Drogas: Conceitos e Classificação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL 
ALAN R F PAZ JÚNIOR
PASSO FUNDO 2021
DROGAS
Conceito: Dependência é uma relação alterada entre um individuo e seu modo de consumir uma substancia. É importante saber se existe uso de drogas mas identificar seu grau de desenvolvimento é fundamental. Além disso, é preciso entender como os sintomas são moldados pela personalidade dos indivíduos e pelas influencias sócio-culturais.
Padrões de consumo: 
1. Não existe consumo absolutamente isento de riscos, mas é considerado de baixo risco quando o consumo é comedido e cercado de precauções. 
1. Quando apresenta problemas sociais (brigas, falta no emprego), físicos (acidentes) e psicológicos (agressividade) relacionada àquele episódio de consumo = uso nocivo.
1. Quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência (falta da substancia causa sintomas) e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e/ ou psicológicos = dependência (precisa ter abstinência)
Uso nocivo: é um padrão de uso que causa dano à saúde física ou mental, Não desenvolve síndrome de abstinência ou tem um padrão diário de consumo, para evitar mal-estar, no entanto, quando usam drogas se comprometem socialmente (acidentes, brigas, falta no dia seguinte). Uso em padrão de “binding” – não bebe todos os dias, mas quando ingere bebida é em grandes quantidades e isso lhe gera problemas.
1. Diagnóstico de uso nocivo: requer que um dano real deva ter sido causando à saúde física e mental do usuário. Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão associadas a consequências sociais diversas de vários tipos. A intoxicação aguda ou a “resseca” não é por si mesma evidencia suficiente do dano à saúde requerida para codificar uso nocivo. O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um transtorno psiquiátrico ou outra forma especifica de transtorno relacionada ao uso de drogas ou álcool está presente.
Dependência: 
Para diagnóstico, precisa ter 3 ou mais dos seguintes requisitos:
1. Um forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância
1. Dificuldades em controlar o consumo da substancia em termos de seu inicio, término e níveis de consumo
1. Estado de abstinência quando o uso da substancia cessou ou foi reduzido ou o uso da mesma substância com intenção de aliviar os sintomas de abstinência
1. Evidencia de tolerância, em doses crescentes são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas
1. nteresses alternativos em favor do uso da substancia, aumento do tempo necessário para se recuperar de seus efeitos
1. Persistência no uso, a despeito de evidencia de consequências nocivas
Legislação: A ilegalidade das drogas varia de acordo com a época e os costumes de cada país. Drogas hoje proscritas na maioria dos países, como a cocaína e heroína, já foram aceitas como medicamentos ou como hábitos sociais admitidos em muitas sociedades. O álcool já teve seus dias de ilegalidade e hoje faz parte da cultura da quase totalidade dos países. A nova lei antidrogas pretende aumentar as penas para o tráfico. A diferença é a possibilidade da substituição da pena por tratamento. No entanto, caso o usuário recuse o tratamento o juiz poderá revogar a substituição e aplicar a pena de reclusão.
1. Em relação ao tabaco e às bebidas alcoólicas: a propaganda esteja sujeita a restrições legais e advertências sobre os malefícios decorrente do seu uso.
1. O estatuto da criança e do adolescente: restrições para publicações destinadas ao publico infanto-juvenil. Proíbe também a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos
1. O código de transito brasileiro proíbe o condutor de veiculo dirigir alcoolizado em qualquer nível. A infração, neste caso é considerada gravíssima, sujeitando o infrator às penalidades de multa, de apreensão do veiculo e da suspensão do direito de dirigir.
Uso de drogas no Brasil:
Álcool > Tabaco > Qualquer droga ilícita > Maconha > Solventes > Ansiolíticos > Cocaína > Anfetaminas
Classificação: Todas as drogas psicotrópicas atuam sobre o sistema nervoso central. 
1. Classificação quanto aos efeitos farmacológicos: mais aceita, leva em conta o tipo de ação ou efeito que as drogas causam no cérebro, elas podem ser:
0. Depressoras do SNC
0. Estimulantes
0. Perturbadoras ou alucinógenas
- Drogas depressoras do SNC: Lentificam ou diminuem a atividade do cérebro, possuindo também alguma propriedade analgésica, pessoas sob efeito de tais substancias tornam-se sonolentas, lerdas, desatentas, desconcentradas. O álcool se encaixa nessa classificação, assim como benzodiazepínicos, barbitúricos, opiáceos e inalantes.
- Drogas estimulantes do SNC: Aumentam a atividade cerebral inibição de neurotransmissor inibitório (GABA e glutamato). Há aumento da vigília, da atenção, aceleração do pensamento e euforia, seus usuários tornam-se mais ativos, “ligados”. Exemplos: cocaína, anfetaminas e derivadors, nicotina, cafeína.
1. Os estimulantes: o Crystal (derivado das anfetaminas), a cocaína, o cigarro de tabaco (nicotina) e a noz de cola em pó (cafeína).
- Drogas perturbadoras do SNC: São aquelas relacionadas à produção de quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza visual. Não possuem utilidade clinica, tampouco pouco ser utilizados legalmente, alteração qualitativa do funcionamento do pensamento, não aceleram e nem lentificam o SNC, a mudança é qualitativa, a atividade cerebral fica perturbada. Ex: Mescalina, maconha, cogumelo (psilocibina), LSD, DMT (santo daime), MDMA, Anticolinérgicos naturais (lírio) e sintéticos (Artane, Bently).
1. O termo psicodélico foi utilizado nos anos setenta, como sinônimo de alucinógeno
1. Ele surgiu em meio ao movimento hippie e envolto na concepção de que os alucinógenos eram capazes de expandir os estados da mente
1. Associação com melhora da sensibilidade, da percepção do mundo, da realidade e da consciência sobre a humanidade – alteram questão do tempo
1. Abandonado nos últimos anos pelos cientistas, sempre se manteve presente no meio artístico e intelectual, intitulando, inclusive, movimentos artísticos desde então.
Classificação: 
Uma nova classe de drogas apareceu dentro das drogas sintéticas. São as chamadas designer drugs ou club drugs = desenhada, modificada. Obtidas pela manipulação laboratorial de outras drogas sintéticas, com o intuito de potencializar seus efeitos, minimizar reações adversas ou combinar novas sensações. Fruto da popularização e da banalização tecnológica, uma vez que são sintetizadas em laboratórios clandestinos, em escala doméstica. Consumidas por jovens frequentadores de dance clubs e festas denominadas raves. Exemplos: MDMA (ectasy), LSD, GHB E GBL, 2 CB E 2CT-7, 4MTA, PMA E PMMA, quetamina (special K), nitratos (poppers), fentanil, rohypnol, anfetaminas e metanfetaminas.
- Opiáceos: podem ser naturais, semi – sintéticose sintéticos.
1. Naturais: são aqueles extraídos diretamente de uma flor chamada papoula. Um liquido leitoso opio escorre do botão da papoula quando nele são feitos finos cortes. Nele encontram-se varias substancias: a morfina e a codeína
1. Semi-sintéticos: são obtidos em laboratório (sintéticos), mas a partir da molécula da morfina (natural). O opiáceo semi-sintético mais conhecido é a heroína
1. Sintéticos: foram criados totalmente em laboratório e quase todos possuem utilização médica, principalmente como anestésico geral e alivio de dores graves como no caso de câncer. O mais conhecido e que causa mais problemas de dependência de opiáceos no Brasil é a meperidina (Dolantina). São fabricados na forma de comprimidos ou ampolas.
# Os opiáceos podem ser consumidos por qualquer via de administração. Até o inicio do século XX, fumar o ópio era o hábito mais difundido. Com o aparecimento da heroína refinada, o barateamente das seringas e a busca por efeitos mais intensos, tornaram o uso endovenoso (pico) bastante popular entre os usuários de opiáceos na Europa e nos Estados Unidos.
Efeitos: Os opiáceos têm alto potencial de dependência.Doses excessivas podem levar á overdose, coma até mesmo à morte. As crises de abstinência são intensas e requerem internação. O compartilhamento de seringas aumenta o risco de infecções por bactérias e vírus, como a AIDS. 
Sintomas de intoxicção: Ativação ou ímpeto (com doses baixas) e sedação/ apatia (com altas doses). Euforia ou disforia, Sentimentos de calor, rubor facial e coceira (prurido generalizado). Juízo, atenção ou memoria prejudicados, analgesia, constipação, sonolência, depressão respiratória, arreflexia, hipotensão, taquicardia, apneia, sedação, coma.
Sintomas de abstinência: Humor deprimido e ansiedade; disforia; fissura, Piloereção, lacrimejamento ou rinorreia, alta atenção, Hiperalgesia, dores nas juntas e músculos, Diarreia, cãibras gastrointestinais, náusea, ou vômitos, dilatação pupilar, fotofobia, insônia, Hiperatividade autonômica (hiperreflexia, taquicardia, hipertensão, taquipneia, sudorese, hipertermia), Bocejar compulsivo, mesmo quando não é acompanhado de sono ou cansaço, iniciam em 3 a 6 horas do ultimo uso e podem ser intensos até 10 dias depois.
Tratamento:
1. Tratamento da superdosagem ou intoxicação deve ser feito em UTI, com medidas de suporte o suo de um antagonista dos opioides, a naloxona e flumazenil
1. No tratamento da abstinência são usados: metadona, buprenorfina e clonidina (medicações com ação semelhante a substancia de abuso)
1. Manejo não-farmacológico: terapia de grupo ou família, além da participação em grupos de autoajuda tipo NA
- Anfetaminas: Extremamente aditivas e perigosas, efeitos anorexígenos. São mais comuns consumidos por via oral, mas podem ser injetadas ou inaladas. Síndrome clinica similares a da cocaína, embora a via oral de administração da anfetamina produza uma euforia menos rápida e, consequentemente, menos aditiva. Comumente abusada por estudantes, motoristas e outros grupos que desejam ficar despertos e atentos por longos períodos. Causam liberação de dopamina e podem causar alucinações e delírios sintomaticamente idênticos a uma episódio agudo de esquizofrenia. Exemplos: dextroanfetamina, metanfetamina, metilfenidato, efedrina.
- Alucinógenos: São eles: LSD, mescalina, psilocibina (cogumelos), anfetaminas sintéticas (ectasy). 
1. Os cogumelos capazes de produzir viagens alucinógenas são de difícil identificação. Há 4 gêneros: Psilocibe, Panaeolus, Copelandia e Amanita. Os dois primeiros são encontrados no Brasil
1. As substâncias contidas nos cogumelos são alucinógenos
1. O efeito é semelhante ao LSD, geralmente mais brandos e de duração mais curta
1. Há alterações na percepção, principalmente de caráter visual e auditivo, além de aceleração e desorganização do pensamento (ideias soltas e perda do foco do pensamento)
1. O humor torna-se lábil, isto é, pode variar de situações de grande euforia a quadros de extremo mal-estar, marcados por tristeza e medo
1. Falhas na avaliação da realidade por vezes podem produzir sintomas paranoides (ideais de perseguição), usualmente momentâneos e restritos ao período da intoxicação
1. Apesar da denominação, os alucinógenos raramente produzem alucinações (imagem sem objeto), mas sim ilusões (distorções perceptivas de um objeto real)
1. Tais ilusões (visuais, auditivas, táteis...) tendem a se misturar, num fenômeno denominado sinestesia (mistura de sensações – confunde a forma como vê/ sente os estímulos)
1. LSD: Outros nomes: acido doce, AC, Antonio Carlos. O LSD é talvez a mais ativa das substancias que agem sobre o cérebro humano: a dose é diminuta (0,05 miligramas) e seus efeitos, duradouros (4 a 10 horas), os efeitos aparecem cerca de 30 minutos após a absorção sublingual, são eles: náuseas, vômitos e dor de estômago. Podem acontecer “viagens de horror” (bad trips), marcadas por pânico e paranoia.
1. Interpretações incorretas da realidade podem levar a acidentes, muitas vezes fatais
1. Podem desencadear quadros psicóticos permanentes em pessoas predisponentes a essas doenças
1. A ingestão de cogumelos errados pode causar intoxicações graves a até mesmo fatais
1. O tratamento consiste na tranquilização do paciente e uso de medicação sintomática em casos extremos – contenção física
1. MDMA (ecstasy): Criado para ser um moderador do apetite, tem efeito psicoestimulante e alucinógeno, com estrutura semelhante à metanfetamina, era conhecida como droga do amor. 
1. Mecanismo de ação: Liberação de NA e inibição de sua receptação, ação de IMAO, União aos receptores 5HT, Liberação de dopamina e serotonina que se ligam a 5HT2, meia vida de 7 horas, usado como pílula e seu conteúdo varia amplamente. Com frequência consiste em subtancias diferentes de MDMA
1. Efeitos psíquicos agudos: desorientação, ansiedade, euforia, sociabilidade exagerada, crise de pânico, amnésia, psicose, isco de sexo inseguro e dificuldades sexuais (impotência), além de psicose e episódios de agressividade, (hiperhidrose devido xerostomia)
1. Efeitos orgânicos agudos: tremor, rigidez muscular, midríase, taquicardia, HAS, arritmia, hipertermia, convulsão até estresse respiratório, acidose metabólica, falência renal, necrose hepatocelular
1. Tratamento: Manter vias aérea, se houver agitação usar BZD e fenotiazinas. Pode ser usado beta-bloqueador e os antipiréticos são pouco eficazes. Acidificação urina para aumentar a degradação da substancia e abordagem psicossocial visando abstinência.
1. Inalantes: Outros nomes: cola, loló, lança-perfume, Os inalantes estão presentes em diversos produtos. A maioria é vendida comercialmente. São encontrados nos esmaltes de unha, na cola de sapateiro e nos removedores de tinta. No Brasil o lança-perfume, a cola de sapateiro e cheirinho-da-loló, sendo também populares a acetona, esmalte de unha, thinner, benzina e gasolina. O clorofórimio e éter são bastante utilizados, O lança-perfume, vendido em sprays, já foi bastante popular nos carnavais. 
1. Os efeitos são leve euforia, agressividade, julgamento de realidade prejudicado e impulsividade
1. Os sintomas físicos: confusão, desorientação, fala arrastada, tontura. Podem causar náuseas, vômitos, lapsos de memória, trazer complicações ao cardíacos e causar convulsões. Os solventes alteram a percepção das coisas e deixam as pessoas expostas à acidentes. O contato com liquido pode causar queimaduras na pele e no interior dos órgãos (boca, língua, traqueia). O uso por longos períodos pode trazer lesões permanentes para o cérebro, entre elas a demência.
1. São abusadas tipicamente por adolescentes de grupos sócioeconomicos mais baixos.
1. Tratamento: Evitar uso de neuroléptico e benzodiazepínicos, pois podem potencializar efeito inalante. Existem estudos com vigabatriana e lamotrigina.
1. CLUB DRUGS: Substâncias estimulantes sintéticas
1. Fenetilaminas: anfetamina, dopamina, efedirina, adrenalina, venlafexina, salbutamol, bupropiona, ecstasy, MDMA, análagos
1. Catinonas: mephedrone, MDPV, Methylone, Methcationes.
Molécula desenhada para fugir do controle das drogas ilícitas. Estrutura é alterada e simula o efeito da cocaína e da anfetamina. Efeitos de cognição, comportamento, psicomotricidade e metabolismo. Podem causar intoxicação e complicações clinicas. Muitas substâncias são identificadas a cada semana.
1. Catinonas sintéticas: Encontrada das folhas de Catha edulis na África e Península Arábica. 
1. Catinonas sintéticas: estruturalmente similares anfetaminas e ecstasy
1. Venda: dark web
1. Uso: intranasal, oral, IM, injetável, fumado, retal
1. Mefedrona e metildona: aumentam a liberação de dopamina (como metanfetamina) e serotonina (como ecstasy)
1. MDPV: inibe receptação de dopamina, como cocaína
1. Sensação equivalente a um coquetel de cocaína com ectasy: aumento da euforia e agitação; podem ocorrer alucinações
1. Abuso pode causar efeitos colaterais graves: paranoia extrema, alucinações, ataques cardíacos, surtos de esquizofrenia
1. Efeitos: Libera dopamina e serotonina (sentimentos de prazer e euforia), Delírio intenso (doses altas), hipertermia, taquicardia, hiertensão e lesão renal (com uso de 1 g). Duração média de 8h. Efeitos começam 30 minutosapós a ingestão, atingindo pico após 2 horas. 
1. Doses potentes de 500 a 1200 microgramas, Relatos de dosagem até 4 miligramas, Overdoses ou doses letais acima de 1500 microgramas (2 selos), Doses de 750 microgramas, considerada média, tem o tamanho de seis grãos pequenos de sal.
1. Exames: Urina detecta a presença de anfetamina até 2 a 3 dias depois do uso, a cocaína de 2 a 3 dias, maconha 1 a 7 dias, opioides 1 a 3 dias, quetamina até 14. Exame do cabelo detecta até 6 meses após o uso (análise quantitativa e qualitiva).
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