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ANAMNESE E EXAME FÍSICO EM REUMATOLOGIA

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ANAMNESE E EXAME FÍSICO EM REUMATOLOGIA
1. Pontos importantes na anamnese 
Identificação
· Sexo: 	feminino – artrite reumatoide (AR), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e osteoporose (OP).
Masculino – gota e espondilite anquilosante (EA).
· Idade:	Infância – febre reumática.1: é uma inflamação crônica dos vasos sanguíneos (vasculite) que pode causar feridas doloridas na boca e genitais, lesões na pele e problemas oculares. As articulações, sistema nervoso e o trato digestivo podem ficar também inflamados.
2: é uma vasculite que, às vezes, envolve as artérias coronárias e tende a ocorrer em lactentes e crianças de 1 a 8 anos. Caracteriza-se por febre prolongada, exantema, conjuntivite, inflamação das membranas mucosas e linfadenopatia.
3: é uma inflamação crônica das artérias grandes e médias da cabeça, pescoço e parte superior do corpo. 
Adultos – EA.
Idosos – osteoartrite. 
· Raça:	Brancos – OP.
Negros – LES.
Turcos – Síndrome de Behçet1. 
Amarelos – Doença de Kawasaki2. 
· Profissão.
· Precedência:	Doenças regionais – Chagas, esquistossomose, malária, febre amarela.
Italianos – talassemia. 
Negros – anemia falciforme.
Caucasianos – arterite de células gigantes3. 
Galegos – condrocalcinose. 
· Classe social: quanto menor a classe social, pior o prognóstico. 
Queixa Principal 
As principais queixas dos pacientes referem-se em geral ao aparelho musculoesquelético, em especial às articulações: 
· Dor: sede, intensidade, irradiação, ritmo, periodicidade, sinais que acompanham, fatores de piora, de melhora e ordem de acometimento articular.
· Calor e rubor.
· Edema.
· Crepitação: é um ruído seco ou úmido de origem articular ou tendinosa, por vezes audível e referida pelo enfermo.
Sinais e sintomas gerais
O interrogatório sobre os diversos aparelhos e sistemas completa a observação clínica, dando-lhe a dimensão de doença interna multissistêmica e não essencialmente articular.
· Febre, emagrecimento, inapetência. 
· Alterações mucocutâneas. 
· Linfonodopatia e hepatoesplenomegalia.
· Sistemas (cardiovascular, respiratório...).
2. Exame físico
Exame físico geral 
O exame físico geral se assemelha muito ao de outras especialidades. Diz respeito ao estado de nutrição, cor da pele e das mucosas, à busca de anemia, estado de hidratação, ulcerações das extremidades, distúrbios de postura e da marcha, proporção pondero-estatural, temperatura, exame das cadeias ganglionares palpáveis etc.
Exame especial articular
· Articulação temporomandibular (ATM)
Observa-se a fase de oscilação, quando a articulação está em movimento, e a fase de acomodação, quando a boca está fechada. A oscilação apresenta um arco de movimento contínuo e sem interrupções, sem assimetria de movimentos e com ausência de lateralização da mandíbula. Em circunstâncias anormais, a boca se abrirá e se fechará desalinhadamente.
Para palpar as ATMs, coloca-se o dedo indicador à frente do conduto auditivo externo, próximo ao trago, pressionando anteriormente. Pede-se ao paciente que abra e feche a boca lentamente, enquanto se palpa a ponta do côndilo mandibular. Ambos os lados devem ser palpados simultaneamente, sendo o movimento normal uniforme e simétrico.
· Coluna cervical e torácica 
Durante a inspeção da coluna cervical, observa-se a presença de postura antálgica, dificuldade de mobilização ao se despir e, em seguida, as alterações da lordose cervical, lesões cutâneas, sinais de traumatismo, assimetrias (em especial, de músculos paravertebrais cervicais e da escápula), cicatrizes cirúrgicas anteriores etc. Na palpação, procuram-se pontos dolorosos nos processos espinhosos e região paravertebral e regiões com contratura muscular. Avaliar o grau de mobilidade nos movimentos de flexão, extensão, rotação e inclinação lateral. Deve-se ainda testar a força de flexão, extensão e rotação lateral.
As manobras especiais, que podem despertar e atenuar a dor no segmento cervical, são as de compressão e descompressão. A primeira realiza-se com o paciente em posição sentada, com compressão progressiva da cabeça em posição vertical, ou em lateralidade, sendo que o aparecimento da dor ou sua piora pode estar relacionado a estreitamento foraminal, com sobrecarga de facetas articulares e aumento da pressão na raiz nervosa envolvida. A descompressão ou tração, consegue-se tracionando a cabeça para o alto, presa entre as mãos do examinador, promovendo um alívio da sintomatologia dolorosa., provocado pelo aumento do diâmetro foraminal, diminuição da compressão radicular e da tensão das estruturas de sustentação.
· Coluna lombar
Em geral, na presença de lombalgia, os pacientes evitam se curvar ou torcer a coluna, mantendo uma postura rígida. A inspeção, observa-se se existem assimetrias com desnível dos ombros, das pregas subcostais, cristas ilíacas e pregas glúteas. Avalia-se a lordose e cifose. Desvios da coluna podem ser também resultado de deformidades em pés. Prossegue-se o exame com o estudo dos movimentos da coluna lombar: flexão, extensão anteroposterior e flexões e rotações laterais. 
A presença do sinal de Lasègue, indicativo de comprometimento ciático, é investigada elevando-se a perna do paciente em decúbito dorsal completo (sem travesseiro, em cama rígida), segurando-lhe o pé em torno do calcanhar, com a mão livre na face anterior do joelho, mantendo-o estendido. O teste é positivo quando ocorre irradiação ou exacerbação de dor no dermátomo, de L4-L5 ou L5-S1, em um ângulo de 30° a 70°. O examinador pode aumentar a sensibilidade do teste, dorsifletindo o tornozelo, para aumentar ainda mais a tração do nervo ciático.
· Ombro
Articulando-se apenas internamente com a rasa cavidade glenoide da escápula, a contenção desta articulação dá-se, intrinsecamente, pelos pequenos rotadores da escápula, supra e infraespinhoso, subescapular, pequeno e grande redondo e, extrinsecamente, pelo deltoide. 
O seu exame começa pela ectoscopia com avaliação da postura, simetria dos movimentos, presença de lesões cutâneas ou cicatrizes. Na palpação, avalia-se todo o cinturão escapular, escápula e axila. Na avaliação da mobilidade, tem-se os testes ativos e passivos, onde observam-se os movimentos de flexão, extensão, abdução, adução e rotação interna e externa do ombro.
Se o paciente for incapaz de realizar os testes ativos, completa ou parcialmente, utilizam-se os testes passivos. Estes são realizados com o paciente relaxado, o cotovelo fletido, uma das mãos do examinador fixando a extremidade e a outra manipulando o membro em todos os sentidos do movimento. Se houver uma limitação dos movimentos ativos com amplitude normal dos movimentos passivos, a hipotonia muscular deve ser a causa da restrição. Caso a restrição permaneça marcante durante os testes passivos, o mais provável é a presença de obstáculos ósseos (intra-articulares) ou de tecidos frouxos (extra-articulares), podendo haver hipotonia muscular como resultado da não utilização da articulação.

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