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- Fabiana Bilmayer Sobre a tireoide: a) Anatomia e fisiologia A glândula tireoide, em formato de borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É composta pelos lobos direito e esquerdo, um em cada lado da traqueia, conectados por um istmo, anteriormente à traquéia. Cerca de 50% das glândulas tireóides apresentam um pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se estende superiormente a partir do istmo. A massa normal da tireoide é de aproximadamente de 30 g. Formação, armazenamento e liberação dos hormônios da tireoide. A glândula tireoide é a única glândula endócrina que armazena seu produto secretório em grandes quantidades – normalmente o suficiente para cerca de 100 dias. A síntese e a secreção de T3 e T4 ocorrem da seguinte forma: 1) Retenção de iodeto. As células foliculares da tireoide retêm íons iodeto (I–), transportando-os ativamente do sangue para o citosol. Por conta disso, em geral, a glândula tireóide contém a maioria do iodeto corporal. 2) Síntese de tireoglobulina. Ao mesmo tempo que retêm I–, as células foliculares também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma grande glicoproteína produzida no retículo endoplasmático rugoso, modificada no complexo de Golgi e armazenada em vesículas secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o que libera TGB para o lúmen do folículo. 3) Oxidação de iodeto. Parte dos aminoácidos na TGB consiste em tirosinas que se tornarão iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga elétrica negativa não conseguem se ligar à tirosina até que sofram oxidação (remoção de elétrons) para iodeto: 2 I- → I2. Na medida em que os íons iodeto são oxidados, eles atravessam a membrana para o lúmen do folículo. 4) Iodação da tirosina (Organificação) Conforme moléculas de iodo (I2) se formam, elas reagem com as tirosinas integrantes das moléculas de tireoglobulina. A ligação de um átomo de iodo produz monoiodotirosina (T1) e a de dois produz di-iodotirosina (T2). A TGB com átomos de iodo fixados é um material viscoso que se acumula e é armazenado no lúmen do folículo da tireoide, chamado de coloide. 5) Acoplamento de T1 e T2. Durante a última etapa da síntese dos hormônios da tireoide, duas moléculas de T2 se juntam para formar T4 ou uma de T1 com uma de T2 se unem para formar T3. 6) Pinocitose e digestão de colóide. Gotículas de colóide penetram de novo nas células foliculares por pinocitose e se juntam aos lisossomos. Enzimas digestivas nos - Fabiana Bilmayer lisossomos degradam a TGB, separando moléculas de T3 e T4. 7) Secreção de hormônios da tireoide. Como são lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da membrana plasmática para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é secretada em maior quantidade que T3, mas T3 é muitas vezes mais potente. Além disso, depois que a T4 entra no corpo celular, a maioria dela é convertida a T3 por remoção de um iodo. 8) Transporte no sangue. Mais de 99% de T3 e T4 se combinam a proteínas transportadoras no sangue, principalmente à globulina transportadora de tiroxina (TBG). FUNÇÕES DA TIREOIDE Os hormônios da tireoide regulam (1) o uso de oxigênio e a taxa metabólica basal, (2) o metabolismo celular e (3) o crescimento e o desenvolvimento. Controle da secreção de hormônio da tireoide 1. Níveis reduzidos de T3 e T4 ou taxa metabólica baixa estimulam o hipotálamo a secretar TRH. 2. O TRH entra nas veias porto-hipofisárias e flui para a adeno-hipófise, onde estimula os tireotrofos a secretar TSH. 3. O TSH estimula praticamente todos os aspectos da atividade celular dos folículos da tireoide, inclusive captação de iodeto ( Figura 18.11), síntese e secreção de hormônio ( e Figura 18.11) e crescimento das células foliculares. 4. As células foliculares da tireoide liberam T3 e T4 no sangue até que a taxa metabólica volte ao normal. 5. O nível elevado de T3 inibe a liberação de TRH e TSH (inibição por feedback negativo). Condições que aumentam a demanda de ATP – ambiente frio, hipoglicemia, altitude elevada e gravidez – também intensificam a secreção dos hormônios da tireoide. b) HIPOTÁLAMO Produção de hormônios ADENO HIPÓFISE - produz GH, TSH, FSH, LH, PROLACTINA, ACTH e MSH estimulada pelo hipotálamo. HIPOTÁLAMO - produz ocitocina e ADH. NEURO HIPÓFISE - liberação de ocitocina e ADH. Controle endócrino HIPOTÁLAMO → age sobre a HIPÓFISE. ADENO HIPÓFISE ● Hormônio do crescimento (GH) Os somatotrofos são as células mais numerosas na adeno-hipófise e o hormônio do crescimento (GH) é o hormônio mais abundante da adeno-hipófise. A principal função do GH é promover a síntese e a secreção de pequenos hormônios protéicos chamados fatores de crescimento insulino-símiles ou somatomedinas. Em resposta ao hormônio do crescimento, as células no fígado, no músculo esquelético, na cartilagem, nos ossos e em outros tecidos secretam fatores de crescimento insulino-símiles (IGFs), que podem entrar na corrente sanguínea a partir do fígado ou atuar de maneira local em outros tecidos como autócrinos ou parácrinos. As funções dos IGF são: 1. Os IGF fazem com que as células cresçam e se multipliquem pela intensificação da captação de aminoácidos nas células e aceleração da síntese proteica. Os IGF também reduzem a degradação de proteínas e o - Fabiana Bilmayer uso de aminoácidos para a produção de ATP. Devido a esses efeitos dos IGF, o hormônio do crescimento aumenta a taxa de crescimento do esqueleto e dos músculos esqueléticos durante a infância e a adolescência. Em adultos, o hormônio do crescimento e os IGF ajudam a manter a massa dos músculos e ossos e promovem a cicatrização de lesões e o reparo tecidual. 2. Os IGF também intensificam a lipólise no tecido adiposo, aumentando o uso dos ácidos graxos liberados para a produção de ATP pelas células corporais. 3. Além de afetar o metabolismo proteico e lipídico, o hormônio do crescimento e os IGF influenciam o metabolismo dos carboidratos pela redução da captação de glicose, diminuindo o uso de glicose para a produção de ATP pela maioria das células corporais. Essa ação economiza glicose de forma a deixá-la disponível aos neurônios para produzir ATP nos períodos de escassez de glicose. Os IGF e o hormônio do crescimento também podem estimular os hepatócitos a liberar glicose no sangue. Os somatotrofos na adeno-hipófise liberam pulsos de hormônio do crescimento em intervalos de poucas horas, especialmente durante o sono. Sua atividade secretora é controlada principalmente por dois hormônios hipotalâmicos: (1) o hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH), que promove a secreção do GH, e (2) o hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), que o suprime. O principal regulador da secreção de GHRH e de GHIH é o nível de glicose sanguínea. ● Hormônio tireoestimulante (TSH)* O hormônio tireoestimulante (TSH) estimula a síntese e a secreção de tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4), que são produzidas pela glândula tireóide. O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo controla a secreção de TSH. A liberação de TRH, por sua vez, depende dos níveis sanguíneos de T3 e T4; níveis elevados de T3 e T4 inibem a secreção de TRH via feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da tireotrofina. ● Hormônio foliculoestimulante (FSH) Nas mulheres, os ovários são os alvos do hormônio foliculoestimulante (FSH). A cada mês, o FSH inicia o desenvolvimento de vários folículos ovarianos, coleções em forma de saco de células secretoras que rodeiam o ovócito em desenvolvimento. O FSH também estimula as células foliculares a secretar estrogênios (hormônios sexuais femininos). Nos homens, o FSH promove a produção de espermatozoides nos testículos. O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) do hipotálamo estimula a liberação de FSH. A liberação de GnRH e FSH é suprimida por estrogênios nas mulheres e pela testosterona (principal hormônio sexual masculino) nos homens por sistemas de feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da gonadotrofina. ● Hormônio luteinizante (LH) Nas mulheres, o hormônio luteinizante (LH) desencadeia a ovulação,que consiste na liberação de um ovócito secundário (futuro ovo) por um ovário. O LH estimula a formação do corpo lúteo (estrutura formada após a ovulação) no ovário e a secreção de progesterona (outro hormônio sexual feminino) pelo corpo lúteo. Juntos, o FSH e o LH também promovem a secreção de estrogênios pelas células ovarianas. Os estrogênios e a progesterona preparam o útero para a implantação de um ovo fertilizado e ajudam a preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Nos homens, o LH estimula células nos testículos a secretarem testosterona. A secreção de LH, assim como a do FSH, é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). - Fabiana Bilmayer ● Prolactina (PRL) A prolactina (PRL), junto com outros hormônios, inicia e mantém a produção de leite pelas glândulas mamárias. Sozinha, a prolactina exerce um efeito fraco. Somente depois da preparação das glândulas mamárias promovida pelos estrogênios, progesterona, glicocorticóides, GH, tiroxina e insulina, que exercem efeitos permissivos, que a PRL promove a produção de leite. A ejeção de leite das glândulas mamárias depende do hormônio ocitocina, liberado pela adeno-hipófise. Em conjunto, a produção e a ejeção de leite constituem a lactação. O hipotálamo secreta hormônios tanto inibitórios quanto excitatórios que regulam a secreção de prolactina. Nas mulheres, o hormônio inibidor de prolactina (PIH), que vem a ser a dopamina, inibe a liberação de prolactina da adeno-hipófise na maior parte do tempo. Todo mês, pouco antes de começar a menstruação, a secreção de PIH diminui e o nível sanguíneo de prolactina se eleva, porém não o suficiente para estimular a produção de leite. A hipersensibilidade das mamas pouco antes da menstruação pode ser causada pela elevação do nível de prolactina. Quando o ciclo menstrual começa de novo, o PIH é mais uma vez secretado e o nível de prolactina cai. Durante a gravidez, o nível de prolactina sobe estimulado pelo hormônio liberador de prolactina (PRH) do hipotálamo. A sucção realizada pelo recém-nascido promove a redução da secreção hipotalâmica de PIH. A função da prolactina não é conhecida nos homens, porém sua hipersecreção causa disfunção erétil (incapacidade de apresentar ou manter ereção do pênis). Nas mulheres, a hipersecreção de prolactina causa galactorreia (lactação inapropriada) e amenorreia (ausência de ciclos menstruais). ● Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) Os corticotrofos secretam principalmente hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH controla a produção e a secreção de cortisol e outros glicocorticóides pelo córtex das glândulas suprarrenais. O hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo promove a secreção de ACTH pelos corticotrofos. Estímulos relacionados com o estresse, como glicose sanguínea baixa ou traumatismo físico, e a interleucina-1, uma substância produzida pelos macrófagos, também estimulam a liberação de ACTH. Os glicocorticóides inibem a liberação de CRH e ACTH via feedback negativo. ● Hormônio melanócito-estimulante (MSH) O hormônio melanócito-estimulante (MSH) aumenta a pigmentação da pele em anfíbios pela estimulação da dispersão de grânulos de melanina nos melanócitos. Sua função exata em humanos é desconhecida, porém a presença de receptores de MSH no encéfalo sugere que pode influenciar a atividade encefálica. Há pouco MSH circulante em humanos. Entretanto, a administração contínua de MSH ao longo de vários dias produz escurecimento da pele. Níveis excessivos de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) podem estimular a liberação de MSH; a dopamina inibe a liberação de MSH. NEURO HIPÓFISE ● Ocitocina CONTROLE DA SECREÇÃO DA OCITOCINA Células neurossecretoras do hipotálamo secretam OT em resposta à distensão uterina e à estimulação dos mamilos. AÇÃO DA OCITOCINA Estimula a contração das células musculares lisas do útero durante o parto; estimula a contração de células mioepiteliais nas - Fabiana Bilmayer glândulas mamárias para promover a ejeção de leite ● ADH ou Vasopressina CONTROLE DA SECREÇÃO DO ADH As células neurossecretoras do hipotálamo secretam HAD em resposta a elevação da pressão osmótica do sangue, desidratação, perda de volume sanguíneo, dor ou estresse; baixa pressão osmótica do sangue, volume sanguíneo elevado e álcool etílico são inibidores da secreção de HAD. AÇÃO DO ADH Conserva a água corporal por meio da diminuição do volume de urina; reduz a perda de água pela perspiração; eleva a pressão arterial por meio da constrição das arteríolas. c) EIXO - TRH , TSH, T3 e T4. RESUMO DOS HORMÔNIOS PRODUZIDOS PELA GLÂNDULA TIREÓIDE. ● T3 e T4 CONTROLE DA SECREÇÃO DE T3 E T4 A secreção é intensificada pelo hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que estimula a liberação de hormônio tireoestimulante (TSH) em resposta aos níveis reduzidos de hormônio da tireoide, taxa metabólica baixa, frio, gravidez e altitudes elevadas; as secreções de TRH e TSH são inibidas frente a níveis elevados de hormônios da tireóide; níveis altos de iodo suprimem a secreção de T3/T4. FUNÇÃO DO T3 E T4 Aumentam a taxa metabólica basal; estimulam a síntese de proteínas; acentuam o uso de glicose e ácidos graxos para a produção de ATP; intensificam a lipólise; aumentam a excreção de colesterol; aceleram o crescimento corporal; contribuem para o desenvolvimento do sistema nervoso. ● CALCITONINA CONTROLE DA SECREÇÃO DE CALCITONINA Níveis sanguíneos elevados de Ca2+ estimulam a secreção; níveis sanguíneos baixos de Ca2+ inibem a secreção. FUNÇÃO DA CALCITONINA Reduz os níveis sanguíneos de Ca2+ e HPO42– inibindo a reabsorção óssea pelos - Fabiana Bilmayer osteoclastos e acelerando a captação de cálcio e fosfatos na matriz celular óssea. GLÂNDULAS PARATIREÓIDES (PARATORMÔNIO - PTH) Parcialmente incrustadas na face posterior dos lobos direito e esquerdo da glândula tireóide, encontramos várias pequenas massas de tecido arredondadas chamadas de glândulas paratireoides. Cada uma pesa cerca de 40 mg (0,04 g). Em geral, uma glândula paratireoide inferior e uma superior estão fixadas em cada lobo da tireóide, em um total de quatro. Microscopicamente, as glândulas paratireoides contêm dois tipos de células epiteliais (Figura 18.13B, C). As células mais numerosas, chamadas de células principais, produzem o paratormônio (PTH). A função do outro tipo de célula, chamado de célula oxifílica, não é conhecida na glândula paratireóide normal. No entanto, sua presença ajuda a identificar com clareza a glândula paratireoide do ponto de vista histológico devido às suas características únicas de coloração. Além disso, no câncer de glândulas paratireoides, as células oxifílicas secretam PTH em excesso. PARATORMÔNIO (PTH) O paratormônio é o principal regulador dos níveis de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e fosfato (HPO42–) no sangue. A ação específica do PTH é aumentar a quantidade e a atividade dos osteoclastos. O resultado é reabsorção óssea acentuada, o que libera cálcio (Ca2+) e fosfatos (HPO42–) no sangue. O PTH também atua nos rins. Primeiro, retarda a perda de Ca2+ e Mg2+ do sangue para a urina. Em segundo lugar, acentua a perda de HPO42– do sangue para a urina. Uma vez que mais HPO42– é perdido na urina do que ganho dos ossos, o PTH diminui o nível sanguíneo de HPO42– e eleva os níveis sanguíneos de Ca2+ e Mg2+. Um terceiro efeito do PTH sobre os rins é a promoção da formação do hormônio calcitriol, que consiste na forma ativa da vitamina D. O calcitriol, também conhecido como 1,25-di-hidroxivitamina D3, aumenta a taxa de absorção sanguínea de Ca2+, HPO42– e Mg2+ no sistema digestório. Controle da secreção da calcitonina e do paratormônio O nível sanguíneo de cálcio controla diretamente a secreção de calcitonina e paratormônio por meio de alças de feedback negativo que não envolvem a glândula hipófise. 1. O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) acima do normal estimula as células parafoliculares da glândula tireoide a liberarem mais calcitonina. 2. A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos, diminuindo, dessa forma, o nívelsanguíneo de Ca2+. 3. O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) abaixo do normal estimula as células principais da glândula paratireóide a liberarem mais PTH. 4. O PTH promove a reabsorção de matriz óssea extracelular, o que libera Ca2+ no sangue e retarda a perda de - Fabiana Bilmayer Ca2+ na urina, elevando o nível de Ca2+ no sangue.
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