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Infecções respiratórias causadas por vírus Objetivos de aprendizagem: - Definir a etiologia, manifestações clínicas e complicações do resfriado comum, gripe (Influenza) e rinossinusite - Conhecer a epidemiologia e sazonalidade das infecções descritas acima. - Explique como é feito o diagnóstico bem como o disgnóstico diferencial entre essas doenças. - Qual o tratamento adequado, prevenção e prognóstico dessas doenças. As infecções mais comuns e frequentes em humanos são as infecções respiratórias virais. Alguns vírus respiratórios clássicos (p. ex., rinovírus) penetram no corpo através do trato respiratório, replicando-se e causando doença apenas em células do epitélio respiratório. Outros vírus mais sistêmicos (p. ex., vírus do sarampo e coronavírus da síndrome respiratória aguda grave SRAG) se disseminam através da corrente sanguínea e causam doença sistêmica; porém, eles também penetram e causam doença no trato respiratório. Embora as infecções com vírus sistêmicos costumem induzir imunidade vitalícia contra a doença, os vírus respiratórios que não causam viremia geralmente podem reinfectar o mesmo hospedeiro muitas vezes ao longo da vida. A reinfecção com o mesmo vírus é comum por causa da imunidade incompleta ou decrescente após a infecção natural. Centenas de vírus diferentes causam infecção do trato respiratório, e dentro de cada tipo viral pode haver uma diversidade quase ilimitada de cepas que variam antigenicamente, geograficamente e ao longo do tempo (p. ex., vírus influenza com variação (drift) antigênica). As opções terapêuticas antivirais específicas são limitadas, e apenas algumas vacinas licenciadas estão disponíveis. Epidemiologia - Idade A idade (junto com o fator associado da história de exposição prévia) é um importante determinante de risco para doença sintomática durante a infecção por vírus respiratórios. A infecção primária com a maioria dos vírus respiratórios agudos costuma ser mais grave que a infecção secundária. De fato, a reinfecção com a maioria desses vírus ocorre ao longo da vida, mas a infecção primária está muito mais provavelmente associada com doença grave do trato respiratório inferior, enquanto a infecção secundária normalmente é assintomática ou está associada apenas com sintomas do trato respiratório superior. Como essas infecções são onipresentes, a maioria das infecções primárias (e, assim, muitos dos casos graves) ocorrem durante os primeiros anos de vida. Mais tarde, a exposição a crianças pequenas (em populações como pais de crianças pequenas e funcionários de creches) é um fator de risco para a reinfecção frequente. Apesar de exposições durante toda a vida, o risco de doença grave aumenta com a idade nos idosos, provavelmente devido à senescência imunológica e ao declínio clínico geral. - Estação As infecções com a maioria dos vírus respiratórios convencionais (p. ex., influenza, VSR e hMPV) ocorrem no inverno. Geralmente, há um vírus dominante circulando em uma comunidade local a qualquer momento, um padrão que sugere alguma interferência em nível populacional com a transmissão. Porém, os surtos podem ser próximos e pode ocorrer cocirculação de diferentes vírus ou de cepas antigenicamente diversas de um vírus. Nos Estados Unidos, algumas diferenças regionais na sazonalidade foram observadas; por exemplo, o VSR geralmente aparece antes na Flórida e outros estados do sul. As estações são claramente invertidas nos hemisférios norte e sul, de modo que epidemias de inverno ocorrem mais ou menos entre novembro e março nos Estados Unidos, mas entre abril e agosto na Austrália; assim, as epidemias de “inverno” estão quase sempre ocorrendo em algum lugar do mundo. As variações sazonais diferem nos trópicos, onde as infecções respiratórias virais agudas são mais comuns nas estações chuvosas. Abordagem ao paciente As principais intervenções que fazem diferença no cuidado de pacientes com infecções respiratórias virais agudas são aquelas de suporte, e esses fatores devem ser manejados com cuidado. A hipoxia é manejada com oxigênio suplementar e a insuficiência respiratória com ventilação mecânica. Como a taquipneia e a febre que costumam acompanhar a pneumonia e a sibilância frequentemente resultam em desidratação, é importante o manejo de líquidos O médico astuto pode reduzir as possibilidades diagnósticas com base no conhecimento de epidemiologia; a informação sobre os vírus que circulam na comunidade (amplamente disponível nos laboratórios locais de referência, departamentos de saúde locais e estaduais e no Centers for Disease Control and Prevention CDC); e a história de exposição do paciente, sua idade e estado imunológico, incluindo o estado vacinal. O uso adequado de testes diagnósticos rápidos é importante. Quando são aplicados testes diagnósticos apenas a amostras de pessoas com alto risco de exposição a um agente infeccioso na estação adequada, o valor preditivo positivo do teste aumenta. Uma decisão clínica importante é sobre usar ou não um agente específico antibacteriano ou antiviral para tratar uma infecção respiratória. Os antibióticos não melhoram os desfechos de infecções respiratórias virais não complicadas em pessoas saudáveis em outros aspectos. Algumas infecções virais, especialmente influenza, podem ser complicadas por infecção bacteriana secundária. Há poucos fármacos antivirais aprovados, os quais devem ser usados quando se determina uma etiologia viral específica. O tratamento antiviral costuma ser efetivo apenas quando administrado precocemente na evolução da doença. Manifestações clinicas O resfriado comum se caracteriza por congestão nasal, espirros, rinorreia, tosse e dor de garganta. A laringite é acompanhada por rouquidão ou disfonia. A bronquite aguda se caracteriza tosse seca ou produtiva de < 3 semanas de duração (mais prevalente no inverno) na ausência de sinais e sintomas de pneumonia e de evidências de pneumonia na radiografia de tórax, sendo causada primariamente por vírus. As bactérias são mais importantes na bronquite crônica. A bronquiolite é uma doença aguda com sibilância e evidência de infecção do trato respiratório superior, mais comumente no inverno em lactentes e crianças pequenas. As manifestações clínicas típicas da pneumonia agudam incluem tosse, produção de escarro, dispneia e dor torácica. Sinais e sintomas mais sistêmicos também ocorrem na pneumonia, incluindo febre, fadiga, sudorese, cefaleia, mialgias e, algumas vezes, náuseas, dor abdominal e diarreia. Diagnostico O diagnóstico clínico de uma síndrome respiratória e a localização anatômica da lesão se baseiam na história, exames físico e radiografia. Uma etiologia viral específica pode ser determinada por exames específicos. O padrão ouro para diagnóstico de uma infecção respiratória viral é o isolamento do vírus, realizado por inoculação de culturas celulares com secreções frescas e o uso de múltiplos tipos de células em um laboratório de referência com profissionais experientes. A detecção de anticorpos fluorescentes diretos ou indiretos pode ser usada para visualizar as células infectadas por vírus nas secreções nasais. Os testes diagnósticos rápidos baseados em antígenos são usados para a detecção do vírus influenza ou de proteínas do VSR em secreções nasofaríngeas. Os testes mais sensíveis são habitualmente os exames moleculares de RT-PCR que amplificam e detectam a presença de RNA ou DNA do genoma viral em secreções respiratórias. Estão disponíveis painéis múltiplos que analisam uma amostra para dezenas de vírus respiratórios ou para os mais comuns. Esses testes devem ser usados e interpretados cuidadosamente devido a sua extrema sensibilidade. Se não houver cuidado, é relativamente fácil contaminar um teste de PCR no laboratório com pequenas quantidades de DNA de uma reação prévia. Além disso, como o genoma viral pode algumas vezes persistir nas secreções nasais semanas após a melhora da infecção, um teste positivo podeindicar uma infecção recentemente resolvida em vez de uma aguda atual. Apesar dessas limitações, os testes de PCR geralmente são considerados os testes mais sensíveis e específicos disponíveis. As radiografias de tórax devem ser obtidas em todos os pacientes com suspeita de pneumonia. Prevenção - Vacinas Várias vacinas contra influenza foram aprovadas. Nos Estados Unidos, estão disponíveis vacinas intramusculares inativadas trivalentes e tetravalentes (cobrindo H3N2, H1N1 e um ou dois antígenos B) e uma vacina trivalente viva atenuada para administração intranasal, embora em 2017 o CDC tenha suspenso a recomendação dessa última vacina. As vacinas são efetivas quando as cepas da vacina escolhidas para a inclusão estão altamente relacionadas antigenicamente com a cepa epidêmica, mas desencontros antigênicos ocasionais causam eficácia insignificante de um componente da vacina. A variação (drift) antigênica causada por mutações pontuais nas moléculas H e N leva a divergência antigênica, necessitando da produção de novas vacinas a cada ano. O genoma segmentado do influenza permite o rearranjo de dois vírus durante a coinfecção de uma pessoa ou animal; algumas vezes a consequência sendo uma variação antigênica importante resultando em uma pandemia. Em média, as pandemias ocorrem a cada 20 a 30 anos. Há preocupação atual com o potencial para uma pandemia de H5N1 ou H7N9, e vacinas experimentais estão sendo testadas para esses vírus. Foram desenvolvidas vacinas para o adenovírus de sorotipo 4 e 7, sendo aprovadas para a prevenção de doença respiratória epidêmica entre recrutas militares. Essencialmente, essas vacinas consistem em vírus não modificados administrados por via entérica em cápsulas em vez da via aérea – a via natural da infecção que leva à doença. A inoculação por via alterada resultava em infecção assintomática imunizante. A maioria dos recrutas militares dos Estados Unidos é vacinada contra adenovírus, e as epidemias da doença recorrem na ausência de vacinação. Candidatos a vacinas de vírus vivo atenuado e subunidades contra o VSR estão sendo desenvolvidos e testados em estudos clínicos. Vacinas de subunidades de VSR estão sendo testadas para a imunização materna e para idosos. Não há vacina aprovada contra o rinovírus; como há pouca ou nenhuma reação cruzada entre os sorotipos, será difícil desenvolver uma vacina com cobertura de > 100 sorotipos. Os esforços para o desenvolvimento de vacinas contra coronavírus estão no estágio pré-clínico. - Precaução padrão e de contato As precauções-padrão, o nível básico de controle de infecção usado no cuidado de todos os pacientes o tempo todo, reduz o risco de transmissão de vírus a partir de secreções respiratórias e mucosas. As precauções de contato, o segundo nível, exige um quarto isolado para o paciente quando possível e o uso de equipamentos de proteção individual adicionais, incluindo o uso de luvas limpas não estéreis ao tocar no paciente ou entrar em contato com as secreções. São usados aventais não estéreis resistentes aos líquidos para proteção da pele e as roupas durante atividades nas quais se antecipa o contato com as secreções, e os profissionais devem usar um avental exclusivamente para cada paciente. Uma máscara facial é usada quando houver potencial para contato direto com secreções respiratórias. A proteção ocular (óculos ou escudos faciais) é usada quando se prevê o potencial para respingamento de secreções respiratórias. A boa higiene das mãos deve sempre ocorrer após cada contato com o paciente, incluindo a lavagem por 20 segundos com sabão e água morna ou limpeza com solução manual à base de álcool. Os profissionais devem tentar evitar a contaminação das roupas e a transferência de microrganismos para outros pacientes, superfícies ou ambientes. - Precauções contra gotículas respiratórias As gotículas com partículas grandes são geradas durante espirros e tosse e durante a realização de alguns procedimentos médicos, como a aspiração de vias aéreas em unidades de terapia intensiva ou broncoscopia. Essas gotículas podem conter vírus, mas seu alcance costuma ser a limitado a 1 metro. A transmissão de gotículas com partículas grandes ocorre quando elas são depositadas na mucosa nasal ou conjuntiva. Para evitar a transmissão nessas situações, os profissionais devem implementar precauções respiratórias. Eles devem usar máscara facial, como uma máscara cirúrgica, para o contato próximo (dentro de 1 metro de distância do paciente). Os pacientes também devem usar uma máscara facial ao sair da sala de exame, devendo evitar o contato próximo com outros pacientes. - Precauções aéreas A transmissão aérea ocorre por disseminação de núcleos de gotículas pelo ar (partículas ≤ 5 μm) ou gotículas evaporadas contendo vírus que podem permanecer em suspensão no ar por períodos prolongados. Determinados vírus que são transportados pelo ar podem ser inalados por um hospedeiro suscetível no mesmo ambiente ou a longas distâncias do paciente fonte, dependendo de fatores ambientais como temperatura e ventilação. Os vírus transmitidos por essa via são SARS-CoV, sarampo e VZV. Os pacientes com essas infecções devem ser manejados com proteção respiratória pessoal, ventilação especial e manejo do ar. Os profissionais devem usar um respirador N95 selecionado quanto à adaptação pessoal, a qual deve ser repetida anualmente. Em alguns casos são usados os respiradores motorizados com purificador de ar (RMPAs). O paciente deve ser acolhido em ambiente com isolamento para infecções transmitidas pelo ar – ambiente com pressão negativa com mínimo de seis trocas de ar por hora e exaustão através de filtração por alta eficiência de partículas do ar (HEPA) ou diretamente para o ambiente externo. Resfriado comum O resfriado comum é uma enfermidade benigna autolimitada, causada por vírus respiratórios. É a doença aguda mais frequente em todo o mundo, responsável por 500 milhões de caso por ano. A incidência média é de 5 a 7 episódios por ano em crianças na idade pré-escolar e de 2 a 3 episódios por ano na idade adulta. Representa cerca de 40% de ausência ao trabalho e à escola por ano. - Etiologia O resfriado é causado por aproximadamente 200 subtipos de vírus, tendo na maioria das vezes o rinovírus como responsável (30-50%) e em menor escala o coronavírus (10-15%), o vírus sincicial respiratório (5%), o adenovírus (5%), os enterovírus (5%) e o vírus parainfluenza. Cerca de 20-30% são de etiologia não determinada. Em relação a sazonalidade, as rinoviroses e vários tipos de parainfluenza predominam no outono e fim da primavera, enquanto o vírus sincicial respiratório (VSR), adenovírus e coronavírus tipicamente produzem surtos epidêmicos no inverno e na primavera. - Fisiopatologia A infecção viral do epitélio nasal pode estar associada à destruição do revestimento epitelial, como acontece com os vírus da gripe e adenovírus, e menos extensos, como os coronavírus, ou sem dano histológico aparente, como ocorre com rinovírus e VSR. Independentemente dos achados histopatológicos, a infecção do epitélio nasal está associada a uma resposta aguda em resposta inflamatória, caracterizada pela liberação de uma variedade de citocinas e pela remoção da mucosa. Embora haja alguma variação nas vias específicas envolvidas na resposta aos diferentes patógenos virais, essa resposta aguda parece ser responsável, pelo menos em parte, por muitos dos sintomas associados ao resfriado comum. Obstrução nasal e rinorreia são os sintomas proeminentes do resfriado. A resposta nasal parece estar associada ao agrupamento do sangue nos vasos capacitantes do nariz e ao aumento do fluxo nasal. A contribuição importante dessas mudanças na obstrução nasal é demonstrada pelo efeito descongestionante substancial associado ao uso de vasoconstritores tópicos. O aumento da permeabilidade vascular com extravasamento de soro na mucosa nasal e nas secreções nasais também pode contribuirpara a obstrução nasal. A patogênese da tosse em resfriados é mal compreendida e pode ser devido a uma variedade de mecanismos e a extensão da infecção viral no trato respiratório inferior parece estar associada à tosse em alguns pacientes. Também há evidência de que, em alguns casos, a tosse é desencadeada por alterações neurais como resultado da estimulação dos receptores sensibilizados das vias aéreas superiores. - Quadro clinico O período de incubação costuma ser de 24 a 72 horas e os sintomas podem variar de paciente para paciente, mas a rinite e a congestão nasal são os mais comuns. A referência de garganta “arranhando” costuma também ser sintoma comum na fase inicial. A dor de garganta aparece acompanhando os sintomas nasais até o terceiro dia. A tosse inicia comumente no quarto dia, ocasião em que os sintomas nasais diminuem. Achados de exame físico são pobres, apesar do intenso mal-estar referido pelo paciente. Em 25% dos casos os sintomas podem perdurar até duas semanas, durando em média 3 a 10 dias. - Diagnóstico Essencialmente clínico, a presença dos sintomas descritos, associados à sazonalidade e à possibilidade de contato recente com portadores de infecção aguda viral das vias respiratórias superiores, costumam ser suficientes para a definição diagnóstica, não havendo necessidade de realização de exames complementares. - Tratamento A terapia antiviral específica geralmente não é útil para o tratamento do resfriado comum. Os inibidores de neuraminidase, oseltamivir e zanamivir, exercem um efeito modesto sobre as infecções pelo vírus influenza, porém a dificuldade em distinguir esse vírus dos outros patógenos do resfriado comum e a necessidade para iniciar o tratamento no começo da enfermidade – para um benefício máximo – são limitações práticas para o uso desses agentes em infecções respiratórias superiores. A terapia antibacteriana não é benéfica no tratamento do resfriado comum. O tratamento do resfriado comum se baseia em medicamentos sintomáticos. Os tratamentos para obstrução nasal, rinorreia e garganta inflamada têm eficácia demonstrada nos adultos, mas não são claramente benéficos em crianças e não são recomendados para crianças menores de quatro anos. Congestão Nasal Tanto os agentes adrenérgicos tópicos como os orais são descongestionantes nasais eficazes. Embora a comparação direta não tenha sido feita no resfriado comum, normalmente é aceito que os agentes tópicos, como a xilometazolina intranasal, são mais eficazes do que os medicamentos orais para congestão nasal. 1 No entanto, a pseudoefedrina oral, 60 mg em dose única para três a cinco dias, é superior ao placebo para alívio da congestão nasal 2,3 e é seguro. Uma dose de 30 mg, entretanto, não é superior a placebo. O uso prolongado dos agentes adrenérgicos tópicos deve ser evitado para prevenir o desenvolvimento de um efeito rebote quando o medicamento é interrompido. A absorção sistêmica de oximetazolina e xilometazolina raramente está associada à bradicardia, hipotensão e coma. Os antihistamínicos não têm efeito sobre a congestão nasal. Rinorreia O tratamento de rinorreia é feito, principalmente, por bloqueio do estímulo colinérgico da secreção glandular. O brometo de ipratrópio intranasal reduz a rinorreia nos resfriados em 22%-31%, quando comparado com o placebo e pode ser usado como um spray combinado com xilometazolina para aliviar a rinorreia e a congestão nasal. 1 Os efeitos colaterais mais comuns do ipratrópio intranasal são a irritação nasal e o sangramento. Os anti-histamínicos de primeira geração (sedativos) reduzem a rinorreia em aproximadamente 25% em comparação com o placebo. Os anti-histamínicos de segunda geração ou “não sedativos” não têm efeito sobre os sintomas do resfriado comum5 em um número limitado de estudos. Essas observações, a ausência de histamina nas secreções da maioria dos indivíduos com resfriado e a semelhança da resposta ao ipratrópio e anti-histamínicos de primeira geração sugerem que qualquer efeito dos anti-histamínicos sobre a rinorreia está relacionado com suas propriedades anticolinérgicas, e não anti-histamínicas. Os principais efeitos colaterais associados ao uso de anti-histamínicos são sedação e ressecamento dos olhos, boca e nariz. Tosse A tosse durante os resfriados é produzida por diversos mecanismos diferentes e o tratamento deve ser direcionado para a causa subjacente mais provável. Se a tosse for provocada por obstrução nasal ou gotejamento pós-nasal, ela pode responder ao tratamento com um anti-histamínico ou uma combinação de anti-histamínico com descongestionante. Se tosse persistente resultar de doença da via respiratória reativa induzida por vírus ou de infecção viral das vias respiratórias inferiores, os pacientes podem beneficiar-se com terapia broncodilatadora (Capítulo 87). A tosse que persiste após a resolução de outros sintomas do resfriado ou que persiste em associação com a rinorreia não remitente pode ser resultado de sinusite e pode responder à terapia com antibióticos (Capítulo 434). A supressão da tosse inespecífica com codeína ou bromidrato de dextrometorfan não é eficaz e os expectorantes como a guaifenesina não são agentes antitussígenos eficientes . - Complicações Uma das complicações é a sinusite, dados mostram que 0,5 a 2,5% dos adultos podem desenvolver sinusite bacteriana após quadro agudo de resfriado. Existem relatos de sinusite viral em 39% dos pacientes quando radiografados no sétimo dia da virose respiratória. A otite média aguda foi diagnosticada em associação com 30% de infecções virais, principalmente em crianças e a disfunção de tuba auditiva é relativamente comum em pacientes com infecções de vias aéreas superiores Além das infecções do trato respiratório inferior, como as pneumonias e bronquites. Dessas patologias, o VSR é o mais temido vírus, responsável por 2 a 9% dos casos de pneumonia em idosos. Ele tem também envolvimento nas exacerbações de insuficiência cardíaca congestiva e outras doenças crônicas em pacientes com mais 65 anos. As viroses respiratórias em geral estão ligadas a cerca de 40% dos ataques agudos de asma, bem como em hiperreatores,e estão relacionadas à persistência da tosse. Gripe A influenza, normalmente conhecida como gripe, é uma doença grave que causa danos à saúde das pessoas há muitos séculos. Em geral, é associada ao aumento das taxas de hospitalização e de mortes por pneumonia, especialmente em pacientes que apresentam doenças crônicas e fatores de risco. A taxa de ataque anual é calculada em 5-10% nos adultos e em 20-30% nas crianças. Em climas temperados as epidemias sazonais do vírus ocorrem principalmente durante o tempo de inverno, comparado às regiões tropicais onde pode ocorrer ao longo do ano, tendo por resultado umas manifestações muito mais irregulares. - Classificação A gripe é quase sempre causada pelos vírus do grupo influenza, um vírus RNA da família Orthomyxoviridae. Existem quatro tipos de vírus influenza: A, B, C e D. Os vírus A e B apresentam maior importância clínica. Estima-se que, em média, o tipo A causa 75% das infecções, mas em algumas temporadas, ocorre predomínio do tipo B. Os tipos A e B sofrem frequentes mutações e são responsáveis pelas epidemias sazonais e, também, por doenças respiratórias com duração de quatro a seis semanas. O vírus C raramente causa doença grave. O vírus influenza D, o qual foi isolado nos Estados Unidos em suínos e bovinos e não são conhecidos por infectar ou causar a doença em humanos. - Fisiopatologia Enquanto o rinovírus e o coronavírus não causam lesão epitelial nas células nasossinusais, o influenza e o adenovírus geram uma lesão significante no epitélio nasal. O rinovírus, por exemplo, entra via nasal ou ducto nasolacrimal e ataca os receptores ICAM-1 nas células epiteliais na rinofaringe, levando a uma up-regulação da produção de histamina, bradicinina e outras citocinas (incluindo a interleucina(IL) 1, IL-6, IL-8, fator de necrose tumoral a e leucotrienos C4). Os vírus também podem suprimir as funções dos neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Dessa forma, favorecem o crescimento de patógenos presentes na rinofaringe, como S. pneumoniae e H. influenzae, favorecendo a infecção secundária. O influenza vírus penetra nas células epiteliais do trato respiratório superior e se replica, as células danificadas destacam-se da membrana basal e as células epiteliais afetadas tornam-se então alvos para a infecção bacteriana. O trato respiratório é mais suscetível às infecções bacterianas, uma vez que ocorre perda de células ciliadas, prejudicando o clearance mucociliar. O mecanismo pelo qual ocorre esta descamação, no entanto, é incerto. Entende-se que os sintomas são desencadeados em resposta à infecção viral no trato superior e à resposta imune à infecção, e não somente pela lesão celular. Após a invasão viral, há um aumento do número de macrófagos e estes estimulam a fase aguda da resposta inflamatória. Na superfície dos macrófagos existe um receptor “toll-like” que se combina com componentes virais ou bacterianos e estimulam a produção de citocinas. As citocinas agem recrutando outras células do sistema imune, desencadeiam a inflamação e geram sintomas sistêmicos como a febre. Assim, um complexo misto de citocinas e mediadores proinflamatórios geram os sintomas. Enquanto a bradicinina é a responsável pelos sintomas locais como dor de garganta e congestão nasal, as citocinas são responsáveis pelos sintomas sistêmicos como a febre. - Quadro clínico A sintomatologia é da febre é mais complexa comparada ao resfriado comum. Há o comprometimento sistêmico com febre, mialgias, cefaleia, prostração tornando o paciente incapaz para suas atividades diárias, sendo uma das principais características da gripe, enquanto o resfriado traz maior desconforto pelos sintomas nasais de coriza e obstrução. A tosse é o principal sintoma respiratório da gripe, geralmente acompanhada dos sintomas sistêmicos mencionados, os quais têm início súbito e com período de incubação de 1 a 4 dias, tendo o pico de excreção viral no segundo dia. É comum encontrar febre e os demais sintomas sistêmicos nos primeiros 3 dias, prevalecendo os sintomas respiratórios, notadamente a tosse, nos dias subsequentes, podendo perdurar por até 4 semanas. Outros sintomas que podem acompanhar o quadro são hiposmia, anosmia, pressão facial e rinorreia posterior. - Diagnóstico No Brasil, mesmo durante o período de epidemia de gripe, somente 20 a 50% dos casos têm o agente etiológico confirmado. Nos exames laboratoriais pode-se encontrar leucocitose, leucopenia, neutrofilia, aumento de CPK, TGO, TGP e bilirrubina, pois o vírus tem trofismo não apenas para o trato respiratório. O diagnóstico é feito com a clínica positiva e junto a testes diagnósticos, onde a amostra ideal é a proveniente de secreção respiratória, a qual pode ser obtida, preferencialmente, por meio de swabs nasofaríngeo, aspirado nasofaríngeo e lavado nasal, mas também por swabs nasais e/ou de garganta. Em geral, a recomendação da realização da coleta é de até 5 dias do início dos sintomas para a realização da imunofluorescência e testes rápidos em 7 dias para a técnica de reação em PCR. Pacientes imunodeprimidos e crianças podem excretar vírus por períodos prolongados. Assim, tais exames podem identificar agentes virais por períodos maiores. O exame realizado com mais frequência é a imunofluorescência, a qual, idealmente, deve ser feita no mesmo dia da coleta, pois esta técnica não apresenta bons resultados quando se utilizam amostras armazenadas sob refrigeração. A vantagem de tal método é o painel de anticorpos monoclonais utilizado, o qual possibilita a identificação dos vírus influenza, parainfluenza, sincicial respiratório e adenovírus. Outro método muito realizado é a técnica de real-time PCR que é aplicável em amostras refrigeradas, sem do de escolha para o diagnóstico do vírus H1N1. Este exame, que se vale da detecção do ácido ribonucleico viral, possibilita avaliar a existência de vírus influenza A e estabelecer sua variante genética. A PCR viral apresenta alta sensibilidade e especificidade, variando entre 60-95% e 52-99%, respectivamente, para a detecção do influenza vírus. - Tratamento O tratamento específico da gripe pode ser obtido com os inibidores da neuroaminidase, os quais atuam impedindo a replicação dos vírus, cujos fármacos disponíveis são o oseltamivir e o zanamivir. O zanamivir é aplicado por meio de aerossol e o oseltamivir, pela via oral. O zanamivir pode ser encontrado na traqueia e nos brônquios mais de 24h após a inalação de uma única dose. Recomenda-se usá-lo com cuidado nos pacientes portadores de asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pelo fato de poder promover broncoespasmo, embora tal ocorra com pouca frequência. Seu emprego também não é recomendado em mulheres grávidas e em período de lactação. O oseltamivir deve ser prescrito em dose reduzida em pacientes com depuração de creatinina menor do que 30 ml/min. Encontra-se intolerância gastrointestinal em 5 a 15% dos pacientes, efeito que raramente leva ao abandono do tratamento. A dose pode ser dobrada nos pacientes portadores de formas graves da doença e mantida enquanto durarem os sintomas. Rinossinusite Uma das afecções mais prevalentes das vias aéreas superiores, caracterizada por todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade paranasal, trazendo custa financeiro elevado aos serviços de saúde. Sendo doença de alta prevalência, gera impacto direta e indiretamente na economia global. A rinossinusite ocorre geralmente após uma infecção das vias aéreas superiores viral, sendo a causa predisponente de 80% das rinossinusites bacterianas ou após uma inflamação alérgica, causa predisponente de 20% das rinossinusites bacterianas. Estima-se que 0,5 a 2% das IVAS apresentam evolução para rinossinusite bacteriana. De acordo com dados americanos recentes, a rinossinusite aguda afeta 1 em cada 7 adultos. A queda da produtividade ou incapacidade para exercer as atividades laborais onera indiretamente o sistema, pois os custos relativos à queda de produtividade e absenteísmo são altos e frequentemente subestimados. - Classificação A rinossinusite é classificada principalmente de acordo com sua duração. É controversa a estipulação de limites precisos, sendo qualquer classificação arbitrária. Desta forma, as classificações devem ser consideradas apenas como dado complementar para nortear a conduta. Sendo a classificação das rinossinusites, segundo Bailey: - Fisiopatologia A patogênese da rinossinusite é multifatorial e envolve uma complexa interação entre mecanismo de defesa do hospedeiro e o organismo infectante. Existem três fatores fundamentais para a fisiologia normal dos seios paranasais: a patência dos óstios, a função ciliar e a qualidade das secreções nasais. Enquanto a obstrução do óstio do seio na rinossinusite aguda é mais frequente devido ao edema de mucosa, na rinossinusite crônica alguma anormalidade anatômica que interfere na drenagem através do óstio está frequentemente presente. Obstrução do óstio sinusal, parcial ou completa, resulta em estagnação de secreções, queda do pH e da tensão de oxigênio dentro do seio. Estas alterações favorecem o crescimento bacteriano. A tensão de oxigênio dentro do seio pode chegar a zero, promovendo crescimento anaeróbio e de bactérias facultativas, que têm importante implicação na rinossinusite crônica. A interrupção do transporte mucociliar nos seios paranasais é outro fator importante na patogênese da rinossinusite. O batimento ciliar normal frequentemente é maior que 700 batimentos por minuto. Entretanto, durante rinossinusite, o batimento ciliar decai para menos que 300. A qualidade e o caráter da secreção sinusal também mudam durante a rinossinusite. O muco espesso, que não pode ser efetivamenteremovido do seio, torna-se um meio de cultura para crescimento bacteriano. Tal secreção espessa obstrui o óstio sinusal podendo perpetuar o problema, causando o ciclo nasal. Este é um particular problema em pacientes com fibrose cística, onde há falha da função das glândulas exócrinas. Resumindo, a completa compreensão dos mecanismos que levam à rinossinusite requer identificação de diversos fatores predisponentes de origem local e sistêmica. O padrão de infecção de vias aéreas superiores, incluindo rinossinusites, envolve várias fases. Geralmente, o primeiro estágio é uma rinossinusite viral, que em geral dura até 10 dias, havendo recuperação completa na maioria dos indivíduos sem antibioticoterapia. Rinovírus, influenza, adenovírus e parainfluenza são os vírus mais comumente encontrados. Em uma pequena parcela de indivíduos com rinossinusite viral (estimativa de 0,5% a 2%), uma infecção bacteriana secundária pode acontecer. Tal infecção geralmente é causada por bactérias aeróbias facultativas (Streptococus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis). Se não houver resolução do processo, bactérias anaeróbias da flora oral podem predominar com o decorrer do tempo. - Etiologia Rinossinusite viral é a causa mais comum de rinossinusite adquirida na comunidade, geralmente ocasionando sintomas respiratórios autolimitados. Cerca de 0,5 a 10% dos casos evoluem com infecção bacteriana secundária, com frequência naqueles que permanecem com sintomas após 10 dias ou com piora dos sintomas após 5 dias. Os principais mecanismos pelos quais a infecção viral predispõe à infecção bacteriana são: lesão do epitélio nasal (patógenos de maior virulência, como influenza e adenovírus), aumento da aderência de potenciais bactérias patogênicas na rinofaringe, aumento na produção de histamina, bradicinina e várias citocinas e efeito supressor do vírus na função de neutrófilos, macrófagos e leucócitos. Um estudo que investigou a etiologia da rinossinusite aguda adquirida na comunidade, observou rinovírus em 15% das culturas, vírus da influenza em 5%, vírus parainfluenza em 3% e adenovírus em 2%. Com relação a rinossinusite bacteriana, os agentes mais comumente relacionados com rinossinusite bacteriana aguda adquirida na comunidade em adultos são: Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae, isolados em cerca de 75% dos casos. Anaeróbios são responsáveis por 2 a 6% dos casos e Moraxella catarrhalis, por 4%. Staphilococcus aureus e pyogenes são isolados mais raramente. - Quadro clínico Os aspectos clínicos da rinossinusite aguda em adultos são difíceis de distinguir de um resfriado comum ou ainda de rinite alérgica. Em ordem de importância, os sintoma mais frequentes são dor, que pode ser nasal, facial ou ainda manifestar-se como cefaleia, febre que está presente em 50% dos adultos com rinossinusite aguda, obstrução nasal e rinorreia, onde a secreção é geralmente verde-amarelada, podendo ser uni ou bilateral e halitose, anosmia e rinorreia posterior com tosse. Havendo história prévia de IVAS, o quadro é mais comumente bilateral e associado a sintomas sistêmicos (febre, astenia, letargia). Os achados do exame físico incluem secreção purulenta e dor à palpação. - Diagnóstico Na avaliação do paciente com rinossinusite, é fundamental um histórico detalhado dos sintomas, visando classificar o processo em agudo, crônico ou crônico exacerbado e a distinção entre rinossinusite alérgica ou infecciosa, e rinossinusite viral ou bacteriana. É difícil distinguir as rinossinusites virais de rinossinusites bacterianas através da apresentação clínica. De modo geral, quanto mais prolongados forem os sintomas, maior a chance de se tratar de uma rinossinusite bacteriana. No curso de uma infecção viral de vias aéreas superiores, devemos suspeitar de uma infecção bacteriana sinusal quando a sintomatologia de um resfriado comum persistir por mais de sete a dez dias sem evidência de melhora, ou quando houver piora dos sintomas após o quinto dia, caracterizada por rinorreia purulenta abundante e obstrução nasal de início súbito, podendo haver associação com edema periorbitário ou dor facial. O padrão-ouro no diagnóstico de rinossinusite bacteriana aguda é a cultura de secreção do seio acometido por punção ou endoscopia. - Tratamento Desobstruir o seio e restabelecer a drenagem é tão importante quanto erradicar o agente etiológico. Algumas medidas que podem ser úteis na desobstrução do seio são hidratação adequada, umidificação do ambiente e evitar exposição a agentes que causem alergia. Além da lavagem nasal com solução salina, que é importante para todos os pacientes. Pode ser usada solução salina fisiológica ou hipertônica, para fazer uma lavagem efetiva é necessário colocar a solução na mão e aspirar pela narina até a solução atingir a cavidade oral, uma narina de cada vez. Repetir o procedimento várias vezes ao dia. Os descongestionantes podem ser tópicos ou orais, os tópicos devem ser usados por um curto período de tempo, no máximo 3 dias, por causa do efeito rebote e desenvolvimento de rinite medicamentosa com o uso crônico. Exemplos de descongestionantes tópicos incluem: cloridrato de oximetazolina e nitrato de nafazolina. Os descongestionantes orais, como cloridrato de fenilefrina também podem ser utilizados, sendo geralmente disponíveis em apresentações que associam anti-histamínicos orais, pois estes ajudam a diminuir a tosse associada ao quadro gripal. Os fitoterápicos também pode ser extremamente útil em rinossinusites virais. Um fitoterápico que vem tendo grande destaque para o tratamento de rinossinusites virais e demais infecções virais de vias aéreas superiores e o Pelargonium sidoides Extrato EPs 7630. Em geral, o medicamento e utilizado durante um total de 5 a 7 dias Com relação aos sprays nasais com corticosteroides, segundo o FDA, a partir dos 2 anos de idade a mometasona já pode ser administrada, desde que de forma cautelosa. A budesonida e a triancinolona carecem de estudos que digam uma idade mínima para prescrição destas drogas. No entanto, a partir dos seis anos de idade já podem ser receitados com relativa segurança. Podem ser usados quando se suspeita de rinite alérgica como predisponente para rinossinusite crônica ou aguda recorrente sendo, nestes casos, indicados de forma contínua. Diferentemente dos descongestionantes, são pouco úteis quando se deseja descongestionar agudamente os seios, pois têm efeito moderado somente após a segunda semana de uso. Os estabilizadores de membrana de mastócitos são um grupo de medicamentos que podem ser usados em rinites alérgicas e irritativas. São os que apresentam menor índice de efeitos colaterais. No entanto, também são os que oferecem menor eficácia no tratamento de rinites. Já os antileucotrienos ainda apresentam alto custo, mas são drogas relativamente seguras que vêm apresentando bons resultados em pacientes com hiper-reatividade brônquica de base. Feito o diagnóstico de rinossinusite bacteriana aguda, a escolha do antibiótico deve refletir a prevalência de organismos produtores de B-lactamase. Amoxicilina é adequada onde a presença destes microrganismos é baixa, que é o caso do Brasil. Se não houver melhora do quadro clínico em 4 a 5 dias, recomenda-se o uso de outros antibióticos de segunda opção, como amoxicilina com clavulanato de potássio, cefuroxima axetil ou cefprozil. Em pacientes que usaram antibióticos no último mês, que apresentem complicações da rinossinusite ou que tenham rinossinusite frontal ou esfenoidal, pode-se iniciar diretamente com os antibióticos de segunda opção. Em pacientes com alergia a penicilina e/ou cefalosporinas, pode-se utilizar claritromicina, clindamicina, gatifloxacina ou moxifloxacina. É recomendado o uso de antibióticos por 10 a 15 dias, porém se a resposta clínica for baixa, a continuação da terapia por uma semana depois da resolução dos sintomas pode ser a melhor escolha. Já as rinossinusitescrônicas devem ser tratadas por 3 a 4 semanas com cobertura para anaeróbios. Exemplos de antibióticos que podem ser utilizados são amoxicilina com clavulanato de potássio, cefuroxima axetil, cefprozil ou clindamicina. A cirurgia endoscópica funcional dos seios é indicada em pacientes com rinossinusite crônica recorrente que não responderam ao tratamento clínico maximizado, em pacientes com complicações de rinossinusites agudas ou crônicas e em alguns casos selecionados de pacientes com rinossinusite aguda recorrente. A cirurgia poderá ser indicada se houver um defeito anatômico corrigível cirurgicamente, como, por exemplo, obstrução do complexo ostiomeatal. - Complicações As complicações agudas são mais frequentemente observadas em crianças do que em adultos, entre as quais podem-se citar orbitárias (mais comuns): celulite orbitária difusa, abscesso subperiósteo, abscesso orbitário, intracranianas: meningite, abscesso sub e extradural, abscesso cerebral, tromboflebite do seio venoso e ósseas: osteomielite dos ossos do crânio.
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