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Página 1 CONSULTORIA ADUANEIRA Página 2 CONSULTORIA ADUANEIRA SOBRE ESTE CONTEÚDO Todos os direitos reservados a Abracomex - Associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior. Material teórico didático para subsídio no processo de ensino e aprendizagem. Coordenação: João Marcos Andrade. Professor: João Marcos Andrade. Direção por: Marcus Vinícius Franquine Tatagiba. Página 3 CONSULTORIA ADUANEIRA SUMÁRIO 1. HABILITAÇÃO DE EMPRESAS PARA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO - RADAR .................................................................................................................................. 4 1.1 SISTEMA RADAR ......................................................................................................... 5 1.2 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA HABILITAÇÃO JUNTO AO SISTEMA RADAR ................................................................................................................................ 7 1.3 OPERACIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS .............................................................................................................. 8 1.4 MODALIDADES DE HABILITAÇÃO AO SISTEMA RADAR ....................................... 10 1.5 MODALIDADES ........................................................................................................... 17 1.6 CRITÉRIOS DE ANÁLISE PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL ......................... 19 2. LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR ................................................................................ 20 2.1 PORTARIA COANA N.º 72/2020 ................................................................................. 20 2.2 INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 1782/2018 E 1783/2018 ............................................ 21 2.3 INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 1863/2018 .................................................................. 22 3. REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS ......................................................................... 22 4. INFRAÇÕES E PENALIDADES ADUANEIRAS ........................................................... 33 4.1 DISTINÇÃO ENTRE INFRAÇÕES ADUANEIRAS E TRIBUTÁRIAS .......................... 34 4.2 DENÚNCIAS ESPONTÂNEAS E INFRAÇÕES ADUANEIRAS .................................. 36 4.3 EMBARAÇO A FISCALIZAÇÃO NA ÁREA ADUANEIRA ........................................... 36 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 37 Página 4 CONSULTORIA ADUANEIRA 1. HABILITAÇÃO DE EMPRESAS PARA IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO - RADAR A prática do Comércio Exterior no Brasil é regulamentada pelas normas aduaneiras definidas pela Coana (Coordenação Geral da Aduana Brasileira), órgão vinculado diretamente ao Ministério da Economia. Importante à compreensão inicial de que para realizar atividades de Importação e/ou Exportação, a empresa brasileira, ou estrangeira que se instale em nosso país, necessariamente precisa adequar-se às determinações daquele órgão para que tenha liberdade e possa realizar negócios internacionais, tendo em vista que o exercício da Atividade de Comércio Exterior envolve transações financeiras, configurando-se como Atividade Econômica, passível de Tributação e Controle Aduaneiro. TRIBUTAÇÃO A Tributação envolve as questões relacionadas às contribuições dos importadores e exportadores brasileiros, junto aos cofres públicos para cumprimento das obrigações tributárias previstas no Código Tributário Nacional, bem como na Constituição Federal. Analisaremos pormenorizadamente sobre a Tributação na sequência deste material. CONTROLE ADUANEIRO Já o Controle Aduaneiro é o exercício da função de órgão fiscalizador atribuído à Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Economia, o qual desenvolve em todo o território nacional, o trabalho de fiscalizar as atividades das empresas que se propõem a praticar o Comércio Exterior, seja importando ou exportando bens, mercadorias e serviços, além de outras atribuições pertinentes à sua funcionalidade. A seguir veja print do site oficial da Receita Federal, para auxílio na compreensão. www.receita.economia.gov.br Página 5 CONSULTORIA ADUANEIRA Fonte: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior 1.1SISTEMA RADAR A Receita Federal do Brasil como órgão fiscalizador das atividades de Comércio Exterior no país, utiliza o Sistema de Rastreio das Atividades dos Intervenientes de Comércio Exterior, o RADAR, para monitorar as práticas comerciais das importações e exportações brasileiras. Através deste Sistema a Receita Federal obtém acesso a todas as informações presentes em registros de Importações e Exportações, sendo que esses registros são a manifestação dos dados das cargas ao próprio sistema, isto é; o Sistema RADAR permite à Receita Federal do Brasil um gerenciamento fiscal completo dos dados das importações e exportações das empresas brasileiras, sendo possível assim manter um registro de todas as informações as quais servem para cruzamento de dados, relativos às Declarações de Tributos dos CNPJ´s importadores e exportadores brasileiros, além de possibilitar também controle cambial, isto é; controlar a saída de divisas do país (fechamento de câmbio = pagamento pelas importações brasileiras aos fornecedores no exterior), bem como em relação às entradas de divisas (recebimento de pagamentos relativos às vendas ao exterior, ou seja; as exportações brasileiras). Página 6 CONSULTORIA ADUANEIRA Uma outra funcionalidade do Sistema RADAR, também muito importante, é permitir aos órgãos de governo como o Ministério da Economia, uma forma de gerenciar dados estatísticos sobre as transações de comércio exterior das empresas brasileiras, o que permite apoio à exatidão da prestação de informações relativos à Balança Comercial Brasileira (saldo entre as exportações e importações), como também mantém dados reais sobre quantas e quais são as empresas que atuam na prática do Comércio Exterior no País. 1.1.1 Adesão ao Sistema RADAR Deve partir da própria empresa interessada em importar ou exportar, o procedimento de Habilitação ao Sistema RADAR, portanto não é a Receita Federal que determina através de uma Intimação, ou de outra forma, para que a empresa importadora ou exportadora brasileira se apresente e solicite sua habilitação ao sistema, mas sim antes da realização de qualquer atividade relacionada à importação ou exportação, a empresa deverá manifestar à Receita Federal a intensão em habilitar seu CNPJ no Sistema RADAR, para que assim passe a ser denominada como Declarante de Mercadoria, que vem a ser a denominação atual ao praticante de Comércio Exterior no Brasil conforme a Legislação Federal em vigor, a qual veremos a seguir: 1.1.2 Habilitação ao Sistema RADAR – Aspectos Legais O procedimento administrativo para as empresas se apresentarem à Receita Federal, visando a Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR, é fundamentado na Legislação Federal disposta nos Atos Legais que veremos a seguir: Conforme mencionamos logo acima, é o interesse da Empresa em atuar no Mercado Internacional, que a direcionará a solicitar a Habilitação de seu CNPJ junto ao Sistema RADAR da Receita Federal, sendo que em caso de haver um ou mais CNPJ´s de Filial(is), bastará habilitar o CNPJ Matriz, que todos as demais filiais estarão automaticamente habilitados no RADAR. Importante ressaltarmos antes de entrarmos nos aspectos da legislação, que o pedido será feito de forma eletrônica, visto que todas as demandas processuais para esta solicitação estão disponíveis via internet conforme veremos mais adiante nesta apostila. E a Unidade da Receita Federal responsável por analisar o pedido de Habilitação ao Radar, será a de jurisdição sobre o Domicílio Fiscal do Importador. Página 7 CONSULTORIA ADUANEIRA 1.2LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA HABILITAÇÃO JUNTO AO SISTEMA RADAR O procedimento administrativo a ser realizado pelas empresas desejosas em atuar tanto na importação,quanto na exportação, passa indispensavelmente pela observação das condições impostas pela Legislação Aduaneira vigente sobre o Tema. De forma que anteriormente à realização de qualquer atividade de Comércio Internacional, recomenda- se atenção total às normas aduaneiras a serem vistas logo a seguir, com o objetivo de cumprimento a todos os requisitos nelas determinados, para que o trâmite documental seja efetivado com sucesso, e assim o CNPJ obtenha a devida Habilitação junto ao Sistema RADAR da Receita Federal. Os Órgãos Federais diretamente envolvidos no processo administrativo para a Habilitação da Empresa junto ao Sistema RADAR, serão a Coana (Coordenação Geral da Aduana Brasileira), com a qual a empresa não terá contato direto, apenas seguirá as orientações da legislação do referido órgão, e a Receita Federal do Brasil, com a qual as tratativas ocorrerão do início ao final do processo administrativo de Habilitação junto ao Sistema Radar. Dica: O caminho mais prático para busca da Legislação Aduaneira é a página da Receita Federal na Internet, através do link: https://www.gov.br/receitafederal/pt- br/acesso-a-informacao/legislacao Dica: A abreviatura de Instrução Normativa da Receita Federal é IN/RFB, observaremos frequentemente essa abreviatura nesta apostila. 1.2.1 Instrução Normativa da Receita Federal n.º 1984/2020 Esta Instrução Normativa, publicada no Diário Oficial da União em 29 de outubro de 2020, apresenta as condições atuais para que as empresas busquem suas habilitações junto ao Sistema RADAR, dessa forma a leitura da referida legislação na íntegra, é necessária, além de que a cada tópico nela analisado, seja relacionado com a situação da empresa, pois as regras ali presentes determinam a concessão ou não da Habilitação do CNPJ ao Sistema RADAR. Vejamos então print da tela com a introdução constante na IN/RFB n.º 1984/2002, para análise logo em seguida: Página 8 CONSULTORIA ADUANEIRA Fonte: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=113361 Como observado nesta introdução, a referida IN/RFB orienta tanto a habilitação do CNPJ importador/exportador brasileiro, como também instrui o credenciamento de representantes legais dessas empresas para obterem acesso ao Sistema de Comércio Exterior Brasileiro – SISCOMEX da Receita Federal, que é onde são imputadas as informações tanto das importações, quanto das exportações pelas empresas brasileiras. 1.3OPERACIONALIZAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Abordamos logo acima o Sistema Siscomex, sendo este o Gerenciador de Informações da Receita Federal, no qual as empresas ao realizarem importação ou exportação, devem nele inserirem os dados completos relativos às questões comerciais, cambiais, logísticas, tributárias e administrativas tanto das importações e exportações, sendo que para ter acesso a esse Sistema, é necessário possuir Habilitação no Sistema RADAR, ou seja; enfatiza-se, portanto a necessidade de que antes de qualquer tratativa para realização de importação ou exportação, a empresa requeira sua Habilitação no Sistema RADAR da Receita Federal, para então acessar ao Sistema Siscomex, e manifestar à Receita Federal as informações para fins de fiscalização. Como auxílio para a compreensão da funcionalidade do Sistema Siscomex, segue print de Tela da visualização atual do referido Sistema, considerando que o acesso ao mesmo Página 9 CONSULTORIA ADUANEIRA se dá via internet, e mediante ao uso de Certificado Digital pertencente ao Titular do CNPJ Importador/Exportador Brasileiro, ou de seus funcionários por ele habilitados, ou ainda dos Despachantes Aduaneiros, os quais atuam sob a condição de Representantes Legais, como prevê a IN/RFB 1.984/2020 vista anteriormente neste material. Apresentamos uma parte inicial da primeira tela de acesso para a confecção de Documentos Administrativos aplicáveis às Importações, especialmente a Declaração de Importação e o Licenciamento de Importação. A Declaração de Importação será o Documento Eletrônico gerado pelo Importador ou por seu Representante Legal, para que na chegada da Importação ao Brasil, a carga possa ser submetida ao processo de fiscalização da Receita Federal, momento no qual se deve recolher os Impostos incidentes na Importação, a serem vistos em detalhes neste material. Print da Tela Inicial do Sistema Siscomex – Módulo Importação Fonte: https://www1c.siscomex.receita.fazenda.gov.br/siscomexImpweb-7/private_siscomeximpweb_ inicio.do (acesso apenas com Certificado Digital). Para uma compreensão definitiva, basta considerar que o primeiro procedimento administrativo operacional das empresas brasileiras que pretendem importar ou exportar, é solicitar à Receita Federal, sua habilitação junto ao Sistema Radar, para então obter o direito do acesso ao Sistema Gerenciador Siscomex, no qual serão inseridas as informações das cargas importadas ou exportadas por empresas brasileiras. A seguir veremos então os procedimentos operacionais definidos pela IN/RFB n.º 1.984/ 2020, para a solicitação de Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR da RFB; os quais são realizados pela Empresa mediante o acesso à internet, em site específico, que veremos ainda neste material, a partir do uso de Certificado Digital do CPF Responsável pelo CNPJ junto à Receita Federal. Página 10 CONSULTORIA ADUANEIRA 1.4MODALIDADES DE HABILITAÇÃO AO SISTEMA RADAR a. Habilitação de Pessoa Física A IN/RFB n.º 1984/2020, no § 1º, Inciso III do Artigo 4º, irá definir que: “... Podem atuar como declarantes de mercadorias..., as pessoas físicas, no caso de operações de comércio exterior realizadas em seus próprios nomes...”. Fonte: IN RFB Nº 1984 - 2020 (fazenda.gov.br) Considera-se de acordo com a IN/RFB n.º 1984/2020, no Artigo 4º, § 3º, Inciso X, Pessoas Físicas podem apenas realizar Importações para: “... I – a realização de suas atividades profissionais, inclusive na condição de produtor rural, artesão, artista, ou assemelhado; II – seu uso e consumo próprio; e III – suas coleções pessoais...” Fonte: IN RFB Nº 1984 - 2020 (fazenda.gov.br) Portanto, conforme visto neste extrato da Legislação, Pessoa Física pode atuar na Importação ou Exportação, desde que tal prática não configure atividade comercial especialmente para revenda, pois se tal ato for desenvolvido, deverá ser através de CNPJ, com as exceções manifestadas nos 3 Incisos acima apresentados, os quais permitem a prática do Comércio Internacional por Pessoa Física. b. Habilitação de Pessoa Jurídica O Artigo 4º da IN/RFB n.º 1984/2020, instrui as condições para a habilitação de Pessoa Jurídica junto ao Sistema RADAR, vejamos então parte do Artigo 4º da referida IN/RFB para entendermos com propriedade as possibilidades de Habilitação de Pessoa Jurídica ao Sistema RADAR. “... Art. 4º Para os fins desta Instrução Normativa, são declarantes de mercadorias os importadores, os exportadores, os adquirentes de mercadorias importadas por sua conta e ordem, os encomendantes de mercadorias importadas e as pessoas jurídicas sediadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) que promovem a internação de mercadorias para o restante do território nacional. Página 11 CONSULTORIA ADUANEIRA § 1º Podem atuar como declarantes de mercadorias: I – as pessoas jurídicas de direito privado; II – os órgãos da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, as missões diplomáticas ou repartições consulares de país estrangeiro ou as representações de órgãos internacionais; e § 2º As disposições desta Instrução Normativa relativas às pessoas jurídicas de direito privado a que se refere o inciso I do § 1º são também aplicadas às seguintes entidades: I – Sociedades em Conta de Participação (SCP), vinculadas aos sócios ostensivos; II – Grupos e consórcios de sociedades, constituídos, respectivamente, na forma prevista nos arts. 265 e278 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; III – Empresas domiciliadas no exterior; IV – Serviços notariais e de registro,de que trata a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; V – Condomínios edilícios, conceituados nos termos do art. 1.332 do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002); VI – Fundações ou associações domiciliadas no exterior; VII – Empresas individuais imobiliárias; VIII – Empresas individuais constituídas na forma estabelecida nos art. 966 a 969 do Código Civil (Lei nº10.406, de 2002); IX – Microempreendedores Individuais (MEI) de que trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 14de dezembro de 2006; e X - Produtores rurais pessoa física com inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)...” Fonte: IN RFB Nº 1984 - 2020 (fazenda.gov.br) 1.4.1 Os Responsáveis pelo (s) CNPJ (s), no ato da Habilitação ao Sistema RADAR. A IN/RFB n.º 1984/2020, em seu Artigo 5º, menciona os requisitos para legitimidade dos Responsáveis Legais pelo (s) CNPJ (s), no momento da requisição para Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR, sendo que deverão ser identificados conforme Tabela Padrão para tal, constante na IN/RFB n.º 1863/2018, em seu Anexo V, conforme a natureza da Empresa, exemplo quando se tratar de Empresa de Sociedade Anônima Aberta (AS), o (a) Responsável Legal, deverá ser identificado nos documentos de requisição da Habilitação ao Sistema RADAR como, Diretor ou Presidente, enquanto na Empresa de Natureza Sociedade Empresária Limitada, a identificação do Responsável Legal será Administrador, ou Sócio Administrador. Página 12 CONSULTORIA ADUANEIRA Veremos agora, mais detalhadamente os procedimentos operacionais para o processo administrativo de Requisição da Empresa junto à Receita Federal, para Habilitação no Sistema RADAR, logo a seguir: 1.4.2 Procedimentos Administrativos e Operacionais para Habilitação junto ao Sistema RADAR. Vejamos os procedimentos a serem executados pela empresa, visando obter a Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR da Receita Federal. I. Primeiramente é necessário constar, que o CNPJ deverá constar como ATIVA no campo de consulta de CNPJ no sítio da Receita Federal na Internet, através do link: http:// s e r v i c o s . r e c e i t a . f a z e n d a . g o v . b r / S e r v i c o s / c n p j r e v a / Cnpjreva_Solicitacao.asp?cnpj=33978923000171 Abaixo print da Tela de Consulta ao CNPJ, para auxílio na compreensão, bastando ao acessar ao link acima, digitar o CNPJ pretendente à se habilitar no Sistema RADAR, e assim obter a informação da regularidade do CNPJ, junto à Receita Federal. http://servicos.receita.fazenda.gov.br/Servicos/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao.asp?cnpj=33978923000171 I. Em seguida ou em paralelo, faz-se necessário o cadastro (opção), ao DTE (Domicílio Tributário Eletrônico), sendo esse uma ferramenta presente também no site da Receita Federal do Brasil, no qual são mantidos os contatos entre a Empresa e o Fisco (Receita Federal). Dica: Para melhor compreensão do DTE (Domicílio Tributário Eletrônico), sugerimos a leitura e pesquisa no si te da RFB a seguir: https:// receita.economia.gov.br/interface/lista-de-servicos/mobile/dte/dte-optar-pelo- domicilio-tributario-eletronico Página 13 CONSULTORIA ADUANEIRA Tendo concluído a análise de que o CNPJ está apto a requisitar sua Habilitação junto ao Sistema RADAR, a empresa seguirá os procedimentos determinados no Artigo 22 da IN/ RFB nº. 1.984/2020 (A habilitação deverá ser solicitada pelo requerente por meio do sistema Habilita, disponível no Portal Único de Comércio Exterior (Pucomex) na internet), devendo preencher o Requerimento de Habilitação constante no referido artigo, e dirigindo-se para o Portal Único do Siscomex também na Internet, munido do Certificado Digital do CPF Responsável Legal pelo CNPJ. Salienta-se também que o interessado em requerer a Habilitação ao Sistema RADAR, deverá atentamente considerar a leitura do Artigo 21 da IN/RFB nº. 1.984/2020, no qual destacam-se pontos, por exemplo, em relação à capacidade econômica e financeira do CNPJ, que lhe garanta possibilidade de realização de processos de Comércio Exterior (Importação ou Exportação), bem como as condições operacionais para a realização das operações de Comércio Exterior. Dica: Enfatizamos a necessidade da leitura da Instrução Normativa da RFB n.º 1.984/2020 visando melhor compreensão dos procedimentos de Habilitação junto ao Sistema RADAR. 1.4.3 Apresentação do Requerimento de Habilitação à Receita Federal Tendo sido feita a análise econômica e financeira do CNPJ, bem como os requisitos constantes especialmente nos Artigos 18 a 23 da IN/RFB nº. 1.984/2020 (reforça-se o convite à leitura da referida legislação), a empresa deverá então acessar o Sistema Portal Único do Siscomex através do site: https://www.portalunicosiscomex.gov.br, e selecionar a opção “Habilitar Empresa” conforme observado no destaque do print de tela abaixo. Página 14 CONSULTORIA ADUANEIRA Na próxima tela, o requerente selecionará a opção “Cadastro Requerer Habilitação”. Fonte: https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/#/ Já para acesso a essa tela, é necessário login mediante utilização do Certificado Digital pelo CPF Responsável Legal pelo CNPJ perante à Receita Federal, quando terá acesso a tela seguinte (print abaixo), para então apresentar eletronicamente o pedido da Habilitação do CNPJ junto ao Sistema RADAR da Receita Federal, sendo a maneira mais comum, a primeira opção apresentada na tela ao lado superior esquerdo, “Representação Por Dirigente Funcionário”. Em seguida poderá preencher com os dados do CNPJ a ser habilitado, (em caso de requerimento de habilitação para Pessoa Jurídica), e a seguir, terá a visualização das três Modalidades de Habilitação, sendo necessário optar por uma das três conforme sua Capacidade Financeira previamente analisada, para atender às especificações técnicas determinadas para cada uma das Modalidades conforme veremos mais adiante neste material. A seguir, print da tela do Sistema Portal Único do Siscomex, com as três Modalidades de Habilitação de acordo com o perfil da empresa requerente. Página 15 CONSULTORIA ADUANEIRA Fonte: Portal Único Siscomex Conforme previsto no Artigo 22 da IN/RFB nº 1.984/2020, ao apresentar o Requerimento por meio das telas acima demonstradas, o CNPJ obterá o retorno da Análise Eletrônica realizada pelo Sistema Portal Único do Siscomex, podendo já obter o Deferimento (concessão) da Habilitação, ou Indeferimento, caso em que então deverá adotar outro procedimento operacional conforme veremos a seguir: 1.4.4 Abertura de Processo Administrativo Fiscal Tendo cumprido os requisitos do tópico anterior, (Artigo 22 da IN/RFB nº 1.984/2020), porém incorrido em Indeferimento pelo Sistema, o declarante deverá então solicitar a Abertura de um Dossiê Digital de Atendimento, conforme previsto pela Instrução Normativa da Receita Federal n.º 1.783/2018, o qual consiste em uma criptografia de dados, isto é; anexação de documentos de forma eletrônica no Sistema e-CAC da Receita Federal, sendo este sistema a forma de correspondência entre a Receita Federal, e a empresa requerente da Habilitação no RADAR. Para clareza e melhor compreensão da abertura de um DDA (Dossiê Digital de Atendimento), sugere-se a leitura da IN/RFB nº 1.783/2018, a qual é a base de instrução para tal procedimento. Link de acesso: http://normas.recei ta.fazenda.gov.br/si jut2consulta/ link.action?visao=anotado&idAto=89407 O acesso ao sistema e-CAC da Receita Federal, também ocorre por meio da utilização do Certificado Digital do CPF responsável pelo CNPJ, e abaixo observamos um print da tela inicial do sistema e-CAC, disponível no site oficial da Receita Federal do Brasil: www.receita.economia.gov.br Página 16 CONSULTORIA ADUANEIRA Fonte: https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login 1.4.5 Documentos Necessários para o Procedimento de Habilitação via DDA A Instrução Normativa da RFB n.º 1.984/2020 define em seu Artigo 23 a listagem de documentos a serem apresentados via DDA (Dossiê Digital de Atendimento), à Receita Federal do Brasil,conforme requisitos técnicos obtidos através da leitura da IN/RFB nº 1.783/ 2018. Dica: Sugere-se a leitura do Artigo 23 da Portaria Coana n.º 72/2020 para observação completa das instruções legais quando à montagem de Dossiê Digital de Atendimento (DDA). Art. 2º A capacidade financeira do declarante de mercadorias para fins de enquadramento na modalidade de habilitação... Observação: Conforme a Análise Fiscal realizada por Auditor Fiscal da RFB, designado para fiscalizar o Requerimento de Habilitação, outros documentos de natureza administrativa fiscal do CNPJ, poderão ser solicitados, sempre via e-CAC (Centro de Atendimento ao Contribuinte) de forma eletrônica pelo site da Receita Federal, o qual o CNPJ terá acesso mediante a opção pelo DTE – Domicílio Tributário Eletrônico, observado no item 1.1 neste tópico. Página 17 CONSULTORIA ADUANEIRA 1.5 MODALIDADES Ao apresentar o Requerimento de Habilitação previsto no Artigo 22 da IN/RFB nº 1.984/ 2020 o declarante obterá o retorno do Sistema Portal Único Siscomex, quando ao enquadramento em uma das modalidades de habilitação disponível, ou o indeferimento conforme visto no tópico anterior, ou seja; mediante a posse dos dados do CNPJ em seu Sistema de Banco de Dados, a Receita Federal automaticamente através do Portal Único do Siscomex (onde se apresenta inicialmente o requerimento de habilitação), concederá à Empresa, a Habilitação junto ao Sistema RADAR, considerando as condições financeiras, econômicas e fiscais manifestadas ao Sistema, em cruzamento de dados junto ao seu próprio banco de dados dos CNPJ´s. Nesse mesmo procedimento de análise também poderá a Receita Federal, indeferir o pedido de habilitação conforme previsto no Artigo 23 da IN/RFB nº 1.784/2020, permitindo ao requerente a manifestação de novo Requerimento conforme observamos nos itens 1.1.3 e 1.1.4 neste tópico. Observação: Conforme analisamos até aqui, o indeferimento ao pedido de Habilitação do CNPJ ao Sistema RADAR pode ocorrer por fatores que não condizem com a natureza do pedido e Habilitação, podendo ser dúvidas da Receita Federal quanto à comprovação da Origem dos Recursos Financeiros da empresa, dentre outros pontos de análise fiscal sobre o CNPJ. A seguir analisaremos as Modalidades de Habilitação junto ao Sistema RADAR da RFB. Divisão das Modalidades I. Expressa. O Artigo 16 da IN/RFB n.º 1.984/2020, apresenta as empresas que obterão a Habilitação na Modalidade Expressa, sendo elas: “... a) pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas em bolsa de valores ou no mercado de balcão, e suas subsidiárias integrais; ou; b) empresa pública ou sociedade de economia mista...” Fonte: IN RFB Nº 1984 - 2020 (fazenda.gov.br) Página 18 CONSULTORIA ADUANEIRA II. Limitada Segundo o Artigo 17 da IN/RFB n.º 1.984/2020, serão concedidas Habilitações no Sistema RADAR, limitadas a valores para Importações de até USD 50.000,00 (cinquenta mil dólares estadunidenses), em períodos consecutivos de 6 meses, ou a valores de até USD 150.000,00 (cento cinquenta mil dólares estadunidenses), a depender (tanto uma condição, quanto a outra), da capacidade financeira demonstrada pelo CNPJ no Requerimento de Habilitação de RADAR, observado anteriormente neste material. III. Ilimitada Serão habilitados na Modalidade Ilimitada do Sistema RADAR, os CNPJ´s, não enquadrados na Modalidade Expressa, além dos que possuírem capacidade financeira superior às manifestadas para a Modalidade Limitada, conforme previsto no Artigo 16, Inciso III da IN/RFB n.º 1.984/2020. Observação: Em qualquer uma das Modalidades de Habilitação, não há determinação de Limites de Valores para Exportação, ficando o CNPJ Exportador autorizado a praticar exportações de quaisquer valores a partir da obtenção de sua Habilitação junto ao Sistema RADAR da RFB. Observações Importantes. a) O Declarante de Mercadoria (empresa importadora ou exportadora brasileira), após obter a Habilitação em uma das modalidades vistas acima, poderá a qualquer tempo requerer uma Revisão de Estimativa de Capacidade Financeira conforme sua conveniência administrativa, visando nova adequação de seu CNPJ junto ao Sistema Radar da Receita Federal, desde que tal Revisão seja acompanhada de documentos comprobatórios que justifiquem tal pedido, por exemplo, se o CNPJ possui habilitação na modalidade Limitada, e deseja migrar para a modalidade Ilimitada, poderá apresentar o requerimento conforme previsto no Artigo 29 da IN/RFB nº 1.984/2020, podendo também requerer Revisão de Estimativa de Capacidade Financeira, para outra menor que a obtida anteriormente. b) A Receita Federal a qualquer tempo poderá de maneira independente promover Requisição de Revisão de Estimativa de Capacidade Financeira para o CNPJ, conforme Página 19 CONSULTORIA ADUANEIRA análise interna daquele órgão, desde que cumprindo os dispostos nos Artigo 38 a 45 da IN/RFB nº 1.984/2020. c) O CNPJ que não realizar nenhuma atividade de Comércio Exterior no prazo de 12 meses terá sua Habilitação no RADAR suspensa de ofício, devendo requerer nova Habilitação quando da realização de nova operação de Comércio Exterior, conforme Artigo 46 da IN/RFB nº 1.984/2020. 1.6 CRITÉRIOS DE ANÁLISE PELA RECEITA FEDERAL DO BRASIL De acordo com a IN/RFB n.º 1.984/2020, e Portaria da Coana n.º 72/2020, a Receita Federal do Brasil, ao receber o requerimento de Habilitação ao Sistema RADAR, considerará como critérios de análise para o CNPJ fatores como capacidade econômica e financeira, além de histórico de recolhimento tributário especialmente quanto aos tributos CLSS, IRPJ, PIS-PASEP e COFINS, Contribuição Previdenciária relativa aos funcionários, todos esses relativos aos 4 últimos anos anteriores ao protocolo de Requerimento da Habilitação junto ao Sistema RADAR. Nessa análise documental, conforme previsto no Artigo 2º da Portaria da Coana n.º 72/ 2020, a Receita Federal do Brasil, usará rigorosamente os poderes a ela conferidos para auditoria fiscal sobre o CNPJ, objetivando a comprovação da idoneidade tanto do(s) CPF(s) apresentados como Responsável(is) Legal(is) pelo CNPJ, quanto pelos dados da própria empresa, visando a contemplação de pleno gozo do direito de Habilitação junto ao Sistema RADAR, a partir da comprovação pela empresa, de que está satisfatoriamente comprovada sua legalidade em todos os requisitos de fiscalização previstos na legislação citada. Ao apresentar o Requerimento de Habilitação ao Sistema RADAR junto à Receita Federal do Brasil, a empresa estará ciente de que haverá uma análise fiscal sobre os documentos apresentados, bem como sobre o(s) CPF(s) do(os), da(as), Responsável(is), Legal(is) da empresa; tendo em vista que a fiscalização tem a premissa básica de que para que a Habilitação seja concedida, faz-se necessária a observação integral da regularidade da empresa, quanto aos aspectos financeiros, como também fiscais, além de comprovar a regularidade de quem se apresenta como Responsável Legal ou Representante Legal pela empresa. Essas comprovações são utilizadas pela RFB exatamente para comprovação da idoneidade da pessoa física quanto aos aspectos tributários e financeiros, principalmente considerando a comprovação da origem dos recursos manifestados em extratos bancários, Página 20 CONSULTORIA ADUANEIRA e balanços patrimoniais, documentos esses que podem ser solicitados pela Receita Federal durante o processo de Análise Fiscal para a concessão ou não, da Habilitação do CNPJ junto ao Sistema Radar da Receita Federal do Brasil. 2. LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR No dia 11 de novembro de 2020 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Portaria da Coana (Coordenação Geral da Aduana Brasileira), a Portaria Coana n.º 72/2020, a qual apresenta conteúdo instrutivo e normativo em relação aos procedimentos a serem adotados pelas empresas e pessoas físicas que desejarem requerer suas habilitações junto ao Sistema RADAR da Receita Federal, como praticantes de Comércio Exterior, tantona condição de Importador, quanto de Exportador. A seguir print de parte da primeira página da Portaria Coana n.º 72/2020. Auxílio para a compreensão. Vale a lembrança conforme observamos no início do material, que a Coana, é um Órgão da Administração Pública, vinculado diretamente ao Ministério da Economia, o qual tem a prerrogativa de estabelecer as normas para a prática do Comércio Exterior no Brasil. 2.1PORTARIA COANA N.º 72/2020 A referida Legislação apresenta os requisitos a ser cumprido pelas empresas requerentes da Habilitação ao Sistema Radar, considerando os aspectos fiscais e administrativos das organizações, por isso a necessidade de que ao se apresentar para a Página 21 CONSULTORIA ADUANEIRA Receita Federal visando obter a Habilitação do CNPJ ou CPF, junto ao Sistema RADAR, esteja(m) ciente(s) de que a situação fiscal, econômica e administrativa da empresa, (casos de CNPJ), manifesta total regularidade e nenhuma inconsistência quanto a valores declarados em Imposto de Renda, ou mesmo débitos e pendências tributárias que não sejam vinculados a acordos de negociação ou parcelamento junto aos órgãos credores, Receita Federal principalmente. Enfatizamos a necessidade de uma leitura analítica sobre a Portaria Coana n.º 72/2020, para compreensão mais enfática sobre o conteúdo da mesma, tendo em vista sua natureza normativa, o que permite ao requerente da Habilitação ao Sistema Radar, uma possibilidade de gestão documental suficiente quanto ao objetivo da Habilitação, a depender obviamente da realidade econômica, financeira e fiscal da empresa, o que será demonstrado à Receita Federal, através dos documentos relativos ao CNPJ, obedecendo aos requisitos e normas definidos na referida Portaria. 2.2INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 1.782/2018 E 1.783/2018. O modelo de apresentação de documentos à Receita Federal atualmente segue o padrão de documentação totalmente eletrônica, isto é; sem a necessidade de apresentação de jogos de documentos físicos (em papel) ao órgão público. Essa possibilidade é normatizada pela Legislação aqui comentada, sendo a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil, n.º 1.782 e nº 1.783/2018 as normas diretamente empregues na montagem e elaboração do Requerimento de Habilitação junto ao Sistema RADAR, quando houver o indeferimento a esse pedido, efetuado pelo próprio Sistema Portal Único Siscomex, conforme observado anteriormente nos sub temas 1.4.3 e 1.4.4 do Tema 1 mais acima. Tendo então ocorrido por alguma determinação de análise do próprio Sistema Portal Único o indeferimento ao pedido de Habilitação do CNPJ ao Sistema Radar, deverá o requerente então apresentar novo pedido, desta vez via Sistema e-CAC disponível no site oficial da Receita Federal, através do link https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/ login, conforme previamente analisamos no sub tema 1.4.4 mais acima. As IN/RFB nº 1.782 e nº 1.783/2018 apresentam então orientações técnicas quanto a formalidade para a apresentação dos documentos ao Sistema e-CAC, de forma que por elas, ou seja; mediante a leitura de ambas as normas, o requerente à Habilitação ao Sistema RADAR obterá instruções de como inserir no sistema e-CAC os documentos em formato PDF, bem como também entenderá os requisitos técnicos quanto à capacidade de tamanho dos documentos em MGB, para atender aos padrões do sistema, por isso a leitura das Página 22 CONSULTORIA ADUANEIRA referidas IN´s é recomendável para que em complementação a este material, permita ao prezado estudante, a compreensão clara para a elaboração e configuração documental de um Pleito de Habilitação ao Sistema Radar da RFB. 2.3INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 1.863/2018. Esta legislação determina as condições e normas para credenciamento da empresa junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o CNPJ, sem o qual não será possível requerer a Habilitação junto ao Sistema Radar da RFB, para possibilidade de prática de atividades relacionadas ao Comércio Exterior Brasileiro. 3. REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS A prática do Comércio Exterior no Brasil, conforme analisamos até aqui no presente conteúdo, é normatizada pela Coana e fiscalizada pela Receita Federal do Brasil. Todas as atividades de Importação ou Exportação devem seguir as normas e diretrizes operacionais presentes nas legislações disponibilizadas pelos órgãos citados, de forma que ao se realizar uma operação de Comércio Exterior, a empresa brasileira esteja agindo de acordo com as regras aduaneiras do País. Dentre essas regras aduaneiras, constam as formas de se praticar importações e exportações, isto é; as várias condições para que uma mercadoria adentre ao território nacional (importação), ou dele saia (exportação). As empresas podem optar por condições que melhor se enquadrem em suas estruturas operacionais para a prática de importações e exportações, bastando à leitura, análise e compreensão das regras aduaneiras na sua essência. Dentre essas regras, dispõem-se os Regimes Especiais Aduaneiros, que são mecanismos legais, e, portanto disponíveis na Legislação Aduaneira, que permitem a importadores e exportadores realizar seus negócios de Comércio Exterior de forma prática e planejada. O Autor João Alfredo Lopes Niegray, em sua obra “Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios Internacionais”, apresenta uma definição muito clara sobre Regimes Especiais Aduaneiros, “... De acordo com Luz (2010), os regimes aduaneiros especiais são aqueles nos quais há suspensão de exigibilidade dos tributos. Para Meira (2012, p. 344), são regimes distintos Página 23 CONSULTORIA ADUANEIRA do regime comum de importação e de exportação em decorrência de incentivos fiscais concernentes aos impostos sobre o comércio exterior e de controle aduaneiro em relação aos bens objeto da operação”. Folloni (2005, p. 184) ressalta que, além da diferenciação tributária os regimes aduaneiros especiais implicam distinções “também no que diz respeito à Fiscalização Aduaneira dos produtos que entram e saem do território nacional”, interferindo, assim, “na operacionalização administrativa da importação e da exportação” (NIEGRAY, 2016, p. 163). Fonte: NYEGRAY. João Alfredo Lopes. Legislação Aduaneira: Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. O primeiro Regime Especial Aduaneiro que analisaremos será: 1.1Trânsito Aduaneiro O Regime Especial Aduaneiro de Trânsito Aduaneiro pode ser utilizado tanto na Importação, quanto na Exportação, vejamos então seu conceito teórico, para uma melhor compreensão, logo considerando que o Beneficiário do Regime Aduaneiro Especial, será o Importador ou Exportador Brasileiro. I. Conceito O Decreto-Lei nº 37/1966 em seu Artigo 73 define o Trânsito Aduaneiro como sendo: “Art.73 - O regime de trânsito é o que permite o transporte de mercadoria sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos. Parágrafo único. Aplica-se, igualmente, o regime de trânsito ao transporte de mercadoria destinada ao exterior”. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0037.htm Na prática significa compreender a seguinte operacionalização para utilização do Regime Aduaneiro Especial de Trânsito Aduaneiro. a) Trânsito Aduaneiro na Importação Ao realizar uma Importação, na chegada da carga ao Porto, Aeroporto ou Fronteira Terrestre, definidos como Zona Alfandegária Primária pelo Decreto nº 6.759/2009, o Página 24 CONSULTORIA ADUANEIRA Importador tem a possibilidade de requerer que essa mercadoria seja removida para um Recinto Aduaneiro em Zona Alfandegária, que de acordo com o mesmo Decreto nº 6.759/ 2009, compreende todo o restante do território nacional, além dos portos, aeroportos e fronteiras terrestres, sendo que esta remoção de uma dessas Unidades de Zona Alfandegária Primária, para outro Recinto Aduaneiro de Zona Alfandegária Secundária, deve ocorrer mediante solicitação do Importador à Receita Federal. Ao chegar em Zona Alfandegária Primária, a mercadoria após ser autorizadapela Receita Federal presente nesta Zona Alfandegária Primária (porto, aeroporto, ou fronteira terrestre), será liberada para trânsito aduaneiro até uma Alfândega estabelecida em Recinto Aduaneiro de Zona Alfandegária Secundária, que vem a ser um CLIA (Centro Logístico Integrado Aduaneiro), definido pela Portaria da extinta Secretaria da Receita Federal n.º 967/2006, o qual se configura em um espaço físico estruturado com pátio, armazém e demais estruturas físicas capazes de atender a disponibilidade de postos fiscais dos órgãos fiscalizadores da Aduana Brasileira, com destaque para a Receita Federal do Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essa remoção da carga importada até o Recinto Aduaneiro de Zona Alfandegária (CLIA) será realizado por uma transportadora devidamente habilitada junto à Receita Federal para executar tal procedimento. O transporte será realizado com a suspensão do recolhimento dos tributos incidentes na Importação, para que seu recolhimento ocorra na chegada da carga ao Recinto Aduaneiro de Zona Alfandegária Secundária (CLIA) no momento do Registro da Declaração de Importação, que é o principal documento de instrução de Despacho Aduaneiro para a Receita Federal, documento esse elaborado pelo Importador, ou por seu Representante Legal, conforme a IN/RFB n.º 680/2006 e IN/RFB n.º 2.002/2020. A IN/RFB n.º 1.918/2019 concede as orientações para realização do Trânsito Aduaneiro, inclusive fornecendo a normatização necessária para as transportadoras desejosas em habilitar seus CNPJ´s para prestação desse serviço junto a Importadores. b. Trânsito Aduaneiro na Exportação Nas exportações brasileiras a empresa terá a opção de direcionar a carga com destino ao exterior através de um CLIA (Centro Logístico Integrado Aduaneiro), para que nele se efetive o Início do Trânsito Aduaneiro, no qual a Receita Federal processará o Despacho Aduaneiro de Exportação previsto na Instrução Normativa n.º 1.702/2017; para que daquele Recinto Alfandegado seja removida via Trânsito Aduaneiro até o Ponto de Saída para o Página 25 CONSULTORIA ADUANEIRA Exterior, que será uma Zona Alfandegária Aduaneira, Porto, Aeroporto, ou Fronteira Terrestre, onde a carga chegará já desembaraçada para a exportação. II. Fundamento Legal Embora tenhamos comentado sobre a Fundamentação Legal para a operacionalização do Regime Aduaneiro Especial de Trânsito Aduaneiro nos sub temas acima, enfatizamos neste momento os principais pontos da Legislação Aduaneira praticável sobre o Regime Especial Aduaneiro em questão, com destaque para as seguintes normas legais: - IN/RFB n.º: 1.918/2019. - IN/RFB n.º: 1.702/2017. - IN/RFB n.º: 680/2006. - IN/RFB n.º: 2.002/2020. - Decreto-Lei n.º 37/1966. - Decreto n.º 6.759/2009. III. Vantagens e Desvantagens A utilização do Regime Especial Aduaneiro Trânsito Aduaneiro permite uma clara compreensão de que se opta por sua prática, a empresa estará em busca de um artifício legal que lhe conceda comodidade na operação logística, portanto as vantagens são desde transferência da carga para um Recinto Aduaneiro geograficamente mais próximo da organização, além de poder optar pela condição de negociar valores de armazenagem (período em que a carga importada ou a ser exportada permanece no Recinto Aduaneiro), com as empresas administradoras dos CLIA´s (Centros Logísticos Integrados Aduaneiros). Difícil elencar alguma desvantagem no uso deste Regime Especial Aduaneiro, pois para não incorrer em nenhuma, basta ao importador ou exportador brasileiro, não utilizá-lo. 1.2Entreposto Aduaneiro Outro mecanismo de estratégia operacional disponível para as empresas atuantes no Comércio Exterior Brasileiro é o Entreposto Aduaneiro sendo também uma importante ferramenta para planejamento estratégico dos importadores e exportadores brasileiros. Página 26 CONSULTORIA ADUANEIRA I. Conceito. I.I Entreposto Aduaneiro na Importação. “... O Regime de Entreposto Aduaneiro na importação permite que mercadorias sejam depositadas em local determinado e sob controle fiscal, com suspensão do pagamento de tributos. As operações serão conduzidas sem cobertura cambial, exceto quando o produto importado for destinado à exportação. Nesse caso, a importação terá cobertura cambial ...”. Fonte: SEGRE, German. Manual Prático de Comércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2012. Na prática o Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Aduaneiro compreende a Importação de determinada quantidade de mercadorias, a qual o Importador manterá alfandegada, isto é; armazenada em um Recinto Aduaneiro Habilitado para operar o referido Regime junto à Receita Federal. O tempo de permanência será de até um ano (a partir do desembaraço da Declaração de Importação de Admissão ao Regime registrada no Siscomex), prorrogável por igual período, desde que solicitada pelo Importador à Receita Federal, antes do vencimento do primeiro ano, e por razões especiais, podendo ser prorrogada por período até 3 anos (vide Decreto n.º 6.759/2009, Artigo 408, Parágrafo 1º). Na medida em que as mercadorias são vendidas, o importador recolhe os tributos relativos à quantidade vendida, até que totalize a quantidade importada, desde que no prazo legal, visto acima. I.II Entreposto Aduaneiro na Exportação. “... Da mesma forma que algumas mercadorias importadas, algumas mercadorias destinadas à exportação também podem ficar entrepostadas ...”. Fonte: NYEGRAY, João Alfredo Lopes. Legislação Aduaneira: Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. O Regulamento Aduaneiro editado no Decreto n.º 6.759/2009, Parágrafo 1º, apresenta as duas modalidades deste Regime entre Comum e Extraordinário, sendo a primeira delas aquela em que o exportador mantém mercadorias destinadas à exportação, em Armazém Página 27 CONSULTORIA ADUANEIRA de Uso Público, normalmente em um CLIA (Centro Logístico Integrado Aduaneiro), com suspensão dos tributos, para serem destinadas ao exterior a partir do momento em que a venda seja concretizada. Já a segunda, a qual envolve o Regime de Entreposto Aduaneiro na Modalidade Extraordinária, permite o armazenamento de mercadorias destinadas à exportação em local/ armazém de uso privativo, com suspensão dos tributos, antes do embarque para o exterior, entretanto será permitido apenas à empresa qualificada como Comercial Exportadora, conforme a Instrução Normativa da Receita Federal n.º 241/2002; Decreto nº 6.759/2009, Artigo 410, Parágrafos 1º, 2º e 3º; Decreto-Lei n.º 1.475/1976, Artigo 10º, Parágrafo 1º. I.III Regime de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado – Recof. O Decreto n.º 6.759/2009, em seu Artigo 420, define este Regime Especial Aduaneiro, como sendo: “... O Regime de Entreposto Industrial sob Controle Aduaneiro Informatizado – Recof, é o que permite à empresa, importar com ou sem cobertura cambial, e com suspensão do pagamento dos tributos, sob controle aduaneiro informatizado, mercadorias que, depois de submetidas a operação de industrialização, sejam destinadas à exportação...”. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm I. Fundamento Legal Orientações Legais para aplicação do Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Aduaneiro podem ser encontradas na IN/RFB n.º 241/2002, no Decreto n.º 6.759/2009 e no Decreto-Lei n.º 1.455/1976, sendo essas as principais fundamentações legais, as quais ao serem consultadas, poderão direcionar à leitura de outras fundamentações legais complementares. II. Vantagens e Desvantagens A operacionalização do Regime Aduaneiro Especial Entreposto Aduaneiro permite vantagens às empresas, na medida em que permite, por exemplo, a importação de grande quantidade de mercadorias, sem que necessariamente os tributos incidentes na Importação (Imposto de Importação, IPI, PIS-PASEP, Cofins e ICMS), sejam recolhidos integralmente, isto é, a importação pode ocorrer sem que ocorra desembolso de caixa para recolhimentoPágina 28 CONSULTORIA ADUANEIRA destes tributos para toda a carga importada, tendo em vista que a tributação na importação, somente irá ocorrer proporcionalmente às quantidades vendidas ou comercializadas no prazo de vigência do Regime, conforme visto anteriormente. Na prática significa dizer, por exemplo, que uma empresa ao importar 2000 unidades de pares de sapatos para revenda, mantém essa quantidade armazenada em um armazém de uso público - (CLIA) - sem recolher nenhum imposto, mediante o desembaraço da Declaração de Admissão ao Regime Aduaneiro, que é um documento elaborado no Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, pelo Importador, ou seu Representante Legal (Despachante Aduaneiro), no qual consta a quantidade total de mercadorias importadas. Tendo ocorrido esse Desembaraço Aduaneiro, que é de fato a liberação da Receita Federal para continuidade e utilização do Regime Especial de Entreposto Aduaneiro, o Importador poderá então efetivar as vendas de seus produtos importados, digamos que tenha vendido 150 pares de sapatos, 28 dias após este desembaraço aduaneiro ter ocorrido, então irá recolher os tributos incidentes na importação, sobre o Valor Aduaneiro referente a esses 150 pares de sapatos, e assim o fará até que as 2000 unidades de pares, sejam totalmente vendidas, e tributadas conforme as vendas ocorrerem, sempre lembrando do cumprimento do prazo de um ano, prorrogável por igual período, e em situações justificáveis, podendo ser prorrogável por até 3 anos, pela Receita Federal do Brasil. Nesse contexto as principais vantagens, são a não utilização de fluxo de caixa da empresa para recolhimento de tributos integrais sobre a carga importada, pois a tributação somente ocorrerá conforme as vendas forem acontecendo. Como desvantagem apenas pode-se dizer que se por acaso não ocorrerem vendas no período da vigência do regime, o Importador deverá antes do término do mesmo, nacionalizar a carga importada, ou seja; recolher a totalidade dos tributos incidentes na Importação, e se tal procedimento ocorrer após a vigência do prazo do Regime, esse recolhimento será acompanhado de multas e juros legais. 1.3Drawback Integrado O Regime Aduaneiro Especial de Drawback é o que permite a importação com suspensão de tributos incidentes na importação de insumos, matéria-prima ou material de embalagem para serem empregues na produção de bens e mercadorias destinados à exportação. Página 29 CONSULTORIA ADUANEIRA 1 AFRMM – Adicional sobre o Valor do Frete Internacional Marítimo, aplicada ao percentual de 25% sobre este valor de frete, que deverá ser recolhida pelo Importador Brasileiro à Receita Federal do Brasil. Legislação: Lei n.º 10.893/2004. I. Drawback Suspensão Ocorrerá com a suspensão do recolhimento dos tributos incidentes na Importação (Imposto de Importação, IPI, PIS-PASEP, Cofins e ICMS, e ainda Taxa de Marinha Mercante “AFRMM”1 essa última incidente apenas nas importações pelo modal aquaviário marítimo), sendo que os materiais importados deverão ser empregues em processo de industrialização de mercadorias e bens a serem destinados à exportação, de forma que isso ocorra em até um ano a partir da importação, para que a suspensão dos tributos possa ser de fato compensada, pela execução da exportação, venda ao exterior. I. Drawback Isenção A utilização desta modalidade de Drawback ocorrerá para substituição de estoque empregue no processo de industrialização, em relação a insumos que tenham sido empregues na produção de bens e mercadorias exportados, ou seja; a diferença entre esta modalidade (Isenção), e a que observamos anteriormente (suspensão), é que neste caso presente, a empresa utiliza insumos, matérias-primas, e/ou material de embalagem, na fabricação de bens e mercadorias destinados à exportação, porém sobre os quais tenha ocorrido a tributação. Então, como a utilização desses insumos foi destinada a produção de bens destinados à exportação, a empresa tem o direito de requerer a possibilidade de importar quantidade, e similares insumos, sem o recolhimento de tributos, pois a exportação de bens produzidos a partir daqueles insumos, já ocorreu. Importante dado nesta modalidade, é que o referido benefício fiscal (isenção) pode ser solicitado apenas para insumos, matérias-primas ou materiais de embalagens, que tenham sido importados no máximo até 2 anos anteriores a data da efetiva exportação, por isso a necessidade de uma organização administrativa muito eficiente, especialmente na parte documental das empresas importadoras e exportadoras, para que a qualquer tempo possam se valer dos documentos em plena ordem. II. Conceito Como Conceito do Regime Aduaneiro Especial de Drawback o Decreto n.º 6.759/2009, em seu Artigo 383, define que se trata de um Incentivo às Exportações. Página 30 CONSULTORIA ADUANEIRA Criado em 1966 pelo Decreto-Lei n.º 37, o Regime Aduaneiro Especial de Drawback, é o que permite às empresas exportadoras, a possibilidade de ganhos competitivos no exterior, pois seu processo produtivo será desonerado de tributação, permitindo assim a prática de preços de venda no exterior compatíveis com os praticados por empresas estrangeiras, tornando o produto brasileiro atrativo ao mercado internacional. III. Aplicação A parte operacional do Regime Aduaneiro Especial de Drawback compreende a abertura de um Ato Concessório de Drawback a ser visto em subtemas subsequentes, em Sistema Eletrônico do Ministério da Economia específico para esta finalidade e deverá ocorrer sempre antes da realização da importação, no caso da Modalidade de Drawback Suspensão. Este documento denominado Ato Concessório de Drawback, será formulado pelo Importador ou seu Representante Legal, Despachante Aduaneiro, requerendo à Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, o direito de importar insumos, matérias-primas e/ou materiais de embalagens, com a Suspensão do Recolhimento dos Tributos, mediante o compromisso firmado em Termo de Responsabilidade neste documento Ato Concessório, de que no prazo de até 1 ano, deverá comprovar a exportação de bens ou mercadorias que tenham utilizado em seu processo produtivo, os tais produtos importados sem o recolhimento dos tributos. IV. Benefícios Fiscais A suspensão do recolhimento dos impostos incidentes na importação, a saber: Imposto de Importação, IPI, PIS-PASEP, Cofins e ICMS, e ainda Taxa de Marinha Mercante “AFRMM”, esta última apenas nas importações realizadas pelo modal aquaviário e marítimo. A isenção do recolhimento desses impostos incidentes na importação, para reposição de estoque de insumos, matérias-primas, e/ou materiais de embalagens, empregues na produção de bens e mercadorias exportados, desde que a reposição seja por importação, ou aquisição no mercado interno, ocorra em no máximo 2 anos após a realização da exportação devidamente comprovada, através de laudo de fabricação e desembaraço da Declaração Única de Exportação junto à Receita Federal do Brasil. Página 31 CONSULTORIA ADUANEIRA V. Solicitação do Pedido de Drawback A empresa interessada em operar o Regime Aduaneiro Especial de Drawback irá formular pedido de abertura de Ato Concessório de Drawback, por meio da internet, utilizando o Certificado Digital de acesso aos Sistemas de Comércio Exterior, amparados pelo Siscomex dentre eles o módulo destinado à Gestão do Drawback com acesso pelo link: https://siscomexc.desenvolvimento.gov.br/Drawback_VerdeAmarelo/drawback_menu.do Essa solicitação como participante do Regime Aduaneiro Especial Drawback, será feita, portanto, anteriormente à realização da Importação no caso de Drawback na Modalidade Suspensão, para que no momento em que a Importação desembarcar no Brasil o Importador goze do Benefício Fiscal de não recolher tributos incidentes na Importação, comprometendo- se a aplicar tal importação, em processo de industrialização de bens e mercadorias que serão destinados à exportação. A solicitação será eletrônica (vide link citado acima), mediante o fornecimento de dados prévios e previstosquanto às quantidades de matéria-prima a ser importada, bem como de bens e mercadorias a serem exportados, devendo haver uma relação técnica entre a classificação fiscal (NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul) da Importação com a que será utilizada na exportação para que de fato fique comprovada a aplicação da importação sem tributação, ao processo de industrialização com a finalidade de exportação. VI. Controle do Drawback Caberá tão somente à empresa importadora e exportadora, o controle administrativo do Ato Concessório de Drawback, devendo neste caso existir uma coesa participação de todos os departamentos da(s) empresa(s) envolvidos no processo desde a compra, passando pelas fases de produção, até a venda ao exterior (exportação). Tal controle necessita de tamanha organização documental, pois compreende o efetivo de todos os registros desde entrada em estoque, valores envolvidos na importação, quantidades aplicadas na industrialização, resultados obtidos na produção, pois todas as informações serão apresentadas à Receita Federal no momento do Encerramento/Baixa do Regime Aduaneiro Especial de Drawback, para que a partir deste momento, a empresa fique de fato desobrigada quanto aos tributos incidentes na Importação, e que ela não os recolheu exatamente por ter requerido o direito à suspensão mediante o compromisso de apresentar uma contrapartida, que seria a exportação de bens e mercadorias produzidos, ou transformados, com a utilização do houvera sido importado sem tributação. Página 32 CONSULTORIA ADUANEIRA VII.Baixa do Regime Aduaneiro Especial de Drawback Após o processo de importação ter ocorrido, bem como a produção dos bens e/ou mercadorias ter sido finalizados com a exportação dos mesmos, deverá ser solicitada à Secex, a baixa do Ato Concessório de Drawback, para que o processo seja concluído, isto é; encerrado e o CNPJ importador esteja desobrigado de fato quanto à tributação que teria incidido na importação, caso esta houvesse ocorrido sem a utilização do Regime Aduaneiro Especial de Drawback. O pedido da Baixa do Ato Concessório de Drawback, a exemplo do pedido de abertura, se dará de forma eletrônica, podendo haver a apresentação de documentos via upload em extensões PDF para que a Secex receba os documentos, como laudo técnico de produção, onde se demonstre tecnicamente a aplicação do que fora importado, ao que fora exportado, havendo a necessidade de comprovação técnica quanto a relação entre a importação e a exportação, que na prática nada mais é, que comprovar que o que foi importado sem recolhimento de impostos, foi de fato utilizado para fabricar, transformar ou embalar bens e mercadorias exportados, sempre com muita atenção aos prazos mencionados ao longo deste tema. Observações Especiais sobre o Drawback Permite-se a prática do Drawback entre duas empresas, podendo uma delas ser a importadora de insumos, matérias-primas e/ou materiais de embalagens, para que esta após o desembaraço de importação sem o recolhimento de tributos (Drawback Suspensão), revenda esses para uma terceira empresa que realizará a industrialização dos bens e mercadorias a serem exportados, portanto havendo neste caso o compartilhamento de responsabilidades, quando a empresa importadora se compromete a importar sem recolher tributos, mediante o compromisso formal com a empresa exportadora, de que esta ao finalizar o processo de industrialização, obrigatoriamente empregará os bens e mercadorias produzidos a partir do que fora importado, em vendas ao exterior, isto é; exportação. Neste caso, a empresa exportadora, será a responsável por solicitar a baixa do Ato Concessório de Drawback, após o processo de industrialização e exportação, sempre também respeitando o prazo de um ano para exportar, a partir do desembaraço da importação, com prorrogação de prazo por igual período, desde que tal solicitação ocorra durante a vigência desse primeiro ano. Página 33 CONSULTORIA ADUANEIRA IX. Fundamentação Legal do Regime Aduaneiro Especial de Drawback O Decreto-Lei n.º 37/1966 é o criador do Regime no Brasil, tendo sido futuramente validado pelo Decreto n.º 6.759/2009, além de outras Instruções Normativas e Leis que versam sobre o tema de maneira específica, a variar conforme a utilização do Regime Aduaneiro Especial de Drawback. 4. INFRAÇÕES E PENALIDADES ADUANEIRAS A prática do Comércio Exterior requer estudo, organização, dedicação ao aprendizado, disponibilidade de tempo, além de outros requisitos que podem variar de acordo com o formato dos negócios, mas em qualquer deles é fundamental a busca pelo conhecimento técnico seja nas importações, como também nas exportações. Esse conhecimento técnico diz respeito à avidez do Profissional do Comércio Exterior pelo estudo das fundamentações legais, isto é; das normas aduaneiras presentes sobre os processos de importação e exportação nos quais esteja envolvido(a). Recomendamos muito que a legislação aduaneira citada nesta apostila, seja na medida do possível, anotada, e marcada de forma que seja possível ao Profissional de Comércio Exterior, a leitura sempre que necessária, acompanhada de boas referências bibliográficas e fontes de consulta técnica atualizada. As Infrações e Penalidades Aduaneiras ocorrem sempre que realizamos uma importação ou exportação, contrariamente a algum requisito determinado exatamente pela legislação aduaneira, a qual seja instrutiva ao trabalho que estamos realizando, por exemplo: Para as Importações, é fundamental que tenhamos sempre à disposição para a leitura a IN/RFB n.º 680/2006, o Decreto n.º 6.759/2009. E para as exportações, especialmente a IN/ RFB n.º 1.702/2017, além de todas as que observamos ao longo desta apostila, pois a cada processo de importação e ou exportação, dúvidas podem surgir e a legislação aduaneira referida sobre o tema de nossa prática (importação ou exportação) é que elucidará dúvidas e minimizará a possibilidade de incorremos em infrações aduaneiras. As Infrações são falhas técnicas ou mesmo intencionais, praticadas por importadores, exportadores ou seus representantes legais, ao executarem alguma função no Sistema Integrado de Comércio Exterior - Siscomex, na importação ou na exportação, de forma que fique caracterizada a prática de ato contrário ao determinado pela legislação aduaneira, e essa contrariedade será manifestada pela Receita Federal (quando de oficio em ato de fiscalização). Ou também podendo ser manifestada de forma espontânea pelo praticante Página 34 CONSULTORIA ADUANEIRA da infração, ao órgão fiscalizador mediante apresentação de documentos pelos meios disponíveis de comunicação com esses órgãos sendo na maioria das vezes, o Portal Único do Siscomex - https://www.portalunicosiscomex.gov.br e o e-CAC - https:// cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login. 4.1DISTINÇÃO ENTRE INFRAÇÕES ADUANEIRAS E TRIBUTÁRIAS. O Decreto n.º 6.759/2009 no Artigo 673 define que “... Constitui Infração toda a ação, voluntária, ou involuntária, que importe inobservância por parte de pessoa física ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada neste Decreto ou em Ato Administrativo de caráter normativo, destinado a completá-lo...”. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm Ainda utilizando como fonte de estudo o próprio órgão normativo, a Receita Federal, vejamos a definição deste, em relação à ocorrência da Infração Aduaneira. “Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte de pessoa física ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada na legislação aduaneira vigente”. A responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, da natureza e da extensão dos efeitos do ato, salvo disposição expressa em contrário. Respondem pela infração: Conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; A pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova,de qualquer mercadoria; Entre outros. Fonte: https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/remessas-postal- e-expressa/topicos/Infracoes_e_penalidades As infrações aduaneiras são as práticas de atividades operacionais em processos de importações ou exportações, nas quais ocorram descumprimentos de normas legais definidas em ato normativo, por exemplo, o Regulamento Aduaneiro (Decreto n.º 6.759/ 2009) ou as Instruções Normativas publicadas pela Receita Federal do Brasil, além de Página 35 CONSULTORIA ADUANEIRA Portarias da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), bem como de outros atos normativos de outros órgãos ou do próprio Poder Executivo. Tais infrações dizem respeito, por exemplo, a não manifestação de carga em Recinto Alfandegário em momento determinado pela Receita Federal para exercício de fiscalização; extravio de carga em Recinto Alfandegado; descrição inexata, incompleta ou errada de mercadoria importada, ou a ser exportada; ou ainda a outros descumprimentos de normas definidas em atos específicos da legislação aduaneira, que obviamente tenha direta ligação com o fato em si, seja carga de importação, ou exportação, ou ainda atos administrativos relativos a prestação de informações por parte da empresa importadora ou exportadora brasileira, perante o fisco federal, diga-se Receita Federal do Brasil. As Infrações Tributárias são as faltas cometidas pelo Importador, exportador ou seu representante legal (Despachante Aduaneiro), no que diz respeito à tributação incidente em processos de importação ou exportação, por exemplo, quando a empresa ao importar determinada mercadoria comete um erro técnico de classificação fiscal (NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul), sendo que esse erro provoque um aumento de tributos em relação às alíquotas a serem aplicadas na correção da NCM, caracterizando portanto uma Infração Tributária, fato que gerou o chamado Dano ao Erário, isto é; recolhimento do tributo menor que o valor devido, prejudicando a arrecadação tributária (Dano ao Erário). As infrações tributárias também são manifestadas ao ocorrer, por exemplo, uma importação na qual a empresa importadora manifesta ao Sistema Integrado de Comércio Exterior, um valor menor em relação ao de fato praticado junto ao Fornecedor no Estrangeiro para aquela mercadoria, caracterizando então a chamada “Sonegação Fiscal”, que vem a ser o recolhimento de tributo menor que o valor devido, por ato ilícito praticado pelo Sujeito Passivo Tributário (que vem a ser o contribuinte, nesse caso o Importador). Ao ocorrer tal prática o Importador recolhe valor de tributo menor que o devido, pois de acordo com o Artigo 77 do Decreto n.º 6.759/2009, a composição do Valor Aduaneiro, que servirá de Base de Cálculo para o primeiro Imposto incidente na Importação, que inclusive leva o mesmo nome (Imposto de Importação), de forma que havendo, por exemplo, declaração menor de valor de mercadoria para a composição deste Valor Aduaneiro, o Importador terá recolhido tributação menor que a devida, caracterizando, portanto, a Infração Tributária, a qual deverá ser penalizada com a cobrança da diferença do tributo que deixou de ser recolhido, acrescida de multa prevista no Artigo 44 da Lei n.º 9.430/1996, em conjunto com o Artigo 702 do Decreto n.º 6.759/2009. Há entretanto, o benefício de redução desta multa, ao sujeito passivo (devedor do tributo), que ao recolher a referida multa, o fizer no prazo determinado pelo fisco, podendo para Página 36 CONSULTORIA ADUANEIRA tanto observar a Lei n.º 8.218/1991 em seu Artigo 6º; bem como o Decreto n.º 6.759/2009 em seu Artigo 732. 4.2 DENÚNCIAS ESPONTÂNEAS E INFRAÇÕES ADUANEIRAS Quando o Importador, Exportador ou seu Representante Legal ao perceber possível infração aduaneira apresentará ao fisco (Receita Federal), por sua própria vontade a intenção em corrigir o erro, está então caracterizada a Denúncia Espontânea, na qual por sua própria força de vontade a empresa apresentou a possiblidade de correção do erro (infração), o que lhe eximirá de multa salvo exceções em que essa espontaneidade seja encerrada a partir do início do Despacho de Importação previsto na IN/RFB n.º 680/2006, ou em outras circunstâncias operacionais conforme determina o Artigo 734 do Decreto n.º 6.759/2009. 4.3EMBARAÇO A FISCALIZAÇÃO NA ÁREA ADUANEIRA A empresa importadora ou exportadora brasileira, que ao manifestar uma carga de importação ou a ser exportada, para fiscalização junto à Receita Federal do Brasil, incorrerá em embaraço à fiscalização, quando de alguma maneira dificultar, ou impedir a ação da fiscalização, inclusive por descumprimento de prazo em relação a alguma intimação fiscal para reposta a alguma exigência fiscal no curso do despacho aduaneiro, ou mesmo após sua conclusão. O Artigo 728 do Decreto n.º 6.759/2009 apresenta a aplicação de multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a quem incorrer na prática de uma dessas situações acima descritas; inclusive estendendo a aplicação da multa a outras ocorrências contrárias às boas práticas aduaneiras por parte dos envolvidos em processos de importação ou exportação, podendo ser, importador, exportador, despachante aduaneiro, transportador, ou outro participante interveniente na condução logística e operacional aduaneira de cargas destinadas à exportação ou importadas. Página 37 CONSULTORIA ADUANEIRA REFERÊNCIAS Sites Consultados: https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior Acesso em: fevereiro/2021. https://receita.economia.gov.br/interface/lista-de-servicos/mobile/dte/dte-optar- pelo-domicilio-tributario-eletronico Acesso em: fevereiro/2021. h t t p : / / s e r v i c o s . r e c e i t a . f a z e n d a . g o v. b r / S e r v i c o s / c n p j r e v a / Cnpjreva_Solicitacao.asp?cnpj=33978923000171 Acesso em: fevereiro/2021. https://portalunico.siscomex.gov.br/portal/#/ Acesso em: fevereiro/2021. h t t p : / / n o r m a s . r e c e i t a . f a z e n d a . g o v . b r / s i j u t 2 c o n s u l t a / link.action?visao=anotado&idAto=113638 Acesso em: fevereiro/2021. https://cav.receita.fazenda.gov.br/autenticacao/login Acesso em: fevereiro/2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0037.htm Acesso em: fevereiro/2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6759.htm Acesso em: fevereiro/2021. https://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/remessas-postal- e-expressa/topicos/Infracoes_e_penalidades Acesso em: fevereiro/2021. Livros Consultados: FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o Comércio Exterior. São Paulo: Dialética, 2011. Página 38 CONSULTORIA ADUANEIRA LUZ, Rodrigo. Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. Rio de Janeiro: Elservier, 2010. MEIRA, Liziane Angelotti. Integração Regional e Tributos sobre o Comércio Exterior no Mercosul. Revista da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, ano I, n.º 2, p. 53-71, 2008. Disponível em: <http://www.pgfn.fazenda.gov.br/revista- pgfn/ano-i-numero-ii-2011/008.pdf>. Acesso em: maio de 2016. NYEGRAY, João Alfredo Lopes. Legislação Aduaneira: Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. SEGRE, German (org.). Manual Prático de Comércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2012. Página 39 CONSULTORIA ADUANEIRA
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