado e se compromete a en-
tregá-lo dentro de um mês deve continuar cuidando dele com diligência, pois isso 
é um dever secundário da obrigação.6
O dever anexo, lateral, colateral ou instrumental da obrigação corresponde às 
condutas paralelas ao dever principal destinadas garantir o respeito à boa-fé objeti-
va e aos outros valores jurídicos. Esse dever diz respeito ao correto processamento 
da relação obrigacional, e não propriamente ao correto cumprimento da prestação. 
Esse dever não depende de previsão expressa em contrato ou em lei, pois nasceu 
do próprio princípio da boa-fé objetiva, que rege todos os contratos e obrigações. A 
título ilustrativo, citam-se como deveres anexos os de informação, de cooperação, 
de proteção e de sigilo.
Chama-se de violação positiva do contrato o descumprimento de deveres anexos 
vinculados a contratos, independentemente de o dever principal ter sido cumpri-
do. Tal enseja as mesmas consequências tradicionais de qualquer inadimplemento, 
como resolução do contrato, exceptio non adimpleti contractus, responsabilidade 
civil etc. Aí ter-se-á uma responsabilidade contratual, porque o dever anexo decor-
re da boa-fé objetiva, que é um dever dos contratantes (Art. 422, CC).
Em suma, em um contrato de venda de veículo, não basta o devedor entre-
gar o automóvel (dever principal). Ele deve adotar condutas que garantam o 
6 A nosso sentir, preferimos considerar os deveres secundários como insertos nos deveres anexos. Temos que 
a categoria dos deveres secundários mais obscurecem do que esclarecem, introduzindo uma distinção tax-
onômica que não parece ter relevância prática.
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cumprimento desse dever principal (ex.: conservar o motor e as condições do 
veículo – dever secundário) e que, também, adéque a obrigação aos valores da 
boa-fé objetiva do ordenamento jurídico (ex.: repassar as informações relevan-
tes ao credor – dever anexo).
Vamos citar exemplos de descumprimentos de deveres anexos.
O médico que cura seu paciente mediante cirurgia baseada em técnicas antigas 
e altamente dolorosas descumpre o dever anexo de proteção, pois, caso se servisse 
de técnica mais moderna, poderia ter obtido o mesmo resultado sem infligir eleva-
das dores ao paciente.
Viola dever anexo a agência de publicidade que, a pretexto de cumprir contratode divulgação, coloca outdoors da empresa contratada em lugares de difícil visua-
lização por sua má localização e seu difícil acesso.
Infringe dever anexo quem, após celebrar contrato de compra e venda de cavalo 
valioso, entrega este ao adquirente em estado de saúde frágil por conta de falhas 
no transporte do animal.
Inobserva dever anexo de informação quem vende máquina e não adverte o 
adquirente das eventuais consequências danosas decorrentes da sua má utilização.
A seguradora não pode considerar o termo inicial da prescrição da pretensão 
de cobrança de seguro por acidente de trabalho outra data senão aquela em que 
o segurado possui ciência inequívoca da invalidez permanente, caracterizada por 
laudo médico específico. Antes desse marco, nem a seguradora pagaria o valor da 
cobertura e, portanto, não pode reputar inerte o segurado nesse período (STJ, REsp 
184.573/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ 15/03/99).
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2. Modalidade das Obrigações
2.1. Importância Prática das Classificações
As classificações dos institutos dão clareza ao jurista, pois permitem fácil loca-
lização das regras que são aplicáveis ao caso concreto.
Para resolver qualquer problema prático envolvendo obrigações, o jurista deve 
identificar em qual categoria se enquadra cada uma das obrigações existentes no 
caso concreto e, em seguida, buscar a solução jurídica dada pelos dispositivos do 
Código Civil que versam sobre esse tipo de obrigação.
Para citar um caso concreto com o qual nos deparamos, em uma transação feita 
para extinguir um processo, os réus estavam a se comprometer a pagar uma quan-
tia pecuniária de modo parcelado. Os advogados deles nos encaminharam uma mi-
nuta de contrato com este texto: “Fulano e Beltrano pagarão X reais em dez presta-
ções”. No exemplo, Beltrano era pobre. Identificando essa obrigação como divisível 
– e não como solidária, (pois a solidariedade nunca se presume, mas depende de 
previsão legal ou contratual expressa nos termos do Art. 265, CC) –, teríamos um 
grande problema para executar a transação no caso de inadimplência: o Art. 257 
do CC estabelece que, nas obrigações divisíveis, presume-se que cada codevedor 
tem uma obrigação própria de valor igual, de sorte que Fulano só responderia ser 
executado para pagar metade do valor X, pois a outra metade é dívida apenas do 
depauperado Beltrano.
Nesse sentido, há três principais perspectivas de classificação das obrigações a 
serem estudadas:
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a) Obrigação quanto ao objeto:
a. obrigação de dar coisa certa (Arts. 233 ao 242, CC) ou coisa incerta (Arts. 
243 ao 246, CC);
b. obrigação de fazer (Arts. 247 ao 249, CC);
c. obrigação de não fazer (Arts. 250 e 251, CC).
b) Obrigação quanto à pluralidade de objetos:
a. obrigação simples;
b. obrigação composta, que pode ser conjuntiva ou alternativa (Arts. 252 
ao 256, CC);
c. obrigação facultativa.
c) Obrigação quanto à pluralidade de sujeitos:
a. obrigação divisível (Art. 257, CC);
b. obrigação indivisível (Arts. 258 ao 263, CC); e
c. obrigação solidária (Arts. 264 ao 285, CC).
Vamos cuidar dessas espécies de obrigações a seguir.
2.2. Obrigação quanto ao Objeto
Focando o objeto, só há três tipos de obrigações: dar (coisa certa ou incerta), 
fazer e não fazer. Qualquer obrigação pode ser encaixada em uma dessas catego-
rias, que dão soluções jurídicas diversas.
Obrigação de dar coisa certa
Coisa certa é o bem especificado, individualizado e definido. Em outras palavras, 
é o bem identificado pelo gênero, pela espécie e pela quantidade. Se a coisa for 
definida apenas pelo gênero e quantidade, e não pela espécie, tem-se coisa incer-
ta. Assim, a obrigação será de dar coisa certa se uma concessionária se obriga a 
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entregar um veículo BMW de chassi “X” e será de dar coisa incerta se a prestação 
for a entrega de uma BMW preta, de ano “Y”, de categoria “Z” (há vários veículos 
com essas características. As consequências jurídicas são diversas.
Para entender de forma mais adequada, gosto de indicar algumas lógicas 
de justiça que inspiraram o legislador ao escrever o Código Civil. Eu sempre 
achei a parte de Direito das Obrigações mais abstrata e difícil até o momen-
to em que eu identifiquei essas lógicas de justiça. De fato, a obscuridade do 
texto do livro do Direito das Obrigações é esclarecida quando se identificam 
essas lógicas de justiça.
No caso de obrigação de dar coisa certa, toda a disciplina do Código Civil se as-
senta em duas lógicas de justiça: a do neminem laedere e a do res perit domino. 
Essa lógica se espalha pelo tratamento de vários outros institutos pelo Código Civil 
e pela legislação extravagante.
Vamos explicar isso.
Em regra, quem causa dano a outrem com culpa tem o dever de indenizar, pois 
ninguém pode lesar outrem (princípio do neminem laedere). Essa lógica permeia 
toda a legislação e está genericamente previsto nos Arts. 186 e 927 do CC, que 
consideram ilícita a conduta culposa que cause um dano e preveem o dever de in-
denizar.
A disciplina da obrigação de dar coisa certa segue essa lógica de justiça, confor-
me se vê nos Arts. 234 (in fine), 236, 239 e 240 do CC, com o destaque de que a 
parte final do Art. 240 do CC atrai implicitamente também a disciplina do Art. 236 
do CC, conforme enunciado n. 15/JDC. Se compro um determinado veículo para 
ser entregue a mim no próximo mês e o vendedor, após a celebração do contrato, 
rasga a sua lataria com um machado, eu poderei escolher entre receber o veículo 
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avariado ou exigir o pagamento do valor de mercado do veículo na data de entre-
ga dele (no mínimo, o preço pactuado),7 além de, em qualquer uma desses casos, 
pedir indenização por outros danos sofridos (ex.: danos materiais e morais pela 
frustração de uma viagem “de carro” que eu havia pago para se iniciar na data da 
entrega do veículo).
Em suma, vige a regra de que, se a coisa perecer (destruição total) ou se dete-
riorar (destruição parcial) por culpa do devedor, este deverá pagar indenização ao 
credor. Se a coisa só tiver sido deteriorada, além dessa indenização, o credor pode-
rá exigir a coisa no estado em que estiver ou poderá inflar a indenização exigindo 
também o pagamento do valor de mercadoda coisa na data do vencimento da obri-
gação (o valor equivalente). Esse valor equivalente da coisa não necessariamente 
corresponderá ao preço que foi pactuado pelas partes, pois o valor da coisa pode ter 
oscilado após a celebração do contrato. Entendemos que essa oscilação deve ser le-
vada em conta, salvo pacto expresso em sentido contrário. Contudo, para não pres-
tigiar a conduta culposa do devedor, o preço pactuado deve ser tido como um valor 
mínimo da coisa. É que, a nosso sentir, quando o CC menciona o dever de responder 
pelo equivalente nessas hipóteses, ele está prevendo uma indenização, e não pro-
priamente uma mera repetição de indébito em razão de o pagamento ter-se tornado 
indevido com a deterioração culposa da coisa. O próprio CC costuma empregar o 
vocábulo “responder” (e não “restituir”) o equivalente mais perdas e danos.
A regra geral da obrigação de dar coisa certa é excepcionada quando houver 
norma em sentido contrário, a exemplo do que sucede nos casos de contratos gra-
tuitos e de responsabilidade objetiva.
7 O preço pactuado é o do valor do bem para a entrega no mês seguinte. Esse é o valor mínimo. Se, porém, o 
veículo tiver valorizado, deverá ser pago esse novo valor. Se tiver desvalorizado, isso é irrelevante, pois, no 
contrato, foi pactuado um preço que deve ser tido como mínimo, sob pena de prestigiar a conduta culposa 
do devedor.
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No caso de obrigação de dar coisa certa fundada em contrato gratuito, o gene-
roso só responderia pelo perecimento ou deterioração da coisa se tiver obrado com 
dolo, conforme Art. 392 do CC. Afastam-se as regras do Livro das Obrigações em 
sentido contrário.
No caso de responsabilidade civil objetiva, o devedor responderá pelo pereci-
mento ou a deterioração da coisa independentemente da prova de culpa. Ficam, 
pois, afastadas as regras contrárias do Livro das Obrigações. A responsabilidade 
objetiva só será afastada quando houver alguma hipótese legal de excludente de 
responsabilidade objetiva, como o caso fortuito externo (riscos alheios à atividade) 
ou a culpa exclusiva da vítima (que rompe o nexo causal), temas a serem estuda-
dos em Responsabilidade Civil. A responsabilidade objetiva ocorre quando houver 
previsão legal (como no caso de danos causados a consumidores à luz do Art. 12 
do CDC) ou quando for aplicável à teoria do risco, que responsabiliza objetivamente 
quem exercer atividade que cria um risco de dano a terceiros além do usual, con-
forme Art. 927, Parágrafo único, do CC. Assim, se uma concessionária se obriga a 
entregar um veículo individualizado ao consumidor, há relação de consumo e, por-
tanto, se a coisa perecer – ainda que sem culpa da empresa – ela terá o dever de 
indenizar. Se, porém, esse perecimento decorrer de um terremoto que fez o solo 
sugar o veículo para o centro da Terra, isso é fortuito externo a excluir a responsa-
bilidade objetiva. Se, porém, o motivo foi um acidente de trânsito ocorrido no traje-
to de entrega da coisa sem culpa do fornecedor, isso é um risco inerente à atividade 
deste, ou seja, é o caso fortuito interno, o que não afasta o seu dever de indenizar. 
Por fim, como as regras do CC não são de ordem pública nesse ponto, é admissível 
pacto em sentido contrário, salvo vedação legal expressa. Assim, por exemplo, a 
renúncia ao direito à indenização seria nula se estivesse em contrato de adesão 
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por se tratar de um direito inerente ao negócio (Art. 474, CC) ou em contrato de 
consumo firmado com consumidor que seja pessoa natural (Art. 51, I, do CDC).
E o que é a regra do res perit domino?
A outra lógica de justiça que pavimenta a disciplina da obrigação de dar coisa 
certa é a do res perit domino (a coisa perece para o dono). Se a coisa perecer ou 
deteriorar-se sem culpa, quem deve ficar no prejuízo é o dono da coisa. Desgastes 
ou perecimentos não culposos são ônus do dono da coisa. É ao sopro dessa lógica 
de justiça que foram redigidos os Arts. 234, 235, 238 e 240 do CC.
Na obrigação de dar coisa certa, o devedor é dono da coisa até a tradição, se for 
coisa móvel, e, por isso, suportará o prejuízo no caso de perecimento ou deteriora-
ção não culposa da coisa. O res perit domino orquestra os Arts. 234 e 235 do CC.
Isso significa que, nessa hipótese, se a coisa perecer, resolve-se a obrigação, 
ou seja, volta-se ao status quo ante: o devedor fica sem nada (a coisa pereceu) e 
o credor recebe o seu dinheiro de volta, se tiver pago algo pela coisa.
Se, porém, a coisa se deteriorar sem culpa do devedor antes da tradição, ele 
suportará o prejuízo por essa perda parcial, porque era o dono da coisa (res pe-
rit domino). O credor não poderá sofrer qualquer prejuízo. Por isso, o credor terá 
duas opções: i) resolver a obrigação e, se for o caso, receber integralmente o preço 
pago; ou ii) aceitar a coisa deteriorada, com o abatimento proporcional do preço.
Para exemplificar, se vendo um veículo para ser entregue no próximo mês e 
recebo R$ 40.000,00 como preço, eu terei de restituir essa quantia caso, antes da 
tradição, o veículo seja furtado (perecimento sem culpa minha) e ficarei sem car-
ro e sem dinheiro, porque res perit domino. Se, porém, esse veículo só tiver sido 
amassado por um choque provocado por um terceiro e que tenha desvalorizado o 
bem em R$ 5.000,00, o veículo se deteriorou sem culpa minha, de maneira que 
o comprador poderá escolher entre recolher os seus R$ 40.000,00 de volta ou re-
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ceber o carro abalroado com os R$ 5.000,00 correspondentes à desvalorização do 
bem. Como se vê, eu ficarei no prejuízo nesses exemplos, porque res perit domino.
Se a obrigação é de restituir coisa certa, a lógica básica é a mesma: a do res 
perit domino. A única diferença é a de que o credor é o dono da coisa, que está 
nas mãos do devedor com dever de restituir. Os Arts. 238 e 240 do CC cuidam 
da matéria.
Perecida a coisa a ser restituída sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação 
sem dever de este pagar qualquer indenização. O credor, que é o dono, fica no 
prejuízo. Assegura-se, porém, os direitos do credor até a data do perecimento, sob 
pena de enriquecimento sem causa do devedor, que, por exemplo, pode ter usu-
fruído da coisa até esse momento (Art. 238, CC). Por exemplo, o locatário de um 
veículo não terá de pagar outro se ele for roubado, pois se trata de perecimento 
sem culpa dele; todavia, deverá pagar o aluguel até a data do sinistro.
Se a coisa, porém, tiver sido deteriorada, só resta ao credor receber a coisa 
danificada sem poder exigir indenização alguma (Art. 240, CC).
O CC é silente quanto ao direito de o devedor continuar com a coisa deteriorada 
até a datade restituição. Temos que ele não é obrigado a continuar com a coisa 
deteriorada, pois o seu direito era o de ter a coisa íntegra até a data da restituição. 
Se, porém, ele continuar com a coisa deteriorada até a data da restituição, deverá 
haver a redução proporcional do preço (abatimento do preço), pois o prejuízo deve 
ser suportado pelo dono da coisa por analogia do Art. 235 do CC. Seja como for, em 
nome da boa-fé objetiva, é dever do devedor comunicar o credor imediatamente 
após a deterioração da coisa. E, em nome do seu direito de propriedade, é assegu-
rado ao credor o direito de interpelar extrajudicialmente o devedor exigindo o ven-
cimento antecipado da obrigação de restituir, pois é seu interesse reparar a coisa e 
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evitar o agravamento da deterioração. Todas essas regras poderão ser excepciona-
das por lei ou por pacto, a exemplo do que sucederia em relações de consumo, em 
que a responsabilidade objetiva faria com que o dono da coisa, se não fornecesse 
um bem substituto no prazo razoável, poderia ser obrigado a indenizar os prejuízos 
sofridos pela outra parte em razão da perda da utilidade da coisa a ser restituída.
Para exemplificar, se alugo um veículo que, pela sua velhice, já está às vésperas 
de quebrar, jamais poderei ser compelido a indenizar avarias que surgirem durante 
o meu regular uso, pois o prejuízo tem de ser suportado pelo dono da bicicleta. Por 
isso, se o veículo se deteriorar, posso devolvê-lo imediatamente ao locador e exigir 
os alugueis adiantados de volta ou, se eu continuar com o veículo, pode exigir a 
redução proporcional do aluguel após a deterioração.
2.3. Obrigação de Dar Coisa Incerta
Coisa incerta é aquela definida apenas pelo gênero8 e quantidade; é a coisa não 
individualizada. Daí que a obrigação de dar coisa incerta também é chamada de 
obrigação genérica e está disciplinada nos Arts. 243 ao 246 do CC. Coisa incerta 
tem de ser determinável e possível, sob pena de nulidade (Art. 104, II, CC). Coisa 
incerta não é coisa indeterminável nem impossível.
Na obrigação de dar coisa incerta, o devedor precisa individualizar a coisa (es-
colher a coisa) e cientificar o credor acerca disso. Ele precisa concentrar a sua obri-
gação em um único objeto entre os vários que se enquadram no gênero. Trata-se 
da fase da concentração, que se completa com a cientificação do credor acerca da 
escolha. Pontes de Miranda prefere designar de fase da concretização. A concen-
tração transforma a obrigação de dar coisa incerta em de dar coisa certa, com a 
8 Há quem critique o verbete “gênero” usado pelo CC e propune a sua substituição (Catalan, 2016). Temos, 
porém, que se trata de termo consagrado no Direito com definição conceitual doutrinariamente consolidada, 
o que desaconselha a sua alteração.
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aplicação das regras pertinentes (Art. 245, CC). Desse modo, antes da concentra-
ção, vigora a regra genus nunquam perit. Após a concentração, vige as regras de 
obrigação de dar coisa certa (res perit domino), pois já se tem coisa certa.
Feita a escolha, o devedor não pode voltar atrás e mudar a coisa por outra com 
as mesmas características, em respeito à regra do electa una via altera non datur 
(eleita uma via, alterar não é permitido)9. Assim, se uma imobiliária se compro-
mete a entregar um apartamento de 2 quartos em um prédio, a imobiliária, após 
escolher uma unidade específica e cientificar o comprador, não poderá voltar atrás 
para entregar outro apartamento.
A escolha e a cientificação competem ao devedor como regra, pois se presume 
que foi seu interesse deixar de individualizar a coisa. Admite-se, porém, pacto em 
contrário. Em nome da boa-fé, o devedor deve escolher coisa, ao menos, de quali-
dade média (Art. 244, CC).
Vale a pena detalhar mais algumas coisas acerca da teoria do risco nas obriga-
ções de dar coisa incerta. A teoria do risco aí é baseada no genus numquat perit. 
Vamos lá.
Como o devedor se obriga a entregar um gênero, e não uma coisa individuali-
zada, jamais ele poderá alegar perecimento fortuito da coisa para exonerar-se de 
sua obrigação (Art. 246, CC). Trata-se da regra do genus nunquat perit: o gênero 
nunca perece. Assim, se alguém se obriga a entregar um veículo Hylux preto de 
ano X (coisa incerta; há vários veículos desse tipo), ele jamais poderá isentar-se 
desse dever a pretexto, por exemplo, de que o pátio de veículos se incendiou sem 
culpa dele. O dever dele é de entregar o gênero, e não a coisa individualizada. 
9 Essa expressão latina era a forma sofisticada de os romanos dizerem o que, no linguajar popular atual, 
expressamos como “ajoelhou, vai ter de rezar” ou “desceu no play, vai ter de brincar”. Expressa uma noção 
de justice que está na boca do povo. Porém, para valer-se de um jocosidade de corredor da Academia, quid-
quid latine dictum sit, altum videtur (qualquer coisa dita em latim parece mais elevado, mais profundo).
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Cumpre-lhe, apesar de todas as suas desventuras, retorcer-se para entregar, no 
vencimento, o objeto pactuado, sob pena de ser considerado inadimplemente e ar-
car com todos os encargos daí decorrentes (multas, juros moratórios etc.).
Excepciona-se a regra acima se o gênero for limitado, ou seja, se o devedor ti-
ver especificado o universo do qual ele retirará a coisa a ser entregue. Nesse caso, 
se todo o gênero perecer sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação. Cuida-se 
de uma ampliação do res perit domino: o res aí é o gênero limitado, e não uma 
coisa individualizada. Se, exemplo acima, o devedor tiver se obrigado a entregar 
o veículo Hylux entre os disponíveis no seu pátio, a fogueira fortuita resolverá a 
obrigação sem dever de indenizar.
Por fim, façamos uma ressalva. Se, por motivo superveniente, o objeto se 
tornar absolutamente impossível (jurídica ou materialmente), aí será um caso 
de resolução do contrato. O gênero tem de ser possível. Não importa se a obri-
gação era de dar coisa incerta, pois, mesmo aí, presume-se que a individualiza-
ção do gênero é física ou materialmente possível. Essa regra, porém, não vale 
se o contrato for aleatório e o devedor tiver assumida expressamente esse ris-
co. Enfatize-se que, se ainda existir a possibilidade de encontrar uma unidade 
da coisa devida, ainda que de modo oneroso, não há falar em impossibilidade 
absoluta, de modo que o devedor continuará obrigado a cumprir a sua obriga-
ção, como lembra o civilista Marcos Catalán.
Se, p. ex., uma praga destruir todas as plantações de soja do Planeta, quem 
se obrigou a entregar uma saca de soja (coisa incerta) fica exonerado por não ter 
culpa na impossibilidade material absoluta de cumprir a obrigação.Igualmente, se 
a importação de um produto vem a ser proibido sem culpa do devedor, a obrigação 
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de dar coisa incerta assumida pelo importador se resolve diante da impossibilitada 
jurídica supervenientes.
2.4. Obrigação de Fazer
A obrigação de fazer é o dever de prestar um fato, ou seja, de adotar uma con-
duta comissiva (ex.: cantar, reparar uma pia, instalar programas etc.). A sua disci-
plina está nos Arts. 247 ao 249 do CC.
Ela pode ser fungível ou infungível.
É fungível (= substituível) quando puder ser cumprida por pessoa diversa do 
devedor. Ex.: conserto de uma pia geralmente pode ser feito por qualquer profissio-
nal. Nesse caso, havendo inadimplência e urgência, o credor pode servir-se um me-
canismo de um autotutela, ou seja, de uma forma de “fazer justiça com as próprias 
mãos, sem intervenção judicial”10: ele pode contratar um terceiro para executar o 
fato e, posteriormente, reivindicar ressarcimento do devedor (Art. 249, Parágrafo 
único, CC). Ex.: se companhia aérea cancela voo e não disponibiliza recolocação 
do passageiro em novo voo (descumprimento de obrigação de fazer, ou seja, de 
transportar e de reposicionar passageiro em outro voo), este poderá comprar uma 
passagem e, depois, pleitear o ressarcimento. Não importa se o valor da passagem 
for caro. Trata-se de caso de descumprimento de obrigação de fazer fungível em 
situação de urgência a autorizar a autotutela.
10 Como o Estado detém o monopólio da força e da violência, a autotutela é, em regra, veda e pode chegar a 
configurar crime (ex.: exercício arbitrário das próprias razões). Todavia, excepcionalmente o ordenamento 
permite a autotutela em situações específicas de urgência e de relevância que desaconselhem a espera por 
uma decisão judicial. Outro exemplo é a autotutela da posse na forma do art. 1.210 do CC.
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A obrigação é infungível quando não puder ser prestada por terceiro diante do 
caráter personalíssimo. Ex.: se o Chico Buarque se obrigou a cantar em um evento, 
não há outro cantor que possa substituí-lo.
Se a obrigação de fazer se tornar impossível (perecer) sem culpa do devedor, 
resolve-se a obrigação sem direito a perdas e danos. A culpa foi da natureza ou 
do acaso: não há como condenar o devedor a pagar perdas e danos.11 Se, porém, 
houver culpa do devedor no perecimento da obrigação (impossibilidade de prestar 
o fato), o credor pode pedir indenização por perdas e danos (Art. 248, CC).
Aluno(a), vale a pena falar como a obrigação de fazer pode ser executada judi-
cialmente. Isso ajuda a entender a dinâmica desse tipo de obrigação.
Na hipótese de inadimplência, há duas situações, disciplinadas pelos ritos exe-
cutivos pertinentes no CPC (Arts. 536, 537 e 814 ao 821).
A primeira é a de que o credor ainda considere útil a prestação tardia. Nesse 
caso, ele poderá pleitear judicialmente a tutela específica, ou seja, a prestação de 
fato em específico, servindo-se de meios executivos indiretos por coerção como 
as multas cominatórias12 ou pleiteando que o juiz condene o devedor a custear a 
contratação de um terceiro que preste o fato (Art. 819, CPC). Ex.: se o Chico Bu-
arque não quiser cantar no evento, o credor dessa obrigação de fazer poderia pedir 
judicialmente a adoção de meios coercitivos contra esse célebre cantor. Lembre-se 
de que, se houver urgência e a obrigação de fazer for fungível, não há necessidade 
11 A exceção ocorreria no caso de o devedor ter assumido esse risco (como nos contratos aleatórios) ou nas 
hipóteses de responsabilidade objetiva (desde que o risco seja inerente à atividade do devedor).
12 Apesar de o CPC ter adotado a atipicidade dos meios executivos, direitos fundamentais à integridade física 
e aos direitos da personalidade dificultam cogitar um meio coercitivo diverso das astreintes para o caso de 
obrigação de fazer. A astreinte é também chamada de multa cominatória e é popularmente conhecida como 
“multa diária”.
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de ordem judicial para a contratação de um terceiro: o credor pode pagá-lo e pos-
teriormente pedir o reembolso (Art. 249, Parágrafo único, CC).
A segunda situação é a de o credor considerar inútil a prestação atrasada. Nesse 
caso, só lhe resta pleitear indenização por perdas e danos ou a obtenção de alguma 
tutela que resulte em um resultado prático equivalente.
2.5. Obrigação de não Fazer
Também chamada obrigação negativa, a obrigação de não fazer consiste em im-
por um dever de abstenção contra o devedor. Ex.: dever de não negativar o nome de 
alguém no cadastro de inadimplentes. Está disciplinada nos Arts. 250 e 251 do CC.
Descumprida a obrigação (ex.: negativou o nome), o credor poderá, além de 
exigir indenização por perdas e danos, pleitear medidas judiciais que revertam o 
fato praticado, como, por exemplo, o arbitramento de multa cominatória contra o 
devedor a fim de coagi-lo desfazer a negativação ou – o que não é comum nesse 
caso – o envio de policial que pessoalmente faça a retirada do nome. Os meios 
executivos são inúmeros diante da aticipidade dos meios executivos. Essas regras 
são colhidas do Art. 251 do CC em sintonia com os ritos executivos de obrigações 
de não fazer previstas nos Arts. 536 ao 537 814, 822 e 823 do CPC.
Se, sem culpa do devedor, tornar-se impossível abster-se do fato, resolve-se a 
obrigação sem perdas e danos. O devedor não terá de indenizar os prejuízos so-
fridos pelo credor. Ex.: se sobrevier uma ordem judicial específica determinando a 
negativação do nome de alguém, é juridicamente impossível abster-se de cumprir 
esse comando.
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2.6. Obrigação quanto à Pluralidade de Objetos
Classificando a obrigação quanto à quantidade de prestações envolvidas, há 
três espécies: simples, composta (cumulativa ou alternativa) ou facultativa.
2.7. Obrigação Simples
Diz-se simples a obrigação quando só há uma prestação. Ex.: obrigação de en-
tregar um apartamento. Não há um dispositivo expresso no CC para esse tipo de 
obrigação diante da completa desnecessidade: a disciplina das modalidades das 
obrigações (dar, fazer e não fazer) é suficiente.
2.8. Obrigação Composta: cumulativa e alternativa
Não há um dispositivo expresso no CC para esse tipo de obrigação diante da 
completa desnecessidade: a disciplinadas modalidades das obrigações (dar, fazer 
e não fazer) é suficiente.
A obrigação cumulativa ou conjuntiva é a quando o devedor deve entregar con-
juntamente as duas ou mais prestações. Se cumprir apenas uma prestação, o de-
vedor incorre em inadimplemento parcial. Não há dispositivo específico no CC sobre 
essa espécie de obrigação, por já estar implícita nas regras do CC.
Quanto à obrigação alternativa, temos de gastar algumas linhas a mais.
Disciplinado nos Arts. 252 ao 256, a obrigação alternativa é aquela em que o 
devedor é obrigado a entregar uma entre outras prestações. As prestações estão 
unidas pela conjunção alternativa “ou”. O devedor não pode misturar as presta-
ções: ou é uma, ou é outra. A título de exemplo, imagine que uma instituição venda 
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rifas obrigando-se a entregar ao sorteado um carro ou uma moto. Aí se tem uma 
obrigação alternativa: a instituição paga-a entregando qualquer um dos objetos.
Como a obrigação alternativa envolve mais de uma prestação em dispersão, 
há necessidade de concentrar a obrigação em apenas uma prestação. Isso é feito 
por meio de uma escolha com cientificação da outra parte a fim de individualizar a 
prestação que será cumprida. Não importa se a escolha é do credor ou do devedor: 
a cientificação da outra parte é essencial. Essa escolha com cientificação do credor 
é chamada de “fase da concentração”. Entendemos que a cientificação é necessária 
para aperfeiçoar a fase da concentração, por analogia com a regra do Art. 245 do 
CC. Essa ciência poderá ser feita antes da data do pagamento ou no seu momento. 
Basta uma declaração de vontade receptícia, ou seja, uma declaração que tenha 
chegado ao conhecimento da outra parte. Sem a ciência, abre-se margem para 
burlas do devedor, que poderia mentir alegando ter escolhido uma prestação que 
veio a perecer sem sua culpa a fim de exonerar-se da obrigação com base no res 
perit domino. Maria Helena Diniz (2012, p. 144) dá solução parecida, com uma 
diferença: entende que, no caso de a escolha ser do devedor, a concentração só 
ocorrerá no momento do pagamento, quando o credor receber a oferta real de pa-
gamento com indicação da coisa escolhida. Vamos além e entendemos que, no caso 
de a escolha ser do devedor, este pode promover a concentração mesmo antes do 
pagamento mediante cientificação do devedor (declaração de vontade receptícia). 
Para Orlando Gomes, basta a declaração, ou seja, a escolha, sem necessidade de 
cientificação, mas lembra o saudoso civilista baiano que há correntes em sentido 
diverso, como as que resumem a concentração ao momento da cientificação ou ao 
instante da execução da prestação.
Feita a concentração, a obrigação deixa de ser alternativa e passa ser a ser sim-
ples. E quem fez a escolha não poderá voltar atrás, pois electa una via altera non 
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datur (eleito um caminho, alterar não é permitido). Aplicar-se-á as regras próprias 
de obrigações simples. Ex.: se a prestação é coisa certa, vige as regras do Art. 233 
e seguintes do CC, como a do res perit domino.
Em regra, a escolha compete ao devedor, pois se presume que ele se obrigou 
a prestações alternativas para sua comodidade. Se ele não exercer o seu direito, 
o credor pode compeli-lo judicialmente a fazer a escolha no prazo de 10 dias, sob 
pena de a escolha passar a ser do credor (Art. 800, CPC). Havendo, porém, pacto 
ou lei em contrário, a escolha poderá caber ao credor ou até mesmo a um terceiro. 
Se a escolha couber a um terceiro que não possa ou não queira fazer a escolha, 
o juiz escolherá, salvo acordo entre as partes. E, se a escolha couber a mais de 
uma pessoa, deverá haver unanimidade, de modo que, havendo divergência de 
qualquer um dos optantes ou silêncio deles dentro de prazo a ser fixado pelo juiz, 
caberá ao juiz decidir.
Se for uma obrigação alternativa for periódica, o devedor pode exercer a esco-
lha a cada período. Se, a cada mês, tenho de entregar R$ 10.000,00 ou uma moto, 
posso mensalmente variar a minha escolha. Trata-se do jus variandi do devedor em 
obrigações alternativas, o qual também é chamado de balanceamento da concen-
tração nas prestações periódicas.
A teoria do risco nas obrigações alternativas assenta-se em três diretrizes de 
justiça. A primeira é a teoria do risco da obrigação de dar coisa certa, que envolve 
duas regras: a do res perit domino e a de que há dever de indenizar danos culpo-
samente causados. A segunda é a de que a concentração pode ser voluntária ou 
automática em razão do perecimento de uma prestação. A última é o respeito ao 
direito de escolha. É sob a ótica dessas diretrizes que se entende o teor dos Arts. 
253 ao 256.
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Na hipótese de a escolha caber ao devedor, ele deverá entregar a prestação 
remanescente se as demais pereceram, pois aí terá havido uma concentração 
automática. Não importa se o perecimento das outras prestações foi por sua 
culpa ou não, pois o direito de escolha era dele. Não há dever de indenizar o 
credor. Se o devedor tiver causado o perecimento de todas as prestações, ele 
terá de pagar o valor equivalente à última prestação perecida (diante da con-
centração automática que ocorreu e que representa uma espécie de escolha 
feita pelo devedor), além de pagar indenização por prejuízos sofridos pelo cre-
dor. Não pode o devedor escolher pagar o valor equivalente de outra prestação; 
cumpre-lhe pagar a que, por último, pereceu.
E, se, todas perecerem conjuntamente por culpa do devedor ou se o devedor 
não conseguir comprovar a ordem de perecimento das coisas, o CC é omisso na 
hipótese de a escolha caber ao devedor. Bdine Jr., com apoio em Gisela Sampaio da 
Cruz, discorda e sustenta que o devedor poderá escolher o valor da prestação que 
quiser, além da indenização adicional por danos que forem comprovados, tudo em 
analogia à regra que vigora para os casos em que a escolha é do credor (Art. 255, 
CC). Maria Helena Diniz (2012, p. 148) segue o mesmo sentido. Ousamos dissentir. 
Entendemos que, nesse caso, há presumir-se a extinção simultânea das presta-
ções (analogia com Art. 8º do CC) e cumprirá ao devedor pagar o valor médio das 
prestações cujo perecimento simultâneo ele culposamente causou. Do contrário, 
o devedor poderá sempre escolher a prestação menos valiosa e, além disso, terá 
interesse em propositalmente ocultar a ordem de perecimento das coisas, infor-
mação que geralmente só ele pode comprovar. Nossa solução concilia os princípios 
gerais de direito relativos à vedação do enriquecimento sem causa e à boa-fé.
Ainda na situação de a escolha caber ao devedor, é possível que a prestação 
pereça por culpa do próprio credor. O CCé omisso. A melhor solução é respeitar o 
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direito de escolha do devedor: este pode escolher a prestação perecida – caso em 
que o credor ficará no prejuízo – ou poderá escolher outra prestação remanescente 
– caso em que o devedor poderá pedir indenização pela prestação perecida abran-
gendo o valor equivalente e outros prejuízos que vierem a ser comprovados. É a 
solução dada por Bdine Jr., com apoio em Gisela Sampaio da Cruz, e que se ampara 
na analogia da regra que vige para situações de escolha do credor (Art. 255, CC).
Na hipótese de a escolha caber ao credor, este terá de aceitar a prestação re-
manescente apenas se as demais pereceram sem culpa do devedor, pois aí a “na-
tureza” terá feito uma concentração automática. Ele não pode pedir indenização a 
ninguém. Houve uma concentração. Se, todavia, o perecimento das prestações foi 
por culpa do devedor, fica evidente que ele causou um prejuízo ao credor, razão por 
que este poderá pedir indenização pelos danos que comprovar, além de, em res-
peito ao seu direito de escolha, poder optar em receber adicionalmente a prestação 
remanescente ou o valor equivalente à prestação perecida. No mesmo sentido, se 
todas as prestações tiverem perecido por culpa do devedor e o direito de escolha 
for do credor, este poderá pedir indenização pelos danos que comprovar, além de 
ter direito a escolher equivalente de qualquer uma das prestações perecidas.
Se a escolha couber a terceiro, entendemos que se deve aplicar as mesmas re-
gras em que a escolha é do credor, com a diferença que será o terceiro a escolher. 
Assim, se qualquer prestação perecer por culpa do devedor, o terceiro poderá esco-
lher a prestação remanescente ou o valor equivalente da que pereceu, assegurado, 
em qualquer caso, ao devedor pleitear indenização por perdas e danos adicional-
mente (desde que prove o prejuízo).
Por fim, se todas as prestações perecerem sem culpa do devedor, nada há a 
fazer: resolve-se a obrigação, sem dever de indenização. Não importa se a escolha 
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era do devedor ou do credor: foi o acaso que fulminou todas as prestações (e o 
acaso não tem dever de indenizar obviamente!).
2.9. Obrigação Facultativa
A obrigação facultativa é aquela que envolve uma prestação com o direito de 
o devedor, se quiser, cumprir outra prestação subsidiária no seu lugar. O devedor 
está obrigado a apenas uma prestação (unidade de objeto); porém, de forma sub-
sidiária, é-lhe assegurado o direito de cumprir outra prestação também prevista na 
relação obrigacional. Há, portanto, uma prestação principal e outra subsidiária ou 
supletiva. Embora não prevista expressamente no CC, a obrigação facultativa é por 
ele permitida como convenção inonimada.
Por enxergar uma contraditio in terminis (obrigação pode ser faculdade), há 
quem critique a nomenclatura “obrigação facultativa” e prefira, em seu lugar, a 
expressão “obrigação com faculdade de solução ou de substituição” ou “obrigação 
com faculdade alternativa de cumprimento”. Preferimos a nomenclatura tradicional 
pela simplicidade.
A obrigação facultativa não se confunde com a obrigação alternativa.
Na obrigação facultativa, se houver o perecimento da prestação principal sem 
culpa do devedor, a obrigação será resolvida; não subsistirá quanto à prestação 
supletiva, ao contrário do que sucede nas obrigações alternativas (em que o pere-
cimento de uma das prestações não extingue a obrigação quanto às demais).
Igualmente, se a prestação principal for impossível desde a celebração do ne-
gócio, este será todo nulo, ao contrário do que sucede nas obrigações alternativas, 
em que a nulidade de uma prestação não atinge as demais.
Por fim, a perda da prestação subsidiária não atinge a obrigação, visto que o 
devedor continua com o dever de realizar a prestação principal.
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2.10. Obrigação quanto à Pluralidade de Sujeitos
Levando em conta a existência de mais um credor ou devedor, a obrigação pode 
ser divisível, indivisível ou solidária. Não se aplica essa classificação se só houver 
um credor ou um devedor, pois não há entre quem dividir a obrigação. O foco é 
tratar da divisibilidade da obrigação entre mais de um credor ou devedor, e não 
propriamente do objeto. A finalidade da classificação é enxergar os efeitos jurídicos 
das diversas situações de pluralidade de credores ou de devedores. Se João deve 
R$ 10.000,00 a Maria, não se pode incluir essa obrigação na classificação em pau-
ta, por falta de pluralidade nos polos obrigacionais.
Além do mais, não há como uma obrigação ser divisível e solidária ao mesmo 
tempo. Uma espécie exclui a outra. O regime jurídico de cada um é diverso. Daí 
que foi atécnico o Art. 201 do CC, cuja parte final se refere a “obrigação indivisível” 
quando, na verdade, pretendeu-se aludir a uma “prestação ou bem indivisível”. A 
propósito, lembre-se de que bem naturalmente divisíveis podem ser, por vontade 
das partes ou por lei, transformados em indivisíveis. Até uma obrigação de pagar 
R$ 10.000,00 pode ser considerada indivisível por pacto entre as partes, o que 
ocorreria quando o credor só pretenda receber a coisa inteira.13
Solidariedade nunca se presume, mas decorre de lei de vontade (Art. 265 do 
CC). O legislador vai contra a nossa intuição ao afirmar isso. Se, em um contrato, 
estiver escrito que “João e Maria devem pagar R$ 10.000,00”, essa obrigação não é 
solidária, porque esta não se presume. Aí se terá uma obrigação divisível, razão por 
que o credor só poderá cobrar R$ 5.000,00 de João e outros R$ 5.000,00 da Maria. 
A cláusula contratual referida induzirá o leitor a erro e, na verdade, deveria ter sido 
13 “Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários [logo, a obrigação é solidária], só 
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível [na verdade, a prestação é indivisível, e não a obrigação, 
que é solidária]”.
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assim redigida: “João deve pagar R$ 5.000,00 e Maria deve pagar R$ 5.000,00”. A 
fusão das orações por questão de comodidade costuma induzir leigos em erro.
2.11. Obrigação Divisível
A obrigação é divisível quando, inexistindo a previsão expressa da solidariedade 
em lei ou em vontade, o seu objeto for bem divisível.
O CC disciplinao tema no Art. 257 do CC, que fixa a regra concursu partes fiunt. 
De acordo com essa máxima, presume-se que a obrigação é dividida em tantas 
obrigações iguais quantos são os sujeitos. A prestação decompõe-se pro numero 
virorum (“proporcional ao número de homens”).
É uma obrigação fracionária, a qual consiste no fato de que cada cocredor ou 
codevedor só pode exigir a respectiva quota-parte, nada mais, nada menos, tudo 
nos termos da regra do concursu partes fiunt.
Exemplo: X deve R$ 900,00 a Y, Z e W. Como o dinheiro é bem divisível e não 
há previsão expressa de solidariedade, X deve R$ 300,00 para Y, R$ 300,00 para Z 
e R$ 300,00 para W.
2.12. Obrigação Indivisível
Obrigação indivisível é a que envolve bem indivisível14 sem haver previsão ex-
pressa de solidariedade. O tema hospeda-se nos Arts. 259 ao 263 do CC.
A indivisibilidade recai sobre o objeto da prestação (é objetiva) e, por isso, a 
obrigação indivisível: i) não perde a sua característica com a morte do credor e do 
devedor, ou seja, a obrigação continua indivisível para os seus herdeiros; e ii) deixa 
de ser indivisível com a sua conversão em perdas e danos, pois o objeto se torna 
em dinheiro, que é divisível (Art. 263, CC). Difere, pois, da obrigação solidária que, 
por recair na pessoa (solidariedade é subjetiva) e por estar no vínculo jurídico (e 
14 O conceito de bem indivisível está nos Arts. 87 e 88 do CC.
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não no objeto da prestação), perde a sua natureza com a morte da parte (Art. 270, 
CC) e subsiste com a conversão em perdas e danos (Art. 271, CC).
O CC destina regras para a obrigação indivisível conforme haja pluralidade de 
credores ou de devedores.
Vamos começar falando da obrigação indivisível quando há pluralidade 
de devedores.
Se há pluralidade de devedores, cada codevedor é obrigado pela dívida toda 
apenas porque é o objeto não é fracionável, e não porque ele queria ser obrigado 
pela dívida toda: o codevedor tem de pagar tudo por necessidade, e não por dever 
a totalidade (in obligatione individua, totum debetur ex necessitate, sed non totali-
ter). Distingue-se da obrigação solidária, pois, nesta, o codevedor é obrigado pela 
dívida toda por dever jurídico.
Na obrigação indivisível, como a necessidade impôs o pagamento por inteiro, a 
lei robustece o direito de regresso do codevedor que pagou a dívida toda: dá-lhe 
a sub-rogação para exigir a quota-parte dos demais codevedores (Art. 259, Pará-
grafo único, do CC). É questão de justiça. Sub-rogação é a transferência do crédito 
com todos os privilégios ao pagador de dívida alheia. Se, por exemplo, um code-
vedor havia hipotecado um imóvel em garantia da obrigação indivisível, o outro 
codevedor que pagou a dívida inteira terá um direito de regresso com a garantia 
hipotecária diante da sub-rogação.
Não há essa sub-rogação na solidariedade passiva: o codevedor que pagou a dí-
vida toda tem um direito de regresso simples, sem o acréscimo de robustez de uma 
sub-rogação. Realmente não há motivos de justiça para a legislação robustecer o 
direito de regresso de quem voluntariamente assumiu a solidariedade.
A insolvência de um codevedor é irrelevante ao credor, que pode exigir a coisa 
indivisível de outro codevedor. O prejuízo recairá sobre este, cujo direito de regres-
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so contra o insolvente para cobrar o valor de sua quota se frustrará, como lembra 
Caio Mário da Silva Pereira.
Vamos tratar agora da hipótese de obrigação indivisível quando há plu-
ralidade de credores.
Em regra, todos os credores devem cobrar e receber conjuntamente a presta-
ção indivisível (ex.: três credores de um cachorro). Todavia, diante do caráter não 
fracionável do objeto e em atenção à impossibilidade de obrigar outrem a exigir um 
direito, cada cocredor poderá, sozinho, cobrar a dívida toda. Assim, não fica sob a 
dependência da morosidade e do capricho dos demais cocredores.
Se o cocredor exigir a dívida toda sozinho, terá de prestar caução (uma 
garantia, como um dinheiro, uma hipoteca etc.) de que os outros cocredores 
confirmarão o seu ato. Essa garantia é importante, porque os outros cocredo-
res têm direito a uma quota do objeto que poderá não ser repassada por quem 
recebeu o pagamento sozinho.
De fato, o devedor só se exonera se pagar a todos os credores conjuntamente 
– os quais podem ser representados por procuração (que pode estar expresso em 
uma “autorização escrita”) – ou a um cocredor que preste essa caução de ratifica-
ção (Art. 260, CC). Se o devedor pagar a um cocredor sem exigir a garantia (cau-
ção), continuará obrigado perante os demais cocredores. Essa é a lição de Clovis 
Bevilacqua (1979, p. 32), que dá a adequada interpretação do Art. 260, CC (de teor 
igual ao antigo Art. 892 do CC/1916). Não devem ser acolhidas leituras diversas, 
como aquela no sentido de dispensar a caução se um cocredor cobrar a dívida sozi-
nho, como defende Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 122) com apoio no civilista 
lusitano Antunes Varela, que se amparava no CC português, cuja disciplina é diver-
sa da brasileira nesse ponto a impedir essa importação.
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A caução de ratificação é uma garantia dada pelo cocredor que exige a dívida 
toda e, embora convenha assumir forma escrita para fins de comprovação, pode 
ser formalizada por qualquer meio à luz do Art. 107 do CC, embora haja quem 
defenda o contrário. Por se tratar de garantia, a caução deve assegurar o ressarci-
mento dos outros cocredores até o valor da respectiva quota, caso o cocredor que 
recebeu a coisa toda não lhes pague essa quota.
Se um credor, sozinho, receber a coisa, os demais cocredores terão o direito de 
escolher entre uma destas opções: (I) receber daquele o valor, em dinheiro, cor-
respondente à respectiva quota ou (II) tornar-se condômino na proporção da res-
pectiva quota (Art. 261 do CC.15 Entendemos que também poderão os cocredores 
cobrarem do devedor a “caução de ratificação” que este deveria ter exigido daquele 
cocredor que recebeu sozinho a prestação.
Havendo remissão por um cocredor, não se extingue a obrigação perante os 
demais credores (Art. 262 do NCC). Apenas se terá de descontar a quota remitida 
para evitar enriquecimento sem causa dos demais cocredores. Isso significa que 
os outros cocredores continuarão a poder exigir a coisa indivisível, mas terão de 
pagar ao devedor o valor da quota perdoada. Há quem prefira o termo “indenizar” 
no lugar do verbete “descontar” que foi adotado pelo Art. 262 do CC, pois o que os 
codevedores estariam a fazer é indenizar, e não descontar uma prestação que não 
pode ser fracionada.
Se, porém, a remissão não tiver importado em qualquer benefício econômico

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