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Tecidos do Sistema Imunológico Os tecidos do sistema imunológico consistem nos órgãos linfoides geradores (também chamados primários ou centrais), nos quais os linfócitos T e B amadurecem e tornam-se competentes para responder aos antígenos, e os periféricos (ou secundários), nos quais são iniciadas as respostas imunológicas adaptativas contra os microrganismos. Órgãos Linfoides Geradores Os principais órgãos linfoides geradores são o timo, onde as células T se desenvolvem, e a medula óssea, o local de produção de todas as células do sangue e onde os linfócitos B amadurecem Órgãos Linfoides Periféricos Os órgãos linfoides periféricos – linfonodos, baço e os tecidos linfoides da mucosa e cutâneos – são organizados para concentrar antígenos, células apresentadoras de antígenos e linfócitos, de forma que sejam otimizadas as interações entre essas células e o desenvolvimento das respostas imunológicas adaptativas. Linfonodos são agregados nodulares de tecido linfoide localizados ao longo dos canais linfáticos por todo o corpo. À medida que a linfa se espalha lentamente pelos linfonodos, as células apresentadoras de antígenos nos linfonodos são capazes de apresentar os antígenos dos microrganismos que entram nos tecidos através dos epitélios e são carregados na linfa. Além disso, as células dendríticas pegam e transportam os antígenos dos microrganismos dos epitélios e tecidos, por meio dos vasos linfáticos, para os linfonodos. Desse modo, os antígenos dos microrganismos que entram através dos epitélios ou colonizam tecidos se concentram nos linfonodos de drenagem Baço é um órgão abdominal que cumpre, nas respostas imunológicas contra antígenos provenientes do sangue, o mesmo papel dos linfonodos nas respostas a antígenos provenientes da linfa. O sangue que entra no baço circula através de uma rede de sinusoides. Os antígenos provenientes do sangue são capturados pelas células dendríticas e macrófagos no baço. Sistemas linfoides cutâneo e das mucosas estão localizados sob os epitélios da pele e dos tratos gastrointestinal e respiratório, respectivamente. Eles respondem aos antígenos que entram através de fendas no epitélio. As tonsilas faríngeas e as placas de Peyer do intestino são dois tecidos linfoides de mucosas anatomicamente definidos. Em qualquer momento, mais da metade dos linfócitos do corpo estão nas mucosas (refletindo a grande dimensão destes tecidos) e muitos deles são células de memória Dentro dos órgãos linfoides periféricos, os linfócitos T e os linfócitos B são segregados em diferentes regiões. Nos linfonodos, os linfócitos B concentram-se em estruturas distintas, chamadas folículos, localizadas em torno da periferia ou córtex de cada linfonodo. Se as células B em um folículo tiverem respondido recentemente a um antígeno, esse folículo encerrará uma região central chamada centro germinativo. Os linfócitos T concentram-se no paracórtex, adjacente aos folículos. Os folículos contêm as células dendríticas foliculares, envolvidas na ativação das células B, e o paracórtex contém as células dendríticas que apresentam os antígenos aos linfócitos T. No baço, os linfócitos T concentram-se nas bainhas linfoides periarteriolares, em torno de pequenas arteríolas, e as células B residem nos folículos. Tradicionalmente, os componentes do sistema hematopoiético têm sido divididos em tecidos mieloides, que incluem a medula óssea e as respectivas células derivadas (p. ex., hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos), bem como os tecidos linfoides, consistentes em timo, linfonodos e baço. É importante reconhecer, contudo, que essa subdivisão não leva em consideração a fisiologia normal das células hematopoiéticas e as doenças que as afetam. Por exemplo, embora a medula óssea contenha relativamente poucos linfócitos, é a fonte de todas as células progenitoras linfoides e o abrigo de plasmócitos de vida longa e linfócitos de memória. De forma similar, os distúrbios neoplásicos das células progenitoras mieloides (leucemias mieloides) têm origem na medula óssea, mas, secundariamente, acometem o baço e (em menor grau) os linfonodos. Alguns distúrbios de hemácias (como, p. ex., a anemia imunoemolítica) resultam da formação de autoanticorpos, o que significa alteração primária de linfócitos. Portanto, não é possível estabelecer limites nítidos entre as doenças que envolvem os tecidos mieloides e linfoides. Desenvolvimento e Manutenção dos Tecidos Hematopoiéticos Progenitores das células sanguíneas aparecem pela primeira vez durante a terceira semana de desenvolvimento embrionário no saco vitelino. Células derivadas do saco vitelino são a fonte dos macrófagos teciduais de vida longa, como, p. ex., as células microgliais no cérebro e células de Kupffer do fígado, mas a contribuição do saco vitelino para a formação do sangue, principalmente sob a forma de glóbulos vermelhos embrionários, é apenas transitória. Células-tronco hematopoiéticas definitivas (CTHs) surgem algumas semanas depois, no mesoderma da região intraembrionária da aorta/gônada/mesonéfron. Durante o terceiro mês da embriogênese, as CTHs migram para o fígado, que se torna o principal local da formação de células sanguíneas, até pouco antes do nascimento. As CTHs também fixam residência na placenta fetal; esse conjunto de CTHs é de relevância fisiológica incerta, mas assumiu importância clínica substancial, já que as CTHs colhidas ao nascimento do sangue do cordão umbilical estão sendo cada vez mais utilizadas no transplante terapêutico de células-tronco hematopoiéticas. No quarto mês do desenvolvimento, as CTHs começam a mudar de localização novamente, dessa vez para a medula óssea. No nascimento, a medula ao longo do esqueleto é hematopoieticamente ativa, enquanto a hematopoiese hepática se reduz ao mínimo, persistindo apenas em focos amplamente espalhados que se tornam inativos logo após o nascimento. Até a puberdade, a medula hematopoieticamente ativa é encontrada por todo o esqueleto, mas, logo em seguida, torna-se restrita ao esqueleto axial. Portanto, em adultos normais, apenas aproximadamente metade do espaço da medula é hematopoieticamente ativa. Os elementos figurados do sangue — hemácias, granulócitos, monócitos, plaquetas e linfócitos — têm origem nas CTHs, células pluripotentes que se situam no topo da hierarquia dos progenitores da medula óssea. A maioria das evidências que sustentam esta observação provém de estudos realizados em camundongos, mas acredita-se que a hematopoiese humana ocorra de modo similar. As CTHs dão origem a vários tipos de células progenitoras precoces com potencial de diferenciação restrita, de tal modo que, em última análise, produzam principalmente células mieloides ou linfoides. Esses progenitores precoces, por sua vez, dão origem a progenitores que são mais restritos à diferenciação ao longo de linhagens particulares. Essas células são chamadas de unidades formadoras de colônias (UFCs), pois dão origem às colônias compostas de tipos específicos de células maduras quando crescidas em cultura. Dos vários progenitores comprometidos com a diferenciação celular, derivam-se os precursores morfologicamente reconhecíveis, tais como mieloblastos, pró-eritroblastos e megacarioblastos, que, por sua vez, darão origem, respectivamente, a granulócitos maduros, hemácias e plaquetas. As CTHs apresentam duas propriedades essenciais que são necessárias à manutenção da hematopoiese: pluripotência e capacidade de autorrenovação. A pluripotência refere-se à capacidade de uma única CTH gerar todas as células hematopoiéticas maduras. Quando uma CTH se divide, ao menos uma célula-filha deve autorrenovar-se para evitar a depleção de células-tronco. Divisões de autorrenovação ocorrem no interior de um nicho especializado da medula, na qual as células do estroma e os fatores secretados nutrem e mantêm as CTHs. Como seria possível supor a partir de sua capacidadede migrar durante o desenvolvimento embrionário, as CTHs não são sésseis. Particularmente sob condições de muito estresse, como, por exemplo, anemia grave, as CTHs são mobilizadas da medula óssea e aparecem no sangue periférico. Na verdade, as CTHs utilizadas no transplante são agora recolhidas principalmente a partir do sangue periférico de doadores tratados com o fator de estimulação de colônias de granulócitos (G-CSF), um dos elementos que podem mobilizar uma fração das CTHs de seus nichos na medula. A resposta medular de curta duração diante das necessidades fisiológicas é regulada por fatores de crescimento hematopoiéticos através de efeitos nos progenitores comprometidos. Tendo em vista que os elementos sanguíneos maduros são células diferenciadas terminais com tempo de vida finito, seus números devem ser constantemente repostos. De acordo com os modelos atuais de hematopoiese, algumas divisões de CTHs dão origem a células referidas como progenitoras multipotentes, que têm maior capacidade de proliferação do que as CTHs, porém apresentam menor capacidade de autorrenovação (Fig. 13-1). A divisão de progenitores multipotentes dá origem a pelo menos uma célula-filha, que deixa o nicho de células-tronco e começa a se diferenciar. Uma vez passado esse limiar, essas células recém-comprometidas com a diferenciação perdem a capacidade de autorrenovação e dão origem a uma jornada inexorável no caminho que conduz à diferenciação terminal e à morte. No entanto, uma vez que essas células progenitoras se diferenciam, também começam a se proliferar mais rapidamente em resposta aos fatores de crescimento, expandindo-se em número. Alguns fatores de crescimento, como, por exemplo, o fator de células-tronco (também chamado de ligante do c-KIT) e o ligante FLT3 atuam sobre os progenitores precocemente comprometidos. Outros, como a eritropoietina, o fator estimulante das colônias de macrófagos e granulócitos (GM-CSF), G-CSF e a trombopoietina, atuam por meio de receptores que só se expressam em progenitores comprometidos com potenciais de diferenciação mais restritos. Os mecanismos de retroalimentação mediados pelos fatores de crescimento harmonizam a produção na medula, permitindo que os números de elementos figurados do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas) sejam mantidos dentro dos limites apropriados Muitas doenças alteram a produção das células sanguíneas. A medula é a principal fonte de todas as células do sistema imune inato e adaptativo, e responde aos desafios infecciosos ou inflamatórios aumentando a produção de granulócitos induzida pelos fatores de crescimento e citocinas. Por outro lado, outros distúrbios estão associados a defeitos na hematopoiese que levam às deficiências de um ou mais tipos de células sanguíneas. Os tumores primários das células hematopoiéticas estão entre as doenças mais importantes que interferem na função da medula, mas doenças genéticas específicas, infecções, tóxicos e deficiências nutricionais, assim como inflamações crônicas de qualquer origem, também podem diminuir a produção de células sanguíneas pela medula Com frequência, tumores de origem hematopoiética são associados às mutações que bloqueiam a maturação de células progenitoras ou anulam sua dependência do fator de crescimento. O efeito final dessas alterações é uma expansão clonal desregulada dos elementos hematopoiéticos, que substituem os progenitores normais da medula e costumam disseminar-se para outros tecidos hematopoiéticos. Em alguns casos, esses tumores têm origem nas CTHs transformadas, que retêm a capacidade de diferenciação em múltiplas linhagens, enquanto, em outros casos, a origem é em um progenitor mais diferenciado que adquiriu capacidade anormal para a autorrenovação. Neutropenia É a redução do número de neutrófilos no sangue, ocorre em uma grande variedade de circunstâncias - Patogênese A neutropenia pode ser causada por (1) granulopoiese inadequada ou ineficaz ou (2) aumento da destruição ou do sequestro de neutrófilos na periferia. Observa-se granulopoiese inadequada ou ineficaz nas seguintes condições: - Supressão de células-tronco hematopoiéticas, como ocorre na anemia aplásica e em vários distúrbios infiltrativos medulares (tumores, doença granulomatosa etc.); nessas condições, a granulocitopenia é acompanhada por anemia e trombocitopenia. - Supressão de precursores comprometidos com a linhagem granulocítica por exposição a certos medicamentos - Doenças associadas à hematopoiese ineficaz, como, p. ex., anemias megaloblásticas e síndromes mielodisplásicas, em que os precursores defeituosos morrem na medula. - Condições congênitas raras (como síndrome de Kostmann) em que os defeitos hereditários em genes específicos prejudicam a diferenciação granulocítica. Adestruição acelerada ou o sequestro de neutrófilos ocorrem nas seguintes situações: - Lesão imunomediada dos neutrófilos, que pode ser idiopática, associada a um distúrbio imunológico bem definido (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico) ou causada pela exposição a medicamentos. - Esplenomegalia, em que o aumento do baço leva a sequestro de neutrófilos e neutropenia discreta, por vezes associada a anemia e, frequentemente, trombocitopenia. • Utilização periférica aumentada, que pode ocorrer nas infecções causadas por bactérias, fungos ou riquétsias - Quadro Clínico Os sintomas e sinais de neutropenia estão relacionados à infecção e incluem mal-estar, calafrios e febre, com frequência seguidos por notável fraqueza e fatigabilidade. Com a agranulocitose, as infecções são frequentemente dominantes e podem causar morte dentro de horas a dias. As infecções graves são mais prevalentes quando a contagem de neutrófilos está abaixo de 500 por mm. Como as infecções são muitas vezes fulminantes, os antibióticos de amplo espectro devem ser rapidamente administrados sempre que os sinais ou sintomas surgirem. Em alguns casos, como, p. ex., após quimioterapia mielossupressora, a neutropenia é tratada com G-CSF, um fator de crescimento que estimula a produção de granulócitos a partir de precursores da medula óssea. As neoplasias linfoides incluem um grupo diversificado de tumores originados de células B, células T e células NK. Em muitos casos, o fenótipo da célula neoplásica é bastante semelhante àquele observado em uma etapa particular da diferenciação normal do linfócito, aspecto utilizado no diagnóstico e na classificação dessas doenças. As neoplasias mieloides originam-se a partir de progenitores hematopoiéticos. Três categorias de neoplasias mieloides são reconhecidas: leucemias mieloides agudas, em que as células progenitoras imaturas se acumulam na medula óssea; síndromes mielodisplásicas, que são associadas à hematopoiese ineficaz e resultam em citopenias no sangue periférico; e os distúrbios mieloproliferativos crônicos, em que a produção aumentada de um ou mais elementos mieloides em etapa terminal de diferenciação (p. ex., granulócitos) geralmente resulta em contagens elevadas no sangue periférico. As histiocitoses são lesões proliferativas incomuns de macrófagos e células dendríticas. Embora o termo “histiócito” (literalmente, “célula tecidual”) seja morfologicamente arcaico, ainda é empregado com frequência. Um tipo especial de célula dendrítica imatura, a célula de Langerhans, dá origem a um grupo de distúrbios neoplásicos, referido como histiocitose de células de Langerhans. Diferenciar leucemia de linfoma Um aspecto confuso da classificação das neoplasias linfoides diz respeito ao emprego dos termos leucemia linfocítica e linfoma. Leucemia é usada no caso de neoplasias que apresentam amplo acometimento da medula óssea e (em geral, mas não sempre) do sangue periférico. O termo linfoma, por sua vez, é usado no caso de proliferações que surgem como massas teciduais distintas. Originalmente, esses termos foram associados a entidades consideradas distintas, mas, com otempo e a maior compreensão, os limites para essas definições se tornaram imprecisos. Ocasionalmente, muitas entidades denominadas “linfomas” têm manifestações leucêmicas, e a evolução para “leucemia” não é incomum durante a progressão de “linfomas” incuráveis. Por outro lado, tumores idênticos às “leucemias” algumas vezes têm origem como massas em partes moles não acompanhadas por doença na medula óssea. Portanto, quando aplicados às neoplasias particulares, os termos leucemia e linfoma refletem meramente a habitual distribuição tecidual de cada doença à apresentação No grande grupo de linfomas, o linfoma de Hodgkin é segregado de todas as outras formas, que constituem os linfomas não Hodgkin (LNHs). O linfoma de Hodgkin apresenta aspectos patológicos característicos e é tratado de modo único. Outro grupo especial de tumores de células B, que difere da maioria dos linfomas, são as neoplasias de plasmócitos. Essas neoplasias surgem com maior frequência na medula óssea e raramente comprometem os linfonodos ou o sangue periférico. Em conjunto, as várias neoplasias linfoides constituem um grupo complexo e clinicamente importante de cânceres, com aproximadamente 100 mil novos casos diagnosticados a cada ano nos Estados Unidos. Muitas vezes, a manifestação clínica das várias neoplasias linfoides é determinada pela distribuição anatômica da doença. Dois terços dos LNHs e, virtualmente, todos os linfomas de Hodgkin se apresentam como linfonodos aumentados não sensíveis (com frequência, > 2 cm). O terço restante dos LNHs se manifesta por meio de sintomas relacionados ao acometimento de sítios extranodais (p. ex., pele, estômago ou cérebro). Com frequência, as leucemias linfocíticas recebem maior atenção por causa dos sinais e sintomas relacionados à supressão da hematopoiese normal causada pelas células tumorais na medula óssea. Finalmente, a neoplasia de plasmócitos mais comum, o mieloma múltiplo, causa destruição óssea do esqueleto e, com frequência, manifesta-se com dor devido às fraturas patológicas. Outros sintomas relacionados a tumores linfoides são frequentemente causados por proteínas secretadas a partir das células tumorais ou das células imunológicas em resposta ao tumor. Os exemplos específicos incluem neoplasias de plasmócitos, em que a maior parte da patofisiologia está relacionada com a secreção de anticorpos completos ou fragmentos de Ig; o linfoma de Hodgkin, que, frequentemente, está associado com febre relacionada à liberação de citocinas por células inflamatórias em resposta às células tumorais; e os linfomas de células-T periféricas, tumores de células T funcionais, que, em geral, libertam uma quantidade de citocinas e quimiocinas inflamatórias. Historicamente, poucas áreas da patologia provocaram tantas controvérsias quanto a classificação das neoplasias linfoides, mas, através do uso de ferramentas diagnósticas moleculares objetivas, chegou-se a um consenso. O atual esquema de classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) (Tabela 13-4) utiliza aspectos morfológicos, imunofenotípicos, genotípicos e clínicos para classificar as neoplasias linfoides em cinco categorias gerais, separadas de acordo com a célula de origem: 1. Neoplasias de células B precursoras (neoplasias de células B imaturas). 2. Neoplasias de células B periféricas (neoplasias de células B maduras). 3. Neoplasias de células T precursoras (neoplasias de células T imaturas). 4. Neoplasias de células T e de células NK periféricas (neoplasias de células T e células NK maduras). 5. Linfoma de Hodgkin (neoplasias de células de Reed- Sternberg e suas variantes). - A neoplasia linfoide pode ser suspeitada a partir dos aspectos clínicos, mas o exame histológico dos linfonodos ou de outros tecidos envolvidos é necessário ao diagnóstico. - Na maioria das neoplasias linfoides, o rearranjo do gene receptor de antígeno precede a transformação; portanto, todas as células-filhas derivadas do progenitor maligno compartilham a mesma configuração e sequência gênica do receptor de antígeno e sintetizam proteínas do receptor de antígeno idênticas (tanto Igs quanto receptores de células T). Em contraste, as respostas imunes normais compreendem populações policlonais de linfócitos que expressam muitos receptores antigênicos diferentes. Portanto, é possível usar a análise dos genes do receptor de antígeno e de seus produtos proteicos para distinguir as proliferações linfoides reativas (policlonais) das malignas (monoclonais). Além disso, cada rearranjo gênico do receptor de antígeno produz uma sequência de DNA única que constitui um marcador clonal altamente específico, o qual pode ser utilizado para detectar pequenos números de células linfoides malignas residuais após a terapia. - A maior parte das neoplasias linfoides se assemelha a alguma etapa reconhecível de diferenciação de células B ou T (Fig. 13-5), um aspecto utilizado em sua classificação. A maioria (85% a 90%) das neoplasias linfoides deriva de células B, com as demais sendo tumores de células T; raramente são encontrados tumores de células NK. Os marcadores reconhecidos por anticorpos que são úteis na caracterização dos linfomas e das leucemias estão listados na Tabela 13-5. - Com frequência, as neoplasias linfoides estão associadas a alterações imunológicas. Tanto a perda de imunidade protetora (suscetibilidade à infecção) quanto a quebra da tolerância imunológica (autoimunidade) podem ser observadas, algumas vezes no mesmo paciente. Em uma condição mais irônica, indivíduos com imunodeficiência hereditária ou adquirida apresentam alto risco de desenvolver certas neoplasias linfoides, especialmente aquelas causadas por vírus oncogênicos - Células neoplásicas T e B tendem a recapitular o comportamento das células normais. Como os linfócitos normais, as células neoplásicas B e T se alojam em certos sítios teciduais, conduzindo a padrões característicos de comprometimento. Por exemplo, os linfomas foliculares residem em centros germinativos nos linfonodos, enquanto os linfomas cutâneos de células T se alojam na pele. Como ocorre nas células normais, moléculas de adesão e receptores de quimiocinas específicos governam o homing das células linfoides neoplásicas. Números variáveis de células linfoides neoplásicas B e T também recirculam através dos vasos linfáticos e do sangue periférico para sítios distantes; como resultado, grande parte dos tumores linfoides é amplamente disseminada ao diagnóstico. Exceções notáveis a essa regra incluem os linfomas de Hodgkin, que, algumas vezes, são restritos a um grupo de linfonodos, e os linfomas de células B da zona marginal, frequentemente restritos aos sítios de inflamação crônica. - O linfoma de Hodgkin se dissemina de forma ordenada, enquanto a maioria das formas de LNH se dissemina amplamente no curso inicial da doença, em padrão menos predizível. Portanto, embora, em geral, o estadiamento do linfoma forneça informação prognóstica útil, é de extrema utilidade na condução da terapia empregada no tratamento do linfoma de Hodgkin Neoplasias de Células B e T Precursoras - Quadro Clínico Deve-se enfatizar que, embora a LLA e a LMA sejam genética e imunofenotipicamente distintas, são clinicamente muito similares. Em ambas, o acúmulo de blastos neoplásicos na medula óssea suprime a hematopoiese normal pela aglomeração física, a competição pelos fatores de crescimento e outros mecanismos pouco compreendidos. Os aspectos comuns e aqueles mais característicos da LLA são os seguintes: - Início repentino e tempestuoso dentro de dias a poucas semanas dos primeiros sintomas. - Sintomas relacionados à depressão funcional da medula, incluindo fadiga decorrente de anemia; febre, refletindo infecções secundárias à neutropenia; e hemorragia decorrente de trombocitopenia. - Efeitos de massa causados pela infiltração neoplásica (que são comuns na LLA), incluindo dor óssearesultante de expansão da medula e infiltração do subperiósteo; linfadenopatia generalizada, esplenomegalia e hepatomegalia; aumento do volume testicular; e, na LLA-T, complicações relacionadas à compressão de grandes vasos e das vias respiratórias no mediastino. - Manifestações do sistema nervoso central, como cefaleia, vômito e paralisia dos nervos, resultantes da disseminação neoplásica meníngea, são mais comuns na LLA. - Prognóstico ALLA pediátrica é uma das condições de maior sucesso na oncologia. Com a quimioterapia agressiva, cerca de 95% das crianças com LLA obtêm remissão completa e 75% a 85% delas são curadas. Entretanto, apesar desses feitos, a LLA permanece como a principal causa das mortes por câncer em crianças, e apenas 35% a 40% dos adultos são curados. Vários fatores são consistentemente associados a pior prognóstico: (1) idade inferior a 2 anos, principalmente por causa da forte associação entre LLA infantil com translocações envolvendo o gene MLL; (2) apresentação na adolescência ou na idade adulta; e (3) contagem de blastos no sangue periférico superior a 100.000, o que provavelmente reflete carga tumoral elevada. Marcadores prognósticos favoráveis incluem idade entre 2 e 10 anos, baixa contagem de leucócitos, hiperdiploidia, trissomia dos cromossomos 4, 7 e 10, e a presença da t. Notavelmente, a detecção molecular de doença residual após a terapia é preditiva de pior resultado tanto em LLA-B quanto em -T e está sendo usada para orientar novos ensaios clínicos. Embora a maior parte das aberrações cromossômicas na LLA altere a função dos fatores de transcrição, por outro lado, a t cria um gene de fusão que codifica uma tirosina- quinase BCR-ABL constitutivamente ativa (descrita, em maior detalhes, na leucemia mieloide crônica). Na LLA-B, a proteína BCR-ABL costuma apresentar tamanho de 190 kDa e tem maior atividade de tirosina-quinase do que a forma de BCR- ABL encontrada na leucemia mieloide crônica, em que a proteína BCR-ABL de 210 kDa é habitualmente observada. O tratamento da LLAt-positiva com inibidores da quinase BCR- ABL, em combinação com a quimioterapia convencional, é altamente eficaz e tem melhorado, de forma significativa, o resultado para esse subtipo molecular de LLA-B em crianças. As perspectivas no caso de adultos com LLA permanecem mais cautelosas, em parte por causa das diferenças na patogênese molecular da LLAem adultos e crianças, mas também porque adultos mais idosos não conseguem tolerar os protocolos de quimioterapia muito intensos que se mostram curativos em crianças. Linfoma Folicular - Patogênese O tumor, de modo previsível, tem origem nas células B do centro germinativo e é fortemente associado às translocações cromossômicas que envolvem o BCL2. Sua marca registrada é uma translocação que justapõe o locus IGH no cromossomo 14 e o locus BCL2 no cromossomo 18. At é observada em até 90% dos linfomas foliculares, e leva à superexpressão da proteína BCL2. O BCL2 antagoniza a apoptose e promove a sobrevivência de células do linfoma folicular. Nitidamente, enquanto os centros germinativos normais contêm numerosas células B que sofrem apoptose, o linfoma folicular é caracteristicamente desprovido de células apoptóticas. O minucioso sequenciamento de genomas do linfoma folicular também identificou mutações no gene MLL2 em cerca de 90% dos casos. O MLL2 codifica uma histona metiltransferase que regula a expressão gênica, o que sugere que alterações epigenéticas desempenhem importante papel nessa neoplasia; no entanto, o significado funcional de mutações MLL2 ainda não foi definido. Particularmente no início da doença, as células do linfoma folicular em crescimento nos linfonodos são encontradas dentro de uma rede de células dendríticas foliculares reativas em meio a macrófagos e células T. Estudos do perfil de expressão apontaram que as diferenças nos genes expressos por essas células reativas são preditivas da evolução, o que significa que, de alguma forma, a resposta das células do linfoma folicular à terapia é influenciada pelo microambiente circundante. - Quadro Clínico O linfoma folicular tende a se manifestar com linfadenopatia generalizada e indolor. O acometimento de sítios extranodais, como, por exemplo, trato gastrointestinal, sistema nervoso central ou testículo, é relativamente incomum. Embora incurável, em geral segue um curso indolente de crescimento e regressão. A sobrevida (média de 7 a 9 anos) não melhora com a terapia agressiva; portanto, a abordagem habitual consite em aliviar os pacientes com baixas doses de quimioterapia ou imunoterapia (tais como anticorpo anti-CD20) quando se tornam sintomáticos. A transformação histológica ocorre em 30% a 50% dos linfomas foliculares, com maior frequência para o linfoma difuso de grandes células B. Com menos frequência, tumores semelhantes ao linfoma de Burkitt surgem quando associados a translocações cromossômicas envolvendo o MYC. Assim como as células B normais do centro germinativo, os linfomas foliculares também apresentam hipermutação somática, a qual pode promover transformação por meio de mutações pontuais ou aberrações cromossômicas. A sobrevida média é inferior a 1 ano após a transformação. - Imunofenótipo As células neoplásicas se assemelham muito às células B normais do centro germinativo, expressando CD19, CD20, CD10, Ig de superfície e BCL6. Ao contrário da LLC/LLP e do linfoma das células do manto, o CD5 não é expresso. O BCL2 é expresso em mais de 90% dos casos, diferentemente das células B normais do centro folicular, que são BCL2-negativas Linfoma Difuso de Grandes Células B O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é a forma mais comum de LNH. Nos Estados Unidos, anualmente há cerca de 25 mil novos casos. Observa-se ligeiro predomínio em homens. A idade média do paciente é de 60 anos, mas o LDGCB também ocorre em adultos jovens e crianças - Patogênese Estudos citogenéticos, do perfil de expressão gênica e imunoistoquímicos indicam que o LDGCB é heterogêneo. Um evento patogênico frequente é a desregulação de BCL6, um repressor transcricional zinc-finger de ligação ao DNA requerido para a formação de centros germinativos normais. Aproximadamente 30% dos LDGCBs contêm várias translocações que têm em comum um ponto de quebra no BCL6 no cromossomo 3q27. Mutações adquiridas nas sequências promotoras do BCL6 que anulam a autorregulação do BCL6 (um importante mecanismo regulador negativo) são detectadas com mais frequência ainda. Sugere-se que ambos os tipos de lesão são subprodutos inadequados da hipermutação somática que resultam em superexpressão de BCL6, promovendo várias consequências importantes. O BCL6 reprime a expressão de fatores que, em geral, promovem a diferenciação de células-B do centro germinativo, a interrupção do crescimento e a apoptose, e acredita-se que cada um desses efeitos pode contribuir para o desenvolvimento de LDGCB. Mutações similares àquelas observadas no BCL6 também são encontradas em vários outros oncogenes, inclusive MYC, o que sugere que a hipermutação somática nas células do LDGCB “erra o alvo”, envolvendo uma ampla variedade de loci. Outros 10% a 20% dos tumores estão associados à t(14;18), que, como discutido em relação ao linfoma folicular, resulta na expressão excessiva da proteína antiapoptótica BCL2. Com frequência, os tumores com rearranjos do BCL2 perdem os rearranjos no BCL6, sugerindo que esses rearranjos definem duas classes moleculares distintas de LDGCB. Alguns tumores com rearranjos no BCL2 podem surgir a partir de linfomas foliculares subjacentes desconhecidos, que, com frequência, se transformam em LDGCB. Cerca de 5% dos LDGCB estão associados a translocações que envolvem MYC. Finalmente, o sequenciamento minucioso de genomas de LDGCB identificou mutações frequentes em genes que codificam histonas acetiltransferases como p300 e CREBP, proteínas que regulam a expressão gênica,modificando histonas e alterando a estrutura da cromatina. Essa associação tem suscitado interesse no emprego de medicamentos que têm como alvo o epigenoma como terapias para LDGCB. - Imunofenótipo Esses tumores de células B maduras expressam CD19 e CD20 e mostram expressão variável de marcadores de células B do centro germinativo, como, por exemplo, CD10 e BCL6. A maioria tem Ig de superfície. - Quadro Clínico O LDGCB costuma manifestar-se como uma massa que cresce rapidamente em um sítio nodal ou extranodal. Virtualmente, pode surgir em qualquer parte do corpo. O anel de Waldeyer, o tecido linfoide orofaríngeo que inclui as tonsilas e adenoides, é acometido com frequência. O acometimento primário ou secundário do fígado e do baço pode levar à formação de grandes massas destrutivas (Fig. 13-14). Os locais extranodais incluem trato gastrointestinal, pele, osso, cérebro e outros tecidos. O acometimento da medula óssea é relativamente incomum e, em geral, ocorre tardiamente no curso da neoplasia. Raras vezes, observa-se um quadro leucêmico. Os LDGCBs são tumores agressivos que se mostram rapidamente fatais na ausência de tratamento. Com quimioterapia intensiva combinada, 60% a 80% dos pacientes atingem remissão completa e 40% a 50% são curados. A terapia adjuvante com o anticorpo anti-CD20 melhora tanto a resposta inicial quanto o resultado geral. Indivíduos com a doença limitada apresentam melhor evolução do que aqueles com doença disseminada ou com massas tumorais volumosas. A análise do perfil de expressão gênica identificou subtipos moleculares distintos com evoluções clínicas variadas, conduzindo a novas terapias direcionadas a componentes envolvidos nas vias de sinalização do receptor de célula B e do NF-κB. Cerca de 5% dos LDGCBs apresentam translocações do MYC e, em circunstâncias tais, pode ser difícil distinguir o LDGCB do linfoma de Burkitt por meio dos testes diagnósticos convencionais. De fato, dados recentes sugerem que os LDGCBs com translocações MYC apresentam um prognóstico pior do que aqueles que não as têm, podendo receber melhor tratamento com quimioterapias que, agora, são o padrão para o linfoma de Burkitt. Linfoma de Burkitt Na categoria do linfoma de Burkitt, estão (1) o linfoma de Burkitt africano (endêmico), (2) o linfoma de Burkitt esporádico (não endêmico) e (3) um subgrupo de linfomas agressivos que acometem os indivíduos infectados pelo HIV. Os linfomas de Burkitt presentes em cada uma dessas condições são histologicamente idênticos, distinguindo-se, contudo, em relação às características clínicas, genotípicas e virológicas. - Patogênese Todas as formas de linfoma de Burkitt são altamente associadas às translocações do gene MYC no cromossoma 8, conduzindo ao aumento dos níveis de proteína MYC. O MYC é um regulador transcricional mestre que acentua a expressão dos genes necessários à glicólise aeróbica, o chamado efeito de Warburg. Quando nutrientes como glicose e glutamina estão disponíveis, o metabolismo de Warburg permite que as células façam a biossíntese de todos os blocos de construtores – nucleotídeos, lipídios, proteínas – que são necessários ao crescimento e à divisão celular. Em consequência, acredita-se que o linfoma de Burkitt seja o tumor humano de crescimento mais rápido. Em geral, o parceiro na translocação do MYC é o locus do IgH, mas também podem ser os loci das cadeias leves da Ig. Em geral, os pontos de quebra no locus IgH no linfoma de Burkitt esporádico são encontrados nas regiões em que ocorre mudança de classe, enquanto os pontos de quebra no linfoma de Burkitt endêmico tendem a ocorrer dentro das sequências 5’V(D)J. A base para essa distinção molecular discreta não é conhecida, mas ambos os tipos de translocação podem ser induzidos nas células B do centro germinativo pela AID, uma enzima especializada na modificação do DNA requerida tanto na mudança de classe da Ig quanto na hipermutação somática. A rede de efeitos dessas translocações é similar; a sequência codificadora do MYC é reposicionada de forma adjacente aos fortes elementos promotores e facilitadores da Ig, que direcionam para a expressão aumentada do MYC. Além disso, com frequência, o alelo do MYC translocado abriga mutações pontuais que aumentam ainda mais sua atividade Essencialmente, todos os tumores endêmicos são infectados de forma latente com o EBV, o qual também está presente em aproximadamente 25% dos tumores associados ao HIV e em 15% a 20% dos casos esporádicos. A configuração do DNA do EBV é idêntica em todas as células tumorais de casos individuais, indicando que a infecção precede a transformação. Embora isso situe o EBV na “cena do crime”, seu exato papel na gênese do linfoma de Burkitt permanece pouco compreendido. - Imunofenótipo São tumores de células B maduras que expressam IgM de superfície, CD19, CD20, CD10 e BCL6, um fenótipo consistente com origem em célula B do centro germinativo. Ao contrário de outros tumores que têm sua origem no centro germinativo, o linfoma de Burkitt raramente expressa a proteína antiapoptótica BCL2. - Quadro Clínico Tanto o linfoma de Burkitt endêmico quanto o esporádico são encontrados principalmente em crianças ou adultos jovens; nos Estados Unidos, costumam representar cerca de 30% dos LNHs infantis. A maioria dos tumores se manifesta em locais extranodais. Com frequência, o linfoma de Burkitt endêmico se apresenta como uma massa envolvendo a mandíbula, com predileção incomum pelas vísceras abdominais, particularmente rins, ovários e glândulas adrenais. Em contraste, o linfoma de Burkitt esporádico é representado com maior frequência como uma massa que envolve a porção ileocecal e o peritônio. O acometimento da medula óssea e do sangue periférico é incomum, principalmente nos casos endêmicos. O linfoma de Burkitt é muito agressivo, embora responda bem à quimioterapia intensa. A maioria dos adultos jovens e das crianças pode ser curada. A evolução é mais reservada em adultos mais velhos. Linfoma de Hodgkin O linfoma de Hodgkin (LH) compreende um grupo de neoplasias linfoides que diferem do LNH em vários aspectos (Tabela 13- 7). Enquanto os LNHs ocorrem com frequência em sítios extranodais e se disseminam de modo imprevisível, o LH tem origem em um linfonodo único ou em cadeias de linfonodos, disseminando, em primeiro lugar, para os tecidos linfoides anatomicamente contíguos. O LH também apresenta aspectos morfológicos distintos. Caracteriza-se pela presença de células gigantes neoplásicas denominadas células de ReedSternberg. Essas células liberam fatores que levam à acumulação de linfócitos, macrófagos e granulócitos reativos, os quais, tipicamente, representam mais de 90% da celularidade presente no tumor. Na maioria dos LHs, as células de Reed-Sternberg neoplásicas derivam de células B do centro germinativo ou pós-centro germinativo. Classificação A classificação da OMS reconhece cinco subtipos de LH: 1. Esclerose nodular 2. Celularidade mista 3. Rico em linfócitos 4. Depleção linfocitária 5. Predominância linfocitária Nos primeiros quatro subtipos — esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos e depleção linfocitária — , as células de Reed-Sternberg apresentam um imunofenótipo similar. Esses subtipos são frequentemente agrupados como formas clássicas de LH. No subtipo restante, de predominância linfocitária, as células de ReedSternberg têm um imunofenótipo característico de células B, que difere daquele observado nos tipos “clássicos”. - Patogênese A origem das células de Reed-Sternberg neoplásicas do LH clássico tem sido explicada por meio de relevantes estudos com base na análise molecular de células isoladas de Reed- Sternberg e suas variantes. Na maioria dos casos, os genes da Ig nas células de Reed-Sternberg foram submetidos tanto à recombinação quanto à mutação somática de V(D)J, o que estabelece uma origem a partir das célulasB do centro germinativo ou pós-centro germinativo. Embora tenham a assinatura genética de uma célula B, as células de Reed- Sternberg do LH clássico não conseguem expressar a maioria dos genes específicos das células-B, nem mesmo os genes da Ig. A causa dessa reprogramação indiscriminada da expressão gênica ainda não foi elucidada por completo, mas presumivelmente resulta de amplas mudanças epigenéticas de etiologia incerta A ativação do fator de transcrição NF-(kappa)B é um evento comum no LH clássico. Isso pode ocorrer por meio de vários mecanismos: - O NFkB pode ser ativado tanto pela infecção pelo EBV quanto por algum outro mecanismo, ativando os genes que promovem a sobrevida e a proliferação dos linfócitos. - As células EBV+ tumorais expressam a proteína latente de membrana 1 (LMP-1), uma proteína codificada pelo genoma do EBV, a qual transmite os sinais que regulam positivamente o gene NF-kB. - A ativação do NF-kB pode ocorrer em tumores relacionados ao EBV como resultado das mutações adquiridas com perda de função, ou em IkB ou em A20 (também conhecida como proteína 3 TNF-alfa induzida, ou TNFAIP3), ambos reguladores negativos do NFkB. - Também se suspeita que a ativação do NF-kB pelo EBV ou por outros mecanismos resgata da apoptose células B defeituosas do centro germinativo que não podem expressar Igs, preparando o cenário para a aquisição de outras mutações desconhecidas que colaboram para produzir as células de Reed-Sternberg. Pouco se conhece acerca do substrato morfológico das células de Reed-Sternberg e de suas variantes, mas é intrigante constatar que células B não tumorais infectadas com EBV semelhantes às células de Reed-Sternberg sejam encontradas nos linfonodos de indivíduos com mononucleose infecciosa, o que sugere, de forma significativa, que as proteínas codificadas pelo EBV sejam, em parte, responsáveis pela metamorfose notável das células B em células de Reed- Sternberg O acúmulo exuberante das células reativas nos tecidos comprometidos pelo LH clássico ocorre em resposta a uma grande variedade de citocinas (p. ex., IL-5, IL-10 e M-CSF), quimiocinas (p. ex., eotaxina) e outros fatores (p. ex., fator imunomodulador galectina-1) que são secretados pelas células de Reed-Sternberg. Uma vez atraídas, as células reativas produzem fatores que mantêm o crescimento e a sobrevida das células tumorais, modificando ainda mais a resposta das células reativas. Por exemplo, eosinófilos e células T expressam ligantes que ativam os receptores de CD30 e CD40 encontrados nas células de Reed-Sternberg, produzindo sinais que regulam o NF-kB. Outros exemplos da inter-relação entre as células de Reed-Sternberg e as células reativas circunvizinhas são fornecidos na Figura 13-28. Alguns dos fatores produzidos pelas células RS dão origem a um estado de imunodeficiência por deficiência de células T auxiliares e citotóxicas e pelo aumento da produção de células T reguladoras (ver adiante). As células de Reed-Sternberg são aneuploides e apresentam várias aberrações cromossômicas clonais. Ganhos numéricos de cópias no proto-oncogene c-REL no cromossomo 2p são particularmente comuns e também podem contribuir para o aumento da atividade do NF-(kappa)B. - Aspectos Clínicos Comumente, o LH se manifesta como uma linfadenopatia indolor. Os pacientes com os tipos esclerose nodular ou predominância linfocítica tendem a se apresentar no estádio I–II da doença e, em geral, estão livres de manifestações sistêmicas. Pacientes com a doença disseminada (estágios III– IV) ou com os subtipos celularidade mista ou depleção linfocitária têm maiores chances de apresentar sintomas constitucionais, como febre, suores noturnos e perda de peso. Na maioria dos casos, observa-se anergia cutânea resultante da depressão da imunidade mediada por células. A mistura de fatores liberados pelas células de Reed-Sternberg (Fig. 13-28) suprime as respostas imunes TH1 e pode contribuir para a desregulação da imunidade. A propagação do LH é notavelmente estereotipada: em primeiro lugar, doença nodal, seguida por doença esplênica, doença hepática e, finalmente, pelo acometimento da medula óssea e de outros tecidos. O estadiamento engloba exame físico, imagem radiológica do abdome, pelve e tórax, bem como biópsia da medula óssea (Tabela 13-9). Com os atuais protocolos de tratamento, o estadiamento do tumor, mais do que o tipo histológico, é a variável prognóstica mais importante. O índice de cura dos pacientes com estágios I e IIAé próximo de 90%. Mesmo com a doença avançada (estágios IVAe IVB), a sobrevida livre de doença em 5 anos é de 60% a 70%. O LH localizado em estádio inicial pode ser curado com radioterapia de campo envolvido, e a cura inquestionável desses pacientes foi uma das histórias iniciais de sucesso em oncologia. No entanto, posteriormente reconheceu-se que os sobreviventes no longo prazo tratados com radioterapia apresentaram incidência muito mais elevada de certas doenças malignas, incluindo câncer do pulmão, melanoma e câncer de mama. Os pacientes tratados com os regimes iniciais de quimioterapia contendo agentes alquilantes também tiveram alta incidência de tumores secundários, particularmente leucemia mieloide aguda. Esses resultados preocupantes impulsionaram o desenvolvimento dos atuais regimes de tratamento, que minimizam o uso de radioterapia e empregam agentes quimioterápicos menos genotóxicos; como resultado, a incidência de tumores secundários parece ter sido significativamente reduzida, sem perda da eficácia terapêutica. Os anticorpos anti-CD30 produziram excelentes respostas em pacientes com doença que não tiveram êxito com tratamentos convencionais e representam uma terapia- alvo promissora. Neutropenia febril A neutropenia é uma manifestação comum de defeitos da medula óssea associados com a redução de eritrócitos e plaquetas, tendo como possíveis causas a anemia aplásica, leucemia, mielodisplasia, anemia megaloblástica e tratamentos quimioterápicos, dentre outras. Estima-se que 10-50% dos pacientes com tumores sólidos, e >80 % dos portadores de neoplasias hematológicas, desenvolverão febre em pelo menos um episódio de neutropenia ao longo do tratamento quimioterápico. Nos últimos 40 anos, grandes esforços foram feitos no sentido de sistematizar a prevenção e tratamento das infecções nos pacientes neutropênicos com câncer. A base de tais condutas consiste no uso empírico de antimicrobianos de amplo espectro, levando em conta os germes mais provavelmente envolvidos. Diagnóstico/ Patogenia O paciente neutropênico recebe o diagnóstico de neutropenia febril quando sua temperatura oral for >38.3°C(medida única) ou ≥38°C por mais de 1h. Como a temperatura oral é 3 a 4 décimos maior do que axilar, podemos aceitar como limiar de febre uma temperatura axilar >37,8ºC para o diagnóstico.1,4 Contudo, mesmo na ausência de febre, alguns pacientes netropênicos devem ser abordados como se estivessem com neutropenia febril, desde que existam indícios clínicos de infecção (ex.: dispnéia, hipotensão arterial, hipotermia etc.), demandando o imediato início de antibioticoterapia empírica. Pelo rastreio microbiológico, apenas 10-25% têm hemocultura positiva (bacteremia). Atualmente, as bactérias mais encontradas são os Staphylococcus coagulase-negativos. No Brasil existe uma tendência ao predomínio de infecções por Gram-negativos (E.coli, Klebsiella sp., Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginose, entre outras). Na neutropenia prolongada (>7 dias), o risco de infecções fúngicas aumenta, inicialmente por “leveduras” da microbiota intestinal, como Cândida sp.,e posteriormente “bolores” inalados, como Aspergillus e Fusarium. Devemos lembrar as causas não infecciosas da NF: tromboflebite, medicamentos, febre tumoral, mucosite sem infecção, entre outras. Avaliação Inicial - História Clínica e Exame Físico Na história clínica e o exame físico é particularmenteimportante o exame da pele, orofaringe, região perianal, pulmão, abdome, sítios cirúrgicos e de venóclise. - Avaliação Laboratorial 1. Pelo menos 2 sets de hemocultura de sítios diferentes (cada set de 20ml divididos em 1 frasco para aeróbio e outro para anaeróbico). Coletar um set de cada lúmen de cateter venoso profundo e pelo menos um set de veia periférica. 2. Hemograma, Uréia, Creatinina, eletrólitos, Aminotrasferases e Bilirrubinas. Exames adicionais, como raios X de tórax e culturas específicas deverão ser solicitados se houver sinais e sintomas sugestivos de infecções nesses locais. - Estratificação de Risco Atualmente, se recomenda que o primeiro passo na abordagem do neutropênico febril seja a estratificação de risco. Esta pode ser feita por um método puramente clínico ou por um escore de risco MASCC, especificamente projetado e validado para tal. - Estratificação Clínica Alto Risco: QUALQUER UM dos critérios abaixo. Tais indivíduos devem ser internados no hospital para tratamento IV. 1. Expectativa de neutropenia por mais de 7 dias; 2. Disfunções orgânicas crônicas, DPOC, IRC, cirrose hepática, etc; 3. Alterações agudas da homeostase; 4. Sintomas gastrointestinais compatíveis com mucosite intensa; 5. Sinais de infecção em cateter venoso profundo; Baixo risco: deve preencher TODOS os requisitos listados abaixo. Tais indivíduos podem ser manejados com tratamento VO ou IV. 1. Expectativa de neutropenia inferior a 7 dias; 2. Ausência de todos os critérios listados no Alto Risco. Síndrome da lise tumoral A SLT é uma emergência oncológica metabólica provocada por uma lise celular aguda com liberação de produtos intracelulares (ácido úrico, fosfato, cálcio, potássio) prejudicando a homeostase, está muito associada ao efeito do tratamento quimioterápico e radioterápico, mas também pode ser espontânea. Esse termo refere-se à síndrome sem relação com terapia citotóxica. Anteriormente era muito relacionada às malignidades hematológicas e as leucemias linfoblásticas agudas, nos últimos anos vêm sendo observada em tumores sólidos. O tratamento de melanomas metastáticos também pode provocar a incidência da síndrome. Acredita-se que sua ocorrência deve-se ao aumento da disponibilidade da terapia citotóxica e ausência da utilização da profilaxia para a síndromes. Não há até esse momento uma classificação universalmente aceita para a SLT Hiperuricemia Normalmente inicia-se 48 a 72h e é causada pelo aumento do catabolismo de ácidos nucléicos e liberação de metabólitos da purina pela lise celular provocada pela quimioterapia. A via final é a metabolização da xantina pela xantina oxidase em ácido úrico. A excreção normal diária de acido úrico é renal em torno de 500 mg, no pH tubular (5,0)20, é muito pouco solúvel e pode formar cristais provocando obstruções com razão ácido úrico creatinina maior que 1. Hipercalemia Acredita-se que devido ao estresse sobre o metabolismo celular além da quimioterapia e ou radioterapia e diminuições dos níveis de ATP haja extravasamento precoce de potássio celular antes de a lise celular ser completada. Por esse motivo a elevação precoce dos níveis de potássio sérico muito antes (12 a 24h depois da quimioterapia) das elevações de fosfato. Suas elevações são consideradas as consequências mais ameaçadoras da síndrome podendo levar a arritmias cardíacas e morte súbita. Hiperfosfatemia As células tumorais contém uma quantidade de fosfato muito superior às células normais.. Por isso com sua degradação aguda provocada pela quimioterapia elevam-se muito os níveis desse eletrólito na SLT (24 a 48h depois da quimioterapia). Está relacionada com a lesão renal aguda pela precipitação com cálcio no túbulo renal. Hipercalcemia È um distúrbio metabólico que tem relação direta com a hiperfosfatemia assumindo valores muito baixos quando se precipita com o fosfato. Sintomas neurológicos (convulsões, tetania) e cardíacos (arritmias) são comuns. Considerações atuais sobre o tratamento Pacientes com manifestações agudas da SLT devem ser tratados em unidades específicas de oncologia ou em unidades de terapia intensiva com monitorização cardíaca contínua e em ambiente capacitado para realização de terapia substitutiva renal. É recomendável o seguimento por equipe de oncologia e nefrologia. A depleção volêmica é o maior risco da SLT e deve ser corrigida vigorosamente. Essa reposição volêmica deve ser iniciada antes da quimioterapia para os pacientes de alto risco, e continuada por pelo menos 48h depois. A vigorosa reposição hídrica aumenta o volume intravascular, a taxa de filtração glomerular e o volume urinário diminuindo a concentração de solutos no nefron distal e microcirculação medular. O objetivo é uma infusão contínua de volumes de 4 a 6 litros por dia (3 L/m² de superfície corpórea) e débito urinário de 3 L/dia, a menos que haja impedimento clínico de reposição volêmica dessa ordem. Apesar da alcalinização da urina poder se relacionar com aumento da excreção de urato, reduz a solubilidade do fosfato de cálcio em ambiente de alta hiperfosfatemia e um pequeno impacto na solubilidade das xantinas. Além disso, a alcalinização provocada, poderia se associar à insuficiência renal aguda, utilizando-se rasburicase25. Dessa forma não há mais essa recomendação formal a partir das diretrizes de 2008 na SLT. O alopurinol é um fármaco utilizado para impedir a formação de ácido úrico a partir da xantina e hipoxantina. Porém não age no ácido úrico já formado. Devido a baixa solubilidade e ao aumento dos níveis sistêmicos de xantina e hipoxantina pode provocar uropatias obstrutivas e diminuir a depuração de quimioterápicos com base em purinas o que pode exigir diminuições das doses desses quimioterápicos. A rasburicase é um fármaco uricolítico recombinante que diminui os níveis sanguíneos de ácido úrico através de uma degradação enzimática e formação de alantoína que é altamente solúvel. Pode ser utilizada na profilaxia (linfoma, leucemias), ou no tratamento. É recomendada como fármaco de primeira linha em pacientes com alto risco de desenvolvimento da SLT. Suas contraindicações são em pacientes com deficiência de glicose-6- -fosfato desidrogenase (G6PD) e alto risco de hemólise. Uma série de estudos tem demonstrado a efetividade de uma dose única de rasburicase (3,6,7,5 mg, ou 0,05 a 0,15 mg/kg) em diminuir os níveis de ácido úrico na SLT33-40. Recente metanálise analisou o custo e a eficácia do uso de rasburicase como dose única na prevenção e tratamento da SLT em adultos. A dose única de rasburicase demonstrou melhor controle e uma maior taxa de resposta para hiperuricemia que o alopurinol. A dose única demonstrou ser mais efetiva e eficiente na profilaxia do alto risco e tratamento da hiperuricemia. A metanálise concluiu da necessidade de novos ensaios clínicos randomizados controlados para confirmarem suas conclusões. O benefício do uso de rasburicase associado com alopurinol em um ensaio clinico “open label” (pesquisadores e pacientes conheciam a terapêutica utilizada). Foi prescrito alopurinol, ou rasburicase ou ambos durante cinco dias. O grupo que utilizou apenas rasburicase encontrou mais efetividade no controle dos níveis de ácido úrico tanto em relação à combinação com alopurinol quanto em relação a monoterapia (p = 0,06, p = 0,001). A hipercalemia deve ser monitorizada agressivamente na SLT, as medidas clássicas envolvem retiradas de potássio de dieta e fluidos, medidas de translocação celular com o uso de soluções polarizantes (insulina e glicose), uso de gluconato de cálcio em casos de repercussão eletrocardiográfica e utilização de fármacos que possam eliminar o potássio do organismo como resinas de troca, eventualmente diuréticos espoliadores de potássio, e, em casos refratários a hemodiálise. Monitorizacao do tratamento da síndrome da lise tumoral Há poucos estudos publicados investigando a melhorforma de monitorização. Uma diretriz propõe a seguinte forma: a) Em pacientes de alto risco: DHL, ácido úrico, creatinina, potássio, sódio, fósforo e cálcio a cada 12h nos primeiros três dias e a cada 24h nos subsequentes. b) Em pacientes com SLT: a cada 6h nas primeiras 24h: ácido úrico, fosfato, cálcio, potássio, creatinina, pH urinário e osmolaridade. Cada 24h: contagem de células sanguíneas, DHL, albumina, osmolaridade sérica, gasometria, peso corpóreo, eletrocardiograma. - Anticorpo CD20 -> marca célula B - Anticorpo CD3 -> marca célula T B -> realmente é alto grau monoclonal retuximabe -> imunosupressor Bcl-2 -> gene inibidor de apoptose -> linfoma MALT -> células B e não é agressivo MALT -> associado a Hpylori -> inflamação A -> 15 anos (errado) -> 20 aos 30 e 50 aos 60, mulheres B -> maioria se cura C -> acomete linfonodos pertos e não aleatórios Linfoma e leucemia -> tumores não sólidos -> nunca faz cirurgia Quimio -> maneira clássica Radio -> região fixa -> complementa a quimio Biopsia excisional -> tira tudo -> olha arquitetura Biopsia incisional -> um pedaço -> agulha Punção e Papanicolau -> não vejo infiltração Evitar infecção Diagnostico -> neutropenia febril Complicação da quimio Relacionado a mononucleose também HTLV 1 -> leucemia Lise tumoral -> hipocalcemia, fosfato, potássio e ácido úrico elevados Sintomas B -> perda de peso, sudorese e febre (qualquer linfoma) Todos os linfomas tem haver com o HIV, mas o principal é não Hodgkin Sugere leucemia -> linfonodoamegalia, dor articular, figado -> espalhado Se diferenciando Células da medula -> fatores de crescimento -> célula tronco Linfoma -> linfonodo e órgãos sólidos (fígado, baço) Leucemia -> medula óssea e sangue periférico - Comum em adultos *Raio X - Cheio de células no sangue - Cromossomo philadelfia -> radiação -> oncogene ABL sai do 9 -> vai para o 22 junto como BCR -> crescimento das células de forma errada - Translocação do pedaço de gene que contém o ABL Pancitopenia -> poucas células * - Não precisa decorar - BCL -> deixa as células crescerem, mas devagar CD20 -> células B - estadiamento de linfoma
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