Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Desinfecção e esterilização Prof. Josiane CarvalhoVitorino Limpeza É o procedimento de remoção de sujidade e detritos para manter em estado de asseio os artigos, reduzindo a população microbiana. Processo sistemático e contínuo para a manutenção do asseio ou quando necessário, a retirada da sujidade de uma superfície. A limpeza deve preceder os procedimentos de desinfecção ou de esterilização, pois reduz a carga microbiana através remoção da sujidade e da matéria orgânica presentes nos materiais. “É possível limpar sem esterilizar, mas não é possível garantir a esterilização sem limpar”. DESINFECÇÃO -O termo desinfecção deverá ser entendido como um processo de eliminação ou destruição (inativação) de todos os microrganismos na forma vegetativa, independente de serem patogênicos ou não, presentes nos artigos, superfícies e objetos inanimados. -A destruição de algumas bactérias na forma esporulada também pode ocorrer, mas não se tem o controle e a garantia desse resultado. DESINFETANTES: São produtos químicos que matam microrganismos, sendo utilizados em objetos inanimados. Os agentes químicos desinfetantes referidos como germicidas exibem ampla utilidade em situações onde o emprego do calor ou radiação na descontaminação ou esterilização é inviável. Ex: álcool; ácido peracético; detergentes catiônicos (quaternários de amônio); peróxido de hidrogênio; compostos iodóforos; compostos fenólicos; compostos de cloro, etc... 2 DESCONTAMINAÇÃO: Desinfecção ou esterilização de objetos superfícies contaminadas com microrganismos patogênicos, tornando- os seguros para a manipulação. Fatores que interferem na eficácia do procedimento de desinfecção: - Natureza do microrganismo, - Concentração do agente químico, - Tempo de exposição, - pH e temperatura. Saneante Substância ou preparação destinada à higienização, desinfecção, esterilização ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos, públicos e privados, em lugares de uso comum. - Os saneantes e os produtos usados nos processos de limpeza e desinfecção devem ser utilizados segundo especificações do fabricante e estarem regularizados juntos à ANVISA/ms, de acordo com a legislação vigente. ANTI-SEPSIA: Procedimento por meio do qual microrganismos presentes em tecidos são destruídos ou eliminados após aplicação de agentes antimicribianos. ANTI-SÉPTICOS: São agentes químicos que matam ou inibem o crescimento de microrganismos, sendo suficientemente atóxicos para serem aplicados em tecidos vivos. Ex uso: limpeza das mãos e ferimentos superficiais. Ex: álcool etílico ou isopropílico 60-85 %; compostos contendo fenol (clorexidina, triclosan); detergentes catiônicos (quaternários de amônio); peróxido de hidrogênio a 3 %; compostos iodóforos. 3 DESINFETANTES -Alto nível de desinfecção – Bacilo da Tuberculose, formas vegetativas bacterianas, fungos e vírus. Ex: Glutaraldeído - Nível intermediário de desinfecção – Sem ação sobre esporos, ação média sobre vírus não lipídicos, bacilo da tuberculose, formas vegetativas bacterianas, maioria fungos. Ex: Cloro, iodóforos, álcoois, etc. - Baixo nível de desinfecção – Sem ação sobre esporos, baixa ação sobre vírus não lipídicos, sem ação contra o bacilo da tuberculose, baixa ação antifúngica, formas vegetativas bacterianas. Ex: Quaternário de amônio Princípios ativos usados como desinfetantes Ministério da Saúde Resolução número 184 de 2001 são: os aldeídos, fenólicos, quaternário de amônia,compostos orgânicos liberados de cloro ativo, iodo e derivados, álcoois e glicóis, biguanidas e outros, desde que atendam à legislação específica. Aldeídos Glutaraldeído é o agente mais utilizado na desinfecção, na concentração de 2 % - pH 8 e por um período de exposição de 30 minutos. É ativo na presença de matéria orgânica Não danifica metais, borracha, lentes e outros materiais O uso mais difundido do glutaraldeído é na desinfecção de artigos semicríticos e instrumentos sensíveis ao calor. Não deve ser usado na limpeza de superfícies pelo seu teor tóxico e fator econômico. 4 Formaldeído É usado em estado líquido e gasoso. Como desinfetante é mais utilizado a formalina, solução em água a 10% ou em álcool a 8%. Sua eficiência não é influenciada por matéria orgânica. Apresenta ação bactericida, tuberculicida, fungicida e viruscida após exposição de 30 minutos e esporicida após 18-24 horas. É corrosivo, tóxico, irritante de vias aéreas, pele e olhos. É indicado para a desinfecção de vidraria. Compostos fenólicos O seu uso é recomendável para desinfecção de nível médio ou intermediário, sendo o período de exposição de 10 minutos para superfície e de 30 minutos para artigos. Tem como vantagens a sua ação residual e a pouca reatividade na presença de matéria orgânica (são estáveis). -Soluções a 1 – 2 % podem ser usadas como descontaminantes de superfície. - Não usar desinfetantes a base de fenóis com halogênios ou aldeídos. Por penetrar em materiais porosos e ter ação residual, não é indicado para artigos que entrem em contato com vias respiratórias, alimentos e medicamentos, objetos de borracha, látex e acrílico. Quaternário de amônio Geralmente são utilizados em associação com outros desinfetantes. Têm como vantagem a baixa toxicidade (não são irritantes). -São eficientes contra bactérias Gram-negativas, mas não contra organismos como agentes da tuberculose, esporos e vírus estáveis. - Solução de 0,1 a 0,2 % de brometo de benzil-alquil-amônio ou brometo de cetil-trimetil-amônio (bactérias e fungos) Os compostos de quaternário de amônia são usados para desinfecção de baixo nível por um período de 30 minutos, em superfícies, equipamentos e áreas onde se manipule alimentos. 5 Quaternário de amônio Os compostos quaternários de amônio (conhecidos como QUAT) são agentes tensoativos catiônicos que apresentam atividade germicida mais relevante do que sua capacidade de atuar como detergente. Possui em sua estrutura um átomo de nitrogênio ligado covalentemente a 4 grupos alquil ou aril. Um dos germicidas desta classe é o cloreto de benzalcônio. Composto muito solúvel em água e é constituído de substâncias contendo cadeias alquilas entre 8 a 18 átomos de carbono. A atividade antimicrobiana é mais intensa quando compostos entre 10 e 14 átomos predominam na mistura. Cloro Livre Hipoclorito - desinfecção e descontaminação de superfícies e de artigos plásticos e borracha. Também é utilizado em superfícies de áreas como lavanderia, lactário, copa, cozinha, balcões de laboratório, banco de sangue, pisos, berços, incubadoras de acrílico, cadeiras de áreas especiais e caixa de água. É um agente desinfetante de amplo espectro, barato, não tóxico dentro de suas especificações. Usado em hospitais, escolas, prédios de acesso público; no controle bacteriano de restaurantes, fontes, processamento de alimentos; no tratamento da água, dejetos e resíduos de esgoto. * Forma ativa é o ácido hipocloroso. Ex: Hipoclorito de sódio, cálcio. * São desinfetantes muito ativos, mas são muito instáveis. * Sua eficiência diminui com o aumento do pH. * São corrosivos para metais (prata ou alumínio) e atacam o inox. * O cloro pode ser irritante para a pele e mucosas. * Reagem rapidamente com a matéria orgânica (sangue, fezes, tecidos), reduzindo sua atividade. * Usado na concentração a 1 % ou 0,1 % para a desinfecção e descontaminação. * Emprego: desinfecção de objetos, superfícies, recipientes descarte material e artigos lactários. * Ação: Ativo contra bactérias nas formas vegetativas, bactérias Gram +, bactérias Gram -, micobactérias, esporos bacterianos, fungos, vírus lipolíticos e hidrofílicos. 6 Iodo Além do uso como anti-séptico pode ser usado na desinfecção de vidros, ampolas, termômetros, endoscópios, metais resistentes à oxidação e bancadas. - Sua eficiência do pH. A formulação pode ser de álcool iodado, contendo 0,5 e 1,0 % de iodo livre em álcool etílico de 77 % (v/v), que corresponde a 70 % em peso ouiodóforos na concentração de 30 a 50 mg/L de iodo livre. Álcool Amplamente usado como desinfetante no âmbito hospitalar, tanto o álcool etílico, 70 % (p/v), como o isopropílico, 92 % (p/v), por terem atividade germicida, menor custo e pouca toxicidade, sendo que o álcool etílico tem propriedades germicidas superiores ao isopropílico. * Concentração de uso 77 % v/v (que corresponde a 70 % em peso). O seu uso é restrito pela falta de atividade esporicida, rápida evaporação e inabilidade em penetrar na matéria proteica. Desinfecção de nível médio de artigos e superfícies, com tempo de exposição de 10 minutos, sendo recomendáveis 3 aplicações intercaladas pela secagem natural. Não é recomendado para borracha, plásticos Esterilização Entende-se que esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, ou seja, bactérias na forma vegetativa e esporuladas, fungos e vírus, mediante a aplicação de agentes físicos ou químicos. Artigo estéril - probabilidade de sobrevivência dos microrganismos que o contamina é menor do que 1:1.000.000 (10-6). 7 Os métodos de esterilização podem ser físicos e químicos: FISICOS – calor (úmido ou seco), a radiação e a filtração. QUÍMICOS - agentes químicos sob a forma líquida e gasosa. Nas instituições de saúde, os métodos de esterilização disponíveis rotineiramente são o calor, sob a forma úmida ou seca, e os agentes químicos. VAPOR SATURADO SOB PRESSÃO Mais seguro, rápido, eficiente e econômico método de esterilização Calor latente: Calor que um corpo “recebe” sem variação de temperatura e sim de estado físico. O vapor sob pressão, ao entrar em contato com a superfície fria dos materiais colocados na autoclave, se condensa liberando o calor latente, que é o responsável pela desnaturação das proteínas dos microrganismos. A esterilização está fundamentada nessa troca de calor entre o meio e o objeto a ser esterilizado. Tempo (min) T e m p e ra tu ra ( o C ) Dreno Fundo 120oC Centro Parte superior Temperatura no interior de uma autoclave sem um purgador de vapor eficiente 8 Calor Seco A esterilização pelo calor seco é feita em estufas elétricas equipadas com termostato e ventilador, a fim de promover um aquecimento mais rápido, controlado e uniforme dentro da câmara. A circulação de ar quente e o aquecimento dos materiais se faz de forma lenta e irregular, requerendo longos períodos de exposição e temperatura mais elevada do que o vapor saturado sob pressão para se alcançar a esterilização. VAPOR FLUENTE – Expor por 30 minutos no mínimo o material a ação de vapor fluente (Temperatura inferior a 100oC) Esterilização 160oC – 120-180 min 170oC- 90-120 min 180oC – 45-60 min Depirogenização 230oC – 60-90 min 250oC – 30-60 min Radiação A radiação é uma alternativa na esterilização de artigos termossensíveis, por atuar em baixas temperaturas. É um método disponível em escala industrial devido aos elevados custos de implantação e controle. Uso na esterilização de seringas, agulhas hipodérmicas, luvas, fios cirúrgicos e outros artigos médico-hospitalares 9 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA * Processo de desinfecção - 254 nm. * Deve-se considerar a distância da lâmpada ao local de desinfecção, o tempo de desinfecção e a vazão da água. * Atua somente a nível superficial e sua eficiência decresce com o tempo de utilização da lâmpada. * É importante verificar que a potência da lâmpada de UV proporcione uma radiação suficiente para esterilizar os principais microrganismos (vírus, bactérias, fungos, algas e protozoários), agindo no seu DNA. Filtração A filtração tem por finalidade eliminar, mecanicamente, os microrganismos e/ou partículas através da passagem por filtro. Esta técnica não é considerada infalível, sendo recomendada apenas quando não é possível aplicar métodos mais eficazes. Este processo é empregado em esterilização de fluídos farmacêuticos, como medicamentos endovenosos, drogas, vacinas e esterilização de ar em áreas onde esteja envolvida produção asséptica de produtos farmacêuticos, em salas cirúrgicas. 10 Agentes químicos Os esterilizantes químicos, cujos princípios ativos são autorizados pela Portaria no 930/92 do Ministério da Saúde, são aldeídos, óxido de etileno e outros, desde que atendam a legislação específica. Aldeídos O agente químico mais utilizado na esterilização é o glutaraldeído a 2% por um período de exposição de 8 a 12 horas. É indicado para a esterilização de artigos críticos termossensíveis como acrílicos, nylon, silicone, teflon, PVC e outros. Enxague em água purificada destilada esterilizada A possibilidade de recontaminação do material é grande à medida que a manipulação é muito maior. É recomendável a secagem do material com compressa estéril e o seu uso imediato pois a guarda desse material, sob o rótulo “esterilizado” é praticamente impossível. Ácido peracético É um agente químico que está sendo utilizado como esterilizante para alguns materiais termossensíveis. É reconhecido como esporicida em baixas concentrações e tem como principal vantagem os produtos de sua decomposição, que não são tóxicos, a saber: ácido acético, água, oxigênio e peróxido de hidrogênio. 11 Óxido de etileno É um gás inflamável, explosivo, carcinogênico e quando misturado com gás inerte e sob determinadas condições, tem sido uma das principais opções para esterilização de materiais termossensíveis. A portaria interministerial 482/99 dos Ministério da Saúde e do Trabalho e Emprego, em relação a aeração dos artigos esterilizados por óxido de etileno, não determina tempo e outras condições pré- estabelecidas mas sim que o executante do processo de esterilização valide todas as suas etapas, inclusive a aeração Controle da eficácia da esterilização Os indicadores biológicos são reconhecidos como os que melhor retratam o processo de esterilização, pois são os únicos que consideram todos os parâmetros e, portanto, garantem a sua segurança. -Autoclaves- Esporos Bacillus stearothermophilus; -Calor seco – Esporos Bacillus subtilis var niger -Óxido de etileno - Esporos Balillus subtilis var niger. -Radiação gama – Bacillus pumilus . Filtração – Pseudomonas diminuta -Serratia marcescens ou Chromobacterium prodigiosum 12 •Um indicador biológico satisfatório deve apresentar maior termor- resistência ao processo de esterilização do que os microrganismos Originalmente existentes no material a esterilizar. •As preparações comerciais de indicadores devem incluir: -número de esporos, do lote. -data de validade. -condições de armazenagem. -indicações de uso e condições de incubação - meio de cultura e temperatura para subcultivo. ESTERILIZAÇÃO DOS MEIOS DE CULTURA Ciclo de esterilização 4 estágios: * 1- Tempo para aquecimento da câmara (20 - 121 ºC) * 2- Tempo de penetração do calor no frasco (< 100 - 121 ºC) * 3- Tempo de permanência na temperatura prescrita (121 - 121 ºC * 4- Tempo de resfriamento para a câmara atingir 80 ºC (121 - 80ºC) ESTÁGIO 1 - Tempo de aquecimento da câmara Depende: * eficiência da autoclave (liberação do ar/ saída vapor) * tamanho da carga na câmara - Tempo necessário é medido por uma sonda na válvula de descarte do ar. ESTÁGIO 2 - Tempo de penetração do calor Depende: * volume e disposição de cada frasco * propriendades de transferência de calor dos frascos - Tempo necessário é medido com termopares colocados no centro do frasco que se encontra no local mais central da autoclave 13 Volume (mL) de frascos de vidro Tempo (min) 100 12 500 18 1000 22 2000 27 5000 37 ESTÁGIO 3 - Tempo de manutenção Depende: * nº de microrganismos presentes no meio * nº de um microrganismo presente após o aquecimento (ex: N= 0,001 equivale a 1 frasco em cada 1000 aquecidos contaminado.) * constante de velocidadede destruição térmica do microrganismo presumidamente presente a 121 ºC. ESTÁGIO 4 - Tempo de resfriamento Depende: * volume de carga na câmara * velocidade de perda de calor da autoclave * As autoclaves para meios de cultura não devem ser revestidas com material que não conduz calor ou frio. * quando frascos com tampas de roscas são utilizados, devem ser abertos meia volta para permitir a saída do ar aquecido.
Compartilhar