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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA LEONARDO AUGUSTO DA SILVA RELATÓRIO DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL - PRÁTICA 3 SÍNTESE DO ÁCIDO BENZÓICO E DO BENZOATO DE METILA (EXEMPLO DE REAÇÃO DE OXIDAÇÃO E ESTERIFICAÇÃO) PRESIDENTE PRUDENTE JUNHO/2021 1. OBJETIVOS Esta prática teve como objetivo sintetizar o ácido benzóico a partir da oxidação do benzaldeído e, também, sintetizar o benzoato de metila a partir da esterificação do ácido benzóico. 2. INTRODUÇÃO Os aldeídos e as cetonas possuem um grupo acila ligado a um hidrogênio ou a outro carbono. A representação genérica dos aldeídos pode ser vista na Figura 1 e a representação genérica das cetonas pode ser vista na Figura 2 [1]. Figura 1 - Representação genérica dos aldeídos. Figura 2 - Representação genérica das cetonas. Compostos que possuem os grupos funcionais aldeído e cetona, estão comumente envolvidos em várias reações muito utilizadas na química orgânica sintética [1]. Sendo assim, é de suma importância que saibamos suas fontes de obtenção. De acordo com Carey, a formação de muitos desses compostos ocorre naturalmente, todavia, no que diz respeito à variedade e quantidade, os aldeídos e as cetonas se posicionam entre os produtos naturais mais conhecidos e até mesmo mais comuns [1]. Mesmo que muitos desses compostos são formados de maneira natural, vários aldeídos e cetonas são sintetizados em laboratório por reações químicas, tais como: ozonólise de alcenos, hidratação de alcinos, acilação de Friedel-Crafts de compostos aromáticos, oxidação de álcoois primários a aldeídos, oxidação de álcoois secundários a cetonas. Dentre essas, para um químico sintético, as mais importantes são: oxidação de álcoois primários a aldeídos e de álcoois secundários a cetonas [1]. É válido aqui ressaltarmos que os aldeídos também são sensíveis à oxidação, convertendo-se a ácidos carboxílicos por vários agentes oxidantes, como por exemplo o permanganato de potássio e o ácido crômico. Ainda, os aldeídos são oxidados mais facilmente do que os álcoois e por esse motivo, reagentes como clorocromato de piridínio (PCC) e dicromato de piridínio (PDC) foram desenvolvidos para que a oxidação de álcoois primários a aldeídos parassem na etapa correta [1]. Esses reagentes são eficazes por dois fatores: são fontes de Cr(VI) e podem ser utilizados em meio não aquoso (diclorometano). Assim, quando mantém-se a água fora da mistura reacional, o aldeído não é convertido em seu hidrato, intermediário necessário que permite a chegada ao ácido carboxílico [1]. Como dito anteriormente, para a ocorrência da oxidação de aldeído a ácido carboxílico, pode-se utilizar como agente oxidante o permanganato de potássio. Todavia, essa oxidação é tida como branda, uma vez que é necessário a presença de um oxigênio obtido através do reagente de Baeyer, que nada mais é que permanganato de potássio em meio neutro ou ligeiramente básico. Após a reação, deve-se acidificar o meio para a remoção completa de íon manganês restante. No que diz respeito aos ésteres, eles não se diferenciam muito dos aldeídos e cetonas quanto a sua ocorrência, uma vez que também ocorrem naturalmente e podem ser sintetizados em laboratório [1]. Existem diversas rotas sintéticas para a obtenção de ésteres. Dentre elas tem-se: produção de ésteres a partir da reação entre ácido carboxílico e álcool (reação de esterificação de Fisher), reação de transesterificação (catálise ácida e básica) e reação entre ácido carboxílico e diazometano para a obtenção de éster metílico [2]. Os mecanismos das reações citadas acima podem ser vistos a seguir [2]: Mecanismo 1 - Reação de esterificação de Fischer. Mecanismo 2 - Reação de transesterificação (catálise ácida). Mecanismo 3 - Reação de transesterificação (catálise básica). Mecanismo 4 - Obtenção de éster metílico. A seguir, apresentaremos os resultados obtidos nesta prática. 3. RESULTADOS 3.1 Oxidação do Benzaldeído Nesta etapa, primeiramente ocorreu a reação de decomposição do permanganato de potássio (Reação 1), uma vez que era necessário a liberação de oxigênio para que a reação seguinte viesse a ocorrer. Reação 1 - Decomposição do permanganato de potássio. A solução preparada, após a reação entre o permanganato de potássio e água, apresentou coloração violeta intensa. Após a decomposição do permanganato de potássio, juntou-se a solução resultante da reação 1 à solução de benzaldeído para que ocorresse sua oxidação a ácido carboxílico. Ressalta-se que foi necessário adicionar base (KOH) e ácido ao meio de maneira sucessiva. A reação ocorrida está representada a seguir: Reação 2 - Oxidação do benzaldeído. Esta reação apresentou diferentes colorações de acordo com suas etapas. Na etapa 1 (reação entre benzaldeído e oxigênio) a solução apresentou cor marrom intenso; na etapa 2 (adição de KOH ao filtrado) a solução permanceu com coloração marrom; e na etapa 3 (adição de HCl ao filtrado) a solução apresentou coloração branca. Posteriormente, o ácido benzóico foi filtrado, lavado com água, recristalizado e pesado, resultando em 0,6126 g. Para o cálculo do rendimento desta síntese, primeiramente determinamos o número de mols do agente limitante (benzaldeído) para que fosse possível encontrarmos a massa teórica de ácido benzóico. Após encontrarmos a massa teórica, determinamos o rendimento da síntese. Os cálculos estão apresentados a seguir: Sendo assim, esta síntese do ácido benzóico apresentou 11,6% de rendimento. 3.2 Esterificação do ácido benzóico A produção do benzoato de metila ocorreu através do mecanismo de esterificação do ácido benzóico catalisada por ácido. O mecanismo está representado a seguir: Mecanismo 5 - Síntese do benzoato de metila. Ao término das etapas, foi possível determinar a massa do éster sintetizado. Os resultados estão no Quadro 1. Quadro 1 - Determinação da massa em gramas do éster sintetizado. m béquer/g m béquer + m produto/g m produto/g 78,7930 79,0723 0,2793 Com a determinação da massa obtida de benzoato de metila, nos foi possível determinar o rendimento da reação. Primeiramente, utilizando o ácido benzóico como agente limitante da reação, calculamos a massa teórica e, posteriormente, o rendimento da síntese. Os cálculos estão apresentados a seguir: Sendo assim, esta síntese do benzoato de metila apresentou 40,9% de rendimento. 4. DISCUSSÃO 4.1 Oxidação do Benzaldeído Os resultados obtidos nesta síntese foram condizentes com os resultados presentes na literatura, uma vez que houve a formação de um ácido carboxílico (ácido benzóico) a partir da oxidação de aldeído (benzaldeído). 4.2 Esterificação do ácido benzóico A utilização de diclorometano serviu para se ter uma melhor separação entre as fases água e éster, uma vez que ele é um solvente imiscível em água e a água e éster possuem pequena diferença em suas densidades [3]. Logo, facilitou-se a retirada da fase orgânica (éster). Já a lavagem da fase orgânica utilizando hidróxido de sódio serviu para retirar o resíduo ácido do meio e, a adição de sulfato de magnésio anidro, serviu para retirar a água restante no meio, permitindo a deslocação do equilíbrio no sentido direto (formação do éster). A reação de neutralização pode ser vista a seguir: Reação 3 - Neutralização do ácido sulfúrico por hidróxido de sódio. H2SO4 + 2 NaOH → Na2SO4 + 2 H2O Dessa forma, através dos procedimentos realizados, pode-se notar que a produção do éster benzoato de metila ocorreu, o que corrobora com os resultados contidos na literatura. 5. CONCLUSÃO Através da realização dos dois experimentos propostos nesta prática, é possível concluir que as sínteses realmente ocorreram e que os produtos desejados (ácido benzóico e benzoato de metila) foram obtidos com sucesso. 6. BIBLIOGRAFIA [1] CAREY, F. A. Química Orgânica – V2. Porto Alegre: Grupo A, 2011. [2] GOI, Beatriz Eleutério. Preparação de derivados de ácidos carboxílicos. 05-05 de maio de 2021. Notas deaula. [3] VOGEL, A. I. Análise Orgânica Qualitativa. 3a ed., vol. 2, 1983.
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