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Próstata No adulto normal, a próstata pesa aproximadamente 20 g. A próstata é um órgão retroperitoneal que envolve o colo da bexiga e a uretra e não possui uma cápsula distinta. No adulto, o parênquima prostático pode ser dividido em quatro zonas ou regiões biológica e anatomicamente distintas: zonas periférica, central, transicional e periuretral. Os tipos de lesões proliferativas são diferentes em cada região. Por exemplo, a maioria das hiperplasias surge na zona de transição, enquanto a maioria dos carcinomas é originada na zona periférica. Histologicamente, a próstata é composta por glândulas revestidas por duas camadas de células: uma camada basal de epitélio cuboide baixa coberta por uma camada de células secretoras colunares. Em muitas áreas existem pequenas dobras papilares do epitélio. Essas glândulas são separadas por um estroma fibromuscular abundante. Os andrógenos testiculares controlam o crescimento e a sobrevida das células prostáticas. A castração provoca atrofia da próstata causada por apoptose difusa. Apenas três processos patológicos afetam a glândula prostática com frequência suficiente para merecer uma discussão: inflamação, aumento nodular benigno e tumores. Desses três, os aumentos nodulares benignos são de longe os mais comuns e ocorrem com tanta frequência na idade avançada que quase podem ser considerados como um processo “normal” do envelhecimento. O carcinoma prostático também é uma lesão extremamente comum em homens. Inflamação A prostatite pode ser dividida em várias categorias: prostatite bacteriana aguda e crônica, prostatite não bacteriana crônica, e prostatite granulomatosa. - A prostatite bacteriana aguda tipicamente resulta de bactérias semelhantes àquelas que causam as infecções do trato urinário. Portanto, a maioria dos casos é causada por diversas cepas de E. coli, outros bastonetes Gram-negativos, enterococos e estafilococos. Os organismos são implantados na próstata geralmente por refluxo intraprostático de urina da uretra posterior ou da bexiga urinária, mas ocasionalmente se introduzem na próstata por vias linfo-hematogênicas, a partir de focos de infecção distantes. A prostatite algumas vezes se segue a manipulações cirúrgicas da uretra ou da própria glândula prostática, como cateterização, cistoscopia, dilatação uretral ou procedimentos de ressecção na próstata. Clinicamente, a prostatite bacteriana aguda está associada a febre, calafrios e disúria (dor ao urinar). Ao exame retal, a próstata é extremamente sensível e mole. O diagnóstico pode ser estabelecido por cultura de urina e pelas características clínicas. - A prostatite bacteriana crônica é difícil de diagnosticar e tratar. Pode apresentar dor lombar, disúria e desconforto perineal e suprapúbico. Alternativamente, pode ser virtualmente assintomática. Os pacientes frequentemente têm uma história de infecções recorrentes do trato urinário (cistite, uretrite) causadas pelo mesmo organismo. Uma vez que a maioria dos antibióticos penetra pouco na próstata, as bactérias encontram um porto seguro no parênquima e constantemente semeiam o trato urinário. O diagnóstico de prostatite bacteriana crônica depende da demonstração de leucocitose em secreções prostáticas obtidas por expressão, juntamente com culturas bacterianas positivas. Na maioria dos casos, não há um ataque agudo antecedente e a doença aparece de modo insidioso e sem causa desencadeante óbvia. Os organismos implicados são os mesmos citados como causa de prostatite aguda. - A prostatite não bacteriana crônica é a forma mais comum de prostatite observada atualmente. É indistinguível da prostatite crônica bacteriana em termos de sinais e sintomas, mas não há história de infecção recorrente do trato urinário. As secreções prostáticas obtidas por expressão da glândula contêm mais de 10 leucócitos por campo de grande aumento, porém as culturas bacterianas são uniformemente negativas. - A prostatite granulomatosa pode ser específica, quando um agente infeccioso etiológico pode ser identificado, ou inespecífica. Nos Estados Unidos, a causa mais comum está relacionada à instilação de BCG na bexiga para o tratamento de câncer de bexiga superficial, discutido anteriormente neste capítulo. O BCG é uma cepa de micobactéria atenuada que origina um quadro histológico indistinguível do observado na tuberculose sistêmica. Contudo, nesse contexto de tratamento de BCG, o achado de granulomas na próstata não tem importância clínica e não exige tratamento. A prostatite granulomatosa fúngica é tipicamente observada apenas em hospedeiros imunocomprometidos. A prostatite granulomatosa inespecífica é relativamente comum e representa uma reação a secreções de ductos e ácinos prostáticos rompidos. Embora alguns desses homens apresentem uma história recente de infecção do trato urinário, não são observadas bactérias no tecido na prostatite granulomatosa inespecífica. Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ou Hiperplasia Nodular A HPB é a mais comum doença prostática benigna em homens com mais de 50 anos. Resulta de hiperplasia nodular das células do estroma prostático e células epiteliais, e muitas vezes leva a obstrução urinária. Caracteriza-se pela formação de grandes nódulos, bastante nítidos, na região periuretral da próstata (zona de transição), os quais, quando suficientemente grandes, comprimem e estreitam o canal uretral, causando a obstrução parcial, ou praticamente completa, da uretra. A hiperplasia nodular não é considerada uma lesão pré-maligna. Incidência A evidência histológica de HPB pode ser observada em aproximadamente 20% dos homens de 40 anos de idade, um número que aumenta para 70% aos 60 anos e para 90% aos 80 anos. Contudo, não existe uma correlação direta entre as alterações histológicas e os sintomas clínicos. Apenas 50% dos indivíduos que apresentam evidência microscópica de HPB possuem um aumento clinicamente detectável da próstata e, destes indivíduos, apenas 50% desenvolvem sintomas clínicos. A HPB é um problema de enorme magnitude, com aproximadamente 30% dos homens brancos norte- americanos com mais de 50 anos de idade apresentando sintomas moderados a graves. Etiologia e Patogenia Apesar do fato de que existe um maior número de células epiteliais e componentes estromais na área periuretral da próstata, não há evidência clara de aumento da proliferação das células epiteliais na HPB humana. Em vez disso, acredita- se que a hiperplasia origine-se principalmente de uma redução da morte celular, resultando no acúmulo de células senescentes na próstata. De acordo com essa hipótese, os andrógenos, que são necessários para o desenvolvimento de HPB, não somente aumentam a proliferação celular, mas também inibem a morte celular. O principal andrógeno na próstata, constituindo 90% dos andrógenos prostáticos totais, é a dihidrotestosterona (DHT). A DHT é formada na próstata a partir da testosterona, através da ação de uma enzima chamada 5α-redutase tipo 2. Essa enzima está localizada quase inteiramente em células do estroma. Com exceção de algumas células basais, as células epiteliais prostáticas não expressam a 5α-redutase tipo 2. Portanto, as células estromais são responsáveis pelo crescimento prostático dependente de andrógeno. A 5α- redutase tipo 1 não é detectada na próstata ou está presente em níveis muito baixos. Contudo, essa enzima pode produzir DHT a partir de testosterona no fígado e na pele e a DHT circulante pode agir na próstata por um mecanismo endócrino. A DHT se liga ao receptor de andrógeno (RA) nuclear presente tanto nas células prostáticas estromais quanto nas epiteliais. DHT é mais potente que a testosterona porque possui maior afinidade por RA e forma um complexo mais estável com o receptor. A ligação de DHT com RA estimula a transcrição dos genes dependentes de andrógenos, que inclui vários fatores de crescimento e seus receptores. Os mais importantes entreesses são os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF, do inglês, fibroblast growth factor) e o fator transformante do crescimento (TGF)-β. FGFs, produzidos por células do estroma, são reguladores parácrinos de crescimento epitelial estimulados por androgênio durante o desenvolvimento prostático embrionário, e algumas dessas vias podem ser ”redespertadas” na idade adulta para produzir o crescimento da próstata na HBP. O TGF-β serve como um agente mitogênico para fibroblastos e outras células mesenquimais, mas inibe a proliferação epitelial. Embora a causa final da HPB seja desconhecida, acredita-se que os fatores de crescimento induzidos por DHT atuem aumentando a proliferação das células estromais e diminuindo morte das células epiteliais. Aspectos Clínicos O principal problema clínico em pacientes com HPB é a obstrução urinária, que decorre a partir do aumento do tamanho da próstata e a contração da próstata mediada por músculo liso. O aumento da resistência ao fluxo urinário provoca hipertrofia e distensão da bexiga, acompanhadas por retenção urinária. A incapacidade de esvaziar completamente a bexiga cria um reservatório de urina residual que é uma fonte comum de infecção. Os pacientes apresentam aumento da frequência urinária, noctúria (diurese), dificuldade em iniciar e interromper o fluxo de urina, gotejamento pós-miccional, disúria (micção dolorosa), e maior risco de desenvolver infecções bacterianas da bexiga e dos rins. Em muitos casos ocorre retenção urinária aguda e súbita, que requer cateterização de emergência para alívio. Os casos leves de HPB podem ser tratados sem terapia médica ou cirúrgica, tais como a diminuição da ingestão de líquidos, especialmente antes de dormir, moderação da ingestão de álcool e produtos contendo cafeína, e seguindo-se programas de micção cronometrada. A terapia médica mais comumente usada e efetiva para os sintomas relacionados a HPB consiste nos α-bloqueadores, que diminuem o tônus da musculatura lisa prostática pela inibição dos receptores α1 - adrenérgicos. Outra terapia farmacológica comum se destina a diminuir os sintomas pela redução física da próstata com um agente inibidor da síntese de DHT. Os inibidores da 5-α- redutase estão nessa categoria. Para casos moderados a graves, resistentes à terapia médica, existe uma grande variedade de procedimentos mais invasivos. A ressecção transuretral da próstata (RTUP) tem sido o padrão-ouro em termos de redução dos sintomas, melhora das taxas de fluxo e diminuição da urina residual pós-miccional. Está indicada como terapia de primeira linha em algumas circunstâncias, como retenção urinária recorrente. Como resultado de sua morbidade e custo, procedimentos alternativos foram desenvolvidos, sendo aí incluídos o ultrassom focalizado de alta intensidade, terapia a laser, hipertermia, eletrovaporização transuretral, ablação por agulha transuretral usando radiofrequência. Adenocarcinoma O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens, representando 29% dos casos de câncer nos Estados Unidos em 2012. O câncer de próstata está junto ao câncer colorretal em termos de mortalidade por câncer, e causou 9% das mortes por câncer nos Estados Unidos em 2012. Há uma probabilidade de que um em seis homens seja diagnosticado com câncer de próstata ao longo de sua vida. Esses dados demonstram uma grande variedade de comportamentos clínicos, desde cânceres letais, muito agressivos, até cânceres insignificantes, descobertos incidentalmente. Incidência O câncer de próstata é tipicamente uma doença de homens com mais de 50 anos de idade, faixa etária em quem é bastante comum. Com base nos estudos de autópsia, sua incidência aumenta de 20% em homens na faixa dos 50 anos, para aproximadamente 70% em homens entre 70 e 80 anos de idade. Existem algumas diferenças nacionais e raciais notáveis e intrigantes na incidência da doença. O câncer prostático é raro em asiáticos e ocorre mais frequentemente entre negros. Além dos fatores hereditários, o ambiente desempenha um papel importante, como evidenciado pela elevação da incidência da doença em japoneses imigrantes para os Estados Unidos, embora não tão próxima do nível de americanos nativos. Além disso, à medida que a dieta na Ásia tem se tornado ocidentalizada, a incidência de câncer de próstata clinicamente significativo nessa região do mundo parece estar aumentando. Ainda não está claro se isso é decorrente de fatores dietéticos ou de outras alterações do estilo de vida. Etiologia e Patogenia Nosso conhecimento sobre a causa do câncer de próstata está longe de ser completo. Suspeita-se que vários fatores, incluindo idade, raça, história familiar, níveis hormonais e influências ambientais tenham papel importante. A incidência aumentada dessa doença após a migração de uma região de baixa incidência para outra de alta incidência é compatível com o papel de influências ambientais. Existem muitos fatores ambientais propostos, mas nenhum foi comprovado como causador. Por exemplo, foi implicado o maior consumo de gorduras ou de carcinogênicos presentes em carnes vermelhas carbonizadas (tostadas, churrasqueadas). Outros produtos dietéticos suspeitos de prevenir ou retardar o desenvolvimento de câncer de próstata incluem os licopenos (encontrados em tomates), produtos de soja e vitamina D. Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de próstata. Como seus equivalentes normais, o crescimento e a sobrevida das células do câncer de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (RA) e induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró- sobrevida. É interessante observar, em relação às diferenças no risco de câncer de próstata entre as raças, que o gene de RA relacionado ao cromossomo X contém uma sequência polimórfica composta por repetições do códon CAG (que codifica a glutamina). Expansões muito grandes dessa sequência de CAGs causam um distúrbio neurodegenerativo raro, a doença de Kennedy, caracterizada por cãibras musculares e fraqueza. Contudo, mesmo em indivíduos normais, existe variação suficiente na extensão de repetições CAG para afetar a função de RA. RAs com extensões mais curtas de poliglutamina apresentam maior sensibilidade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglutamina são encontradas em geral em afro-americanos, enquanto caucasianos possuem uma extensão intermediária e os asiáticos possuem a mais longa, o que corresponde à incidência e à mortalidade por câncer de próstata nesses grupos. Mais diretamente, a extensão das repetições está inversamente relacionada à frequência na qual o câncer de próstata se desenvolve em modelos murinos. A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser observada no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que geralmente induzem regressão da doença. Infelizmente, a maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanismos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno (p. ex., amplificação do gene de RA), ativações de RA independente de ligante (p. ex., via ligações variantes que bloqueiam o domínio de ligação do ligante), mutações em RA que permitem sua ativação por ligantes não androgênicos, e outras mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que podem evitar completamente a necessidade de RA. Entre essas últimas estão as alterações que levam a um aumento da ativação da via de sinalização PI3K/AKT (tal como a perda do gene supressor de tumor PTEN), que é observada mais frequentemente em tumores que se tornaram resistentes à terapia antiandrogênica Existe um grande interesse no papel de outros polimorfismos hereditários no desenvolvimento do câncer de próstata. Em comparaçãoaos homens sem história familiar, aqueles que possuem parentes de primeiro grau com câncer de próstata apresentam o dobro de risco e aqueles com dois parentes de primeiro grau possuem cinco vezes o risco de desenvolver câncer de próstata. Homens com uma forte história familiar de câncer de próstata também tendem a desenvolver a doença em idade mais precoce. Homens com mutações de linha germinativa do supressor tumoral BRCA2 possuem um risco 20 vezes maior de desenvolver câncer de próstata, e uma mutação hereditária no HOXB13, um gene homeobox que codifica um fator de transcrição que regula o desenvolvimento da próstata, também confere um risco substancialmente aumentado na pequena porcentagem de famílias que os carrega. Entretanto, a vasta maioria dos cânceres de próstata familiares é decorrente de variações em outros loci, que conferem um pequeno aumento no risco de câncer. Estudos de associação ampla entre família e genoma identificaram mais de 40 loci associados ao risco, que explicam cerca de 25% do risco familiar. De possível interesse, vários genes propostos nessas regiões estão envolvidos na imunidade inata, levando à especulação de que a inflamação, uma característica emergente do câncer, pode preparar o cenário para o desenvolvimento do carcinoma prostático. Outros trabalhos focalizam o papel de mutações adquiridas e alterações epigenéticas específicas para o tumor. Uma mudança genética estrutural muito comum no câncer de próstata são os rearranjos cromossômicos que justapõem a sequência de codificação do gene de um fator de transcrição da família ETS (mais comumente ERG ou ETV1) próximo ao promotor TMPRSS2 regulado por androgênio. Esses rearranjos, que ocorrem em aproximadamente metade dos casos de câncer de próstata em coortes caucasianas, colocam o gene ETS envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 e levam à sua superexpressão de modo dependente de andrógenos. A superexpressão dos fatores de transcrição ETS não transforma diretamente as células epiteliais da próstata, mas torna as células epiteliais prostáticas normais mais invasivas, possivelmente pela suprarregulação de metaloproteases da matriz. O significado clínico desses rearranjos genéticos ainda não está claro, dado que a maioria dos estudos mostra que em coortes tratadas cirurgicamente a presença de rearranjo de genes ETS por si só não prediz um pior prognóstico Em contraste com câncer de mama e de cólon, os esforços recentes de sequenciamento do genoma completo têm demonstrado que as deleções e amplificações genômicas são mais comuns no câncer da próstata do que mutações pontuais envolvendo oncogenes. Alterações genéticas mais comuns no câncer da próstata incluem amplificação do locus 8q24 contendo o oncogene MYC e deleções envolvendo o supressor tumoral PTEN. Nos estágios avançados da doença são comuns tanto a perda de TP53 (por deleção ou mutação) como deleções envolvendo RB, dado que são ampliações do locus do gene do receptor de androgênio. A alteração epigenética mais comum no câncer de próstata é a hipermetilação no gene da glutationa Stransferase (GSTP1) que infrarregula a expressão de GSTP1. O gene GSTP1 está localizado no cromossomo 11q13 e é uma parte importante da via que previne a lesão decorrente de uma grande variedade de carcinógenos. Outros genes silenciados por modificações epigenéticas em um subgrupo de cânceres de próstata incluem vários genes supressores de tumor, incluindo genes envolvidos na regulação do ciclo celular (RB, CDKN2A), na manutenção da estabilidade genômica (MLH1, MSH2) e na supressão da via de sinalização Wnt (APC). Pode ser presumido a partir da multiplicidade de anormalidades, que o carcinoma prostático (como outros cânceres) é o produto de uma combinação crítica de mudanças estruturais genômicas adquiridas, mutações somáticas e alterações epigenéticas. Uma suposta lesão precursora, a neoplasia intraepitelial prostática (PIN, do inglês, prostatic intraepithelial neoplasia), foi descrita. Existem várias evidências que relacionam PIN ao câncer invasivo. Em primeiro lugar, tanto a PIN quanto o câncer tipicamente predominam na zona periférica e são relativamente raros em outras regiões. As próstatas contendo câncer possuem maior frequência e maior extensão de PIN, que frequentemente também é observada próxima ao câncer. Estudos revelaram que muitas das alterações moleculares observadas nos cânceres invasivos estão presentes em PIN (p. ex., reorganizações envolvendo os genes ETS são encontradas em um subgrupo), sugerindo fortemente o argumento de que PIN é precursora do câncer invasivo. Apesar de todas as evidências, não conhecemos a história natural da PIN e em particular com que frequência ocorre a progressão para câncer. Portanto, ao contrário do câncer do colo uterino, o termo “carcinoma in situ não é usado para PIN. Gradação e Estadiamento A gradação é particularmente importante no câncer de próstata, porque o grau e o estádio são os melhores indicadores de prognóstico. O adenocarcinoma de próstata é graduado de acordo com o sistema de Gleason, que estratifica o câncer de próstata em cinco graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. O grau 1 representa os tumores mais bem diferenciados, nos quais as glândulas neoplásicas têm aspecto uniforme e redondo e estão agrupadas em nódulos bem circunscritos (Fig. 21-38A). Em contraste, tumores de grau 5 não exibem diferenciação glandular, com as células tumorais infiltrando o estroma na forma de cordões, lençóis e ninhos. Os outros graus estão situados entre esses extremos. A maioria dos tumores contém mais de um padrão; em tais casos, um grau primário é atribuído ao padrão dominante e um grau secundário ao segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéricos são então somados para obter um grau ou pontuação de Gleason combinado. Então, por exemplo, um tumor com grau dominante 3 e um grau secundário 4 obteria uma pontuação de Gleason de 7. Tumores com apenas um padrão são tratados como se seus graus primários e secundários fossem os mesmos e consequentemente o número é dobrado. Uma exceção a essa regra ocorre se três padrões estiverem presentes na biópsia, em que o grau mais comum e o maior são somados para chegar à pontuação de Gleason. Portanto, nesse esquema, os tumores mais bem diferenciados apresentam uma pontuação de Gleason de 2 (1 + 1) e os tumores menos diferenciados recebem uma pontuação de 10 (5 + 5). As pontuações de Gleason frequentemente são combinadas em grupos com comportamento biológico semelhante, com graus 2 a 6 representando um tumor bem diferenciado com um excelente prognóstico, 3 + 4 = 7 para tumores moderadamente diferenciados, 4 + 3 = 7 para tumores moderadamente a pouco diferenciados, e 8 a 10 para tumores pouco diferenciados até indiferenciados, com comportamento biológico agressivo. Em amostras cirúrgicas, a pontuação de Gleason de 2 a 4 compreende tipicamente tumores pequenos, encontrados incidentalmente durante uma RTUP realizada para sintomas de HPB. A maioria dos cânceres potencialmente tratáveis detectados por biópsia de agulha como resultado de rastreamentos apresenta pontuações de Gleason de 6 a 7. Tumores com pontuações de Gleason de 8 a 10 tendem a representar cânceres avançados com pouca probabilidade de cura. Embora existam algumas evidências de que o câncer de próstata possa se tornar mais agressivo com o tempo, mais comumente, a pontuação de Gleason permanece estável durante um período de vários anos. O estadiamento do câncer prostático também é importante para a seleção da forma de terapia apropriada. O estádio T1 se refere ao câncer encontrado incidentalmente, seja por uma RTUP realizada para sintomas de HPB (T1a e T1b, dependendo da extensão e do grau) ou por uma biópsia por agulha tipicamente realizada devido a uma elevação dos níveis séricos do antígeno prostático específico, o PSA (estádio T1c). O estádio T2 corresponde ao câncerconfinado ao órgão. Os tumores em estádios T3a e T3b exibem extensão extraprostática sem e com invasão da vesícula seminal, respectivamente. O estádio T4 reflete invasão direta dos órgãos contíguos. Qualquer disseminação do tumor para linfonodos, independentemente da extensão, eventualmente é associada a uma evolução fatal, de modo que o sistema de estadiamento simplesmente registra a presença ou ausência desse achado (N0/N1). Curso Clínico Em geral é aceito que a maioria dos cânceres focais descobertos incidentalmente, encontrados na RTUP (estádio T1a), não progride quando acompanhada por 10 anos ou mais. Pacientes mais velhos com doença em estádio T1a são tipicamente acompanhados, porém, homens mais jovens, com uma expectativa de vida mais longa, podem ser submetidos à biópsia de agulha para procurar câncer adicional na zona periférica da próstata. Lesões em estádio T1b são mais ameaçadoras e são tratadas do mesmo modo que os tumores encontrados na biópsia de agulha, uma vez que possuem uma mortalidade de 20% se deixadas sem tratamento O câncer prostático localizado é assintomático, e geralmente é descoberto pela detecção de um nódulo suspeito ao exame retal ou pela elevação do nível sérico de PSA. A maioria dos cânceres prostáticos surge perifericamente e longe da uretra, e portanto sintomas urinários ocorrem tardiamente. Pacientes com câncer de próstata clinicamente avançado podem apresentar sintomas urinários, como dificuldade em iniciar ou interromper a micção, disúria, frequência ou hematúria. Atualmente é raro que os pacientes procurem cuidados médicos devido à dor nas costas causada por metástases vertebrais. Como mencionado, o achado de metástases osteoblásticas em exames do esqueleto ou pelo método da cintilografia óssea por radionuclídeo, muito mais sensível, é virtualmente diagnóstico desse tipo de câncer em homens. Esses cânceres seguem um curso universalmente fatal A medição dos níveis séricos de PSA é amplamente usada para auxiliar no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata. O PSA é um produto do epitélio prostático e é secretado normalmente no sêmen. É uma serino-protease regulada por andrógeno cuja função é clivar e liquefazer o coágulo seminal formado após a ejaculação. Em homens normais, apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. Níveis sanguíneos elevados de PSA ocorrem em associação ao câncer localizado, assim como avançado. No entanto, como rastreamento de câncer de próstata, o uso de PSA continua a ser controverso, dado que carece de sensibilidade e especificidade. É importante ressaltar que o PSA é específico do órgão, mas não específico do câncer. Embora os níveis séricos de PSA estejam elevados em menor extensão na HPB que nos carcinomas prostáticos, existe uma sobreposição considerável. Outros fatores como prostatite, infarto de hiperplasias nodulares, instrumentação da próstata e ejaculação também aumentam os níveis séricos de PSA. Se o ponto de corte entre os níveis normais e anormais de PSA é demasiado baixo, isto pode indicar falsamente a necessidade de uma biópsia da próstata em alguns homens e resultar na detecção e tratamento potencialmente desnecessário de tumores indolores e não fatais. Na maioria dos laboratórios, um nível sérico de 4 ng/mL é classificado como o ponto de corte entre o normal e anormal; no entanto, este ponto de corte pode ser muito alto, porque 20% a 40% dos pacientes com câncer de próstata confinado ao órgão têm um valor de PSAde 4 ng/mL ou menos, que não é detectado por esse simples rastreamento. Assim, algumas orientações consideram anormais os valores de PSA acima de 2,5 ng/mL. Vários refinamentos na estimativa e na interpretação dos valores de PSA são correntemente usados. Estes incluem a proporção entre o valor de PSA sérico e o volume da glândula prostática (densidade de PSA), a velocidade de alteração no valor de PSA ao longo do tempo (velocidade de PSA), o uso de faixas de referência específicas para a idade, e a proporção entre PSA livre e ligado no soro. Homens com glândulas prostáticas hiperplásicas aumentadas apresentam maiores níveis de PSA sérico total que homens com glândulas pequenas. A medida da densidade de PSA sérico elimina a contribuição do tecido prostático benigno para os níveis de PSA sérico. Ela é calculada dividindo-se o nível de PSA sérico total pelo volume estimado da glândula (geralmente determinado por medidas de ultrassom transretal) para estimar o PSA produzido por grama de tecido prostático. À medida que os homens envelhecem, suas próstatas tendem a aumentar com HPB. Pode-se prever que, em geral, homens mais velhos apresentem maiores níveis de PSA sérico que homens mais jovens. As faixas de referência superiores de PSA específico para a idade correspondem a 2,5 ng/mL para homens de 40 a 49 anos de idade, 3,5 ng/mL para homens de 50 a 59 anos, 4,5 ng/mL para homens de 60 a 69 anos e 6,5 ng/mL para homens de 70 a 79 anos. Consequentemente, um valor de PSA sérico de 3,5, embora pareça um valor normal em um teste laboratorial, é um achado preocupante em um homem na faixa dos 40 anos, justificando avaliação adicional. Outro meio de interpretar os testes de PSA sérico é avaliar a velocidade de PSA ou a taxa de alteração de PSA. Homens com câncer de próstata demonstraram um aumento mais rápido nos níveis de PSA ao longo do tempo do que os homens que não têm câncer de próstata. A taxa de alteração no PSA que melhor diferencia homens com e sem câncer de próstata corresponde a 0,75 ng/mL por ano. Para que essa medida seja válida, pelo menos três medidas de PSA devem ser realizadas em um período de 1,5 a 2 anos, uma vez que ocorre uma variabilidade substancial em curto prazo (até 20%) entre medidas repetidas de PSA. Um homem que apresente uma elevação significativa nos níveis de PSA sérico, mesmo se seu exame de PSA sérico mais recente esteja abaixo do ponto de corte normal (< 4 ng/mL), deve ser submetido a uma avaliação adicional. Estudos revelaram que o PSA imunorreativo (a forma detectada pelo teste de anticorpos amplamente usado) existe em duas formas: uma fração principal ligada a α1 - antiquimiotripsina e uma fração livre menor. A porcentagem de PSA livre (PSA livre/PSA total × 100) é menor em homens com câncer de próstata que em homens com doença prostática benigna. Uma vez que muitos pequenos cânceres localizados na próstata podem nunca progredir para um câncer invasivo clinicamente significativo, existe uma incerteza considerável em relação ao tratamento de lesões pequenas que são detectadas devido a uma elevação do nível de PSA. Isso criou controvérsias sobre o papel do rastreamento amplo para câncer de próstata. Portanto, muitos esforços são voltados para delinear critérios pelos quais as lesões localizadas com maior probabilidade de progressão possam ser distinguidas daquelas que permanecerão inócuas. Em contraste com o seu papel no rastreamento, não há controvérsias sobre o valor das medidas seriadas de PSA na avaliação da resposta à terapia. Por exemplo, uma elevação dos níveis de PSA após prostatectomia radical ou radioterapia para doença localizada é indicativa de doença recorrente ou disseminada. A localização imuno-histoquímica de PSA nos cortes de tecido também pode ajudar o patologista a determinar se um tumor metastático se originou na próstata. Além do antígeno prostático específico, surgiram outros genes e proteínas que podem servir como biomarcadores do câncer de próstata. PCA3 é um RNA não codificante que é superexpresso em 95% dos cânceres da próstata. Um teste de diagnóstico que quantifica PCA3 na urina é atualmente utilizado como um biomarcador adicional em pacientes suspeitos de câncer de próstata devido a um PSA elevado, mas que tiveram uma biópsia prostática negativa. Nesse cenário, foi demonstrado que níveis elevados de PCA3 na urina estão associados a um risco aumentado de positividade em biópsia de repetição. A combinaçãode PCA3 urinário com rastreamento urinário para fusão gênica TMPRSS2-ERG (ver anteriormente) pode ter aumentado a sensibilidade e especificidade nos rastreamentos em relação ao PSA sozinho. O câncer da próstata é tratado por cirurgia, radioterapia e manipulações hormonais. Mais de 90% dos pacientes que recebem essas terapias podem esperar viver por mais de 15 anos. Atualmente, o tratamento mais comum para câncer de próstata clinicamente localizado é a prostatectomia radical. O prognóstico após a prostatectomia radical é baseado no estágio patológico, estado das margens e grau de Gleason. Tratamentos alternativos para o câncer de próstata localizado consistem em radioterapia com feixe externo ou radioterapia intersticial, sendo que a última consiste na colocação de “sementes” radioativas em toda a próstata (braquiterapia). A radioterapia com feixe externo também é usada para tratar o câncer de próstata que esteja muito avançado localmente para ser curado por cirurgia. Uma vez que alguns cânceres de próstata apresentam um curso relativamente indolente, em que pode demorar até 10 anos para que se observe um benefício da cirurgia ou da radioterapia, a vigilância ativa é apropriada para muitos homens mais velhos ou aqueles com comorbidade significativa, ou mesmo para alguns homens mais jovens com baixos valores de PSA sérico e adenocarcinoma de baixo grau na biópsia. O carcinoma avançado metastático é tratado por terapia de privação androgênica. A privação de androgênio pode ser obtida através da orquiectomia ou pela administração de agonistas sintéticos de hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH), que suprime o LHRH normal, obtendo, como efeito, uma orquiectomia farmacológica. Outros agentes diminuem os níveis de andrógenos circulantes e locais, inibindo a síntese de hormônio esteroide sistêmica. Finalmente, o bloqueio farmacológico do receptor de androgênio constitui um meio adicional de tratamento. Embora a terapia antiandrogênica induza à remissão, eventualmente os tumores desenvolvem resistência à retirada de testosterona, um efeito que é um prenúncio de progressão da doença e morte. Tumores Diversos e Condições Semelhantes a Tumores Adenocarcinomas prostáticos também podem surgir dos ductos prostáticos. Adenocarcinomas ductais que surgem em ductos periféricos podem se apresentar de modo semelhante ao câncer de próstata comum, enquanto aqueles que surgem nos ductos periuretrais maiores podem exibir sinais e sintomas semelhantes ao câncer urotelial, causando hematúria e sintomas obstrutivos urinários. Os adenocarcinomas ductais estão associados a um prognóstico relativamente pior. O câncer de próstata pode exibir diferenciação escamosa, seja após terapia hormonal ou como evento “de novo”, resultando em um carcinoma adenoescamoso ou escamoso puro. Um câncer de próstata revelando secreções mucinosas abundantes é chamado de carcinoma coloide da próstata. A variante mais agressiva do câncer de próstata é o carcinoma de pequenas células (também conhecido como carcinoma neuroendócrino). Quase todos os casos de carcinoma de pequenas células são rapidamente fatais. O tumor mais comum que envolve secundariamente a próstata é o carcinoma urotelial. Existem dois padrões distintos de envolvimento. Carcinomas uroteliais grandes e invasivos podem invadir diretamente a próstata a partir da bexiga. Alternativamente, o carcinoma in situ da bexiga pode se estender para a uretra prostática e para baixo até os ductos e ácinos prostáticos. Os mesmos tumores mesenquimais descritos anteriormente que envolvem a bexiga também podem se manifestar na próstata. Além disso, existem tumores mesenquimais específicos da próstata derivados do estroma prostático. Embora linfomas possam parecer se originar inicialmente na próstata, a maioria dos pacientes demonstra logo a seguir doença sistêmica. Diagnóstico Os principais métodos diagnósticos para a identificação ou rastreamento do CP são a realização do exame de toque digital da glândula, dosagem do antígeno prostático específico (PSA), ultrassonografia transretal, biópsia e estudo histopatológico. O toque retal juntamente com a dosagem do PSA pode demonstrar indícios da enfermidade, sendo assim indicada a realização de uma ultrassonografia pélvica, ou prostática transretal; os resultados indicarão se há ou não a necessidade da realização de uma biópsia prostática transretal1 . A biópsia é aconselhada quando os níveis de PSA ultrapassam 4 ng/mL. Porém, o diagnóstico só é feito após a confirmação por meio de estudo histopatológico realizado com a amostra de tecido obtida pela biópsia prostática. Tratamento O tratamento adequado contra o câncer de próstata deve ser individualizado para cada paciente e leva em conta o estágio do tumor (Figura 4), idade, tamanho da próstata, grau histológico, comorbidades, expectativa de vida, anseios do paciente e recursos técnicos disponíveis. Tratamento do carcinoma localizado da próstata (T1-T2) O tratamento da doença localizada pode-se dar através da cirurgia radical, radioterapia, e observação vigilante, que é uma opção frente à doença localizada, devendo ser empregue em pacientes acima de 75 anos, com tumores de baixo grau histológico e expectativa de vida limitada. A cirurgia prostatovesiculectomia radical (PTR) é o procedimento padrão-ouro para o tratamento de câncer da próstata localizado. Aproximadamente 85% dos pacientes submetidos à PTR não apresentam evidência de doença após cinco anos e 2/3 após 10 anos. Pacientes ao passar pelo tratamento cirúrgico podem apresentar algumas complicações como disfunção erétil, incontinência urinária, lesão de reto e as complicações decorrentes de cirurgias de grande porte. A radioterapia externa (RXT) é uma ótima opção para o tratamento da doença localizada e pode ser indicada para pacientes que tenham contra-indicação à cirurgia. A dose de RXT mínima sobre a próstata deve ser de 72 Cy, respeitando-se a tolerância dos tecidos normais adjacentes. Apresenta como possíveis complicações: alterações gastrointestinais e cistite actínica. A braquiterapia intersticial permanente com sementes radioativas está indicada isoladamente aos pacientes com bom prognóstico. Cerca de 90% a 93% dos pacientes submetidos à prostatectomia radical, e 60% e 86% dos pacientes tratados com radioterapia externa ou braquiterapia estão curados após 10 anos de acompanhamento. Apesar do valor curativo da prostatectomia radical ser inquestionável e a intervenção é atualmente realizada com baixa morbidade; pode provocar impotência sexual e incontinência urinária, gerando comprometimento da qualidade de vida do paciente. Tratamento do câncer disseminado (T3-T4-N-M) A terapêutica endócrina representa, ainda, o único método eficiente e objetivo para se deter a evolução do câncer da próstata em suas fases mais avançadas. A testosterona estimula a função e a proliferação de células prostáticas, de modo que a intervenção reduz os níveis séricos inibindo a divisão das células, produzindo regressão tumoral. Sob o ponto de vista clínico, a supressão da atividade androgênica pode ser realizada de diferentes formas (Figura 5): orquiectomia bilateral; supressão da liberação hipotalâmica ou hipofisária de LH e FSH, através de estrógenos ou análogos de LHRH; bloqueio da ação periférica da testosterona através dos anti-androgênicos; bloqueio da síntese de testosterona pela ciproterona. Compressão medular epidural metastática (CMEM) Epidemiologia A Compressão Medular Epidural Metastática (CMEM) é uma emergência oncológica, tendo sido descrita pela primeira vez por Spiller em 1925. Ela se desenvolve em aproximadamente 5 a 10% de todos os casos de câncer, sendo que 15 a 20% dos casos de CMEM apresentam sítio primário em pulmão, mama e próstata. Já nas crianças, as neoplasias malignas associadas são: sarcoma, neuroblastoma e linfoma. Todavia, em 7% dos casos de CMEMo sítio primário da neoplasia é desconhecido. Com a progressão da doença neoplásica, o risco de se desenvolver CMEM aumenta. Em geral, a média de idade no momento do diagnóstico é de 65 anos e, frequentemente, a CMEM pode ser a primeira a manifestação da neoplasia maligna, principalmente nas neoplasias de pulmão. Fisiopatologia A doença metastática ocorre na medula espinhal por via hematogênica ou por crescimento contíguo do tumor paravertebral. A via hematogênica é a rota preferencial, ocorrendo em 85% das vezes. A metástases epidurais localizam-se em 60% dos casos na coluna torácica, em 25% na lombossacral, 15% na cervical e, em 30% dos casos, ocorre simultaneamente em múltiplos sítios. O acometimento da coluna torácica e lombossacra é mais frequente devido ao maior fluxo sanguíneo nessas regiões e ao maior tamanho dos corpos vertebrais. A compressão direta ou primária da medula gera desmielinização e edema vasogênico pela oclusão e estenose do plexo venoso epidural. Os déficits neurológicos podem ser reversíveis, entretanto, se a compressão permanecer por um período prolongado, o fluxo arterial também é afetado, produzindo isquemia e prejuízos permanentes à medula. Manifestações clínicas A dorsalgia é o sintoma mais comum e precoce da CMEM. Deve-se valorizar ainda mais a dor de início recente, com piora progressiva, mudança recente de padrão, refratária ao tratamento e agravada por tosse, esforço ou ao deitar-se. Além da dorsalgia, as manifestações clínicas clássicas incluem paralisia simétrica de membros, retenção ou incontinência urinária e perda de sensibilidade caudal em relação a um dermátomo (nível sensitivo). Ao exame físico, hiperreflexia e sinal de Babinski geralmente estão presentes, mas podem estar ausentes em caso de trauma e lesão aguda severa. Nestes casos, o que ocorre é a síndrome de choque neurogênico, que se define por paralisia flácida, arreflexia e hipotensão. Ademais, a instabilidade mecânica da coluna vertebral também é comum. Diversas variações da CMEM são aceitas, sendo as mais comuns apresentadas na figura abaixo: - Falso positivo: prostatite, ejaculação, retenção urinaria e andar de bicicleta - Linfonodos paraaorticos: errado - Comum ir para os ossos - Não é especifico de câncer - Função do PSA: é tornar o sêmen mais líquido. - Pega dois tipos de células que mais prevalecem, soma os valores dos graus -> quanto mais perto do 9 pior prognostico. - 2: bem diferenciado - 6-7 moderados - 8-9 pouco - 10 indiferenciado - C: grande maioria vive bastante após tratamento - A: câncer localizado (pequeno) não consegue detectar no toque, então PSA é melhor nesse caso - C: câncer precoce ta errado - Tumor pode ser pequeno e não conseguir detectar -T4 -> metástase na bexiga - Metástase para coluna - Câncer hormônio dependente - suspeita-se apenas do consumo de gordura, carne - histórico familiar tem chance de desenvolver mais precoce
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